Cidade
Se eu sair pelas ruas da minha cidade
eu vejo o que tornou-se esta sociedade
que eu faço não é música nem poesia
e para descrever o que eu vejo todos os dias.
Outro dia se vai. Outro dia comum.
Cidade cinza, assim como alma.
Alma? Sei lá, se está aqui, se já não está.
Pés firmes ao solo, fixos, pregados!
Outro dia se vai. Outro dia apático.
Estamos envelhecendo a cada minuto.
Estamos morrendo a cada minuto.
O grito que ecoa da quebrada
Na periferia, da periferia, da periferia...
Bem longe da (cidade) perfeita da zona sul
onde o descontentamento faz vítimas todos os dias
e trucida os sujeitos um a um
vivem as pessoas de mente livre
que mesmo e apesar de enclausuradas pelo ódio do sistema
seguem livres pelas ruas sem asfalto ou iluminação
caminhando alertas pelos becos estreitos e vielas escuras
margeados por córregos sem saneamento ou boulevard algum.
Seguem refletindo a falta de tudo e ainda com brilho nos olhos
alegres, sorriem por dentro, sem lamentar problema sequer
felizes por não serem tão vazias por dentro
ou esvaziadas de sonhos qualquer.
Olham para o futuro cheias de esperança
seguem seu rumo na vida sem encontrar o tédio
esperam ver chegar as praças e toda estrutura moderna dos bairros chiques
elegantemente dispostas nos cardápios da especulação imobiliária
que cerca e segrega os mundos, erguendo altos muros, altos prédios
cravados de vidro anti-vizinhança, arame farpado e cerca elétrica.
Enclausurados em seus condomínios (cidades), os ricaços
impactam a vida do bairro, encerrando as liberdades individuais
rapidamente o sentimento ( antes coletivo) feito as minas d'água, se desfaz
desfaz-se os sonhos milionários e os milionários sonhos de paz.
A segurança e a insegurança orbitam em um mesmo plano
os manos logo criam asas, aprendem a voar e voam por sobre as muralhas
na periferia nada é de graça, até o respeito é conquistado
ou descobre-se cedo o respeito e respeita-se o outro
ou vive-se como se tudo fosse um grande pecado.
O preço da periferia é o respeito, não esse preconceito disfarçado
que finge erguer as mãos ao aperto, como se tudo estivesse acertado
ou que pensa poder comprar tudo com dinheiro sujo de sangue
da violência existente em um carreira de pó ou em um cigarro de baseado.
Você que cheira e fuma é também quem espanca e mata
a violência que crava a faca na costela da sociedade ao meio dia
é também financiada por você.
As balas perdidas que matam crianças e interrompem futuros
é também sua responsabilidade.
A causa morte do sistema é também sua culpa.
Você também é responsável por tanta violência gratuita nas ruas das periferias
com repercussão direta em toda cidade.
Você que não investe em cultura e desvia as verbas aprovadas
é culpa sua toda essa barbaridade.
Garotos de nove anos roubando, matando, fumando crack!
É culpa sua que não governa direito (a porra) da cidade que te elegeu.
Mais respeito, por favor!
Esse é o grito que ecoa dos guetos marginalizados.
Esse é o grito que ecoa dos guetos que vocês marginalizaram.
Mais respeito, por favor.
Liberta a tua mente e segue, vai em frente
vai ver quem é a gente que você olha atravessado
quando para no semáforo e ergue o vidro apressado
observa com cuidado quem é o pretinho que tu olhas desconfiado
e aperta o passo quando ele passa ao seu lado
com a barriga vazia, com os sentidos embaralhados - de tanta fome.
Enxerga o estilo dele e entende de uma vez por todas...
Que esse é o estilo que faz sucesso por lá.
Descobre a palavra de ordem dos (marginalizados)
que você marginaliza ao julgar
e grita alto aos quatro ventos quando descobrires
da sua varanda ou de seu terraço milionário invocado.
O grito que ecoa da periferia é...
Mais respeito, por favor!
Pois já estamos cansados.
PERMANEÇO
Consegue me ver
Ainda sim permaneço
Nesta cidade bucólica
Ainda não cresço
Vejo
Que bastante mudou
Contudo
Não reconhece que errou
me deixando aqui
em topor
Temos um bairro em nossa cidade chamado Cotia. Estava procurando um casa para comprar nesse bairro e lembrei-me: Paca, tatu, cutia não. Pensei! Isso pode ser um aviso, vamos procurar em outro lugar. Rs rs rs...
Madrugada Calada.
É na madrugada gelada
Que a alma toda enciumada
Disputa espaço com o vento.
É em plena madrugada
Quando a cidade descansa
Que a alma se sente livre
Em versos fala e canta
Em passos anda e dança.
É em plena madrugada
Que caça como um tigre
É no começo da jornada
Que ela brilha feito um Alpivre.
A FELICIDADE
[...]
Dispa-se de seus medos,
desça de seu altar,
aproxime-se o mais fielmente de si mesmo,
encare suas vergonhas,
estapeie os seus preconceitos,
seja feliz.
Feliz!
