Cidade Linda
A cidade não se torna parte de você... você se torna parte dela. Ela absorve você pouco a pouco, ano após ano. Até você ser apenas uma pequena parte do sistema... bombeando pelas veias da cidade, perdido nas artérias dela.
Não sou contra a utilização de automóveis. Só luto por uma cidade na qual as pessoas possam usá-los por opção e não por falta de.
Nós construímos esta cidade. Construímos os prédios, as estradas. Então trouxeram as máquinas. Não pelo lucro. Fizeram isso para nos expulsar. Porque as pessoas normais sempre nos odiaram. Só que faziam isso sorrindo.
CIDADE GRANDE, GRANDE CORRERIA
A cidade tá cheia de carros, cheia de motos e bicicletas.
Mas não há ninguém aqui, mais ninguém quer me ouvir.
A cidade tá cheia de cinza e com um pouco de flores nas Janelas.
Mas não há ninguém para a flor regar, ninguém viu que a flor morreu.
A cidade tá cheia, está cheia de gente com pressa.
Os homens buscam a verdade através de sua razão natural, buscam através dela iluminar suas trevas, assim como as luzes artificiais de suas cidades iluminam a noite. A razão natural, assim como essas luzes artificiais iluminam muito mal, tanto a escuridão da noite como escuridão dos homens, essas luzes ofuscam mais que iluminam, pois os dispersam, fazendo com que olhem somente para baixo, onde ficam os brilhos ofuscantes dessas lâmpadas que não os permite olhar por sobre suas cabeças, onde estão as belas luminares dos céus, que mesmo à tamanha distância conseguem ser percebidas e inspirar tantos pensamentos. A curta extensão das luzes criadas com o artifício de nossa razão, por sua vez, demonstram também a curta extensão da razão humana, que assim como essas luzes não chegam muito longe, e de como são imperfeitas as criações que dela provém. Aceitar a escuridão natural é o mesmo que enxergar a debilidade de nossa razão, é dar lugar a luz natural, que devido a perfeição de sua fonte possui maior capacidade de conduzirmos à verdade. As estrelas no céu iluminam na medida certa, para que predominem ainda as trevas da noite, e exista o contraste, entre a ausência da luz e sua presença, da escuridão natural dos homens e da claridade absoluta de Deus. A ausência de luzes artificiais na cidade dos homens os tornariam desejosos do belo espetáculo dos astros que se manifesta nos céus noturnos, nos fazendo olhar para o alto, a comtemplar as luzes que nos levam para mais perto da verdadeira beleza, e da verdadeira luz. Mas ao não aceitar a escuridão natural, não podem os homens ver a negritude e cegueira natural de sua razão, do contrário, querem extinguir a noite ao criar suas próprias luzes, confiando em sua própria razão, e julgando auto iluminar-se e procuram assim criar o seu próprio dia. Quanto mais aumenta a claridade da cidade dos homens mais ofuscados estes ficam, tanto mais confiantes de si mesmos, tornam-se a cada dia mais cegos, por acreditar que tornaram suas trevas em luz, suas noites em dia. Ainda que se multipliquem todas as lâmpadas noturnas dos homens, a verdadeira luz se faz presente, e demostra sua grandeza e esplendor ao raiar do dia, onde nem mesmo todas as luzes da cidade dos homens juntas é capaz de se comparar à luz do astro-rei que ilumina toda a terra, que como um representante da grandiosidade e claridade absoluta de Deus, revela a superioridade e perfeição de seu Ser, Em contraste com a pobreza e pequenez de nossa razão, do alcance de sua luz e das miseráveis luzes da cidade dos homens. A verdade de Deus inunda a terra e as consciências dos homens, como o sol que apaga, e se sobressai, a toda artificialidade da luz que vem da razão humana.
Estudamos numa escola de trouxas, moramos numa cidade de trouxas, que todo verão atrai hordas de trouxas do mundo inteiro que se reúnem para se sentirem menos trouxas.
A Travessia
A travessia é um campo verde em densa mata localizada em meio ao nada, na área rural, protegida pelo breu noturno da roça e recoberta pela bruma da madrugada.
É escura e incerta, feito o medo que nos cerca e que faz tremer as nossas pernas, em razão do frio que corta o corpo nos ventos perenes em rajada e na coragem que de súbito nos faz crer no reencanto de nossa alma, há muito desencantada.
