Cidade
Como uma igreja dentro de quatro paredes vai transformar uma cidade? O que pode transformar uma cidade é uma igreja no modelo de Jesus, que se pra fora, nas ruas.
Dá-me a visão da Cidade Eterna. Que eu possa manter meus olhos fixos nela até que, enfim, eu vá estar Contigo e com aqueles que eu tenho amado há muito tempo e perdi por um pouco. John Wesley - Carta para Sra. Miss Bolton
Andando pela cidade com vários pensamentos transitando pela minha mente, deixando muitas pessoas passarem despercebidas, além do restante da movimentação presente.
Então, só quis seguir em frente,
sem nenhum destino específico,
muito menos algo inconveniente,
pois já estava entediado com uma inquietação no meu espírito,
não queria ser mais perturbado.
Saí para afastar-me um pouco
do meu isolamento e ao mesmo tempo
ficar imerso nas minhas reflexões,
mas de certa forma, ainda estava isolado, preso a um sentimento
inexplicavelmente desagradável.
Numa determinada ocasião
duranteo meu trajeto, percebi um silêncio, não havia mais o movimento dos carros, estabelecimentos com suas portas fechadas, não avistava ninguém, tudo ficou acinzentado, aparentemente tinha ficado sozinho.
Em busca de alguma explicação,
continuei caminhando,
até que fui surpreendido
quando ela cruzou o meu caminho,
de imediato, chamou a minha atenção e consegui fazer o mesmo, logo veio na minha direção.
Ficou um de frente para o outro,
nossos olhares conversaram na mesma língua,
ambos confusos, ofegantes
e sedentos para saber o que estava acontecendo.
Após alguns instantes, respiramos fundo e finalmente externamos algumas palavras, seu nome era Violeta, estava vagando a mais tempo e sua experiência até aquele ponto, não tinha sido muito diferente da minha, assim, decidimos encontrar uma resposta juntos.
A partir desta decisão, seguimos o nosso propósito, cuidando um do outro. Entre risos e desabafos, compartilhamos nossas vivências anteriores, alguns choros e abraços.
Aos poucos, aquele sentimento que mencionei no início foi ficando cada vez mais fraco, o semblante dela também estava mais amistoso,
as cores a nossa volta voltaram todas
e tudo o mais voltou ao normal,
trânsito dos carros, pessoas em várias direções e estabelecimentos abertos.
Ficamos olhando tudo admirados
como se tivéssemos despertado
de um sonho, o que foi muito curioso,
tendo em vista que até pouco tempo,
éramos dois estranhos,
entretanto, não chegamos em nenhuma resposta e nem nos importamos.
E ainda com os nossos corações ardentes e nossos olhares exultantes,
beijamos-nos intensamente por alguns deleitosos instantes.
Depois, trocamos nossos números,
em seguida, Violeta Alencar precisou retornar para sua família e eu precisei regressar para minha casa,
mas sinto que realmente
não foi uma despedida,
pois nossas almas estão conectadas.
Que hoje à noite, todas as luzes da cidade se apaguem, que as estrelas sejam discretas, pois o teu brilho merece o destaque, será a tua hora dourada,
quero ser iluminado por tua rica resplandecência.
Então, brilha com a tua essência ardente,
que eu possa acender o teu sorriso
belo e radiante,
resplandece com o teu jeito envolvente,
com a veemência das tuas emoções,
um amor forte e reluzente
que causa deleitáveis sensações.
Levando em conta tudo isso,
minha amada,
darei uma pausa no tempo
para desfrutarmos este nosso encontro de corpos e almas,
iluminados pela Luz do nosso amor recíproco
com uma intensa vontade que não se apaga.
No final da tarde, um majestoso esplendor de cor intensa, uma bela arte do sol coroando a cidade, pintura celeste, uma luz de sobriedade, que enriquece uma simples ocasião, exposição de vitalidade.
Peguei no sono, adormeci.
Em sonho, acordei em uma cidade pouco evoluída, dei-me conta de minhas vestes, eram muitas camadas que me cobria.
Um creme levemente alaranjado, como um envelope de papel pardo desbotado, era a camisa de botões, que cobria a brancura do algodão da primeira camisa que me vestia.
Havia um pano grosso de linho marrom, como bombom de chocolate ao leite, cobrindo meus membros inferiores, preso a cintura pelo cinto de couro que um belo brasão reluzente possuía.
