Chuva
Quero poder conhecer você melhor, me divertir rindo das suas histórias de quando era criança e do jeito como falava as palavras erradas. Quero me acostumar com o som da sua risada, o encaixe de nossas mãos juntas, quero poder reconhecer o seu perfume de longe e poder cantar no meio de todos qualquer música que lembre todos os nossos momentos. Eu quero isso e quero muito mais, eu quero, sim, quero eu e você pra realizar. Quero nós.
(...) Atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos, começa a passar.(...) “Tenho uma boa taça. Quero compartilhá-la com você”. Estende as mãos para a frente, como se fosse tocar o rosto de alguém. Mas você está sozinho, e isso não chega a doer, nem é triste. Então você abre a janela para o ar muito limpo, depois da chuva. Você respira fundo. Quase sorri, o ar tão leve: blue.
Cai chuva do céu cinzento Que não tem razão de ser. Até o meu pensamento Tem chuva nele a escorrer. Tenho uma grande tristeza Acrescentada à que sinto. Quero dizer-ma mas pesa O quanto comigo minto. Porque verdadeiramente Não sei se estou triste ou não. E a chuva cai levemente (Porque Verlaine consente) Dentro do meu coração.
Viemos em nome de Deus
Maria Lúcia sentiu-se mais desanimada. A chuva que caia impiedosamente lá fora, entrava por todos os buracos do barraco, sem dar muita chance de encontrar um lugar seco para dormir. Fora todo esse incomodo, havia o medo terrível de desabamento naquela favela construída na encosta de um morro. Como dizem os moradores mais antigos, “lugar que ninguém quer é o lugar do pobre”, mas ela não se conformava com aquela situação. Na única cama do cômodo, seus 3 filhos dormiam quase que abraçados, a sensação de frio aumentava com o vento que a chuva trazia.
Passava da meia noite e sua barriga enviava sinais de fome. Sua única refeição naquele dia fora um pão seco que ganhara da vizinha e ainda dividira com os filhos. Olhou para o caixote ao lado do fogão e percebeu que até o fubá que ela usava com água e um pingo de açúcar para disfarçar a fome das crianças estava acabando, o que seria dela amanhã?
Adormeceu com fome e sonhou que estava em um campo onde havia muitas árvores com frutas de todas as cores. Era um festival de cores e cheiros que inundavam a sua alma. Maria Lúcia sentia-se na plenitude dos seus 23 anos, envelhecidos pela miséria e descaso. Esquecera dos problemas e valsava uma música imaginária que só ela podia ouvir. Pegava uma fruta aqui, outra ali e se deliciava com os sabores…
Acordou com um gosto doce na boca, mas quando abriu os olhos, a triste realidade a fez chorar. seu choro, mesmo baixinho, acordou o filho mais velho, Márcio de 4 anos que abraçou-a e com seus dedinhos encardidos das brincadeiras de ontem, tocou no seu rosto com suavidade:
-Mamãe tá chorando?. Por que você está triste? . Chora não…sonhei com um lindo anjo esta noite, e ele falou que alguém viria ajudar a mamãe ainda hoje.
Maria Lúcia se surpreendeu com aquele recado do filho tão novinho. Onde ele ouvira falar de anjos???
Mais surpresa ainda ficou ao ouvir palmas na frente do barraco. Abriu a porta timidamente e viu algumas senhoras paradas diante dela. Todas estavam com um sorriso no rosto e faziam parte de um grupo de caridade da igreja local. Logo se aproximaram e foram invadindo o pequeno barraco com alimentos que pareciam até coisa de sonho. Arroz, feijão, leite em pó, fubá, farinha, ovos e até carne…quanto tempo ela não sabia o que era comer um pedaço de carne.
-Viemos em nome de Deus para ajudar. O que mais a irmã precisa.
Surpresa com todo aquele amor, Maria Lúcia queria agradecer, mas falou do seu maior sonho: arrumar um emprego para poder sustentar aquelas crianças. Ela sabia que aqueles alimentos iriam acabar em breve, e depois? Só um emprego a libertaria daquela miséria. Seu outro sonho era voltar estudar, concluir o segundo grau interrompido pela gravidez precoce.
Falou dos seus sonhos, enquanto as irmãs faziam uma corrente de oração, depois, a mais velha perguntou se ela não queria trabalhar na casa dela cuidando da mãe dela que sofria do mal de Alzheimer. Ela poderia inclusive morar na casinha que ela tinha no quintal com os seus filhos. Maria Lúcia não podia acreditar no que ouvia, grossas lágrimas escorriam pelo rosto, beijou as mãos daquela mulher que nem lhe perguntou o nome e lhe deu uma oportunidade.
