Cidade
CAJUÍNA-MENINA
(Ode à cidade de Teresina)
Diante de mim, a cajuína-menina
do campo, Moça meiga e valente.
À beira do Poti, a estátua imponente
do Cabeça de Cuia. Hora vespertina.
Mas o Riso de anjo da pequenina
atravessava a ponte, águas correntes;
e o Rio Parnaíba, à minha frente,
cortava a cidade-luz, Teresina.
E enquanto eu declamava Torquato
e Costa e Silva, rio abaixo, rio arriba,
quando nem havia ponte estaiada,
o Sol fulgurante, no artesanato,
vinha alçar-se, no céu, lá em riba,
brilhando no rosto de minha amada.
De dentro do meu eu, observo atentamente a vida, vejo as luzes da cidade, ao tempo que aprecio a sinfonia de pirilampos ao campo. Eu vejo coisas, imagino lugares, rabisco o script da vida ao tempo que Deus me convida á sair de cena; imagino dois mundos e se em um eu vivo é porque no outro só vegeto, há como eu quero gritar, e gritando penso eu ser ouvido, mais é engano quem ouviria alguém como eu?
Na cidade enovoada se atropelam as pessoas
são quase anjos, outros demónios, que se amam e se odeiam
tento esconder-me entre os vulgares, não quero ser nada
apenas mais um que calmamente chegue ao fim da jornada
Irei conseguir ? Não darão por mim ?
Vive-se muito melhor fora das luzes da ribalta
Que saudades da aldeia onde nasci
Da infância feliz em que corria descalça.
Tenho sono, profundo sono
Daqueles em que nunca nos apetece acordar,
se conseguisse, dormir assim,
poderia ter a certeza que os sonhos que não sonhei
um dia seriam tão verdadeiros como aqueles que não te contei.
Rpi
Numa tarde
nublada
Cidade calma
Até que enfim
O nosso encontro
Olhares se cruzam
Sorrisos discretos
Doce encantamento
Fascínio pelo natural
Eu e você ali
Na mesma sintonia
Em busca do tal
Amor perfeito.
Nesta cidade velha, eu saio na rua e posso ver nossos jovens fantasmas dançando sob a luzes fracas dos postes, como se tivéssemos todo o tempo desse mundo.
Nós tínhamos.
Achamos por um momento que o amor era a melhor sensação do mundo.
Pensamos que a paixão que queimava dentro de nós era a vida.
Mas foi só por um instante.
Quando o sol apareceu não acreditávamos mais nessa paixão ardente.
Estúpidos. Éramos jovens demais para saber que tínhamos tudo.
E só depois de uma vida inteira que
percebemos que o amor era de fato a melhor sensação do mundo.
Que era a única coisa nessa existência vazia que realmente valia a pena.
Mas agora é tarde.
Você partiu e restou apenas nossos jovens fantasmas apaixonados, dançando em uma noite de verão, em um looping infinito.
Espero que em outra realidade não cometamos os mesmos erros.
E que na próxima vida sejamos mais do que dois estúpidos jovens.
Um mundo invisível
Existe um mundo invisível que poucos conseguem enxergar
Na rua
Na cidade
No meio da multidão
Na correria do dia a dia
E aquelas pessoas que estão conectadas, seja pelo bem ou pelo mal, conseguem perceber
Há uma linha imaginária percorrendo nossos corpos e nossa mente
Há algo que faz uma ligação
Ela ocorre principalmente pelo amor
Mas, na maioria das vezes,
Acontece pela dor, pelo desdém, pelo desprezo
Alguém que no meio de tantos e pela pobreza do seu ser
Consegue perceber a sua vulnerabilidade
Sente-se isso pela frieza do seu olhar
E assim invadem-se dois mundos
E só aqueles que estão envolvidos por essa situação transcendental consegue perceber essa energia
Na rua
Na cidade
No meio da multidão
Na correria do dia a dia
Esse mundo invisível é poderoso
É um misto de sentimentos
É só com o terceiro olho que conseguimos sentir
É preciso estar desligado muitas vezes do seu próprio mundo
Esquecer que ele existe
Esse mundo mágico que permeia os ambientes é uma realidade alternativa à parte
À qual vez ou outra eu mergulho
Me afogo
Sinergia
Presa
Na rua
Na cidade
No meio da multidão
Na correria do dia a dia
É difícil sair pra voltar ao mundo real
E então, saio
Me desligo desse mundo
E o meu caminho normalmente
E como se nada tivesse acontecido, continuo a seguir
Quem deixou sua cidade
dela nunca se esqueceu
talvez por necessidade
ou algo forte aconteceu
quem partiu sente saudade
e ainda morre de vontade
de voltar pra onde nasceu.
Nós temos uma visão para este lugar. Só precisa de sangue jovem, gente como nós, cansada da cidade grande, procurando um recomeço.
