Certas Coisas
Aqueles que se aplicam muito minuciosamente a coisas pequenas, frequentemente tornam-se incapazes de coisas grandes.
“Eu sei, prometi pra mim mesmo não mudar. Mas mudei. Acho que mudei principalmente pra parar de sofrer como eu sofria, parar de ter aqueles sentimentos antigos. Mudei principalmente pra evitar lembranças, lembranças essas que me machucavam e deixavam marcas, marcas que não apagaram. Mas com essa mudança, pelo menos essas marcas param de sangrar, param de doer.”
— Gabriel Boldrini
Tu És o Deus dessa terra
Tu És o Rei desse povo
És o Senhor da nação
Tu És
Tu És a luz desse mundo
Esperança para os perdidos
Tu És a paz pros cansados
Tu És
Ninguém É como o nosso Deus
Ninguém É como o nosso Deus
Grandes coisas estão por vir
Grandes coisas vão acontecer nesse lugar
(aqui)
Sonhei com você a noite passada, daí a necessidade de dizer que me perdoei pela série de erros cometidos. Acho que perdoei seus erros também. E espero que você me perdoe.
No sonho, várias cenas, cenários e situações se embolaram e embaralharam completamente minha cabeça. Primeiro nos víamos de longe e a cada sonho (foram vários na mesma noite) você chegava mais perto. No último nos tocávamos, e foi tão real quanto dois anos atrás.
Eu não lembrava do seu rosto, acredita? Ok, talvez evitasse lembrar. Ele apareceu sem convite e inesperadamente abriu meia dúzia de feridas.
Acordei cansada, exaurida pela tentativa de te fazer ficar. Doem tantas dores quando penso em você. Talvez porque não nos despedimos. Talvez porque eu não saiba mais quem você é. (Eu soube algum dia?)
Estou bem melhor agora. Sou mais feliz. Não tão magra, mas com certeza mais completa. As coisas saíram mais ou menos como eu queria: faculdade, projetos, trabalho. E você, como o tempo tratou suas expectativas?
Se a gente se encontrasse hoje acho que eu seria mais séria e menos corajosa. Chamo de maturidade.
A nossa história é tão feia e ao mesmo tempo tão importante pra mim. Pensar em você fecha minha garganta, arranha minha paz, me dá vontade de chorar. Sofro porque sei que nunca haverá um final feliz. E olha, não falo de um enredo romântico. Falo de nós, do que éramos e de como nos transformamos em nada um pro outro. Você era meu melhor amigo e só havia descanso na sua voz, no seu abraço, no seu sorriso. Eu lia Drummond e tinha certeza de que ele havia escrito aqueles poemas pra você.
Fico me perguntando se destruí tudo sozinha e a resposta é sempre a mesma: não. Acho que estragamos juntos. Estragamos quem éramos. Estragamos a história. Graças a deus Drummond está morto e não pode testemunhar nossos vacilos.
Cavei um buraco tão fundo que só recentemente consegui sair dele. Acho que cheguei a sentir raiva por isso: enquanto eu cavava, você vivia. Foi difícil entender que a única opção válida é viver.
Não te espero, nunca esperei. Não penso em voltar. Não tenho ilusões. Não amo mais. E mesmo assim dói. E mesmo assim… Nem sei.
Por que não agimos como adultos? Por que não culpamos um ao outro, cuspindo os erros e apontando os defeitos, dizendo que estaríamos melhores sozinhos?
Eu falaria alto, você diria que faço escândalo e que cansou. Fingiríamos que foi consensual e ambos chorariam abraçados ao travesseiro por alguns dias, até restar só birra e saudade.
Mas nós simplesmente sumimos, como aqueles rostos estampados em caixas de leite nos filmes americanos.
Você sumiu da minha vida e passou a existir apenas aqui dentro. Em certo ponto eu nem sabia discernir o que era lembrança e o que era invenção.
Odeio você. Amo você. Sinto raiva. Sinto sua falta. Não tenho a menor ideia do que sinto.
Se Drummond estivesse vivo eu pediria ajuda para um poema com ponto final
Você está procurando demais. Há certas coisas no mundo que não foram feitas para serem encontradas.
Ontem gastei todo o meu dinheiro e comprei um terreno em Marte. Eis a foto, cedida pela NASA, do meu pedaço de felicidade. Sem gente, sem bicho, sem planta, sem carro, sem computador. Eu e a imaginação vamos morar no vazio.
No infinito. Pretendo não manter mais contato com os tolos, nem com os que habitam minha mente em memórias de estúpidos convívios do passado. Adeus.
A decisão que estou tomando é consciente. Decidi na plenitude de meu livre-arbítrio. Sei que isso é duro, porque sendo assim, ninguém tem direito à culpa e a culpa é o alívio dos fracos.
Lamento, mas concordo com Camus que o suicídio é a única questão filosófica verdadeira. Meu desejo comanda meu destino e a morte é a única liberdade.
Tem certas coisas que é melhor que a gente nunca tenha oportunidade de dizer, certas coisas que ficam fatais depois que se disse, e antes pelo menos era a vida de um modo geral.
Minha autocrítica a certas coisas que escrevo, por exemplo, não importa no caso se boas ou más: mas falta a elas chegar àquele ponto em que a dor se mistura à profunda alegria e a alegria chega a ser dolorosa - pois esse ponto é o aguilhão da vida.
A única pessoa a quem devo dar satisfações é a mim próprio e, dentro de certas limitações, eu me sinto relativamente cumprido com o que fiz de mim mesmo. Entenda isso.
"Amei certo as pessoas erradas. Amei errado as pessoas certas. Nunca fui bom em amar e ser amado… amar me parece coisa de profissional e não para amadores como eu."
Sou avessa a equações, fórmulas e respostas certas. Não gosto de nada definido. Certezas não me calam.