Nos pés, um couro talhado, de crocodilo ou cobra brilhando, quase meu rosto reluzia.
Um lenço circulava o pescoço e as pontas do laço protuberânte, balançava ao vento.
Um lindo chapéu elegante, não anacrônico a idade medieval, redondo e cinza, minha cabeça protegia.
Parei de reparar em mim, quando avistei uma linda donzela, com quilos de roupas, armadas e longas, que não tirava os olhos de mim.
Seus cabelos, eram altos, claros, escuros, enrolados e lisos, pois subiam uma armação de tubos e ao mesmo tempo se derramavam pelos ombros, ultrapassando-os com folga.
O generoso decote, não condizia com tanto de roupa que vestia, mas parecia normal, só eu abismado olhando sorria.
Tentei me aproximar, mas a donzela assustada pelo trote acelerado da carruagem que pela rua descia, subiu a elevada calçada e entrou em uma loja disputada por tantos fregueses que a enchia.
Decidi conhecer o local, apesar dos olhares que me seguiam, tudo parecia normal, e fui reconhecendo o terreno devagarinho.
Quatro horas da tarde, soube disso pelas vezes que o sino dal igreja tocou, me dirigi para o bar, que tinha por nome Saloom, lá, fiz amizades, e uma delas é o João.
Nem alto, nem baixo, nem magro nem gordo, nem bonito nem feio, nem rico, nem pobre, era uma pessoa comum.
João gostava de dançar, e isso lhe rendeu grandes nomes, os homens desta época, não dançam.
Pietra, era uma jovem de cabelos ruivos de pele bem branca pintada por sardas , e quando envergonhada, sua pele, bem vermelha ficava;
Ela gostava de jogar, mas nem sempre era aceita na mesa, pois esse é um tempo que damas não jogam, quando fazem, são em locais clandestinos.
Grande, digo, avantajado entre os normais era o Adail, que sobressaia na multidão, não só pela altura, mas também pelo porte físico que o deixará semelhante a um "guarda roupas" de tão alto e forte que era.
Lucas, era bem magro, ágil e muito esperto, até demais, o que para ele era bom, muita gente incomodava.
Por último, o Amarildo, sua pele escura contrastava com seus olhos claros, sua arcaria dentária impecável, branca e alinhada, provocava inveja a muitos.
Sempre que nos reuníamos, a falante Pietra tentava nos convencer a sair da cidade, mas sem dinheiro, os planos só ficavam no ar e em nosso imaginário
Certo dia, o xerife precisou se ausentar, mas antes de fazê-lo me nomeou xerife interino em seu lugar.
A cidade sempre foi calma, talvez por conta da reputação do xerife, que além alto e forte era rápido e bom de gatilho.
Na noite de uma sexta-feira, a calmaria deu lugar a confusão, a rotina de sossego foi quebrada pelo bando chefiado por Maldoque, que invadiu a cidade, querendo o banco assaltar.
Maldoque, tinha cinco capangas em seu bando, era não era o mais forte, nem o mais sábio, mas todos, suas ordens seguiam.
Eu era xerife na ocasião, mas nem sabia atirar, e havia apenas um guarda comigo, acoado, decidi um plano bolar.
Chamei meus amigos fiéis, expliquei tudo sobre o plano que tive, e para cima do bando de Maldoque, decidimos fazer a investida.
Vencemos sem disparar um único tiro, e a prisão ficou pequena para o bando que para cadeia foram dormindo.
No dia seguinte ao ocorrido a bela e para mim desconhecida donzela, me encontrou no caminho.
Educado, tirei o chapéu, inclei-me um pouco e simultaneamente dei-lhe um bom dia.
Ela, com brilho nos olhos e escancarado sorriso, além do bom dia, disse-me: Posso te perguntar? Endireiti-me, de postura bem ereta, peito estufado e ombros jogados levemente para trás, comecei a narrar o ocorrido, o dia que tronei-me herói para cidade.
- Querida donzela, não sei o seu nome, careço dessa informação para continuar nossa prossa.
- Ah meu querido xerife, como isso pode acontecer, perdoe-me por tamanho despreparo, me chamo Danica, sou filha do escrivão.
- Então vamos começar de novo. Beijei a mão da jovem donzela, do jeito mais tradicional no tempo antigo, inclinado-me, e mão direta pensando a dela, é na esquerda meu chapéu engraçado encostado em meu peito.
Disse: Prazer, sou o xerife Júnior, seu humilde servo, donzela Danica.
