Coleção pessoal de AgostinhodeHipona2
"É próprio de todo revolucionário endeusar suas próprias opiniões e transformá-las em algo intocável".
"O sacrifício tem real valor quando quem o realiza não espera nenhuma recompensa pela dor que por meio dele padece".
"A consciência do caos adquire sentido maior quando para além do caos se vislumbra uma ordem superior – eterna, imutável. Em breves termos, as épocas caóticas da história humana só são superadas quando uma pequena parcela de homens contemplativos se mantém firme em sua adesão a princípios inegociáveis, sofrendo o peso das maldades, dos ultrajes, da desonra, da violência imperante, da tirania e nalguns casos da morte infamante.
Os que, estando no caos, enxergam pouco ou nada dos problemas de sua própria época tendem a desesperar-se, cedo ou tarde. É da minoria sofredora por não negociar a verdade que uma sociedade depravada se abre à possibilidade de reerguer-se.
Vivemos num período de imenso caos, e a sua cura – se isto estiver nos desígnios da Providência – não poderá vir da iniciativa de pessoas incapazes de ir às causas profundas das desgraças sociais.
Não são os Neros e Calígulas, mas os Boécios e Agostinhos que têm o condão de trazer luzes para onde só há trevas políticas, morais, espirituais.
O mal não se cura por si mesmo".
"Pragmatismo e idealismo são o anverso e o reverso da moeda da imprudência. Em contrapartida, a prudência – "recta ratio agibilium" – não descamba nem em abstratismos inócuos nem em ativismos rasteiros".
"O escrúpulo exagerado tem sempre como pano de fundo um ideal de perfeição irrealizável. A pessoa propõe a si mesma uma meta sublime, um projeto que, na prática, não pode efetivar-se e acaba por sucumbir ao sentimento de inferioridade, a cada derrota que a vida lhe impõe. Daí ao estado de tristeza patológica, chamado por alguns de “depressão”, é um pulo.
Esta espiral psíquica descendente pode acarretar um sem-número de dramas humanos, quer por carência, quer por excesso de força vital do indivíduo chegado a tão triste situação: da psicopatia astênica, muito semelhante à realidade que os medievais chamavam de “pusilanimidade”, àquilo a que Adler deu o nome de “ideal de divindade”, atitude para Santo Tomás de Aquino muito próxima à da soberba. Neste último caso, o sujeito se propõe objetivos que, a cumprirem-se, fariam dele uma espécie de semideus virtuosíssimo. Como isto é impossível, para evitar a frustração ele hipertrofia os próprios méritos – consciente ou subconscientemente – e vive de alimentar a auto-estima com mentiras.
O mencionado Adler dizia, num acerto notável, que a ambição desmedida é própria das personalidades neuróticas, atormentadas por não atingirem a perfeição com os seus próprios esforços. Se se trata de ambição espiritual, a coisa acaba por ganhar configuração macabra.
Senso de realismo e um pouco de sã modéstia nas metas de vida; eis, aqui, o primeiro passo para uma pessoa não viver neuroticamente".
"O escravo psicológico não suporta contemplar a liberdade ao seu redor, pois nela enxerga as responsabilidades que não teve coragem de assumir".