Coleção pessoal de acessorialpoeta
SAUDADES?
S'eu a tenho saudades? Claro que sim!
Foi tanto que eu a amei, tanto que eu a quis...
E, eu sei que, por nós, ela já foi feliz
E, eu sei que, à vida, a levou de mim.
Eu não queria do nosso amor o fim.
Que, por tanto, o meu silêncio n'alma me diz:
Foi tanto os meus sonhos, tanto a fiz!
Que a sonhando tanto, eu a tenho assim:
Nos meus pensamentos ficará para sempre!
Já no meu coração, um chorar descontente
Por tudo que eu a fui sem ela me ver gratidão.
Saudades? Não! ...D'o meu amor rejeitado!
De não ser em seu peito o riso sonhado,
De m'enganar por ela, d'suas misérias em vão!
DOS ANJOS
Neste mundo, encontrarás alguém que te fará perceber o quão importante foi descer a terra dos pecados, e irás finalmente entender o sentido da vida, a vida dos que não subiram ainda, e dos que te guardam as melodias dos céus.
INVERSO
Vê-me sorridente, feliz, mas, nunca
foi nada fácil pra mim, e, estes
são os melancólicos, os sofredores.
Meu coração é um desgraçado
de tanto que é bom, mas não me subestime,
não queira conhecer o meu inverso,
talvez, você não saia mais de lá.
DECLARO
(...)
Eu quero ser um sorriso em seu rosto,
mas se você não puder sorrir,
fique tranquila, eu irei guardar esse sorriso somente em mim, e irei suportar.
SEM AMOR
Um dia, quando me ver passar nesse mundo
Todos esses que agora não enxergam
Os meus ais, as minhas lidas, que me restam,
Serei eu de amor notado e profundo?
No caminhar dessa estrada, sou moribundo
Que vagueia sussurrando aos que passam:
"Viram um velho sem amor e tão imundo
A suplicar os corações dos que não prezam?"
Não tem ninguém a responder nem a notar!
E eu me vejo a um reflexo murmurar:
Nesse caminho, dos meus ais, ninguém sorriu!
Já cansado, e a desistir da longa estrada
Vou sonhando pela longa madrugada
Sem quer notar o meu amor, que ninguém viu.
DESEJO OCULTO
Enche-me de amor, de sorrisos no rosto,
Dos enganos que a vida desfaz...
Deixa-me acreditar em mim, me faz
Sentir o teu cheiro de flor, de gosto.
Beije-me a pele fria a esquentar, sem dor,
O meu coração, a mágoa triste,
Deixa-me acreditar que em mim existe
A paixão eloquente ao seu mesmo amor
Que dizes sentir ao teu peito, oh! Querida,
Ao mesmo tempo, a saudade imensa,
O despertar da minh'alma em tua vida.
Enche-me de esperança ao te encantar
O corpo, a boca, o que sente e o que pensa,
Deixa-me ser teus desejos, o som, o ar.
ACREDITAR EM QUÊ?
Quem disse que esse mundo é verdade?
Tudo é mentira, uma grande ilusão!
Dentre as coisas banais, no coração
Tudo é sem cor, é nada, tudo é maldade!
Há alegria em tanta gente! Veracidade?
Falsos risos dentre o peito, tudo é vão!
De amor são incompletos e sem paixão!
No vaguear dentre à noite são saudades!
Acreditar em quê? O amor ninguém sente!
Os sonhos são sussurros na mente.
As almas vagueiam no esperar da morte…
No olhar desse mundo sou mais um louco!
No viver de migalhas, contentar com pouco:
De falsos sorrisos, e no esperar da sorte!
MEU OLHAR
O meu olhar é da noite
d'uma alma vazia e triste.
Mas, mesmo sem cor,
será que amor nela existe?
Perguntei a mim mesmo:
Por que sofres tanta dor?
Por que sofres a solidão
se não conheces o amor?
A minh'alma quis falar,
meu coração quis responder:
O meu olhar é de saudade.
O amor: Sei lá do quê!
POETAS MORTOS
Ensandecidos: Vagueando à multidão
Eu vejo alegria, ansiedades e chorar...
