Certas Coisas
Sem querer
Vou dizer bem a verdade: eu já tinha aposentado a ideia de me apaixonar novamente. Até mesmo porque sempre parecia ser cedo demais. Não importa quanto tempo já havia passado desde a última vez. A dor causada fazia parecer tão recente… Por isso, eu abri mão dessa história de paixões e amores. Pelo menos por um (bom) tempo, não queria nada disso pra mim.
Meu coração estava “de férias”. Sem querer nada com nada. Sem preocupações. Sem hora. Sem compromissos. Sem dono. Aproveitando aquele período de liberdade e libertinagem. Vadio, solto e inconsequente. E, enquanto perambulava por aí, esbarrou no seu, igualmente perdido.
Não se viram, realmente, de primeira. Não se reconheceram como semelhantes. Não notaram que tinham cicatrizes causadas por motivos parecidos. E eu, que achava que tinha tudo sob controle, não vi mal algum nesse encontro. “Tá tudo bem. Não vai acontecer nada. Ainda é cedo para isso”. Ingênua, eu.
Achei que meu coração tivesse aprendido a lição junto comigo, mas o danado deve ter memória curta e se pôs a correr na minha frente. Foi se afundando na sua novidade. Nas descobertas de você e suas histórias. Foi sendo envolvido e, contra a minha vontade, se entregou.
É, eu não queria. Eu poderia estar por aí, curtindo os bares, as noites, os galanteios regados à cerveja. Eu poderia continuar na minha, assistir a um filme na minha própria companhia no domingo. Mas você apareceu para mudar os meus planos. Inverter a minha rota. Você apareceu sem eu querer, sem eu esperar. Sem eu sequer saber que você vinha, caso contrário teria me preparado. Chegou de mansinho para me levar com você por um caminho que eu nem imaginava.
Acho que algumas coisas devem ser assim: contra a nossa razão e vividas no mais bonito dos impulsos. Eu poderia dar meia volta. Mas, agora, eu vejo que eu fico bem melhor ao seu lado e aprendi que assim, juntinho, fico mais forte. Talvez eu lhe deva algum crédito, afinal. Foi sem querer, mas foi certo. E meu coração, que eu considerava não ter noção de nada, até que sabe o que faz.
Você ainda não sabe, mas… Bom, vou falar sem rodeio: Eu ainda te carrego na mochila. É, é, eu sei que deveria ter te devolvido por inteiro, mas não deu. Desculpa! Eu simplesmente não consegui abrir mão desses seus pequenos fragmentos.
Não uso sempre, só em casos de emergência. Diferente do que fiz quando o tinha por completo, não desperdiço essas pequenas porções. São tudo o que me resta de você: Um pouco do seu jeito de falar, aquela gíria que você usava sempre, a sua mania de morder o dedo quando o sinal está fechado e um gosto inexplicável por aquela banda alemã.
Te carrego seguro. Não quero perder essas doses, até porque não sei quanto tempo elas irão durar. Dias atrás, ainda tinha uma porção de “ordem correta para lavar a louça”. Quando percebi, não comecei pelos talheres – o que era totalmente contra a sua regra. Aquele montante acabou.
Ah, e já que estou aqui confessando, tem mais uma coisa…
Aquele nosso sonho também ficou comigo. Está no fundo, para eu não correr o risco de usá-lo na primeira oportunidade, num desespero momentâneo. Ele é único e, portanto, devo ter cautela. Pensar bem antes de tirá-lo do fundo da mochila e trazê-lo à tona.
Desculpa se fiquei com coisas demais e devolvi de menos. Mas, você também ficou com partes de mim. E, na real? Pode ficar, não as quero de volta. Mas também peço que não me desperdice. Não me use mal. Não me use sempre, porque até o pra sempre termina. O nosso acabou… E só nos sobraram pedaços do que, um dia, foi eterno.
Não existe maior bem do que fazer
a felicidade de alguém.
Nem nada menos caro, nem mais fácil,
pois a felicidade é algo que se pode
oferecer em gestos e atenções.”
Só queria que você soubesse que continuo aceitando te namorar. Todos os dias. Todas as vezes que seguro a sua mão. Na minha cabeça, romântica que só ela, nossos encontros sempre serão aquele instante depois da meia noite. E eu sempre vou dizer sim.
Sinais
Diz que eu não tô ficando maluca. Diz que aquele olhar que te permitiu ver minha alma não foi fruto da minha imaginação. Diz que eu vejo esses sinais porque eles existem, e não porque eu quero que estejam lá. Me diz alguma coisa, porque não sei mais se dá pra confiar na minha cabeça. Eu tô no escuro.
Eu tive a impressão de que vi um sorriso seu quando me olhou. Mas foi rápido e tenho medo de estar fantasiando. E, por favor, esclareça se aquilo foi uma piscadinha ou se foi um bicho no seu olho. Se você não disser, verei significados em absolutamente tudo que você faz e isso pode não dar certo.
