Coleção pessoal de AgnosticaTeista
Gostaria de ver um mundo em que a educação tivesse por objetivo antes a liberdade mental do que o encarceramento do espírito dos jovens numa rígida armadura de dogmas, que tem em vista protegê-los, através da vida, contra os dardos das provas imparciais. O mundo precisa de corações e de cérebros francos,
e não é mediante sistemas rígidos, quer sejam velhos ou novos, que isso pode ser conseguido.
[Bertrand Russell in: Porque não sou cristão - Prefácio]
A questão da verdade de uma religião é uma coisa, mas a questão de sua utilidade é outra, diferente. Estou tão firmemente persuadido de que as religiões são nocivas, como o estou de que são falsas.
[in: Porque não sou cristão]
A música é libertadora: ela o liberta da solidão e da clausura, da poeira das bibliotecas, e lhe abre no corpo as portas por onde a alma pode sair para confraternizar.
Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que leva a vida a parecer sempre um esboço. No entanto, mesmo esboço não é a palavra certa, pois um esboço é sempre o projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.
Podemos ser honestos quanto à nossa ignorância. Se formos, quando questionados sobre o que há além do horizonte do conhecimento, devemos dizer que não sabemos; podemos dizer a verdade, e desfrutar da abençoada liberdade conquistada pelos bravos; podemos destruir os monstros da superstição, as serpentes ciciantes da ignorância e do medo; podemos expulsar de nossas mentes as aterrorizantes presas que rasgam e ferem; podemos civilizar nossos semelhantes; podemos preencher nossas vidas com ações generosas, com palavras amorosas, com arte, com música e com todo o arroubo do amor; podemos inundar nossa existência com o brilho do Sol, com o divino clima da bondade; e podemos beber até a última gota do cálice dourado da felicidade.
O agnosticismo visa não transgredir e ultrapassar a cognoscibilidade, com humildade para se abster de um assunto que foge do alcance da compreensão humana, considerando as inúmeras visões de mundo.
Nesse contexto, cito a afirmação de Leonardo Boff que se encaixa perfeitamente nesse aspecto: “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto.” O pensador afirma que cada indivíduo tem sua própria forma de ver o mundo de acordo com sua carga de vida. O agnóstico interpreta sua realidade através do estudo, da reflexão dos fenômenos e da introspecção, buscando sempre agir com sabedoria antes de posicionar-se a um determinado assunto.
Para finalizar, ressalto a frase de Thomas Campbell que diz que “compreender que há outros pontos de vista é o princípio da sabedoria”. Ser agnóstico antes de mais nada é saber respeitar as concepções de mundo particulares de cada indivíduo.
(...) é preciso ter coragem para ser de verdade quem você escolheu ser. É preciso ter maturidade para perceber em qual momento você deve fazer algumas concessões mas de forma que isso não suje o seu coração. É preciso ter lucidez para não se deixar levar pelo medo e pela histeria. É preciso ter empatia para perceber que não está sozinho no mundo. É preciso ter compaixão para enxergar no outro a dor que sentes. É preciso ter amor para não sucumbir a tanto ódio e indiferença.
Os seres humanos podem ansiar pela certeza absoluta; podem aspirar a alcançá-la; podem fingir, como fazem os partidários de certas religiões, que a atingiram. Mas a história da ciência - de longe o mais bem sucedido conhecimento acessível aos humanos - ensina que o máximo que podemos esperar é um aperfeiçoamento sucessivo de nosso entendimento, um aprendizado por meio de nossos erros, uma abordagem assintótica do Universo, mas com a condição de que a certeza absoluta sempre nos escapará.
Estaremos sempre atolados no erro. O máximo que cada geração pode esperar é reduzir um pouco as margens dele e ampliar o corpo de dados a que elas se aplicam. A margem de erro é uma auto-avaliação visível e disseminada da confiabilidade de nosso conhecimento.
[Carl Sagan em: O mundo assombrado pelos demônios, capítulo 3 - Ciência e Esperança]
Viver, dá-se sem nenhum ensaio. Cada momento é único na nossa pequena linha do tempo.