E ela soube aproveitar aquela oportunidade. Cuidou da mãe da patroa como se fosse a sua própria mãe, e além disso cuidava da casa da patroa com tanta dedicação, que mesmo depois do falecimento da mãe dela, ela continuou morando ali, onde pode criar seus filhos com dignidade, pode voltar estudar e agora, prestes a se formar na faculdade, a nova assistente social, que nunca esqueceu as suas origens, bate palmas naquele mesmo barraco onde um dia o filho disse que tinha sonhado com um anjo, e que a caridade mudou a sua vida. Na noite passada sonhou com um anjo que lhe mostrara o antigo barraco e pessoas famintas esperando por ajuda.
Quando a porta se abriu, uma mulher muito magra e assustada atendeu com olhar perdido. Maria Lúcia foi entrando, com as amigas da igreja, avançando com comida, roupas, esperança e uma parte de Deus.
-Viemos em nome de Deus para ajudar. O que mais a irmã precisa?.
Deus que nesta noite, através de seus anjos, falou em mais um coração disposto a ouvir. Assim, mais uma vez, antes da caridade, Jesus entrou naquele barraco, sentou, tomou água, abençoou a todos e partiu feliz, porque aprenderam a sua mais preciosa lição:
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.”
Mat. 5:7.
Veja, os meus cabelos estão molhados, caminhei horas pela chuva querendo e não querendo procurar você.
"Feliz dia para quem é o igual do dia".
"Saúdo-vos e desejo-lhes sol, e chuva, quando chuva é precisa".
"E olho para as flores e sorrio...".
"Que pensará o meu muro da minha sombra?".
"Que triste não saber florir!".
"Amar é a eterna inocência".
"Sejamos simples e calmo, como os regatos e as árvores".
"A minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer".
"Eu sou do tamanho do que vejo".
"Dá-me uma mão a mim e a outra a tudo que existe, vamos os três pelo caminho que houver".
"Pega-me tu ao colo e leva-me para dentro da tua casa".
"Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos".
(Citações de poemas de Fernando Pessoa extraídos de "Fernando Pessoa - Obra poética II" - Organizado por L&PM - Porto Alegre, RS - 2010)
E agora?
A chuva veio linda e mansa...
Sai la fora e me molhei nela...
Peço desculpas aos invejosos...mas agora vou florir
Lembranças da infância
Ainda lembro do cheiro da chuva,
Das brincadeiras com as amigas
Do cheiro da comida,
Nas panelas que minha mãe preparava enquanto eu estudava.
Dos sonhos de voar de mãos dadas com Peter Pan.
Da tentação da lama em me sujar.
De fingir que estava dormindo pra ver se via Papai Noel,
Entrando em casa pra me deixar presente de Natal.
De abraçar uma amiga que caiu e se machucou.
Das brigas com a irmã pelo pedaço maior do doce!
Do vento da balança em meu rosto!
De correr pra cama da mãe após um pesadelo e achar que
Somente ali nunca mais teria pesadelo!
De pensar que minha vida seria sempre uma eterna infância e
Que eu nunca perderia meu mundo de sonhos e refúgio!
De falar pra minha amiga que nada nos separaria e acreditar
Que isso seria verdade!
De achar que todos falavam a verdade por que isso seria o certo
Porque foi isso que meus pais me ensinaram!
Ficar triste quando uma amiga vai embora para outra cidade, sem saber
Que essa sensação ira se repetir milhares e milhares de vezes em minha vida!
De pedir para que sua mãe beije um machucado seu por que acha que beijos
De mãe cura qualquer dor e acreditar que a dor passou!
Brigar com sua irmã, falar que ela é a pessoa mais insuportável do mundo
Mas ficar furiosa quando alguém a magoa e defendê-la com unhas e dentes!
Sonhar que quando crescer encontrara um mundo La fora que nem a casinha
De doce do João e Maria.
Achar que o seu príncipe encantado será seu maior defensor e herói.
De chorar em público sem vergonha de demonstrar sua decepção!
De expressar suas ideias sem medo de crítica, e achar que elas seriam assim
Para o resto da vida, sem saber que mudaria de ideia várias vezes em minha
Vida!
Mas o que mais recordo e não consigo ter de volta, é a sensação de viver sem
Medo de ser feliz!
"Ora a chuva poetiza a vida, ora o sol,
as vezes brincam de chegar juntos. As vezes
trazem o arco-íris para completar o espetáculo.
e vão embora. E ficam em nós".
