Frases de chapéu
Chapéu de palha
Debaixo do chapéu de palha
Na aba da saudade, lembrança
Na copa rezas de acerto e falha
Da vida, nunca sem esperança
Este chapéu de palha, roceiro
Que não larga do caipira berço
Sempre riscando o fado roteiro
E na fé aduzindo trilha e terço
Chapéu de palha, cultor matuto
Do caboclo do cerrado, do chão
Do vento árido e do pó enxuto
Que traz o sal e feito ao coração
Tal chapéu de palha, tão original
Que compõe o poetar de emoção
Canta o sertão na sua arte capital
Trajando a alma capiau de tradição
(Chapéu de palha, remate vital!)
Átila Deslocado: Acima do Chapéu Coco
Saiu naquela tarde de outono desprevenido, de tão atrasado nem percebeu que o céu acima de seu coco estava completamente tomado por nuvens negras.
Não faça do seu passado um chapéu para ficar sobre a cabeça, faça do seu passado um tapete para ficar sob os pés.
Chapéu de couro.
É gente forte feito touro
não tem medo do destino
se falta água no bebedouro
sobra a fé no ser Divino
é respeito que vale ouro
e eu tiro o chapéu de couro
pra esse povo nordestino.
De onde eu vim, se um homem não possuir um chapéu para cobri a cabeça e não usar cinturão para lhe segurar a calça, e um saco para trazer a feira, não é um bom homem
caminha bravo o jovem e seu chápeu
caminha bravo com um guarda-chuva
Guardando mais idéias do que chuva.
Pena, ser penoso
Selvagem, vem e vai no tic tac
Coberto de luzes, como o sangue que jorra da madeira.
Arvore, simbolo do pecado, a arvore sempre presente
no fruto, na morte, na salvação.Arcaico seria, não pensar
todos tentaram um dia subir na arvore, e observar do alto.
a visão que contempla deus no instante
Furtivo é o tempo, mas de que de importa o tempo, se tenho o instante
Na minha juventude
Eu tinha vaidade
Usava chapéu de lebre
Minha esposa
Vestidos bordados
Quando vieram meus filhos
Deixei de importar comigo
E com as coisas de luxo
Fiquei simples
Pobre
Todo investimento
Se escoou para os primogênitos
Com o desapego
Aprendi a ser rico.§
A CHUVA
- Mamãe! Que chuvinha enjoada!
Me deixou toda molhada,
Sapato, roupa e chapéu
Não servem mesmo pra nada...
Esta água que cai do céu!
- Não digas assim, minha filha!
A chuva é uma maravilha
Pois ela, molhando o chão,
Faz crescer a couve, a ervilha
O arroz, o milho e o feijão.
A chuva molhando a terra
Cobre as flores, a serra,
Amadurece o pomar,
E a semente que se enterra
A chuva é que faz brotar.
Por isso é que a chuva é boa
E a terra seca a abençoa...
- Sim, mamãe, compreendo bem,
Mas por que é que a chuva, à toa,
Cai nas calçadas também?
(Manoel Tigre)
Ócio
Pra um sol bem quente
Eu uso um chapéu
Pra minha dor de dente
Eu olho pro céu
Pra meus amigos
Eu mando lembranças
Pra meu bem querer
Um pote de mel
Eu faço da vida
Uma linda resenha
E exponho tudo
Aqui no papel
Eu mostro a beleza
Do teu sorriso
E encontro a certeza
Do meu paraíso
Amar tudo ali
É muito mais que preciso
É quase sagrado por ser precioso
E se é pra correr apressado
Eu já nem saio do lugar
Minha vida é andar devagar
E sempre cheguei lá do outro lado
Onde a luta começa
E a glória termina
Onde implora a menina
E te faz promessa
Onde o campo é minado
E a virtude regressa.
"Ouvindo as moedas jogadas em seu chapéu puído, o mendigo agradece, e olhando com seus olhos injetados na direção do 'benfeitor', pergunta: 'Isso compra sua consciência, doutor?'. Devolvendo o olhar, e com um sorriso sumido no canto da boca, a resposta: 'compra apenas a minha passagem fora do seu mundo'. Erguendo-se, e livre das fantasias de esmoler, ele mostra a chave, presa em uma corrente, em volta de seu pescoço, e, com um gesto, a desprende e abre a fechadura oculta na parede. 'A mesquinharia morta pela franqueza. Séculos preso, não? Pode passar.'"
(Sérgio Pacca)
Chapéu de Palha
Naquele dia, ele foi ao Mercado Central por acaso.
Gostava tanto do lugar, que sempre desviava de seu destino inicial.
Marcava um compromisso no centro (Rua da Bahia, Afonso Pena, Maleta...) sei lá!
E, inconscientemente, quase sempre, descia do ônibus na Rua Paraná.
Só pra passar em frente ao Mercado, talvez até entrar, ficar por lá um pouco.
O que ele sabia sobre o lugar e muitos ao menos ideia fazia,
é que não se tem controle do tempo quando se está por lá!
Com todos aqueles cheiros, ruídos, pecados existentes os sentidos se alteram
e ao passar por qualquer daqueles portões, você está condenado ao atraso.
Inevitavelmente, sua atenção é atraída e sequestrada pelo design das cores nas coisas
e você passa a ouvir os gostos dos cheiros destas coisas, por todos os lados que olhe.
Basta ver as vitrines das lojas, tem tudo lá!
De damasco da Síria, a temperos da Índia,
tem bacalhau dos mares de Portugal e até máscaras de tribos da África.
Todo o mundo está aprisionado por lá.
Vê só o tamanho do problema de quem vai?
Mas naquele dia ele estava angustiado! Quinta-feira meio nublada pra ele.
