Cheiro
Eu te guardo em mim
Hoje na estação de trem, senti o cheiro da minha geleia favorita, aquela que só você sabia fazer. Sorri torto por instantes lembrando do dia que fomos pegar as uvas para a geleia, as abelhas voaram contra nós. Doloroso, mas lembrar hoje me causa risos. Nós sempre tão bobos, sempre tão nós.
Voltei a realidade quando o trem chegou. Sentei no meu canto consciente da longa viajem e resolvi te reencontrar em mim. Sempre era fácil e nunca previsível, você está em mim o tempo todo.Lembrei da tua indecisão na prateleira de vinhos do supermercado, por mim era sempre qualquer um e sempre qualquer coisa, para você, sempre o melhor. Sua preocupação era tão gostosa de admirar. A primeira receita que você me ensinou, eu faço questão de repeti-la todas as manhãs até hoje. O dia que eu fui até os teus pais pedir a sua mão, nossa, que dia! Eu tremia muito, mas muito menos que no dia em que brigamos. Nossa primeira discussão e eu não sabia o que fazer, o seu ciúme e orgulho ocuparam a sua mente e eu fiquei tremulo sem saber como lidar. Foi coisa passageira, assim como todos os nossos sentimentos ruins foram. Ainda falta um tanto para chegar, devo conseguir mais algumas lembranças de mim. Rio sozinho, teu sotaque mineiro invadiu a minha mente, como eu amava esse sotaque! Como esquecer aquela noite que te surpreendi, tua canção favorita eu aprendi e os versos mais lindos eu espalhei pela casa. Foi a primeira fez que te vi chorar.Cheguei na estação, mais algumas quadras até o hospital onde você está. Não pode falar e nem me ver, mas estou levando até você tudo o que ainda somos e eu sei que você pode me sentir. Estou ansioso para te tocar com os meus olhos e dizer o que sempre disse: Nós somos a conexão mais linda que tivemos, vou ser sempre seu.Nenhuma reação sua, eu já esperava. Eu permanecerei aqui nos recordando, ainda sem lembrar do porque nos separamos e o que te fez parar aqui.
E não te esqueço, faço questão de não te esquecer.
Eu me encontro nessa entrega de gosto e cheiro que é a sua companhia,
É um encostar de almas, é um transbordar de amor.
Que enobrece e acalma,
Aflora, sugere e implora pra estar um coração colado ao outro sempre!
Finá de ato
Adispôs de tanto amor
De tanto cheiro cheiroso
De tanto beijo gostoso, nós briguemos
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se!
Ele disse; cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.
Xinguemos, sim, nós se xinguemos
Como se pode axingá:
-Ô, mandinga de sapo seco!
_Ô, baba de cururu!
_Tu fica no Norte
Que eu vô pru sul
Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não me assombrá.
É... o Brasil é muito grande
Bem pode nos separar!
Eu engoli um salucio
Ele, engoliu bem uns quatro.
Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tantos tempo
Que nem é bom recordar...
Onti, nós se encontremus
Nenhum tentou disfarçá
Eu parti pra riba dele
Cum fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.
Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto beijo gostoso...
Antonce nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nos separa!
Nossos olhares se cruzam, os lábios se tocam.
O calor, o cheiro e fluidos se fundem a ponto de nos tornarmos um só, enquanto o ambiente se perfuma de amor ao som de dois tambores.
Respiração ofegante, um sorriso suave, nossos corpos suados e trêmulos largados lado à lado; exaustos mas ainda conectados pelos mesmos sentimentos.
Impressionante como a gente sofre por nada. Um cheiro que mexe com você, um jeito de olhar contido, uma idéia inteligente, várias na verdade. Não, não é nada disso, a gente sofre é pela impossibilidade.
Bem na curva onde o pescoço se transforma em ombro, um lugar onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao cheiro de outra pessoa.
Tens a cor da alegria o cheiro do amor, um coração machucado, porque muito amou. Não tens medo de cair, pois aprendeu a se levantar, por isso, mesmo triste, consegue sorrir, enquanto seu coração ainda não parou de chorar.
Saudade tem nome?
Sim, saudade tem nome
Endereço e telefone.
Saudade tem cor
Cheiro e sabor.
Saudade tem choro
Tem suspiros e dor.
Saudade tem amor
Intensidade e ardor.
Saudade de tudo o que de mim levou
Que se junta ao vazio que deixou.
Saudade tem nome sim,
Pelo menos para mim.
Minha mãe, ainda lembro das nossas últimas conversas, do som da tua voz, do teu cheiro, e se eu eu fechar os olhos e imaginar que estou sendo acolhida pelo teu abraço, literalmente choro todas as oportunidades que em vida eu tive para estar ao teu lado como uma filha que precisa dar colo a quem um dia lhe deu a vida. Morar longe foi um grande erro que jamais vou poder corrigir... Sinto muito, me perdoe, eu te amo e faria qualquer coisa para te ter aqui.
