Coleção pessoal de AdrianaVargas
Agora estou livre do que me prendia no passado
Uma nova mulher surgindo dentro de mim
Está sorrindo...Está em paz...está Feliz!
Eu olho para ela e vejo que sou eu!
Sou eu como antes
Sou eu voltando
Sou eu mesma
De volta para mim.
Preparo-me para voar. Vejo-me ganhar asas e me despedir de você. Despeço da saudade. Despeço do passado. Despeço-me das lembranças e de tudo que senti. Agora o casulo é seu... Deixo para você todas as lembranças da mulher que fui. Deixo para a saudade dos momentos. A espera pelo que não veio. Os desejos contidos e o sonho não realizado.
Houve uma lesão. Houve alguém que se sentiu ludibriado, enganado e ferido. Eu não queria ser este alguém, mas na verdade, esta pessoa sou eu. Houve um sentimento que não foi levado a sério e que não soube brincar de faz-de-conta.
O vazio ainda insiste por dentro, como se após você, a minha história passou a ser contada de forma diferente.
A nossa situação clandestina, desleal e suja, ainda é a realidade, e por este motivo, eu guardo para mim.
O tempo passou, mas para mim, muda-se apenas a claridade do dia.
Penso em você, e sei que isso é apenas uma disritmia sentimental.
Eu pensei que fosse para sempre...
Para sempre... pensei que fosse - assim.
Eu pensei...
Para sempre.
Queria apenas um único desejo - que olhasse em meus olhos e me dissesse sem covardia, que foi um engano, e que jamais se lembrará de nossos planos juntos; nossos sonhos pisados por seus pés.
Eu chorei todas as dores e lágrimas que entupiam minhas vísceras.
Eu lhe arranquei de meu ventre, com intenção de abortá-lo, aos prantos, ninguém me ouviu.
Hoje cogitei planos santos e infernais. Fui aos dois polos com tanta rapidez, queria alivio imediato, colo, braços, consolo, amigos.
Fiquei sozinha no meio da rua, apagando todas as suas palavras de meus contatos.
Em estado de loucura, querendo me vingar, de quem? Quem seria o culpado, por você não me amar? Quem poderia defender uma causa clandestina, transgressora dos deveres morais? Quem? Quem ouviria o grito e a dor de uma pecadora, arrebatada ao chão por suas próprias e míseras traduções afetivas.
Hoje eu senti o desejo latente de morrer; queria arrancar a minha pele, aos gritos, cobrar a justiça por ter sido interrompida brutalmente enquanto lhe transmitia amor. Eu nunca tinha amado; tinha medo de amar e me transformar numa vilã frustrada, dolorida e triste.
As palavras fugiram.
Fiquei em estado letal, durante o dia todo, olhando a chuva fina que caia em minha vidraça, sorrateira, me lembrou de sua lágrima e do nosso beijo... me lembrou de coisas que quero esquecer.
Não sei quem sou.
Também me cansei de acreditar nas coisas que quero acreditar.
Isso não me alivia em nada, faz-me apenas , refém de minha busca pela perfeição.
Caso não exponha eternamente a minha dor; e não me esvazie do que me mata como um animal corroendo por dentro, acreditarei apenas que viver é estar numa ridícula impressão de que estou bem, que estou feliz, mesmo quando sinto o punhal me cortando...
Viver deve ser assim... expor ao sol, a carne viva, apontando onde dói e porque dói, caso me omita diante de minha exclusiva necessidade de ser eu mesma, estarei morta, sem motor combustor, que não enxerga, que não contesta, que não ouve, porque não quero sentir.
Quem me dera ter a ilusão de sentir prazer em brincar de casinha; em brincar de papai e mamãe, de filhinho amado. Depois que conheci o que meus olhos, ouvidos e boca são, tornei-me livre, porém, num antagonismo hilário, que arrota a controversa, me sinto sozinha, e sem querer, ainda busco pelas algemas dos pseudolivres, que não escutam, que não falam, que não enxergam, que não sentem.
Se eu pudesse tirar de dentro de mim, o pedaço estragado e ferido, eu seria a falsa impressão de felicidade; também me juntaria às pessoas que não ouvem a verdade, que não falam a verdade e não enxergam a realidade.