Cerrado
A ESTE POEMA
A este poema padece a ternura
A este poema ranzinza a chorar
Tão triste, e aflitiva desventura
Suspira na prosa infeliz a poetar
Rima árdua, fria e a murmurar
Olhar em vão, amarga doçura
Que arde n’alma a despedaçar
Numa trova lastimosa e escura
Diz-me a onde estará este amor
Que tenho saudade e faz sofrer
Distante dos beijos, e teu fulgor
Esse vazio me faz solidão sentir
Diz-me onde está! Pra lhe falar
Do meu amor pro seu amor vir!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20/09/2021, 16’58” – Araguari, MG
Dizer Adeus
Existem momentos em que sabemos
Que não temos palavras para dizer
Tudo cala, emudece o que tivemos
Silencia o olhar e nos faz sofrer
Buscamos em reduzir no até breve
Nas justificativas de sobreviver
Onde o espírito só queria estar leve
Mas o peso das lembranças faz doer
Uma música, palavras soltas no papel
Tudo motiva lágrimas n’alma a verter
É a sombra da vida no seu carrossel
Nos enigmas que tentamos esquecer
Nestes retalhos nada é definitivo
Questão de tempo, vontade de Deus
Nosso alento, razão, nosso lenitivo
Quando a emoção tem que dizer adeus...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 de mai. de 2015 – Cerrado Goiano
Primavera
Florescem os lírios com o branco da paz
Brotam gardênias com o seu colorido fugaz
Em cada rosa transfigura o perfume do beijo
No movimento das margaridas o aceno do desejo
É o romantismo brindado na tulipa vermelha do amor
São os caminhos tapetado com violetas, delicada flor
As camélias perfumando com seu aroma inebriador
Raro como a papoula a vida se faz com poético teor
É a natureza oferecendo sorrisos com boca de leão
São as horas marcadas pelos girassóis em posição
Com copos de leite branco, a pureza, doce perfeição
Um azul hortência que tinge a primaveril estação
É época primeira anunciada pelas trombetas de anjo
São sacadas e floreiras vestidas das cores do gerânio
Aveludada como as begônias amanhece cada aurora
A solitária vitória régia desfaz a nostalgia de outrora
Sempre vivas bradando a temporada em anunciação
De manacá em manacá se orna a serra em floração
Em cada pingo de ouro a densa natureza persevera
Assim, bela como a orquídea é toda a primavera...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/09/2008, domingo, 07’00” – Rio de Janeiro, RJ
MELANCOLIA
E passa o tempo, cabelos embranquecidos
Diversas outras, e mais diversa sensação
São como desejos sem vida e carcomidos
Nuns suspiros do destino soltos pelo chão
O dia se faz segundo, e a rapidez pousada
Enrijando as quimeras dos pobres mortais
Nem mesmo a tal imaginação é iluminada
E capaz de parar as frustrações enfermais
E o tempo implacável baila sem paragens
Enquanto o caimento avança impiedoso
E a ilusão, então, deita sobre as miragens
Passou, vai passando: do amor a poesia
Triste amador que não foi ser amoroso
Pois, lhe restará devaneios e melancolia...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 setembro, 2021 – Araguari, MG
AMOR DISTANTE
Na saudade, te cato nas noites morosas
Nas lembranças singulares de dias ledo
Manifestadas naquelas exclusivas rosas
Tão belas, eternizadas no nosso enredo
Tua ausência é pesar tirânico na poesia
Que trasborda e faz a inspiração suspirar
Não poder te abraçar, mais uma agonia
O preço de quem a te um dia pôde amar
Nestes versos em vão, dum amor distante
Que retalha a alma e na ilusão manifesta
Há sussurrar a todo o instante, lancinante
Sem existência a sensação vai se esvaindo
E nesta prosa somente estória, então, resta
Do amado amor que um dia nos foi lindo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/09/2021, 11’58” – Araguari, MG
DEVANEIOS POÉTICOS
A poesia, por vezes, me parece tão alada
De sentimento astral, rimas borbulhantes
Tão tênue, livre. A sorte no versar colada
