Coisas Novas

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Quanto mais os meios interferem nas políticas locais ou estrangeiras, mais os desejos internacionais de um grupo se tornam desejos populares, porque a vontade de um povo é construída por símbolos que conjugam uma universalidade de valores entre homens e governos.

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A televisão a cabo, a Internet, as tevês por fios de cobre, microondas, pelo Direct TV ou qualquer outro recurso técnico ou tecnológico novo propiciam tanto a imagem dos pedaços do Muro de Berlim caindo no chão quanto a transparência da Cortina de Ferro, em poucos segundos. Isso faz com que haja uma sensação imediatista de morte e vida, transformando o
que é um fato histórico em parte do quotidiano universal.

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A própria imprensa joga confetes em si mesma e se convence de que seu poder é a prova de fogo. As novas tecnologias de comunicação
aumentaram esse poder de fogo, são a “bomba atômica” do século, pois as
informações que percorrem o mundo em maior velocidade destronam
governos, criam “cortinas transparentes” em oposição à antiga cortina de ferro, e os jornalistas sabem que a profissão deles é aliada ao poder.

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Nesse conjunto de ligações comunicacionais, os desejos internacionais se tornam ainda mais internacionais, porque os canais de proliferação de idéias se multiplicam em nível global. O que temos que analisar, portanto, é se o resultado dessa política internacionalista das mídias comprova ou não
uma integração internacional das nações, e se o encadeamento da política internacional deles pode ou não reforçar o sentimento local de nação.

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Com as novas tecnologias de comunicação o sistema amputa de
forma globalizante, de forma geral, não só local. O negro da favela da Rocinha
e o africano de Angola estão agora no mesmo barco.

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Não é de estranhar, por exemplo, que a comunicação mundial esteja
dividida entre grupos relacionados aos mesmos grupos fortes econômicos
mundiais, e os mesmos que gozem dos benefícios que hoje a globalização
representa para os países ricos e desenvolvidos; portanto não é de estranhar que a democracia seja propriedade privada de alguns e franquia paga por outros, pelo fenômeno da globalização.

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Quando se observa que o número dos países mais desenvolvidos, o grupo dos oito, é quase semelhante ao número dos grupos que dominam a produção mundial de comunicação, divididos em sete grupos que formam o Império da Mídia, constata-se que comunicação e poder estão vinculados sempre, são montadores políticos eternamente. Mas quando blocos econômico-políticos se sobrepõem um ao outro, se castra a diversidade cultural pelo abuso do poder, do capital e da informação estrangeira.

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As artes e as informações locais se desmontam em conseqüência das
influências dos mega mercados internacionais que representam os Estados Nações de um império só: o dos meios de comunicação.

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Hoje o poder de comandar já não basta, a industrialização de idéias para influenciar coletivamente é a maior arma que as nações podem ter, e os meios de comunicação são veículos certos que abrem os caminhos para conduzir, porque conduzir é mais forte que dirigir.

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A diferença é que conduzir é algo feito pelo poder do argumento e do convencimento, da persuasão, enquanto que dirigir é uma atitude imperativa. O poder de mandar e de dirigir é diferente do de influenciar.

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Conduzir é um ato mais suave, a influência não é percebida
diretamente, e nem precisa da autoridade para se realizar, por isto é que
grandes líderes políticos, religiosos, militares e artistas não dirigem, mas
conduzem e influenciam.

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O poder de influenciar é mais abrangente do que o de mandar,
porque a influência pode marcar a vida de uma pessoa. Há pessoas que por
influência política tomam posicionamentos de direita, centro e esquerda, por influência religiosa tornam-se protestantes ou católicas, na arte recebem influências que se tornam tendências de uma linha de criação, como os estilos do cubismo, surrealismo, barroco entre outros.

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As influências das novas tecnologias de comunicação são exercidas pela construção das falas do discurso das mídias, e é necessário demonstrar que a tecnologia em si não tem poder, a fala ideológica de quem as domina é que tem poder.

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A televisão, que sempre se caracterizou como um aparelho, uma maquina que dá às pessoas um lado lúdico de entretenimento, foi, por diversas vezes, não só no nosso país como no estrangeiro, o sedativo político
da sociedade.

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A própria legislação americana sobre a propriedade dos meios de comunicação, vem sofrendo mudanças com o objetivo de abrir terreno para as
grandes fusões. No projeto de eliminar as diferenças, seu propósito é diminuir
os conflitos de interesses, escolhendo um interesse particular para cobrir toda a sociedade.

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Os novos Al Capones são aqueles que mexem com as vontades humanas e não com os crimes de natureza humana, são os donos e criados dos meios de comunicação, principalmente da televisão.

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Vendem e convencem. Induzem a sociedade a sentir determinados desejos e vontades que não são suas, da natureza social, porque ninguém nasce com dependência de cigarros ou bebidas, com vontade de comer chocolate, tomar Coca-cola ou comer pipoca quando vai ao cinema: são padrões de conduta adquiridos através dos meios.

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Se a mídia gera sedução, ela é feita pelo objeto de prazer: o
poder. Se as pessoas estão procurando acompanhar os padrões que a mídia
fabrica é porque querem ou são obrigadas a estar dentro do padrão social generalizado, para não serem excluídas do sistema. Portanto, se a
personagem da novela é uma sem terra, a única opção que a mídia coloca
como melhoria de sua condição social é a de se casar com o personagem
milionário da história.

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A mídia cria uma espécie de vertigem coletiva, pois em maior ou
menor dimensão a figura da mídia é articuladora de transferência de valores na sociedade, ditando regras morais, costumes, comportamentos e dando a
aparência, numa visão fria e desenvolvida em estúdios, de que a sociedade é realmente aquilo que ela desenvolveu dentro de seu espelho contextual.

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Assisti a um seriado da Rede Globo, chamado Decadência, que
fazia uma abordagem irônica sobre as seitas evangélicas. Em especial, a
Globo tentava atacar o Edir Macedo, e o artista Edson Celulari, que fazia o
papel do personagem Emannuel, um motorista que vira bispo e enriquece, num dado momento da história fala que ninguém quer ser feliz depois que morre, e por isso as religiões evangélicas estavam ganhando fiéis, pois elas prometiam a felicidade aqui e agora.

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