Coleção pessoal de AdrielyMirela
Comigo aconteceu o que eu não esperava. Eu sorria que nem bobo e todo mundo notava. Quando me perguntavam, eu dizia: "oxe, não é nada". Mas, cá entre nós, todo mundo sabia que era em você que eu tanto pensava.
Optei pelo silencio. Parei de falar quando percebi que ninguém estava disposto a me ouvir. Parei de me importar quando percebi que isso de nada tinha valor. Parei de dar meu máximo para quem não me dava nem o mínimo. Parei. Simplesmente parei de dar meu melhor para as pessoas que não mereciam nem parte disso. Não peguei raiva e por favor, longe de mim guardar rancor de algo, mas parei. Parei de me importar com aqueles que demonstraram viver bem sem meu carinho. Escolhi parar. E vai por mim, foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Parar de escolher quem na verdade nunca me escolheu.
Sempre quis alguém que me ouvisse. Não as bobagens que falo de vez em sempre. Mas o que minha alma não sabe dizer. Que fizesse esforço para captar tudo que não sai da minha boca.
Quer? Então pega. Pega por inteiro. Minha parte boa, minha parte chata, minha parte cinza-chumbo. Crise de tpm, crise existencial, crise de riso, crise de choro. Não queira só um lado ou só algumas partes. Se quer (quer mesmo?), queira tudo. Completa e complicada. Simples e confusa. Dramática e exagerada. Não gosto de partes, gosto da coisa inteira. Metades não me agradam. Não me atraem. Não me satisfazem. Se eu te quero, quero 100%. Inteirinho. Com teu lado cretino e bonzinho. Com teu jeito arrogante e descontrolado. Tua doçura e acidez. Não me vem com mais ou menos. Nem vem. Nem, nem. Comigo é tudo ou nada. Mesmo. Quer?
Um dia alguém vai se apaixonar pelo meu sorriso tímido. Alguém vai ligar de madrugada só para ouvir a minha voz. Alguém não irá se importar com meu jeito torto de andar. Há de ter alguém que não se aborreça com minhas crises existenciais ou sentimentais ou hormonais. Alguém vai se sentir em casa no meu abraço, e vai querer me abraçar e nunca mais me soltar. Alguém irá dedicar uma música para mim. Alguém vai me tirar para dançar e quando eu disser que não levo jeito para dança vai me puxar e me ensinar os passos. Um dia vou encontrar alguém que faça todos os clichês fazerem sentido; alguém que vai fazer minhas mãos soarem e eu sentir as borboletas batendo as asas no meu estomago. Alguém que vai acordar a vizinhança toda logo cedo, pois vai fazer uma serenata na minha janela. Um dia vou encontra alguém cuja alma esteve guardada todo esse tempo para encontrar a minha.
E sem saber por quê, começou a chorar sentindo-se só e pobre e feia e infeliz e confusa e abandonada e bêbada e triste, triste, triste.
(…) fico tão confusa pela quantidade de coisas que tenho de considerar que não sei se choro, ou se rio, depende do meu humor. Depois durmo com a sensação estranha de que quero ser diferente do que sou, ou de que sou diferente do que quero ser, ou talvez de me comportar diferente do que sou ou do que quero ser.
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.
Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas me diga logo pra que eu possa desocupar o coração. Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida, e não darei. Não é mais possível. Não vou me alimentar de ilusões. Prefiro reconhecer com o máximo de tranquilidade possível que estou só do que ficar à mercê de visitas adiadas e encontros transferidos.
A gente tem é que se amar muito, se respeitar muito pra chegar para o outro e dizer: se é isso que você me oferece, agradeço, mas recuso. Não quero esse pouco. Não quero essas partes. Não quero a sua metade. Vem inteiro, completo. Ou não vem. Ou nem te apresenta. Ou pega teus brinquedos e sai logo daqui.