Coleção pessoal de aguiasol

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OUTONO... Como avivar tuas marcas impressas em cada página que escrevo? Em cada crepúsculo que desenha o teu, o meu adormecer?
Aqui o velho piano já não quebra mais o silêncio das horas, nem a tosca lareira abriga chamas de outrora... Restam-me apenas alguns poucos momentos congelados na memória - quadros mudos que não fazem história - e as cinzas...
Ali calçada molhada, transeuntes sem manto, folhas ao vento, natureza em pranto... Até quando? Não sei...
Tristeza? Não! Melancolia, talvez...
É... Mais um ciclo se fecha, adormecem as sementes de um novo amanhã...
Maria Aparecida Giacomini Dóro

A invisibilidade social é uma poderosa venda que usamos para não enxergarmos as misérias humanas escancaradas nas sarjetas da sociedade capitalista.

Permita-me ser parte de ti nos momentos de solidão que aplacam teu espírito aguerrido... Talvez, assim, eu possa absorver e de fato compreender os sentimentos que te movem pela vida afora.

O amor desapegado intensifica a percepção que temos de nós mesmos como também do mundo ao nosso redor, revelando-nos os recessos mais profundos do Ser em comunhão com o Todo. Daí a confiança, a liberdade e o equilíbrio presentes nesta forma de amar.

"Agora - como nunca - sou capaz de compreender-te além do espelho, das palavras, do silêncio..."
Asseguro-te: tal expressão não é verso solto dum poema efêmero emerso do nada; é a mais perfeita síntese/recompensa dos caminhos percorridos exaustivamente, a fim de superar vazios e quimeras relacionados à ausência dos que me são caros... (Incluo-te sempre, sempre!)
Assim, o silêncio que me imponho nos interstícios da tua Presença é reverência aos momentos a ti reservados, tão somente. Jamais o interpretes sob prisma que não este...

Superar barreiras autoimpostas em busca de aceitação e reconhecimento externos, exige-nos momentos de silêncio e reflexão...
Entremeio a letargia e o despertar, pergunto-me: vale à pena buscar no outro aquilo que podemos encontrar nos recônditos do nosso próprio ser?
Que - dos mirantes da solidão - possamos nós, enfim, contemplar a beleza e a harmonia de uma vida atrelada à liberdade de ser e agir, traduzindo-a em palavras; palavras lidas ou não...
Palavras, palavras... Se verdadeiramente vividas, sentidas e expressas, então, o que mais importa?

Nutrir o corpo é importante; a mente e o espírito, imprescindível...
Ao contemplarmos o próprio semblante nos reflexos do mundo podemos fazer um mapeamento aproximado de como estamos conduzindo nossas vidas, interiormente. Vale a pena "perder" alguns instantes nesta tarefa, pois aí estão delineados os traços que nos aproximam ou nos afastam dos outros; de nós mesmos, em essência.

Máscara partida...

Nas fendas do ócio te esculpi...
Nas brumas do tempo vendaste meus olhos.
Chorar por mim não enobrece a lágrima vertida sob teu manto;
não anula o instante perdido frente aos escombros.
Agora, o que faço...
O que faço eu, sem a tua proteção?

Lampejos de Esperança

Raros lampejos de Esperança iluminam os labirintos do vício...
Não fosse a Fé, jamais encontraríamos força e disposição para permanecer ao lado de alguém que escolhe anular-se e - no entrelaçar do tempo perdido - esporadicamente tateia possíveis saídas.

Folhas soltas...

Folhas soltas, histórias sem passado...
Da emersão à aniquilação humana, vazios e quimeras transmutados em ações egoísticas.
No olhar, a esperança se esvai...

Ao descobrirmos a força que temos - enquanto povo movido por propósitos pautados na dura realidade descortinada diante dos olhos - não mais aceitaremos as migalhas bolorentas que nos são atiradas por covardes tiranos (agem assim para intimidar, pois em essência são frágeis e inseguros tanto quanto julgam ser o povo, sob seu jugo), a fim de se apossarem do pão da ora...
Acredito em mudanças estruturadas nas decisões tomadas coletivamente e levadas adiante por um, dois, três corajosos emersos da multidão... Esta os seguirá, apesar dos percalços presentes; dos enfrentamentos possíveis à medida que se conquista espaço e se firma o sentido de pertencimento e justiça social.

Meu TUDO, meu nada...

Se há vida,
A esperança não pode morrer
Ainda que seja tarde
Não será o bastante
Pra eu desistir de VOCÊ...

Pelos caminhos e descaminhos da vida andei... Sou produto dos meus passos; sou a resposta que busquei.
Agora vejo que, diante do
A
B
I
S
M
O, seguir em frente é...
.sàrta ratloV

Subterfúgio

Inúmeras vezes nos exilamos nas arestas do futuro para fugirmos da angústia e do sofrimento. Idealizamos um ponto no rastro do tempo e pensamos que, a partir desse, a dor aniquiladora será dizimada. Vã ilusão...

Preciso de você

Iluminar o caminho do outro é fácil; difícil é iluminar o próprio caminho, pois as sombras permeiam passos e projeções...

Envolva-me...

Conte-me e eu esquecerei
Mostre-me e eu lembrarei
Envolva-me e eu entenderei...

Entenderei a magia do outono nas folhas que caem...
A ausência presente quando a presença se faz ausente
A distância, o silêncio e as lágrimas...

Entenderei as ânsias e dores humanas sob disfarce
A força curativa do amor presente nos gestos,
Nas palavras e ações desprovidas de competição e egoísmo

Entenderei a liberdade exercida com responsabilidade
O AGORA como momento único a ser intensamente vivido

Entenderei o HOMEM, a NATUREZA, a VIDA
E amarei sem medida...

Sob o jugo da aparência...

Acorrentados por dores anímicas, revestimo-nos de mutáveis e dissimuladas máscaras... Sob o jugo da aparência, anulamos quem verdadeiramente somos em essência.
Se quisermos fechar este círculo - extraindo da dor o seu reverso - a "Volta ao lar" é o caminho.

Sentido da vida...

O sentido da vida não está nos pólos que a definem, mas no processo vital engendrado pelo caminhante; nos meios por ele utilizados para efetuar a travessia.

"Amor possessivo"

Imponho-te limites; ignoro tuas necessidades;
anulo tua liberdade; alimento teus sentimentos de culpa e promovo a doentia co-dependência entre nós. Amo-te? Não!
Satisfaço os meus caprichos...

Silencio meu coração para melhor ouvir-te...
Palavras que tocam não podem ficar guardadas nas gavetas empoeiradas do tempo.