Chegou ao Mercado ali pelas cinco da tarde,
tinha um compromisso marcado para as sete da noite.
Enquanto caminhava pelos corredores,
tomado por toda aquela magia que envolvia-lhe os sentidos,
olhando maravilhado toda aquela sinfonia de lojas, mercadorias, pessoas...
Sentiu sua vida (passar) escapando rápido e bem diante de seus olhos.
Num desses relances, ao olhar para baixo,
viu seu reflexo circunspecto no ladrilho típico plantado no chão,
característica marcante do lugar.
Feito um refrão, linear e simetricamente orquestrado
via as peças de cerâmica diferenciar a cada passo dado,
mesmo que para qualquer outro elas parecessem exatamente iguais.
Naquele dia ele não estava em busca de nada em específico.
E mesmo que nada procurasse, foi atraído por um chapéu de palha em miniatura,
desses com as pontas sem trançar (desfiados), igualzinho aos de tamanho natural;
estava lá jogado em um balaio, exposto sobre uma caixa de madeira no corredor.
Ele até já tinha visto outras vezes desse objeto, mas dessa vez era diferente...
Estava envolto por uma aura de circunstâncias,
e se tornou o objeto mais evidente de todo o Mercado naquele dia.
Havia tanta poesia em fluxo, que sua forma e simbologia, faziam lembrar Minas Gerais.
Tomado por um impulso de morte, incontrolável, sacou do bolso sua carteira
e pediu a moça que embalasse logo umas dez unidades.
Chegando a sua casa, ainda conseguia ver a beleza e poesia de antes.
Mas parecia que algo estava diferente, a aura, havia desaparecido!
Foi nesse exato momento, que ele descobriu que o brilho que comove as pessoas
não está nas coisas postas nas vitrines
ou dependuradas arrogantemente à frente de nossos olhos,
e sim na singularidade do lugar e no sorriso que brilha dos olhos de quem trabalha lá.
Por isso, é tudo tão irresistível!
Por isso, as cores e cheiros e sons e gostos e tudo o mais são tão mais evidentes.
O CHAPÉU
O chapéu
saiu chorando,
só por causa do pincel
que queria pintar o vento
e as estrelinhas do céu.
Quem é essa figura...
Negro terno
Longa barba
Chapéu ou cartola...
Será que há
Coelho
Ou pombinhos lá...
Num ritual preciso
Com estirpe de mágico
Mas sem sorrisos...
Oh! Mundo...
De gomos e guetos
Como tangerina
A cuspir-mos caroços
Me faz pensar
Como se fossemos
Grandes mestres
A pincelar
Obras que julgamos
Primas
Mas que na verdade
Somos todos meras
caricaturas...
CHAPÉU-BARQUINHO
Por onde andará a minha ilusão?
Teria perdido-se nas vielas surreais
d'algum vale utópico
e, clamando por ajuda amargura?
Quem sabe...
com medo da tempestade
ficou escondidinha
ou aproveitando-se da calmaria
saiu... de fininho... de mansinho...
Ou... será?
cansou de ser ilusão
quis ter uma profissão
navegante
ajudante
comissária
estagiária
real ou imaginária?
Será que num porto seguro
encontrou seu comandante...
mas...
o que acontecerá doravante?
Respondo que muda
ficará minha escrita...
pálido meu azul...
triste minha lida...
norte meu sul...
E nem assim ela volta...
por onde andará
minha ilusão
não sei...
Preciso procurá-la
nos campos, rios,
mares,
bazares...
afixar cartazes
percorrer ruas
visitar lares
subir na grua
gritar pra lua
sentar na calçada
insone
tentar o tarô
ler um haikai
que atrai
consultar o oráculo
superar o obstáculo
displicente
encantar a serpente
de parapente
vasculhar o continente
Onde estará a minha ilusão
não sei
só sei que ela se foi
de mansinho
e levou consigo
o meu chapéu-barquinho...
Quando ficar velha quero usar purpura com chapeu vermelho, que nao combina e fica ridiculo em mim.
Vou gastar o dinheiro que tenho em uisque, usarei luvas no verao e me queixarei que falta manteiga em casa.
Vou sentar-me no meio fio quando estiver cansada, comerei todas as ofertas do supermercado, tocarei a campainha dos vizinhos, arrastarei o guarda chuva nas grades da praça, e só assim me sentirei vingada por ter sido seria durante a minha juventude.
Vou andar de chinelos, arrancar flores do jardim dos outros e cuspir no chão.
Vou usar roupas horriveis, engordar sem culpa, comer um quilo de salsichas no almoço, ou passar uma semana só na base de pão e picles.Vou juntar caixinhas, lapis e rotulos de cerveja.
Mas enquanto ainda sou jovem, preciso de um tipo de roupa que me deixe seca em caso de chuva, tenho que pagar o aluguel, nao posso dizer palavrão na rua, sirvo de exemplo para infancia, preciso ler jornal, estar informada, convidar meus conhecidos para jantar.
Por isso quem sabe eu nao deveria começar a treinar agora?
Assim ninguem vai ficar chocado quando derepente eu ficar velha e começar usar purpura.
Em seis horas
O peso dos ombros, a coluna ereta
Riso, óculos e chapéu
Combinados e prontos pra sair
A identidade pintada para poder pisar a calçada e cuspir na rua
Até terminei de escrever as falas
Mas eram tristes para o dia de hoje que enchi a cabeça de cores
Ausentando-me do sopro frágil do suspiro
Ausentando-me da saudade da presença
Enxergando nas mãos o interior
Revolvo os motivos
Os utensílios, os vícios
Ressignificando o que me toca com ou sem dor
A estação é a mesma, ainda não passou.