Mesmo que por um dia,
por uma hora,
por um segundo apenas.
Mesmo que pareça estranho,
mesmo que se sinta um imbecil agindo diferente dos outros,
destoando dos demais.
Ser feliz é uma virtude,
um estado de ser.
Ser feliz é não se deixar enganar
pela aridez nos sentimentos desumanizados dos outros.
Ser feliz é ser, sem se importar com o que vão pensar a seu respeito.
É dançar sozinho em um campo de grama verde
embalado por sua música preferida,
e contagiar a todos com seu instante de loucura.
Felicidade é movimento, é ir contra o vento, a favor de si.
Pra ser feliz não basta querer ser,
tem que se despir de dentro pra fora, o tempo todo, a seu tempo.
Ser feliz é...
Não imaginar como poderia ser,
é ir em busca do que se quer,
é ir e ser.
A cidade barulhenta trazendo violentas cadeias
Mas dentro de tantos sons
Existem grandes paixões
Paixões melosas, casais extrovertidos
Ai que tanto amor! Já chega me cansei disso!
Onde o amor e o desespero andam de mãos dadas
Deparo-me com uma deusa de cabelos vermelhos e sardas
Sua pele branca como a lua e estrelas no olhar
Tirava as trevas do local e me fazia sonhar
Sonhar é algo simples qualquer um pode fazer
Mas, eu um homem sem amor não consigo entender
Eu só queria tê-la para mim
Mas o amor é cruel
Uma dor que não tem fim
Com isso não posso me adaptar
Vou deixando a vida voar
Fugindo desse céu azul
Pois a cidade não é para qualquer um.
Aupaba
Vejo a lança do índio guerreiro, que pesca no rio.
A flecha, o assobio.
O barulho de caça.
A mandioca que a índia amassa.
A goma fresquinha na coité.
A tribo dos índios kanidé.
Jenipapo e paiacus, que habitam a terra santa.
Ouço o barulho da mudança.
O cimento, o concreto da construção.
Ouço barulho de expulsão.
O índio teve que sair.
A terra que existe ali é caminho grande.
Foi cortada por ponte.
Temos que construir.
E no meio do nada nasceu o civil.
A ponte foi sendo erguida.
E o povo a seguia, e foi aumentando.
Aumentando!
E já é gente demais.
Lavadeira o que faz?
Lava roupa no rio.
Cozinheira no fogão.
Fazendo o feijão-de-corda.
Plantado a beira-rio.
Grande população.
Dentro do casarão.
E onde antes era só rio.
Hoje tem civilização.
Tem sujeito, e aquele vilarejo.
É como massa de pão.
Que cresce e cresce.
E que luta pelo direito.
E conseguiu se emancipar.
Com bravura com vontade.
Hoje tem identidade.
Tem história de verdade.
Povo sofrido que cresceu.
Ali naquele lugar.
Terra santa milagrosa, berço do homem da cruz.
Foi palco de um milagre.
Do nosso menino Jesus.
Terra rica de fartura.
Artesanato e cultura popular.
Muita castanha pra apanhar.
E seguir nesse enredo.
E na noite eu festejo, no forrozinho do bar.
E aqui nesse Chorozinho.
Tenho orgulho de morar.
De dentro do meu eu, observo atentamente a vida, vejo as luzes da cidade, ao tempo que aprecio a sinfonia de pirilampos ao campo. Eu vejo coisas, imagino lugares, rabisco o script da vida ao tempo que Deus me convida á sair de cena; imagino dois mundos e se em um eu vivo é porque no outro só vegeto, há como eu quero gritar, e gritando penso eu ser ouvido, mais é engano quem ouviria alguém como eu?
Que cidade é essa ?
Onde amor não é bem vindo
Sorrir é farça inabalável
Preconceito fica em alta
E são poucos que se encaixam
Sociedade narcisista é padrão
Mariana, minha querida filha
Meu orgulho, minha vida! Quero lhe prestar uma homenagem. Cada dia que passa você demonstra ser uma menina de muita coragem ao empreender essa decisão de ir morar sozinha em outra cidade para estudar, por isso estou expressando toda a minha admiração.
Em sampa vc nao se sente sozinho, voce esta sozinho! Eu sento no chao e observo as pessoas irem e virem, ninguem liga pra voce! Ninguem quer saber se vc precisa de algo, a selva de pedra nunca fez tanto sentido... Cada barraco, cada viela, cada pessoa, mostra a realidade da qual queremos nos proteger com medo de um dia por ironia do destino acabar ali no mesmo lugar que um dia nos horrorizamos, e no fim.... SOMO TODOS IGUAIS... Acho que essa é a maior ironia.
"Depois de ler um de meus textos no jornal da cidade, um colega pergunta: No que você se inspira para escrever? O que você fuma para escrever estes textos? Resposta: REALIDADE!"
Nonego.
Última geladíssima na borracharia.
Coxinhas queima-dedos deliciosas.
A lua cheia clareia a madrugada
enquanto a cidade dorme.
Não quero cama:
quero você.
Cuidar de uma cidade é preservá-la e amá-la. Destruí-la é não estar em consonância com as Leis do Universo.