Coleção pessoal de AgostinhodeHipona2
FIDES QUAERENS INTELLECTUM
"Quem perde a fé destrói a razão; quem corrompe a razão é incapaz de fé".
"Nos maus, a humana inclinação natural ao bem foi depravada por vícios mais ou menos graves. A partir daí, entenebrecida a inteligência paulatinamente, forma-se uma espiral psíquica cujo vetor é o abismo. Ora, não se espere de alguém neste estado, desgovernado por paixões, vencido de maneira fragorosa pelas próprias debilidades, que enxergue os bens políticos sem cuja custódia pelo poder público tudo numa república vai para o buraco. O rechaço às coisas maléficas no plano político pressupõe percentuais mínimos de sanidade no tecido social, sem o que os cidadãos serão cada vez mais apáticos perante todos os tipos de bens, incapazes de perceber que as leis são preceptivas e proibitivas a um só tempo, ou seja, induzem o bem e castigam o mal.
Nestas ocasiões, é hora de os homens dedicados às coisas do espírito entenderem o seguinte: o ciclo histórico se precipitará inexoravelmente a níveis tenebrosos, e a preservação dos valores trans-históricos será possível somente em alguns guetos, com resultados quase impossíveis de perceber em meio à consumição geral.
Nas épocas em que a maioria tem os olhos vendados, os bons frutos são sempre tardios; só gerações futuras poderão aproveitá-los".
"A tolerância erigida em lei cria exércitos de intolerantes travestidos de democratas, fantasiados de pessoas abertas às diferenças.
Tolerar é ato de benevolência, nunca um direito, razão pela qual a tolerância para com as convicções errôneas jamais pode ser princípio de ação política.
Transformar o tolerável em direito é ir contra a "castidade virginal da verdade", de que falava Santo Hilário de Poitiers.
Quando somos legislativamente obrigados a tolerar o que quer que seja, a sociedade está morta.
A tolerância "absoluta" é liberticídio social. Cedo ou tarde, entroniza a mediocridade nas posições de mando".
"Há certos males perante os quais não se deve reagir de imediato, apenas por instinto de justiça; antecipar a ceifa implica joeirar pessimamente".
"Toda revolução é futurolatria – adoração do futuro, mas não de um qualquer: trata-se do futuro que oscila entre o impossível e o improvável".
"Do medo continuado passa-se ao ódio; do ódio à agonia; da agonia ao desespero; do desespero ao inferno".
"Nas grandes crises e nas dores em geral, mesmo entre cristãos é difícil aceitar que, na infinita escala de bens e males que há na realidade,** tudo concorre providencialmente para o bem. Somente quem aceita o mistério e compreende esta difícil verdade consegue dar graças a Deus no infortúnio e nas derrotas, pois crê na infalibilidade da divina providência.
Estrepar-se pode até ser sublime, mas não para quem vive sob o peso moral da mediocridade.
O sofrimento é o ordálio de fogo da fé, como também o modo próprio de aperfeiçoamento das virtudes, a começar pela fortaleza (que suporta) e pela temperança (que modera), ambas plasmadas na luta".