Danica, levando a mão a boca, simulava esconder o sorriso, enquanto ria. Terminada a encenação da cerimônia, comecei a contar o causo.
Naquela manhã fui pego de surpresa com a notícia que o bando de Maldoque estava na cidade , imediatamente mandei chamar meus amigos, e enquanto isso, elaborei o seguinte plano.
Lucas, que é muito veloz e ágil, foi na casa do veterinário pegar alguns frascos de tranquilizante que o doutor usava em seus pet pacientes.
Enquanto isso, João e Amarildo, buscaram mantimentos na venda , para fazermos uma deliciosa ceia.
Convidei Pietra para ir ao encontro do bando para e oferecer o jantar, como alguém com medo, que quer agradar.
Jantar aceito, levamos muita comida regada com vinho batizado, e Adail era nosso trunfo, se era bom de briga não sei, mas intimidava é servia para nós como escudo.
A Bela Pietra, dançou com João para enquanto os destruídos bandidos comiam e bebeiam, e pouco tempo depois do espetáculo, com cabeça na mesa ou caidos no chão dormiram.
Antes que o efeito do tranquilizante acabasse, todo o bando encarcerados a cadeia lotaram.
Acordaram irritados, mas sem armas, e atrás das grades só o que podiam fazer era reclamar.
Foi assim, sem nenhum tiro, recuperamos o dinheiro do banco e prendemos os bandidos.
A moça, talvez sapiossexual, com olhar que me devorva, sem palavras alguma dizia que conhecer mais de mim, queria.
A conversa tomou rumo diversos e minutos, transformaram-se em horas, até que um singelo convite da dama Danica, me surpreendeu alegre positivamente.
- xerife, vem jantar hoje em nossa casa, mamãe te acha um bom homem, e papai do Senhor de falar não para.
Aceitei o convite, e as seis horas marquei de chegar. Para não ir de mãos vazias, corri para falar com a pietra para saber o que eu poderia levar.
Pietra, antes de tudo, sacudiu a poeira de minha roupa, na altura dos ombros e peito, e disse primeiro vamos melhorar esse vestuário.
Escolheu roupas, que a seus olhos parecia melhores, um bouquer de flores me fez encomendar, e na venda, doce de leite e outros me fez comprar para alegrar a mesa da casa que iria jantar.
Amarildo, era poeta, metido a galã, me dava dicas para jovem impressionar, não dei muito atenção, pois eram palavras difíceis, poderia me atrapalhar, resolvi ser eu mesmo.
Danica estava linda naquela noite, sua mãe falava demais, e nosso flertar impedia. O pai dela tabelião respeitado, dizia sobre o plano de ser prefeito e as melhorias que queria fazer na cidade.
Comemos uma ave grande, bonita, assada, macarrão, e vinho era bebida.
Só na despedida após o jantar pude ficar momentos sozinho com Danica.
Seu cheiro, me atraia, e a bela boca desenhada, coberta pela camada do rubro batom, me seduzia.
O decote era desprocional as vestes, mas com o tempo acostumei com o costume da época.
Filosofei minhas ideias, e compartilhei o conhecimento que tinha, para impressionar a donzela sapioafetiva.
Não querendo ir, mas já era tarde, chegou a hora da despedida, arraquei um beijo, não roubado, porque ambos queriam, e foi demorado por ser correspondido, tanto que ativou todos os primitivo dos instintos masculino.
Parei, sem querer me afastar, os olhos em chamas, congelados, se encaravam.
O silêncio foi interrompido quando falamos simultaneamente, e cedendo a vez um para o outro, frase alguma era proferida, voltamos a nos beijar, era mais caliente esse beijo, com minha mão direita segurando sua nuca e com a esquerda seu quadril puxava para mim.
Ficamos sem ar, e meio ofegante, Danica disse: é malhor eu entrar....
Afastei-me um pouco, enquanto a encarava, a vi se recolher sem me dar as costas, fechava a porta enquanto me olhava.
Dei um salto de alegria, como um adolescente empolgado, a muito tempo isso queria, e hoje havia conquistado.
Montei no cavalo, ainda sonhando acordado fui encontrar meus amigos para contar tudo que havia vivido.
Ao chegar, avistei Adail na porta, e ouvia o choro de pietra, juntamente com a voz de Lucas que calma lhe pedia.
- O que houve ? Perguntei três vezes para ouvir a primeira resposta.
