Cheiro Lembranca
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o escritório e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva pra Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo bem.
Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse por um instante a pessoa mais feliz do mundo, mas que só você, de algum modo, fosse capaz de ativar.
Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo e começo a sorrir.
E sei que estou apenas no início de um largo caminho de amor, que começa aqui dentro e exala cheiro de flores e confusões.
Ele está lá… No seu coração, na sua mente, no cheiro que você carrega (…). Ele está em cada torção contraída do seu estômago, em cada momento descontraído de seus hormônios.
Olhe pela tua janela
O que TU vês?
Estará o céu azul, sem nuvens?
É noite, é dia, é manhã, é tarde?
Sim.
Não, não ficará.
Não permanecerá.
A terra gira.
Junto com ela, a vida gira.
Tudo vai, e nem tudo volta.
O vento leva embora.
Leva o céu, leva o sol.
Não adianta acreditar.
É tudo um circular de gerações.
Rode, rode, rode no centro do salão vazio.
Logo, tudo muda.
Mudam as estações, mudam os anos, mudam as pessoas.
O que resta?
O que resta é a solidão.
A música.
A lembrançã e a solidão.
Olhe pela tua janela.
O que tu VÊS?
Alma Gêmea
Ainda que eu sequer saiba quem você é
Sequer saiba como você é
Sequer saiba qual é teu cheiro
Sequer saiba qual é teu gosto
Saiba que
Dentre os amores
Tu és o mais amado
O mais almejado
O mais esperado
Ó alma gêmea, por onde tu andas?
Adoro seu cheiro... ainda mais o seu papo
E amo mais ainda quando não temos mais assunto.
Pois nossos olhos dizem tudo em silencio.
Fotografar é segurar os sentidos das emoções:
O canto dos pássaros, o cheiro das flores.
Os raios de sol, o molhado da chuva.
A terra vermelha, a areia na praia.
Quem nunca escreveu uma carta ou recebeu uma carta, não sabe o que é amar.
As cartas são como um pedaço de carinho que recebemos e guardamos.
São como memórias que podemos voltar.
Algumas são como enigmas, com letras trocadas e meio juntas.
Outras parecem uma obra de arte que temos medo de estragar.
Também tem aquelas que trazem além de belas palavras o seu cheiro.
Como eram boas as cartas.
Minha memória me sacaneia o dia inteiro com pedaços soltos de você.
Sua imagem passa num borrão, mas meus olhos não conseguem fixar.
O gosto do seu beijo brota na minha língua e eu fico sem saber o que fazer.
Não sei dizer de onde vem, mas sinto o rastro do seu cheiro no meu ar.
Enquanto não puder tê-la, eu a imaginarei aqui. Seu cheiro, seu cabelo, o sorriso lento de lado quando digo algo que a diverte. Querida, nunca desejei tanto o amanhecer.
Distraída, ainda escuto tua voz sussurrando meu nome com a boca semi fechada, enquanto eu, ofegante, sentia cada uma das notas do teu perfume q já se confundia com o meu e inundava o espaço com um cheiro todo novo, um cheiro todo nosso ....
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