Cidadão
A amizade que se forma nos tempos difíceis é provada na lembrança dos dias bons, qualificada pela ação do tempo e fortalecida com a intencionalidade.
Se em todo fim de tarde os pássaros cantam, por que é preciso esperar o fim de semana para se alegrar?
O andar dos pés é incompatível com o ritmo dos pensamentos. Se pensa-se muito, os passos são calmos. Se pensa-se pouco, já foi.
A instauração da confiança é sempre um ato unilateral, mas sua progressão vem da ação mútua e do tempo transcorrido.
O tamanho de nossas aflições está diretamente ligado ao nível de controle que temos sobre as variáveis. Quanto maior a aflição, menor o controle.
O desprendimento dos bens físicos nos qualifica para uma vida minimalista e orientada a momentos e realizações temporárias.
Toda situação traumática gera convicções firmes. A manutenção ou alteração das convicções depende de novas experiências similares.
O diálogo faz tudo ser entendido, portanto, cria condições ideais de convivência, mesmo em situações aonde o melhor a se fazer é ficar calado e afastar-se. O silêncio, na contramão, estimula a tentativa e erro e, portanto, o estresse, além de nos levar ao sufocamento emocional.
Tudo aquilo que nos abre muitas possibilidades também requer de nós um esforço de se jogar, de se desafiar, de se envolver. Cabe a nós, no uso e nas condições do que temos, explorar essas possibilidades. Sem muitas exigências.
SEXTA LINGUAGEM
Falei o que enxergo em ti,
Estive contigo sem porquê,
Levei do sabor que gostava,
Fiz uma transferência mal sucedida,
Te abracei.
Me disseste o que vê em mim,
Me acompanhou sem ressalvas,
Compartilhou do que tinha,
Atendeu meu pedido,
Apertou.
5 linguagens tão simples,
Mas tão raras
5 linguagens fixas,
Mas sempre únicas,
5 linguagens,
5 linguagens.
É o jeito de falar,
Mas também de fazer
É simples como não,
Doce como sim,
Volátil como talvez,
Sensível como você.
Ah, te confesso,
Não podia te ver,
Logo hoje.
Hoje é segunda,
Meu dia melhor,
Meu dia mais lindo,
Mas como um chuvisco
No verão,
Fica melhor
Se eu te ver.
Mudarei, talvez,
Mas essa é minha linguagem
Que ecoa como grito
Num corredor,
Chega direto em ti,
Traz incômodo sem dor,
Mas pode crer:
É o melhor que tenho aqui,
O resto é dissabor.
Não sei se sorriso
Seria uma linguagem,
Mas se for,
Será a sexta
Que eu manifesto sempre
Que escrevo a você.
DIÁ-LOGO
Não existe animal outro
que consiga palavras falar,
talvez por isso, nós humanos
temos sempre que pensar.
Ora é diálogo, ora é o-diá (lo ou lá),
mas é sempre logo
porque pra amanhã
hoje não será.
A poesia é sangria,
mas o afago sempre vem.
Pois mais bem sinto
em diálogo
do que do silêncio
sendo refém.
Sabe, moça, você é meu presente
não que eu sonhava ter,
mas o que eu precisava
nessa hora de me moldar.
Paciência você me tira,
mas pego sempre a sua
de forma a revidar.
Nosso diálogo
daquela noite
foi todo de invejar,
nunca antes conseguimos
por muito tempo sem brigar.
Eu acho que a gente está,
sem querer querendo,
perto de um lugar:
a convivência pacífica,
o lar.
Menina, mulher.
Teu jeito me cativa
e não canso de falar:
você é toda piradaça
e isso é meu desandar.
Ah, se você soubesse
ou mesmo se pudesse
ao lado estar,
lhe veria com meus olhos
e escutaria meu falar
de um jeito tão doido
que nem sei explicar.
Como diria Dominguinhos,
"que falta eu sinto de um bem",
ou como diria Renato Russo,
"quero colo...",
mas também como Raimundos,
"complicada e perfeitinha",
ou como Jão,
"cê vai me destruir",
porém como Tiago Iorc
"espero aqui pra ver o sol nascer",
e como Titãs,
"devia ter aceitado as pessoas como elas são",
e ainda como Djavú,
"o que pensa que eu sou,
se não sou o que pensou".
Às vezes te percebo nas músicas,
outra vez em poemas,
às vezes no Instagram,
de vez em quando no cinema,
às vezes te sinto como eu,
de longe, rebenta,
às vezes sei que sou
pra você um dilema,
outras vezes me enxergo nada
ou parte de um esquema,
só não espero de você
a cessação do diálogo
ou a manipulação de um tema,
pois diferentes que somos,
já temos um problema:
assumamos hoje ou não,
ficar distante um do outro
já virou problema,
pois sentimos falta da presença,
do valor de um diálogo,
da noite sem algema,
da princesa sem maquiagem
e do príncipe sem vitória,
não importando se é dia
ou noite,
importa somente o diálogo
e a sentença.
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