Não queria fazer de cada minúsculo detalhe um grande feito. Por isso quero me desfazer logo dessa bobagem. Mas, para isso, eu preciso que você fale, em alto e bom tom, que estes sinais não existem. Se nada disso for real, me fala (e logo, por favor). Não me deixe ir adiante.
Mas, ó… Conta com jeitinho que nada disso é verdade, porque eu já cansei de voltar ao mundo real e me arrebentar no pouso. Deixa a tristeza ser bonita desta vez ao invés de torná-la apenas destruidora. Eu já tenho uma imensidão dentro de mim, não preciso que ela fique mais intensa. Deixa só a saudade, sem aquela dor sufocante. Não sei como você vai fazer isso, mas é só o que eu te peço.
Eu vi muito. Vi demais e me permiti partir em devaneios baseados nessas visões. Em todos eles, estávamos felizes. Por isso é tão fácil me apegar a esses pensamentos. Gosto da sensação de que eu te completo, ainda que seja num universo paralelo.
Seria bom se tudo isso se tornasse real. Mas não me deixe sonhar com isso. Me acorde com carinho e vai embora antes que eu esteja completamente desperta. Não deixe carta de despedida nem vestígios de que esteve aqui. Que você seja só aquela lembrança de sonho bom que vamos esquecendo conforme o dia.
Livre (e presa ao verbo amar)
As pessoas estão esquecendo cada vez mais de pausar, respirar, ter paciência, sentir. Ao que me parece, amadurecer virou um sinônimo inflexível de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, se possível, pra ontem. Quem mostrar primeiro que superou ganha. E se nem precisar superar, já que nem chegou a sentir, melhor, significa que você é o campeão incontestável.
Perdoem-me os indiferentes irremediáveis, mas eu quero mesmo é me remediar.
Quero ser contaminada por aqueles que são facilmente representados por braços abertos, sorrisos no rosto e um convite de – vem comigo, quero mais amigos no estilo – topo tudo, quero mais intimidade com a vida e com o que ela tem de melhor, quero desprendimento, mas que seja responsável e comprometido com o amor.
Minha noção de liberdade não é presa a mim mesma. Quero ser livre me prendendo ao dar a mão, ao abraçar, ao cuidar, ao respeitar, ao valorizar o mundo ao meu redor. E que venham comigo, lado a lado, pelo menos mais umas 10 pessoas, sem que nenhuma tente me podar à força, e, dentre elas, algumas desconhecidas, que é pra poder sair da zona de conforto de crescer só com quem sempre cresci.
free
Porque vou te dizer: é decepcionante perceber quando as pessoas começam a perder a sensibilidade e atribuem tudo a uma tal “falta de intimidade”. Parece que não se tem mais intimidade com nada nem ninguém. Tudo vai simplesmente se fechando. Se antes a educação não te permitia não convidar um colega a se sentar à mesa com você, hoje em dia a “falta de intimidade” com o bendito colega te permite deixá-lo de escanteio sem o menor remorso. Se antes a liberdade de viver te permitia ser um alguém apaixonado por essência, só por ser apaixonado pela vida e pelas experiências, nos dias da era da “falta de intimidade” apaixonar-se é fraqueza de espírito.
Legal mesmo é ser blindado. Quer coisa melhor do que não sentir? Porque ai daquele que sente. Esse vai sentir ainda mais quando receber em troca um belo “é frescura”. Sim, envolver-se, de todas as formas e em todas as situações é frescura. Mais vale dizer que não se importa do que admitir que sofreu ou deu uma mancada.
É um grito patético e sem fim de NÃO ME IMPORTO, assim mesmo, em caixa alta. Eu tô gritando com você porque se eu tentar, se você tentar sussurrar baixinho, meio que sem pretensões um: eu… me… importo…,” vai ouvir e ser quase que obrigada a digerir como resposta um mais patético e ensurdecedor ainda: pois não devia!
Ainda bem que minha audição nunca foi das melhores.
As pessoas hoje em dia andam tão vulneráveis nas redes sociais, que pra um estrado acontecer , em anos de convivência, só precisa de um oi ao alheio , pra colocar tudo a perder, em anos de convivência.
Eu sempre vou ti ama, por toda a minha vida, eu sempre vou ti ama, pois não existe outra saida....O que DEUS uniu, eu tenho FÉ nada sempara, pois um amor verdadeiro Nunca se apaga ♥♡
Depressão não é tristeza contínua, é simplesmente não sentir nada, e esse é o problema.
O vazio me consome.
E vou dizendo lento, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e vou dizendo leve, então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo leve, e vou dizendo longo sem pausa - gosto muito de você.
Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada.
Me pergunto sempre se você não teceu em volta de mim uma porção de coisas irreais, esperando a minha volta como quem espera a salvação.
O tempo existe, Pimentinha, e passa, leva no arrastão as coisas, e as pessoas que não morrem: ficam encantadas.