Cerrado
Refundir
Respiro os sonhos, acordado
As dores são suspiros
Inflados no peito, chorado
Que na alma criam giros
Da vida aos quais se é laçado
Criando loucuras e estupidez
Quando vale a pena é ser amado
Mergulhar nesta sensatez...
Se o fato está desgovernado
Refunde como se fosse a primeira vez
Resgatando o bem e a harmonia
Sem nenhuma escassez
Na emoção criando sabedoria
E no amor solidez...
Luciano Spagnol
beijo
beijo inocente
beijo roubado
adolecente
enamorado
beijoca, beijinho
fraternidade
fração do carinho
beijo de amizade
amigo,
doce abrigo
beijo,beijos,beijo
de despedida
lágrimas e cortejo
alma partida
beijo traíra
enganador
beijo cuíra
estertor
beijo
beijemos
gracejo
apaixonemos
desejo
bom mesmo é beijar!
um beijo, mil beijos
afeto, carinho
ensejo
de amor
beijos!
Luciano Spagnol
Páscoa...
Renascer... Germinar o coração
Na esperança a renovação
No amor a reflexão...
Que possamos olhar os aflitos
O que tem dor em seus gritos
Que pede socorro, o miserável
O faminto, o de pouca fé inaliável
Esquecidos da fidelidade de Deus
Nos embustes de nosso viver
(O Pai!) Não nos deixe esquecer
Do Teu sacrifício
Em nossa omissão
Preterição...
Pois não existe artifício
Que não o único caminho
A única verdade, o único amor
A Trindade, nosso paterno protetor
Que venha ao nosso encontro
Pra tornarmos mais solidários
Menos egoístas, menos solitários
Nesta nossa vida penitente
De sobressaltos presente
Ofertando carinho, afago
Sorriso fiel e largo, e assim trazer:
Vós conosco em verdade
Em luz no nosso viver
Não importando o quão é difícil
Se muito, agradecendo o pouco
Se pouco, partilhando o muito
Para gozarmos juntos à felicidade
Perpetuando a alma na eternidade
Oh Senhor! Nosso louvor!
Derrame em nós a dádiva que perdoa
Inundando com Sua afeição que povoa
O nosso espírito....
Feliz Páscoa!
Luciano Spagnol
A lembrança da mãe ausente é antídoto para a saudade do amor perdido. Assim, se fazendo sempre presente.
Na noite solitário já chorei
Naquela música emocionei
Na solidão eu já fui peão
Da dor eu fui escravidão
Tentei no vasto e no pouco
Odiei um momento ou outro
Já fui magoado e magoei
Amei, fui amado, e não amei...
"Somos tudo num só e nada num todo
O bem e mau que inquieta e acalma
Sacudindo o agitado silêncio da alma."
PERDÃO (soneto)
Cá estou, meu Senhor, a pedir perdão
Tal o humano: muito errei no caminho
Se de tuas leis desviei, dá-me alinho
Tentei ser, do afim irmão, mais irmão
Se de meu olhar ausentou o carinho
Perdão! Aqui me tens em confissão
Me ensina rezar com Vosso coração
Na omissão, fui um ser mesquinho
Não matei, nem roubei, fui em vão?
Perdão! Me tira deste mal cantinho
Se declinei, pouca era minha razão
Compaixão por me achar sozinho
Se no amor não pude ser paixão
Perdão pela tua coroa de espinho!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
DRAMA (soneto)
Quando é que o afeto meu terá encontrado
a sorte duma companhia pra se apresentar?
Quando é que na narração poderei conjugar
Assim, despertarei de então estar deslocado
Se sei ou não sei, só sei que eu sei atuar
E se eu estarei ou terei ou se está iletrado
É impossível de inspirar, o ato está calado
Pois, o silêncio discursa sem representar
O aplauso alheio pulsa, mas de que lado?
Na cena a ilusão é expulsa e, põe a chorar
Impossível imaginar atuar sem ser amado
E este drama sem teatro, e ator sem teu lar
De comédia trágica, no peito, então atuado
É amor e fado, no palco, querendo ser par!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
DEMÊNCIA SENIL (soneto)
Nos fios brancos do silêncio, a quietude
Nubladas recordações, escura solidão
Horas lentas no tempo, e vazia emoção
Que tateiam o que outrora foi plenitude
E nesta distância do devaneio e o são
O mesmo mutando numa outra atitude
Tremulando o olhar numa lacuna rude
Sorrindo sem riso e andando sem chão
E no papel sem margem, a negrutude
Que esgaça a ilusão sem dar demão
Onde tudo é vagar e pouca amplitude
Assim, neste empuxo sem ter tração
Se não reconheço, sabes do que pude
Então, assiste este sóbrio senil coração
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
À meu velho pai
PARA OS AVÓS
Abraço doce, amor terno
Aconchego nas vontades
No coração sempre eterno
Vô e Vó, nossas metades
Num todo. Gesto fraterno
Colo que o afeto abriga
Dobro materno e paterno
Exemplo pra toda vida
Avós, a nossa bênção
No bem querer acolhida
Razão, emoção, paixão...
À vocês reverência incontida!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
Aos pais ausentes.
Feliz Dia dos Pais, aos presentes.
A voz do meu pai.
A voz do meu pai, hoje é em tons de recordação
Aglutinadas na falta do eco de tua presença
Em suspiros de tua toada rija, suave fustão
Que acariciaram e fremiram em defensa
O quanto lidaram, e dos justos a tua razão
Velho pai, a tua voz jaze na lástima intensa
Nas lembranças agonia acridoce no coração
E, no entardecer do cerrado, a renascença
Pois havia na tua voz sim e também não
Que agora na vida nos dá a recompensa
Do teu jeito forte e para sempre lição
Tal contra o vento árido, a nostalgia prensa
A tua voz, levada como folhas da estação
E na saudade, uma eterna saudade imensa.
O SOL
Para que curvaste
no beiral da ventana
e pelo chão se arraste?
É por seres luz soberana
querendo luzir meu verso?
O meu poetar está sem gana
A alegria na alegria submerso
E estou quieto, de carraspana
Deixe-me a sós, no breu inconfesso
Fica-te por aí na ilusão mundana...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
SONETO VELOZ
Da varanda vi a meninada jogando bola
No vizinho a moda de viola ia distante
Tornando o meu pensamento pensante
Que a vida é levada numa veloz padiola
Ao sentir que o tempo na hora é dante
E um ilusionista estradeiro e sem sola
E que não nos espera em sua charola
Me vi diante duma saudade palpitante
Lembrei o primeiro amor, a juventude
As fotos amareladas, agora no ataúde
Dum passado, tão forasteiro de heróis
Fiquei com a recordação ali amiúde
Com os argumentos tão sem atitude
E que tanta coisa ficou para depois...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Mineiro do cerrado