Cheiro Cheiroso
Finá de ato
Adispôs de tanto amor
De tanto cheiro cheiroso
De tanto beijo gostoso, nós briguemos
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se!
Ele disse; cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.
Xinguemos, sim, nós se xinguemos
Como se pode axingá:
-Ô, mandinga de sapo seco!
_Ô, baba de cururu!
_Tu fica no Norte
Que eu vô pru sul
Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não me assombrá.
É... o Brasil é muito grande
Bem pode nos separar!
Eu engoli um salucio
Ele, engoliu bem uns quatro.
Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tantos tempo
Que nem é bom recordar...
Onti, nós se encontremus
Nenhum tentou disfarçá
Eu parti pra riba dele
Cum fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.
Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto beijo gostoso...
Antonce nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nos separa!
É sim inexplicável a vida; Tem coisa melhor do que um dia frio, chuvoso... Aquele cheiro cheiroso, aquele ar de liberdade que se expressa dentre pingos; pingos transparentes que tem a cor da vida...? Tem coisa melhor do que viver a beleza do frio no deserto de ruas ensopadas... ? Tem coisa melhor do que sentir aquele cheiro de terra molhada?...
Pode até ter, claro. Mas sensação igual, não há!
Pois não tem coisa melhor do que respirar, aquele ar de liberdade, aquele vento que sopra frio, e suave. Aquele gostinho de vida... E o sentimento de estar viva.