E dentre o meu peito falta vida, me falta ar
Por sentir os temores da ilusão...
Insanidades, eu vejo a toda alma o coração
Por falsidades que os fazem fadigar,
E, ensandecida, navegando sobre o mar
Eu vejo a minh'alma à solidão...
Versos entoam dos meus sentimentos:
Tão Igual é nosso sonhar, nossos lamentos
Por virtudes nosso luar ser de alegria...
A sofrer sinto-me brando, sou louco?
Eu sou d'um Poeta o fogo intenso e absorto
A mentir o nosso amor: Que fantasia!
MEU SONHAR
Aos sonhos eu despertei com a tua voz
Dentre à noite a um luar romântico;
Os sonhos, eu edifiquei ao seu algoz
Desfalecendo o teu entoado cântico...
Parecia a noite um mistério alheio
Desconhecendo a encantada escuridão
Dentre o meu peito. Que feliz e cheio
Desconhecia a tristeza o meu coração.
Uma ilusão do nada. Tanta euforia
Sentindo em minh'alma que já não sorria
Ao perceber o teu adeus tristonho...
Ao luar tão belo, que a vejo estar comigo
Ao dormir, sonhar; fazer amor contigo
Que n'alma, eu desperto, e deliro e sonho...
É SOLIDÃO QUE SE CHAMA
Quando se tem alguém
Mas esse não te tem um desejo
Por te dar um beijo ao sair
Nem te esperar quando está por vir
Nem um afoite ao chegar à noite
Quando está ali mas não está nem aí
Por te dar um abraço
Nem por te dividir o mesmo espaço
Ou a mesma cama
"É solidão que se chama?"
NINGUÉM NESSE MUNDO É ETERNO
Pois, um dia, a pele irá enrugar, os cabelos ficarão brancos e os pensamentos sumirão. Nessa hora, todos notaremos que a única coisa que nos resta serão as lembranças que guardarem de nós, essa sim, será eterna. Portanto, não importa quem você seja ou o quê você tenha, nada do que senão, lembranças, serão suas.
DESPROVIDO
O amor que
ressurge não é nada.
O amor que
ressurge é intenção.
O amor de verdade
não ressurge nem acaba.
O amor é um sentir,
não é uma ilusão.
GRATIDÃO
Nada é tão mais eterno do que o amor; o sentimento puro e a gratidão pela vida, às vezes, não entendemos os propósitos das coisas que a própria vida nos faz viver para que entendemos e nos confortemos à evolução da nossa alma.
NO TEU INFINITO
Não digas que o meu amor não te serve mais.
Lembra-te das horas puras, da paixão, e desejo;
Lembra-te, oh, meu amor, do místico beijo,
Que nem no tempo mais extenso se desfaz!
Amo-te demais, oh, meu amor, amo-te demais!
Não vás ao destino se entregar, em mim te deixo
Apossar-se dos meus dias plenos e de ensejo,
A rogar-me na alma os infinitos dias de paz...
Sou do teu amor à sombra o teu mesmo amor,
O agrado do teu peito, o cálice, sou o teu calor,
O sangue a te queimar o corpo nas horas frias!
Não digas, oh, meu amor, não digas mais nada...
Veja o sol que deita, veja a lua beijar a alvorada,
Eu sou o oiro a clarear o infinito dos teus dias!
PROPRIEDADE
Jamais se dedique a
alguém por inteiro.
Ama-te primeiro,
Pois que finito é tudo
E nada é absoluto
A quem não te tem
Ao menos gratidão.
UM CAMINHO PARA VIVER
Quem sabe um dia nesta estrada
Onde o caminho me põe tão triste,
Eu possa deparar o que me agrada,
E deixar para trás o que não existe.
Quem sabe eu volte a dar risada
Nesta minha face onde me resiste,
A voltar ser alguém, e talvez nada
D'um caminho que a mim persiste.
Vida louca... Oh, tão louca vida!
Onde há entrada, mas não há saída,
Só quero de ti um fim p'ra morrer!
Alegria volta, assim, alegre volta...
E da minha alma os males me solta,
Para que um dia eu possa viver!