Coisas Novas
Uma história de amor que nunca aconteceu
Vejo você do outro lado da calçada com um sorriso meio bobo que vai fazer as minhas pernas balançarem. É a primeira vez que te vejo, depois de trocar tantos bilhetinhos. Você vai chegar meio tímido, e eu vou te puxar pra perto. Não vai precisar de palavras. Você vai arfar por nervosismo ou preocupação, e eu não vou saber fazer a menor diferença. Te vejo ajeitando o cabelo com um gesto que vou amar, e depois vou imitar te arrancando risos e xingos. Eu já sinto saudade dessa cena como uma lembrança especial guardada nas velhas caixas de sapato. Como é possível sentir saudades do que nunca vi?
Sinto o cheiro do teu perfume de longe. É o mesmo que você usava na mesma esquina imaginária num dia em que nunca nos esbarramos pela primeira vez. Consigo imaginar perfeitamente porque as tuas letras sempre vêm transpirando lindezas. É o cheiro que eu vou associar a chegada, carinho e amor. Penso que vou me entregar ao prazer delicioso de passear pelo teu pescoço antes do nosso beijo… O beijo. Dá pra sentir a tua boca se movendo pelos cantos, fazendo rodeios e parando no ponto exato em que encontro a sua. O mundo vai parar, embora tudo pareça tão normal. Só a gente sente essas coisas de infinitos particulares.
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Escuto as nossas briguinhas. Ouço cada palavra em minha mente. Eu não vou suportar a tua bagunça e o teu jeito desastrado. E, no meio da confusão de gritos e palavrões, você vai largar aquele sorriso (sim, o mesmo sorriso bobo), e eu vou me esquecer de tudo. Você tem algo de infantil e delicado nos teus gestos, que eu só sei que vou querer te proteger e te colocar no colo… Escuto o teu pedido de desculpa e aceito imediatamente, mesmo sabendo que vai acontecer tudo de novo. E de novo. Essas briguinhas de amor serão ternas e eternas. É normal essa saudade do que nunca escutei?
Eu nunca te vi, te cheirei e te ouvi. Mas já te desenhei, colei o teu retrato junto ao meu e aprendi a amar esses sorrisos que vêm na minha imaginação. É dessas histórias que nunca aconteceram e que a gente sabe de cor. De coração. Quando você se afastar, eu vou guardar o teu gosto em mim. Uma pena que você não fique impregnado feito cigarro pelos meus cabelos e pelos meus tons. Nos dias nublados, vou me recordar com afeto do silêncio-tum-tum-tum-tum. E tudo volta a ser poesia.
Sim, estou com saudades das coisas que nunca vivi. Apenas porque dias nublados são sempre dias de recordações e poesia. E silêncio.
Tudo ficou meio quieto. Você também tá aí me imaginando junto de ti?
Uma mulher chorando fazia eu me sentir como se estivessem me despedaçando de dentro para fora, uma arma que eu nunca revelaria a alguém.
Eu não conseguia parar de querer que a órbita dessa mulher se sobrepusesse à minha. Era um jogo estúpido e perigoso que eu estava jogando.
É você que tem que viver a sua vida. Não peça desculpas a outras pessoas pelas decisões que você toma por si mesma.
Nós dois só queríamos que alguém nos amasse o bastante para compensar todas as vezes que não tínhamos sido o suficiente.
Nós temos um fraquinho por homens feridos… Achamos que podemos ser aquelas que vão magicamente consertá-los com o nosso amor.
(des)amparo
você me deixou, mas não só me
deixou. deixou a vida sem graça.
deixou meu dia improdutivo. não
foi você, fui eu. você se foi e eu me
permiti que a vida ficasse sem cor.
eu me deixei por você e procurei
amparo em mim.
Esse é o problema do luto. Ele não passa se a gente chora, come demais ou dá uns socos na parede. Ele simplesmente fica. E você precisa sobreviver a ele, precisa suportá-lo, precisa conviver com ele. E essa é a coisa mais difícil do mundo.
O que eu diria a mim mesma de 22 anos? Eu diria: pare de se preocupar com o seu peso. Alimente-se. Literalmente. As pessoas que merecem o seu amor vão te amar mais ainda por isso. Eu também diria que a maioria das coisas vão ficar bem com o tempo, mas não tudo.