- O gato da Pietra, o gato da Pietra.
- morreu?
- caiu no posso, não sabemos nadar, senão morreu, morrerá.
Com roupa e tudo pulei no poço escuro, não era um poço normal, dito tradicional, este tinha um diâmetro de duas rodas de carrogem real, sua profundidade era de três homens altos em pé.
O poço, metade cheio, metade vazio, não afogará o gatinho mingau, ele tava vivo assustado , gato nadando cachorrinho, no poço meio vazio.
Com Mingau nos braços, gritei para que buscassem na venda duas cordas, e orientei que fizessem assim:
Dois de vocês permaneçam do lado direito do poço e atirem a corda, e outros dois do lado esquerdo façam a mesma coisa.
Peguei a primeira corda enrolei bem em meus braços e segurei em sua ponta, fiz o mesmo com outra e pedi que puxasse ao mesmo tempo, e fui assim que subi.
Quase na borda, entreguei o gatinho mingau a Pietra e os desajeitados que me puxavam largaram a corda ao verem a emocionante cena do reencontro dos dois.
Cai de costas na água, mas dessa vez me afoguei, mesmo sabendo nadar a água batia em meu rosto incomodava, acordei.
Era a chuva com vento que molhava minha cama e meu rosto, pois a janela antes de dormi não fechei.
Que sonho meio doido, todos sonhos o São, então foi só mais um, fechei a janela e voltei a dormir, talvez com o infantil e inocente desejo de continuar a sonhar o mesmo sonho, o que não aconteceu.
Vida normal que se segue, é madrugada o dia já é sábado.
O mais sábio é se desviar do mal, e ir em direção a cidade celestial, do que o desvio, do que é bom aos olhos de Cristo Jesus, e ir para baixo.
O homem traído, só foi traído em uma única cidade e por uma única mulher, existem milhões de lugares, e trilhões de mulheres solteiras no mundo.
A cidade celestial Nova Jerusalém, representa a economia divina, é impossível a dissolução desta, pois está lastrada em ouro e toda sorte de pedras preciosas, estou falando dos fundamentos da cidade e não do sangue do cordeiro que é muito mais valioso que qualquer coisa ou meio já criado, ou que se pode criar.
OO Viajante de Deus a cidade santa.
Pelas madrugadas saio apressadamente, e cedo me ponho de pé, as madrugadas afora preparo minhas malas, para me encontrar com meu Rei, de longe me alegro a entrada da cidade Celestial, a Nova Jerusalém, de longe, trago meus pertences e os meus, para me congratular nessa maravilhosa e encantadora cidade feita sobre medida por Deus, e nesta esperança que olho, com perspectiva distorcida do que realmente será, mais uma coisa eu sei, é com grande alegria que eu e os meus tesouros encontrarão nos tabernáculos eternos para todo sempre.
Poesias Líricas ao Rei Jesus
A infância no paraíso a nova Jerusalém.
Nesta cidade a Nova Jerusalém a cidade Celestial do Rei Jesus Cristo, vai ser a melhor coisa já vista por olhos humanos, será tão aprazível e agradável, que jamais um ser vivente tirará da mente o que lhe foi concebido, crianças que chegaram lá, crescerão em plena alegria, e todo sofrimento passado, seja ele qual for, pois muitos diziam onde estava Deus neste momento de sofrimento desta criança... Lá saberemos o fim, ou o começo, pois será a melhor infância já vivida, será uma benção tão maravilhosa que jamais será apagada na memória deste ser vivente, que irá crescer com esta impressão tão maravilhosa, que não dará em outra, um ser tão belo , que já mais existirá em lugar algum, pois a infância é informação valiosa e quem assar nesse lugar jamais esquecerá....é o prêmio da consolação de todos os séculos é a infância mais brilhante já vista , o nosso Deus é bom o tempo todo e o nosso Rei Jesus é justo e verdadeiro eternamente.
Poesias Líricas ao Rei Jesus.
Por cada estrela que brilha sobre esta cidade, sinto um espinho cravar-se mais fundo em meu peito por tua ausência.
PAISAGEM
Havia um lindo lago do outro lado da cidade. Era um lugar iluminado e místico, quase irreal. As águas cristalinas espelhavam as árvores frondosas que cobriam todo o vale, que cercavam o lago e se dobravam acima de suas margens. O caminho de pedras era simétrico e desenhado, passo a passo que poderia ser percorrido, da casa de largas varandas e portas gigantes até os arbustos da montanha. A montanha era inebriante, verde como o alto mar, e nas noites de lua cheia exalava o olor das milhares de plantas medicinais e flores de todas as espécies.
