Coleção pessoal de 6565

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O homem é a única criatura natural que sabe que a vida é enfadonha, por isso criamos tanta coisa. Muitas dessas criações são igualmente enfadonhas ou quase tornam o existir ainda mais impraticável; outras, entretanto, captam a essência da coisa, que é a fuga: daí a importância do vinho.

Os poetas, mais que outras pessoas, tendem a acreditar que no início da vida estão contidos, semiadormecidos, certos poderes e belezas eternos, que por vezes cintilam no presente enigmático, como relâmpagos na noite. Então para eles é como se toda a vida habitual e eles mesmos fossem apenas imagens de uma bela e colorida cortina, enquanto por trás dessa cortina se desenrolasse a verdadeira vida. As palavras mais sublimes e eternas dos grandes poetas parecem-me também ser o balbucio de alguém que sonha e sem o saber, das alturas entrevistas fugidias de um outro mundo, murmura com lábios pesados.

Mas,
Por não seres real, farei de ti Poesia!
Por não estares aqui, te farei Eterna!
Por seres mentira tornaste-te minha mais querida verdade.
E a Dor, que não pode ser enganada, continuará aqui, ao nosso lado, trazendo com a tarde fria o desalento da compreensão de que tu és apenas: Lembrança!

Muitas vezes já se tinha sentido assim, com os mesmos pensamentos e temores. Em todos os períodos bons, fecundos e ardentes de sua vida, mesmo na sua mocidade, vivera sempre assim, queimando a sua vela pelos dois lados, com um sentimento ora jubiloso, ora soluçante de feroz extravagância, de destruição, com uma desesperada avidez de beber a taça até o fim, com um profundo e secreto medo de chegar ao termo de tudo. Muitas vezes tinha assim vivido, muitas vezes já esvaziara a taça, muitas vezes ardera em altas chamas.

Eu não passava de um dentre os milhares que, com juvenil desfaçatez, chegavam até a arte e cuja força falece, quando são postos seriamente à prova.