Cheiro
O que eu vou levar pra minha casa
Depois de passado meu tempo, quando na lista infindável dos dias impressos no calendário já não houver junhos para mim, de volta pra casa vou levar sem arrependimentos:
Muitos sorrisos que dei. Algumas risadas esparramadas nas conversas com minha mãe; detalhes do olhar que meu pai tinha sobre tudo; os laços que tenho atados aos meus irmãos; muitas músicas; a surpresa diante de qualquer pássaro. Diante de qualquer beleza que voa; o silêncio diante das belezas – que sempre foram minhas mais indescritíveis preces.
Vou levar alguns sábados à tarde, e algumas sextas-feiras inesquecíveis. E a lua.
Vou levar muitos textos que amei; as cores das flores e do céu. Vou levar pedaços bem grandes dos outonos e suas luzes mágicas. Vou levar meus amigos, tios e tias, primos e primas e minhas histórias de infância. Vou levar meu amor incondicional pelas árvores e pelo que há de mais pequeno e verde. Vou levar as pequeninas flores do campo e sua singeleza coberta de manhãs.
Vou levar minhas meninas margaridas, porque sem elas nenhum lugar será completo. Vou levar o que tenho sido e o que não consegui ser. Vou levar meus meninos – a filha e o filho que criei. Vou levar o barulho das águas que habitam o mundo das mais variadas formas até chegarem ao lugar em que, juntas, se chamam mar.
E do mar vou levar o cheiro. E vou levar as palavras, porque sem elas não há salvação.
Vou entregá-las a Deus e deixar que Ele escreva em mim o último, o derradeiro, o mais perfeito poema.
E que, assim, eu possa ver a verdade – que a morte é simplesmente o jeito que Deus tem de nos fazer poesia.
Amo você,
por aqui,
pelo whatsapp...
pelo seu cheiro (que sinto a quilômetros de saudade)!
Amo agora, no escuro,
Onde sinto-me preenchida e embriago-me em sua luz pulsante e encantadora.
Agradeço o presente do nosso reencontro e seguimos de mãos dadas.
Com amor,
Pri Augustta
Chove lá fora...
Ah, de repente vem
um cheirinho
de terra molhada,
sensação de paz na alma
e gratidão pela minha jornada.
Por que me deixar te amar mesmo sabendo que não me ama?
Por que continuo te amando mesmo sem me amar?
Por que esqueço de tudo quando lembro de ti?
Por ora não tenho resposta. Apenas posso sentir as borboletas, que uma vez mortas, voltando a voar quando sinto teu "CHERO".
Cheiro de Mar
Lembro de você vindo na areia
E na minha visão, uma sereia
O vento balançando seu cabelo
Sinto o seu perfume, um desejo
Vejo o balançar do seu corpo
me da um arrepio, fico louco
Sua boca com batom vermelho
Te via de longe no espelho
Eu sinto o cheiro de mar
E era tão lindo o seu olhar, o seu caminhar
O seu jeito de amar
Penso em como você sorria
Quando eu te beijava e dizia "bom dia"
Sua pele tão macia ao despertar
Melhor sensação para acordar
Seu corpo perfeito, dourado
fiquei maluco, apaixonado
Com a brisa e cheiro de mar
Da minha mente não vai se apagar
Meu vício
Eu a vi pela primeira vez
Por ela fiquei vidrado
senti seu perfume tão doce
eu estava enfeitiçado
Seu cheiro me envolveu
Devagar fui me aproximando
E ao experimentar
ela já foi me conquistando
Suave era seu gosto
Que gostosa sensação
pedi mais e um pouco mais
palpitava o coração
Sentir o seu sabor
se tornou uma rotina
e eu não podia mais
viver longe da menina
Ela me dominou
Dependente fui ficando
Ela era o meu vício
Estava me entregando
Não queria nada sério
era só uma diversão
mas quando percebi
já estava em suas mãos
Tentei me afastar
Eu estava sem saída
O jeito era me entregar
pra tal menina: a bebida!
CHEIRO DE CERRADO
Quando a alvorada chegou, eu fui a janela
Sentei-me. O horizonte abriu, a vida arfava
Eu, ao vento, atraído, a essa hora admirava
E estaquei, vendo-a esplendorosa e bela
Era o cerrado, era a diversidade em fava
Céu róseo um mimo! A arder como vela
De pureza singela tal qual uma donzela
Que hipnotizava a alma, eu, observava
Então me perdi no perfume que exalava
O olhar velava com pasmo e com tutela
Aí, hauri toda a essência que fulgurava
E agora, fugaz, lembrando ainda dela
Sinto o cheiro, que na memória trava
Da alvorada do cerrado vista da janela
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Seu cheiro ficou comigo
Após este breve adeus
E ter-te nos braços meus
Ficou a inocência de seu odor
Misturados com seu calor
Nos labirintos do lençol
Enlaçados com a turbação
Do pensamento sem noção
Gravados no sentimento
Inebriando o contentamento
Com resíduos de nossa paixão
Que naufragaram na minha emoção
É pura essência de hortelã
Que bem cedo, ainda pela manhã
Exala por todos os meus poros
Em eternos cânticos sonoros
Dissolvendo minh'alma em ti
Acordando o meu coração
Marejado de saudosa comoção
Da necessidade de você ter partido
Mas, seu cheiro ficou comigo
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
28/02/2019
Rio de Janeiro, RJ
Moves-te como o fogo, inflamas quem tocas...
Teu sorriso que vibra, rompe e neutraliza todas as más vibrações,
paraliza quaisquer corações e intenções.
Teu rasto que, por onde passas, avistado no vento ficam as pontas do teu cabelo.
Se a essência tivesse cor...
Se o teu cheiro tivesse sabor...
Tal junção faria o Elixir do Eterno Amor.
Ouvir teu cheiro, vi tua voz...falou ao pé do meu ouvido. Me ganhou, me cantou...me levou bem mais além, fomos nós !
De olhos fechados consigo enxergar o céu sobre nossas cabeças, não era o cheiro pesado de inverno, a sensação de pisar o chão úmido tão reconfortante. Descrevo como imagino, meus pensamentos escorriam, pingavam, mas não tinha a certeza dos sons, os lábios tremiam. Mais adiante jogou as chaves onde não as achassem, a fadiga da luz no fim de tarde era quase inerte. Não volto mais.Aquela vontade louca de ser e não ser a efêmera sede de está contigo e com ela e ao mesmo tempo está sozinha.
Lá na minha terra, onde eu acordava e sentia o "cheiro" da mata e ouvia o som dos pássaros.
Lá onde eu fechava os olhos pra sentir o frescor da brisa e o sussurrar da mata ante minha presença ouvi uma voz a me dizer: Eis me aqui filho, a natureza criadora de todas as coisas. Teus pés caminham sobre meu corpo e meu sangue sacia tua sede. Sou eu quem toco tua face todo final de tarde sob a forma do último raio de sol a clarear a paisagem lúgubre á tua volta, e o primeiro suspiro da aurora matinal a estremecer teu corpo todas as manhãs.
Eu posso estar no meio de um milhão de pessoas, se você estiver presente, mesmo sem eu notar a sua presença, reconhecerei você pelo seu cheiro.