SONETO CIDADE QUE MORO
Moro em uma cidade
Com represa imponente
Gera energia para muita gente
E canais de águas que escoam livremente.
Águas que caem abundantemente
Formando as Cataratas sem precedente
Na mata atlântica com suas vertentes
Onde a umidade é permanente.
Cidade bela e atraente
No ramo hoteleiro profissional experiente
Na culinária, tempero a gosto do cliente.
Esta é foz do Iguaçu do presente
Fica na tríplice fronteira felizmente
Lugar de gente bonita e atraente.
A minha vontade é uma cidade tranquila com pessoas serenas que se encantem com o neon e se apaixonem pelos manequins vestidos em viscoses estampadas... ou simplesmente caminhem sem medo por estradas carroçais ao lado de rebanhos ou manadas em retorno para seus currais num final de tarde, como se não fosse tarde para contemplar o ocaso ou como se a dor não empoeirasse a alma. Acho que o mundo poderia ser melhor se estivéssemos todos em estado de gestação para gerar uma esperança para quem derrama um olhar, para quem estende uma mão, para quem precisa de um sorriso. Na verdade o que precisamos é um banho no rio, um mergulho no lago e nos limparmos de toda incoerência que nos conduza a atalhos sombrios, porque na real, na essência, parodiando John: "tudo que precisamos é amor."
Eu te desejo naquele lugar, lá de cima vendo as luzes da cidade, lá em cima, em cima do teu corpo quente, lá em cima, na frente dos teus olhos infinitos.
Recomeço
Moveu à terra no horizonte!
Torturante a cidade se desmancha.
No toque, do aço no chão
Não se ouve som
Nada, o silêncio!
A vida aos poucos se retorna.
Brota do chão a semeadura.
Natural da vida!
O mundo calou
Diante da consequência HUMANA.
[AS ESCRITAS DO TEXTO URBANO - a Cidade como texto]
A aplicabilidade da metáfora da “escrita” à cidade pode incorporar, certamente, diversos sentidos. Existe por exemplo a escrita produzida pelo desenho das ruas, monumentos e habitações - em duas palavras: a escrita arquitetônica de uma cidade. Trata-se de uma escrita sincrônica, que nos fala daqueles que a habitam, e também de uma escrita diacrônica, que nos permite decifrar a “história” da cidade que é lida através dos seus ambientes e da sua materialidade. A cidade em permanente transformação, em muitos casos, vai dispondo e superpondo temporalidades, ao permitir que habitações mais antigas convivam com as mais modernas . Em outros casos, a cidade parece promover um desfile de sucessivas temporalidades, quando deslocamos nossa leitura através de bairros que vão passando de uma materialidade herdada de tempos antigos a uma materialidade mais moderna, nos bairros onde predominam as construções recentes.
É também importante notar que os próprios habitantes reelaboram a escrita de sua cidade permanentemente. Por vezes imperceptível na passagem de um dia a outro, este deslocamento da escrita urbana deixa-se registrar e entrever na longa duração. Os prédios que em uma época eram continentes da riqueza e símbolos do poder, podem passar nesta longa duração a continentes da pobreza e a símbolos da marginalidade. Os casarões do século XIX, que eram habitações de ricos, degeneram-se ou deterioram-se em cortiços, passando a abrigar dezenas de famílias mal acomodadas e a configurar espaço habitacionais marginalizados. Nesta passagem marcada pela deterioração do rico palacete em cortiço miserável, deprecia-se também a imagem externa do bairro e o seu valor imobiliário, de modo que o espaço que um dia configurou uma “área nobre” passa em tempos posteriores a configurar uma zona marginalizada do ponto de vista imobiliário.
Este ‘deslocamento social do espaço’ também acaba por se constituir em uma forma de escrita que pode ser decifrada. As motivações para este deslocamento podem ser lidas pelo historiador: a história da deterioração de um bairro pode revelar a mudança de um eixo econômico ou cultural, uma reorientação no tecido urbano que tornou periférico o que foi um dia central ou um ponto de passagem importante. Ou, ao contrário, pode ocorrer o inverso: um bairro antes periférico ou secundarizado no tecido funcional urbano torna-se, subitamente, valorizado pela construção de um centro cultural, pela instalação de uma fábrica, por uma mudança propícia no eixo viário, pela abertura de uma estação de metrô, ou por diversos fatos de redefinição urbana. .Enfim, de múltiplas maneiras o próprio espaço e a materialidade de uma cidade se convertem em narradores da sua história.