A travessia se estende por todo o caminho ao longo do que se pode alcançar em visagem, lá do alto da encosta que margeia esse lugar o céu é enorme e as estrelas brilham na imensidão do firmamento em um tom azulcintiloprateado capaz de encantar a qualquer um que se prestar a olhar.
Ao mirar o horizonte que se agiganta à nossa frente adquirindo dimensão de infinito, veem-se claramente as constelações estelares em formações que se conta aos milhares ou aos milhões.
Os pontinhos reluzentes, encantadores e extremamente viciantes são minúsculos ao serem observados daqui e ao reluzirem encantam e fazem aflorar os meus mais profundos, sinceros e bonitos sentimentos.
Nesse sítio onde as estrelas abundam no céu, também faz morada a lua, tímida e reservada, a lua dourada que pinta os nossos sonhos de emoção, clareia o mato alto e a copa das árvores em espetáculo digno de aplausos.
Na travessia pelo ponto mais alto da encosta, a experiência de quase todos os dias é um sincero e caloroso abraço da vida, um afago da lua mais bonita que eu já vi e um sentimento que eu nem ouso tentar explicar com palavras. É preciso sentir com o corpo inteiro a poesia que é estar lá enquanto a natureza dá o seu show.
Me chama pra um rolê nessa cidade
Tudo é uma questão de oportunidade
Me leva a sério, me leva pro céu
O sol já me esqueceu, já que o brilho dele perdeu pro teu
OUTRA RUA
Onde estou? Está rua me é lembrança
E das calçadas o olhar eu desconheço
Tudo outro modo em outra mudança
Senti-la, saudoso, no igualar esmoreço
Uma casa aqui houve, não me esqueço
Outra lá, acolá, recordação sem herança
Está tudo mudado do tempo de criança
Passa, é passado, estou velho, confesso
Estória de vizinhança aqui vi florescente
Pique, bola: - a meninada no entardecer
Hoje decadente, e conheço pouca gente
Engano? essa não era, pouco posso crer
Ela que estranho! Se é ela ainda presente
Nos rascunhos, e na poesia do meu viver...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, 31 - Cerrado goiano
GUARANÉSIA - UMA CIDADE PROGRESSISTA
Todas as manhãs, o sol se descortina
Trazendo a luz divina e o amor que contamina.
Como formigas, Homens e mulheres, nas trilhas do sucesso,
Transitam lépidos na alavanca do progresso.
A cidade tem uma história rica,
Já tomou água de bica, hoje, dá asas a Cumbica.
A ela a natureza foi pródiga,
Não que existisse uma lógica!
Talvez uma explicação divina. Ontológica.
Tem os olhos fechados para a altivez.
Dá guarida com gentileza. Aqui o forasteiro tem vez.
Tem pureza no abraçar e receber,
Reconhece que todos têm seu papel por merecer.
Terra de homens arrojados,
Progressistas, competentes e abnegados.
Vislumbram um progresso crescente.
O futuro é o que se faz no presente.
Seu parque industrial é pujante,
A agropecuária sempre marcante.
O comércio tem crescido radiante,
O esporte e a cultura sempre marcantes.
O cinema fez história nacional,
O teatro segue firme como o tal.
Na música sua marca é magistral,
A sociedade sempre teve um alto astral.
As entidades sociais são invejadas.
Pela população sempre foram elogiadas.
Aqui a praga do desemprego não tem morada,
Quem aqui tem um lar, não troca ele por nada.
Élcio José Martins
“Pobre Rio de Janeiro dos ricos do Leblon e dos pobres das favelas; das assembleias de Deus e das Assembleias Legislativas; dos cariocas da gema e dos políticos de algemas; das belezas naturais e dos descalabros sociais... Triste Cidade Maravilhosa dos Morros e dos mortos; dos assaltos banais e dos arautos carnavais; das promessas de amor e das juras de morte; dos jogos de azar e dos dias de sorte... Confuso Estado Fluminense das Garotas de Ipanema e dos Garotinhos de esquemas; das celebridades globais e dos artistas reais; dos cartões postais e dos cartões de crédito; dos quarenta graus de temperatura na sombra e dos trinta e oito na cintura que assombram... Para o bem ou para o mal, melhor lugar não há, seja na areia da praia, seja no balanço do mar.”