Eu te peço de todo coração para que você viva intensamente, tome um banho de chuva para se sentir leve, beije para se sentir amado, beba para se sentir louco, sinta saudade para valorizar cada momento, leia para voar, ame para entender quão importante são as pessoas e os sentimentos. E até chore de vez em quando para compreender que não se pode ser feliz todos os dias. E nunca, nunca desista do amor.
CHUVA
Não sei porque insisto em caminhar na chuva!
Sempre fico num estado desolador.
Os cabelos desgrenhados, os olhos semicerrados, vermelhos...
O corpo pedindo paz e eu insistindo em caminhar na chuva!
É claro que eu vou me molhar, encharcar,
Fora o risco de cair, de escorregar, de me arrebentar.
E ainda assim eu caminho na chuva.
O coração negando, a respiração parando e eu andando,
Enxergando um Sol que nem sei se é real,
Acreditando que o tempo vai se abrir,
Que logo a chuva vai parar.
Parece loucura, mas eu chamo de fé.
A esperança que o Sol apareça é recompensa para os meus olhos miúdos.
Mas e se o Sol não aparecer?
E se a chuva for tão cortante que nem dê mais para me enxugar?
Este é o risco de se caminhar na chuva!
Apesar de que eu sei que com o tempo,
Eu vou acabar aprendendo a desviar os perigos,
A pular os buracos, a evitar as poças de lama...
O segredo é não se manter molhada depois da caminhada,
Mas será que é possível enxugar os olhos depois de toda água derramada?
Eu não devia caminhar na chuva,
Seria melhor esperar o Sol aparecer.
Exatamente como a árvore do outono que não sente o perder de suas folhas nem quando a chuva, a geada e o sol lhe resvalam pelo tronco, e a vida se retira para o mais íntimo e recôndito de si mesma. Ela não morre. Espera.
(Demian)
Apesar dos temporais em nossa vida, sempre haverá alguém disposto a dividir um guarda chuva! Seja você essa pessoa.
DEPOIS
Depois da tempestade, a bonança. Depois da chuva, o sol. Depois do inverno, a primavera.
É bom acreditar e esperar um depois que há de vir carregado de esperanças. Um amanhã que se espera mesmo por toda a vida.
Acreditar que a tormenta passará. Que se abrirá um céu azul cheio de paz... Acreditar que após uma noite escura de vigílias, há de nascer um dia lindo, brilhante e promissor.
Depois da lágrima chorada na despedida, o regresso há de colorir de sorrisos a saudade.
Depois da briga, a reconciliação. Depois do ódio, o perdão. Depois da batalha perdida, uma nova luta. Depois da queda, um novo passo. Depois do barulho, o silêncio.
Acreditar num depois faz o homem caminhar. Mesmo cansado, mesmo desiludido. Grande é o homem que não se deixa abater pelas tormentas do dia. Feliz o homem que acredita, mesmo decepcionado.
Uns caminham machucando e outros machucados. Em meio a tanta mentira, há os que acreditam. Em meio a tanta covardia, há os que enfrentam as derrotas sem esmorecimento. Depois dos campos queimados, a volta do verde.
Nas árvores despidas, a nova folhagem e o matriz das flores. Tudo se renova quando se acredita no caminho, no objetivo e naquilo que se propõe a fazer. O melhor depois, é quando se tem a consciência de um dever cumprido com responsabilidade e amor.
Colaboração enviada por: Ana Cintia Souza Gomes
Boemia
Ser boêmio não é simplesmente tocar, cantar em noites de chuva,
Saber criar poesias doces ao encontro do amor,
Ser boêmio é amar na verdade de estar consciente,
É fazer o bem, plantar a semente, transformar a arte em eterno esplendor.
Boemia é o convite da noite para uma dança,
Embriagar-se de esperança.
Fazer do comum o artista apoteótico,
embora sórdida a realidade,
prevalescer a inspiração da saudade.
O boêmio é aquele que sofre com a dor da partida
Transforma a chegada sempre bem-vinda,
conquista os amigos com gratidão.
Boemia imita a realidade,
traduz a bondade, enfim,
amigos e irmãos.
Ouse aquele que não se deixe levar pela emoção,
tentar demonstrar a bela paixão,
como pedra batida bem fixa ao chão.
Quem não quiser demonstrar seus sentimentos,
Abrilhantar os melhores momentos,
Ficará distante da emoção.
Sentir a inspiração da boemia é como ouvir uma melodia
cantada com prosa, verso e paixão,
Unir os amigos em torno da arte,
Fazê-los contentes pela amizade
Curtir, amar, dividir a ocasião.
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