[trecho extraído de BARROS, José D'Assunção. Cidade e História. Petrópolis: Editora Vozes, 2007, p.42-43]
[A CIDADE COMO TEXTO]
Entre as diversas metáforas operacionais que favorecem a compreensão da cidade a partir de novos ângulos, uma imagem que permitiu uma renovação radical nos estudos dos fenômenos urbanos foi a da “cidade como texto”. Esta imagem ergue-se sobre a contribuição dos estudos semióticos para a compreensão do fenômeno urbano, sobretudo a partir do século XX. Segundo esta perspectiva, a cidade pode ser também encarada como um ‘texto’, e o seu leitor privilegiado seria o habitante (ou o visitante) que se desloca através da cidade - seja nas suas atividades cotidianas para o caso do habitante já estabelecido, seja nas atividades excepcionais, para o caso dos turistas e também do habitante que se desloca para um espaço que lhe é pouco habitual no interior de sua própria cidade. Em seu deslocamento, e em sua assimilação da paisagem urbana através de um olhar específico, este citadino estaria permanentemente sintonizado com um gesto de decifrar a cidade, como um leitor que decifra um texto ou uma escrita.
[trecho extraído de BARROS, José D'Assunção. Cidade e História. Petrópolis: Editora Vozes, 2007, p.40].
[O CAMINHANTE E O TEXTO URBANO]
Ao caminhar pela cidade, cada pedestre apropria-se de um sistema topográfico (de maneira análoga ao modo como um locutor apropria-se da língua que irá utilizar), e ao mesmo tempo realiza este sistema topográfico em uma trajetória específica (como o falante que, ao enunciar a palavra, realiza sonoramente a língua). Por fim, ao caminhar em um universo urbano onde muitos outros caminham, o pedestre insere-se em uma rede de discursos - em um sistema polifônico de enunciados, partilhado por diversas vozes que interagem entre si (como se dá com os locutores que se colocam em uma rede de comunicações, tendo-se na mais simples ‘conversa’ um dos exemplos mais evidentes).
Enfim, se existe um sistema urbano - com a sua materialidade e com as suas formas, com as suas possibilidades e os seus interditos, com as suas avenidas e muros, com os seus espaços de comunicação e os seus recantos de segregação, com os seus códigos de trânsito - existem também os modos de usar este sistema. A metáfora linguística do universo urbano aqui se sofistica: existe a língua a ser decifrada (o texto ou o contexto urbano), mas existe também o modo como os falantes (os pedestres e habitantes urbanos) utilizam e atualizam esta língua, inclusive criando dentro deste mesmo sistema de língua as suas comunidades linguísticas particulares (dentro da cidade existem inúmeros guetos, inúmeros saberes, inúmeras maneiras de circular na cidade e de se apropriar dos vários objetos urbanos que são partilhadas por grupos distintos de indivíduos)
]trecho extraído de BARROS, José D'Assunção. Cidade e História. Petrópolis: Editora Vozes, 2007, p.43-44 ].
Tanta tristeza espalhada entre as ruas frias da cidade… Onde poderemos ir caminhando desprotegido na beira do abismo… A vontade é de desaparecer com a noite. O que devo fazer se tudo é tão… escuro. Estamos simplesmente apavorados, agindo com a mesma coragem de uma criança doente debaixo dos pingos de chuva, com o destemor de um pequeno gato em meio a seus ferozes predadores, feito uma folha solta ao vento. Seremos sempre jovens pois nunca compreenderemos tudo, correremos em algum momento sem enxergar o caminho, entregando nós mesmos ao mural de tristezas. Caminharemos ao lado dos sinceros sinais de dolorosos sentimentos, mas que irão carregar junto a si seguros sonhos lúcidos, que desesperadamente pedirão ao nosso coração que se realizem, e ele sem reclamar, abraçará nossas lágrimas e nos levará para caminhar de mãos dadas com a brisa do mar, vestindo roupas largas para flutuar no constelado céu. Ele dará tudo de si, pois sempre será aquele que lutará durante uma vida para te fazer viver. E mesmo ao machucá-lo, talvez até em excesso, nosso coração indefeso existirá profundamente, mas não destruirá, mesmo golpeado pela mais afiada faca, ameaçado pela mais pungente dor, ainda ao deixarmos ser levado pelo sopro incolor do pranto, carregando-o pela forte maré, ele irá bater, lutando para nos despertar usando alguns dos nossos singelos sorrisos perdidos. Ele está exposto ao mundo por você, exposto a tristeza de uma guerra, exposto ao quase irreparável, ao partir de alguém que amamos ou da fita cassete que não mais funcionará… existe apenas um de você no mundo e esse coração que bate é a prova do quanto você precisa viver.
E da janela de seu quarto esfumaçado,
A menina ucraniana via mísseis a cintilar sua cidade.
E sorria, pois não sabia que a morte também brilhava,
E ficava a sonhar, estrelas cadentes a se lançar ao mar.
E depois mais nada, nem estrelas, nem sonhos e nem mar,
E tudo virou história novamente...
Do alto do Iracema, na cidade do amor fraterno, um grito de liberdade, uma manifestação em prol da Justiça, na calmaria noturna, uma ária que aguça a sensibilidade do poeta, sentimento que se espalha na solidão, pensamento na musa bonita que aporta triunfante, e assim, mais um dia chega ao fim, despertando a fúria do poeta lírico.
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