Pelas ruas
fios emaranhados.
Obsoletos.
Metal esticado
carreando o nada
poluindo a visão.
A cidade é como a vida
precisa de faxina
para que haja
evolução...
Airosa Paranaguá.
Paranaguá, bem-apessoada cidade romântica banhada por águas que por ali nadam muita história e tradição.
Tens o tão deleitoso e gentil Rio Itiberê onde navegam os barcos coloridos e as mais felizes famílias.
Abriga o pulcro Rocio, fonte das bênçãos da Santa e admirável Nossa Senhora do Rocio.
Possuí um clima tropical e amarelo que faz os moradores esboçarem um belo sorriso toda manhã.
O caloroso e amigável sol cobre os coloridos e variados casarões onde lá pertencem os clássicos e antigos museus onde contam as mais velhas estórias.
Parabéns Paranaguá, pelos seus 373 anos.
Nessa cidade o inverno é calor, encanta quem anda, encanta quem pedala, encanta quem dirige e quem dança. Nessa cidade as flores são coloridas e os pássaros aparecem no inverno. Nessa cidade a lua e o sol se mostram brilhantes no inverno. Como é bom seu calor. O calor de inverno que essa cidade me dá.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando a criança que passa fome, tromba, rouba
se marginaliza e não vê perspectivas.
Quando quem pode não faz, quem faz quase nunca pode.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando embriagado pelo poder,
o homem engana, trapaça e mente
Quando crescem os prédios e diminuem o verde.
Quando a desgraça bate à porta de uma família
e os vizinhos fecham as suas para não ouvirem os gritos.
Quando faz frio e não há manta ; faz calor e não há água.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando quem deveria dar exemplo, peca.
Quem deveria dar segurança, oprime,
Quando há doces e brinquedos na vitrine,
A criança pedindo e o pai, no bar, bebendo,
Fica tão triste a minha cidade !
Quando a mentira é amiga do dia
e a vergonha se esconde na noite.
Quando a coragem termina e
a testemunha não comparece.
Quando o barulho ultrapassa a capacidade do sentido
e o ar quase impossível de se respirar , é vida.
Quando aos domingos e feriados suas ruas ficam desertas
Fica tão triste a minha cidade !
Quando há na segunda-feira, o choro, o cheiro da morte.
o carro batido, o cansaço, a estrada e a velocidade.
Quando o ônibus passa de manhã e a tarde,
com gente pendurada, com os pés dentro e o corpo fora.
Quando a alegria é a síntese de um momento bom,
e a desgraça é duradora, analítica e densa ..
Quando há o grito de gol e a alegria se agita,
a torcida se irrita, o pai de família e a criança,
antes de voltarem para casa passam no pronto-socorro.
Fica tão triste a minha cidade !
Quando o homem é triste,
pois a cidade triste é o homem triste.
Saio do serviço depois de um dia cansativo, me sentindo presa dentro de mim mesma, como se algo quisesse sair, mas, eu não sei o que.
Coloco meus fones e começo a caminhar sem destino enquanto aos meus ouvidos tocam Experience - Ludovico, uma bela trilha sonora para uma caminhada com o sol se pondo a minha direita, com um tom alaranjado que eu adoraria tocar, as nuvens se tornando como chamas, é incrível. As arvores se juntando ao longe, como se estivessem tocando o céu.
Nesse momento várias pessoas fazem caminhada, a maioria acompanhados de alguém, outros como eu, com a própria companhia e pensamentos. Os faróis começam a se tornar mais nítidos, e percebo que o sol já se foi e a lua vem me iluminando a esquerda. Os coqueiros se movendo com uma corrente de ar mínima, é quando eu me dou conta de que já faz uma hora que eu estou parada ali apenas admirando a vida, as pessoas apressadas com seus uniformes laranjas, vermelho, verde. Todos trabalhando e vivendo, uma cidade pequena, mas com suas belezas, pare e observe.
Habilidades notáveis,
age por instinto, com fugacidade,
às vezes, fica apreensivo,
ciente de suas responsabilidades,
usa suas teias como um aracnídeo
sorrateiramente pela cidade
pra enfrentar seus inimigos
e outras adversidades.