Somos todos seres humanos, e passíveis a mudança através de nossas trajetórias de vida. Saber aproveitar cada situação como uma aprendizado nos permite crescer a partir das sucessivas tentativas, acertos e erros de que se constituem nossas vidas.
Pensar, questionar, racionalizar, formular ideias e refletir sobre elas, nos permitem ampliar nossa visão de mundo, nos faz evoluir.
Navegando pela internet nesses últimos dias, deparo-me com a seguinte frase atribuída à Rodrigo Quito: "Ser agnóstico é como enfim tirar a venda, mas descobrir-se cego". Considerei uma definição interessante.
Para mim, particularmente, ser agnóstica me permite viver sob a visão de mundo mais ampla. Viver sem crendices e misticismos para ser bom e feliz, com o uso da racionalidade, ciência, respeito por si e pelos outros, mesmo sabendo que a ciência não nos pode dar todas as respostas, fez-me perceber que quanto mais refletimos e aprendemos sobre o mundo à nossa volta, é possível visualizar a pequenez do ser humano; limitado comparado à imensidão do universo.
Apesar de uma sociedade de forte presença fundamentalista religiosa, temos a escolha de ir na direção oposta à multidão e com consciência e racionalidade escolher nossos próprios valores.
A liberdade primordial que podemos ter é o livre pensamento e dela, podemos fazer uso!
Seja livre, pense fora da caixa!
Ser bom por medo de punições não é uma virtude.
Ser religioso não significa ter bom caráter.
Faça o bem por querer ver o bem de outra pessoa, acreditando que sua atitude pode ser significativa positivamente para outra pessoa, eis o verdadeiro sentido da caridade.
Que coisa incrível é um livro. É um objeto achatado feito de árvore com partes flexíveis nas quais nós imprimimos uma porção de rabiscos escuros e esquisitos. Mas basta olhar para ele e você está dentro da mente da pessoa, talvez de alguém morto há milhares de anos.
Através dos milênios, um autor está falando claramente e silenciosamente dentro da sua cabeça, diretamente a você. A escrita talvez seja a maior das invenções humanas, unindo pessoas que nunca conheceram umas às outras, cidadãos de épocas distantes.
Os livros rompem os grilhões do tempo. Um livro é a prova de que os humanos são capazes de realizar magia.
[Carl Sagan in: Cosmos]
Na afirmativa de Hawking "O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão do conhecimento", recordo-me da famosa frase de Sócrates "Só sei que nada sei" e da frase de Einstein "O importante é não parar de questionar".
Questionar, pensar e formular ideias próprias é bom, é libertador e amplia nossa visão de mundo.
Não pare de questionar. Evolua!
VIVER SEM RELIGIÃO:
Decidir viver sem religiosidade e seguir para o lado oposto da maioria não é fácil.
Escolher não viver sob uma dogmatização religiosa, sem crença em divindade, sem esperança de estar recebendo uma contínua proteção divina e com projetos de vida já predestinados para o seu bem, e ainda assumir frente à maioria religiosa, requer coragem.
Seguir a vida sem religião é encarar a realidade, sendo ela confortável ou não. É ser apenas humano. É reconhecer as as fraquezas inerentes ao homem e ser responsável pelos seus próprios atos, sempre em busca de agir com coerência, racionalidade e humanidade.
Não aceites aquilo que ouves relatar, não aceites a tradição, não aceites uma afirmação só porque ela está nos nossos livros, nem porque está de acordo com tua crença ou porque foi dita pelo teu mestre. Sê uma lâmpada para ti mesmo.
A história completa da religião não é cor-de-rosa; ela é dura, cruel. Sabedoria e caridade são intermitentes, com um saldo líquido profundamente ambíguo. Uma visão librada da religião incluiria sacrifício humano, bodes expiatórios, fanatismo, perseguição, as Cruzadas cristãs e as guerras santas do Islã. Incluiria a caça às bruxas em Massachusetts, julgamentos evolucionistas no Tennessee e a adoração de cabras nos montes Ozarks. A lista nunca teria fim.
[Huston Smith in: As religiões do mundo, Cap. 1, p. 22]
A ciência atua na fronteira entre o conhecimento e a ignorância sem medo de admitir que não sabemos. Não há nenhuma vergonha nisso. A única vergonha é fingir que temos todas as respostas.