“Vou sentir sua falta, claro que vou. Vou sentir falta do teu cheiro e do teu sorriso, do teu olhar provocante e os teus olhos de lua cheia. Mas, eu preciso me afastar, chega de bater na mesma tecla, chega de persistir no mesmo erro, por mais que eu não queira ir, por mais que eu não queira te deixar, cansa, cansa muito te olhar sabendo que nunca te terei ou te olhar nos braços de outro alguém. E, chato ver alguém te abraçar e não pode gritar larga que eu sou a dona. Estou indo e dessa vez não adianta me ligar dizendo volta, não adianta me olhar com seus olhos de promessa que nunca irão ser cumpridas, não adiantar tentar me ter falando baixinho no meu ouvido ou me abraçando. Agora e pra valer, chegou a hora de parar de sofrer.
Ainda tua lembrança...(soneto)
Há no ar certo cheiro de maresia,
Na bruma, toques de irrealidade,
Na brisa, um tanto de nostalgia,
Em mim...solidão, fragilidade...
Nas ondas, um vaivém de melancolia,
No horizonte, laivos de saudade
Sentimento, que as vezes, acaricia,
Em outras, traz dor e infelicidade...
Nas pesadas nuvens, um tom cinzento,
No imenso mar, sonhos naufragados
Na branca areia, pela espuma, espalhados...
Olhar ao longe, na direção do vento,
Na alma, mágoa e desesperança,
No coração, ainda tua lembrança...
Eu me encantei pelo seu sorriso, me seduzi pelo seu cheiro. Tudo era uma mistura inebriante, que ao mesmo tempo que me sufocava, tambem me fazia bem.
Daqui 10, 20, 30 anos irei lembrar do seu sorriso lindo, do seu cheiro maravilhoso, das suas manias que tanto me encantam! Mesmo que não nos falemos mais!
BATALHA DE CORPOS NO AMOR
Dá-me o teu gosto, teu cheiro, num momento suspenso.
Dá-me um abraço silencioso, em que só haja o pulsar do coração.
Nada mais exista nesse agora. Só o sentir de almas e corpos.
E mãos que se deixam viajar sem rumo nem pejo.
Dá-me teu olhar. Que ele, em chamas, me esquente o sangue.
Seja sem culpas, sem medos, sem religião nem credos.
Olhar de quem tem fé na revelação daquele instante profundo.
Dá-me tua boca. Faz-me sentir a fome em teu beijo,
O apetite infame do desejo rasgando cada fibra de teu corpo.
Um beijo descortinando o querer sem castidade e sem trégua,
Em línguas devassas e imprudentes, que apontam a perdição do que virá.
Deixa que teus seios se avolumem num abraço grave e constante;
Faze-me senti-los tomados em minha mão sem escrúpulos.
E neste instante delicado, que sejam compreensíveis os botões da tua blusa,
Soldados sem forças para impedir a tomada das torres e cidadela.
E que fartos ante meus olhos, se permitam tragar em demasia,
Sorvidos como fossem morangos maduros saciando um famélico.
E na circunstância indômita, florete já na mão adversária, tudo se permita.
Dá-me, nessa guerra intensa, uma derrota justa, rosto perdido em teus pomares,
Onde sinta o cheiro e gosto de fruta orvalhada por rios que molham tuas planícies.
E me faça morrer de queimadura de primeiro grau, ao invadir teus territórios,
Sem piedadade, em luta corporal insana, desnuda, inopinada.
Seja-me permitida uma pugna até as últimas energias, em que percorra
Todas as tuas instâncias, sem tréguas nem respeito, em idas e vindas profundas.
E assim sendo, que não haja território não percorrido, nem batalha que não tenha sido travada.
Que tua vitória seja absoluta, subjugando meu corpo desfalecido entre tuas pernas.
E num momento de misericórdia, que teu coração de mulher acalante o derrotado,
Tomando-me em teu peito, num último gesto de vitória e piedade.
E assim, em tuas mãos, já dominado, faz-me teu escravo, como espólio de uma guerra consumada.
Deixo-me teu, assim, inteiramente e para sempre, dominado por teus beijos.
(Junho/2018)
A cada tapa na cara ela sucumbirá e exalava seu cheiro de ira mal resolvida.
A cada nó na garganta depois da sua rigidez brutal, ela sentirá que a vida ressurgia a cada espasmo cerebral.
A cada volta de corda que a envolvia, sentia que não era apenas seu corpo, mas sua vida te pertencia.
A cada pingo queimado da sua vela perversa, queimava cada vazio que existirá dentro dela.
A cada dor eminente que ela achava que poderia padecer, seus olhos famintos a faziam renascer.
Ela viverá a vida pra sua vida, transbordaria e não apenas completaria.
A cada raiva sentida no dia a dia, ele guardava com sua postura rígida.
A cada vontade dos seus desejos insanos, acumulava semente para o plantio bucal humano.
A cada hora que longe passava da sua escrava da vida, com maestria traçava as penitências doentias.
A cada marca deixada pelos seus apetrechos perversos, ele sentia sem mágoa que ela iria do “céu ao inferno”.
A cada grunhido, gemido, suspiro ou birra que ele retirava daquela que dele era, sentia sua dominância era para ele fundamental.
Ele viverá sua vida pra própria vida e fez de propriedade sua, uma outra vida.
06.02.2019