Cinema
Sempre estive em busca de minha identidade artística e recentemente fui convidado para dar aula de direção na HFA, um de meus objetivos é fazer o aluno desenvolver sua própria identidade, e nesse mergulho de buscar a forma, me deparei com minhas escolhas dentro dos materiais que produzi, descobri que retratam minhas experiências pessoais. Os filmes quais participei sempre possuem pós-produção, pois minha formação começou na edição, mas ao assistir as produções que dirigi, me deparei com algo novo que está sempre presente em meus trabalhos, porém de uma forma subconsciente. Apesar de essa técnica ser comum, ela não é muito explorada, pois geralmente causa um desconforto ao espectador, mas quebrar a quarta parede é algo que nos coloca dentro do filme e nos faz sentir parte do que vemos. Essa técnica que me refiro, se tornou mais famosa pela série "House Of Cards" da Netflix onde o personagem, Frank Underwood, está sempre falando diretamente conosco. Entretanto não foi nessa série que esse plano me fisgou, e sim no filme "Silêncio dos Inocentes" de Jonathan Demme, e em todos os outros filmes que ele utilizou o mesmo recurso. Via em seus trabalhos uma fonte de inspiração, da comédia ao drama. Fiquei muito triste pois ele faleceu esse ano.
Quando comecei na fotografia, sempre pedia para que as pessoas olhassem diretamente para a câmera, e na edição escolhia começar por essas imagens. Sempre achei que os olhos comunicam exatamente nossos sentimentos, e definem a maneira mais profunda de conhecer as pessoas. Nunca tinha percebido o quanto isso influenciou e influencia em minhas decisões, e o quanto está presente em meus trabalhos.
Me inundo de referências, observo a realidade e sou vitima dos sentimentos. Mas ao colocar tudo que vivencio misturado, nasce as ideias. Faço ficção, com muita realidade.
Deveria ser Lei a obrigatoriedade de distribuição de cestas básicas mensais para os profissionais que fizeram parte da historia da programação, pelos grandes grupos de comunicação, televisão abertas e fechadas, das festas, do áudio-visual e do entretenimento no Brasil via os sindicatos correspondentes para atender a justa e digna demanda de abandono e esquecimento dos artistas velhos e portadores de doenças graves.
Temos medo de que nunca escaparmos do nosso passado. Temos medo do que o futuro trará. Temos medo de não sermos amados, de não gostarem de nós. E de não termos sucesso.
Em terra de boêmios e festeiros,
quem prefere ficar em casa tomando sorvete e assistindo filmes é rei.
Infeliz e nação que precisa de heróis, disse Bertolt Brecht - principalmente se forem políticos (com jeitinho brasileiro), estrelas do cinema adulto, funkeiros 'ostentação' e subcelebridades de reality shows. E agora, quem poderá nos defender?
Nessa corrida insana atrás da tecnologia, nos preocupamos com o equipamento que vamos usar, mas esquecemos o mais importante no processo criativo, que é o estudo da linguagem. Eu decidi frear esse desespero. Ao invés de investir em equipamentos caros, invisto meu tempo na busca e o entendimento da comunicação cinematográfica. To cansado de ver fotogramas lindos sem nenhum sentimento por trás. Tem muito filme feito em super8 ou celular, contendo mais sentimento e estudo, que produções gravadas com Arri.
O melhor equipamento não é o mais caro, e sim aquele que você consegue extrair o que precisa. Chega de arte vazia.