Cheiro Lembranca

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Já senti como é o cheiro de dentro.
Já experimentei sentar na janelinha com ele parado.
Já me imaginei embaixo, esmagada.
Em cima, surfando antes de pegar fogo.

Sei todos os ângulos de ir, mas vivo no lugar de quem fica.

A ponte é um pássaro
de certeiro vôo: sua sombra
perdura na lembrança.

O que faz que os homens formem um povo é a lembrança das grandes coisas que fizeram juntos e a vontade de realizar outras.

Embora o espírito estremeça à lembrança e seja avesso ao pranto, / começarei.

A lembrança é poesia, e a poesia é apenas lembrança.

Agora é diferente
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente
ficou com o teu cheiro

Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor

Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora

Alma lavada.
Cheiro de terra molhada
Chuva de verão.

Ao sair de certas bocas, a própria verdade pode ter mau cheiro.

Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.

Ribeirão Preto
onde se ouve
cheiro de vagalumes

Na hora do rush
o cheiro do incenso acalma:
hare-krishnas dançam.

Entre os mugidos do gado
E o cheiro de capim,
Nasce a lua cheia.

Será que você é a lembrança doida na vida de alguém?

E subia-nos o choro à lembrança, porque nem aqui, ao sermos felizes, o éramos...

Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei. Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito. E que o seu silêncio me fale cada vez mais.

Noite sem estrelas. Resta-me o brilho da lembrança que deixaram.

Certos pecados existem cujo fascínio estava mais na lembrança do que no ato de fazê-lo

Então, se é digna de si mesma, não teima em espertar a lembrança morta ou expirante; não busca no olhar de hoje a mesma saudação do olhar de ontem, quando eram outros os que encetavam a marcha da vida, de alma alegre e pé veloz.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Não há coisa que envelheça mais rapidamente que a lembrança de um benefício.

Recordação

Agora, o cheiro áspero das flores
leva-me os olhos por dentro de suas pétalas.

Eram assim teus cabelos;
tuas pestanas eram assim, finas e curvas.

As pedras limosas, por onde a tarde ia aderindo,
tinham a mesma exaltação de água secreta,
de talos molhados, de pólen,
de sepulcro e de ressurreição.

E as borboletas sem voz
dançavam assim veludosamente.

Restitui-te na minha memória, por dentro das flores!
Deixa virem teus olhos, como besouros de ónix,
tua boca de malmequer orvalhado,
e aquelas tuas mãos dos inconsoláveis mistérios,
com suas estrelas e cruzes,
e muitas coisas tão estranhamente escritas
nas suas nervuras nítidas de folha,
- e incompreensíveis, incompreensíveis.