Eu me sentava e podia então tocar o verde do capim mal cortado, as flores vermelhas que pareciam brilhar ao meio dia, a água morna do lago. Sentia o vento tocar minha face e correr entre todas as árvores do vale. Ele brincava, ia e voltava em um balé que fazia as folhas caídas ao chão dançarem e voarem derradeiras vezes. Pareciam ter vida.
Durante as noites meu olhar se fixava ainda mais àquela paisagem porque o sol nunca sumia atrás do vale, ele permanecia dia após dia e iluminava além do que poderia.
Muitas vezes eu chorava por não poder nadar no lago, por não ser permitido que eu pudesse cortar algumas flores para fazer um lindo arranjo, pela impossibilidade de atravessar o longo vale para ir até a floresta. Mas minha tristeza não durava muito. Ao ver as gaivotas sobrevoando a mata, bebendo da água pura e límpida meus olhos se abriam ainda mais e por mais que me fossem restritas algumas coisas, somente a presença daquele lugar me extasiava. Ao deitar continuava desejando olhar e ao acordar eu corria em direção à maravilhosa vista. Todos os dias.
Em um mundo de criança onde brinquedos e cantigas tomavam lugar entre os pequeninos, o meu mundo era observar e até mesmo sonhar com aquele maravilhoso lugar.
A porta do casarão permanecia fechada e poucos adultos pareciam morar lá. As janelas davam para uma pequena igreja, a qual eu não conhecia o interior. E nunca poderia conhecer.
Fazia minhas orações olhando para ela, mas não havia quem a freqüentasse, senão eu, ao longe. E por mais que eu esperasse o sino tocar, ele continuava em silêncio e nem mesmo o vento era capaz de movê-lo para uma melodia sequer.
Em uma noite, ao fazer minha última oração à porta da pequena igrejinha, olhei para o sol forte e vigoroso no horizonte e cheguei a toca-lo. Deitei-me na cama e enquanto o sono vinha a passos lentos o sol foi se apagando.
Na manhã, ao acordar, estava escuro, o vento entrava pela janela do meu quarto e o sol já não existia. Do céu escuro descia uma chuva forte e ameaçadora. Não conseguia ver o vale, nem o lago, todas as árvores e flores. As gaivotas, pensava eu, deveriam ter voado para longe e a igreja não estava ao lado do casarão. Aliás, não havia também o casarão e suas varandas espaçosas e o caminho de pedras que um dia eu me imaginei percorrendo-o. Tudo havia sido levado, sumido. Para terras distantes, talvez.
Desci as escadas de casa e avistei meu pai na pequena salinha, nos fundos de casa.
Ele já sabia porque eu estava chorando. Então, pegou cuidadosamente minhas pequenas mãos e me guiou até o meu quarto. Na parede rosa, pendurou novamente o quadro e disse:
- Você gosta tanto dele que resolvi termina-lo.
A paisagem havia milagrosamente voltado. Mas, naquele instante, entre o casarão, a igreja, o vale e as flores, no caminho até os arbustos do lago, caminhava uma menina, de vestidinho vermelho e sapatos de cadarço. Na maior árvore, às margens do lago, podia-se avistar um balanço, de cordas verdes, coberto de heras que davam flores rosas e amarelas. Com certeza aquela menina, todos os dias, pela eternidade de sua infância, seguiria o caminho de pedras e iria até o lago, sentar-se ao balanço e admirar as gaivotas brancas.
Ainda a vejo e às vezes chego a conversar com ela. É impressionante que sua felicidade e seus desejos atravessem barreiras materiais ou não e se façam presentes em mim. Ainda oro, algumas vezes me esquecendo da igreja, onde os sinos nunca tocaram. Ou tocaram, em algum momento de desatenção. Mas o sol continua brilhando, dias e noites. E daqui muitos e muitos anos ainda estará lá, iluminando o vale e o meu quarto.
Fique em casa estudando até as pessoas pensarem que você mudou de cidade. Depois, continue estudando.
Cúpula e Cópula
Da base
À cúpula
Da pequena
Cidade
Ao plano
Mundial
Volúpia
Pelo poder
Arrogância
Ganância
Intolerância
Insanidade
Generalizada...
A humanidade
Claudica
Tempos
Bicudos