Cidadão
Um homem que aprendeu a manifestar com palavras suas emoções já tem condições de edificar outros homens que ainda não conseguem expressar emoções.
Somos todos uma concepção mista entre masculino e feminino. O homem possui características socioemocionais dos dois polos, mas precisa edificar e amadurecer o poder do masculino para que não seja conflitante com o feminino.
Embora o homem esteja à frente de todas as estatísticas negativas, é exatamente por isso que são os homens os principais necessitados de ajuda.
Não há humanização sem diálogo. E não há diálogo se não houver espaço seguro. Espaços de convivência seguros aos homens para seu aprimoramento pessoal são a solução para a edificação do masculino no homem.
Conversas difíceis precedem decisões necessárias. Ações transparentes suavizam consequências previstas.
A concorrência de fracassos não sela a existência de sucesso posterior, do contrário, enfraquece as possibilidades.
Todo laço afetivo quebrado gera perda. Algumas perdas são lutos. E alguns lutos são mortes. Ou nega-se os laços e vive-se morto. Ou vive-se os laços e enfrenta-se a morte.
A única forma de vencer a mesquinharia é ignorá-la e agir de forma oposta. Assim como não há diálogo com o intolerável, não há negociação com a mesquinharia.
Soluções paliativas só existem porque ou se falhou no planejamento ou se falhou na execução do planejamento.
DIÁ-LOGO
Não existe animal outro
que consiga palavras falar,
talvez por isso, nós humanos
temos sempre que pensar.
Ora é diálogo, ora é o-diá (lo ou lá),
mas é sempre logo
porque pra amanhã
hoje não será.
A poesia é sangria,
mas o afago sempre vem.
Pois mais bem sinto
em diálogo
do que do silêncio
sendo refém.
Sabe, moça, você é meu presente
não que eu sonhava ter,
mas o que eu precisava
nessa hora de me moldar.
Paciência você me tira,
mas pego sempre a sua
de forma a revidar.
Nosso diálogo
daquela noite
foi todo de invejar,
nunca antes conseguimos
por muito tempo sem brigar.
Eu acho que a gente está,
sem querer querendo,
perto de um lugar:
a convivência pacífica,
o lar.
Menina, mulher.
Teu jeito me cativa
e não canso de falar:
você é toda piradaça
e isso é meu desandar.
Ah, se você soubesse
ou mesmo se pudesse
ao lado estar,
lhe veria com meus olhos
e escutaria meu falar
de um jeito tão doido
que nem sei explicar.
Como diria Dominguinhos,
"que falta eu sinto de um bem",
ou como diria Renato Russo,
"quero colo...",
mas também como Raimundos,
"complicada e perfeitinha",
ou como Jão,
"cê vai me destruir",
porém como Tiago Iorc
"espero aqui pra ver o sol nascer",
e como Titãs,
"devia ter aceitado as pessoas como elas são",
e ainda como Djavú,
"o que pensa que eu sou,
se não sou o que pensou".
Às vezes te percebo nas músicas,
outra vez em poemas,
às vezes no Instagram,
de vez em quando no cinema,
às vezes te sinto como eu,
de longe, rebenta,
às vezes sei que sou
pra você um dilema,
outras vezes me enxergo nada
ou parte de um esquema,
só não espero de você
a cessação do diálogo
ou a manipulação de um tema,
pois diferentes que somos,
já temos um problema:
assumamos hoje ou não,
ficar distante um do outro
já virou problema,
pois sentimos falta da presença,
do valor de um diálogo,
da noite sem algema,
da princesa sem maquiagem
e do príncipe sem vitória,
não importando se é dia
ou noite,
importa somente o diálogo
e a sentença.