Num voo romântico, assim, dos amantes
Às vezes, tento ao comovente pôr um fim
Reviver as saudades que não voltam mais
Sofrer as sofrências, pranto, fazer motim
E desejar, então, ali ficar sentado no cais
Às vezes, quero ser sem ter uma vibração
Sentir sentimentos que nunca a eles ousei
Mas, de verdade, sempre caio na sensação
Do amor, de amar, sorrir e o que apaixona
Onde os cantos são todos galantes, eu sei:
- ornados com uma poética que emociona...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24 setembro, 2021, 15’51” – Araguari, MG
AMOR AMODAÇADO
Te amo! se disser que não, é uma inverdade
E cada estória um verso, várias as memórias
Poetadas, cantadas, e tão prosas da saudade
As levo na sensação, são doces dedicatórias
O meu amor por ti foi mais que apaixonado
Pairou no agrado, e me fez muito contente
E se em algum lugar ele foi desencontrado
Foi o acaso, do causar que baralhou a gente
Meu sentimento por ti, um sentido e emoção
A direção de um coração poético e amoroso
E já sem morada naquela enamorada paixão
Então, por te amar demais, demais querer-te
Esse amor amordaçado tornou-se silencioso
E, se no fado advir, talvez, o porvir concerte!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 setembro, 2021, 05’50” – Araguari, MG
GUARDADO
Há um agrado contido e que me encanta
Um sentimento profundo tão apaixonado
Onde mora uma sensação tão boa e tanta
Da poética de um amor singular e amado
Por tua causa senti o sabor de ter prazer
Entreguei-me a teus beijos tão amorosos
A ternura de um abraço, dum doce viver
Me perdi na sedução de olhares zelosos
Diga-me quão mais devo haver na poesia
Do que ser um amador pleno no coração
Guardado na satisfação, com tanta valia
Pois, tenho reservado o cuidado todo seu
Dum toque suave, suplicante de tua mão
Na divisão da recordação do amor meu...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 setembro, 2021, 16’09” – Araguari, MG
TALVEZ
Se no agrado do fado não puder te sentir
E se na prosa não acontecer aquele laço
Aquela emoção afável não mais existir
No amor, no afeto, no calor do abraço
E se não estiver junto aquele doce olhar
Sentir o desejo das magias enamoradas
E dos tão ardentes beijos a nos acalorar
Então, seremos recordações imaculadas
E, que seja breve se não puder me levar
Que leve minha poética na tua sensação
Suspirada da minha emoção, pra lhe dar...
E, se assim não puder, que seja singular
E me leve na nostalgia de o teu coração
Cá te terei na saudade, que quis te amar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 setembro, 2021, 12’47” – Araguari, MG
BENEFÍCIO
Resta-me compactuar com o mando do fado
Aceitar o que fadou pra mim, e então, assim,
Pouco a pouco outra sensação, cá no cerrado
Pois, a história de retornar, a dor é de festim
E, quantas venturas, emoções, num perdido
Da Cidade Maravilhosa silêncios tristonhos
Aperta e chora o peito, de um tempo partido
Pois, em cada saudade há pedaços de sonhos
E o meu poetar vagueia no revés eleito, feito
Vai despregando cada um dos secos espinhos
Deixando o sentimento planeado de bom jeito
Eu rogo a Deus que me permita mais existir
Fui mais, e muito mais tenho nos caminhos
Se passou, passou. Na gratidão quero sorrir...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27/09/2021, 09’55’ – Araguari, MG
A MINHA SAUDADE
A minha saudade tem lembrança tua
Que já não tem a poética como antes
Tem a tristura no peito que não recua
E silêncios tão ruidosos e constantes
Não sei pra onde ir, nem aonde vou
Só sei que dói, corrói o meu coração
Minha emoção, tua sedução roubou
Carregou e me deixou na vã solidão
A minha saudade tem muita saudade
Tem insônia, loucura, é sentimental
A minha saudade ao sossego invade
Saudade, meu aperto, por ser amador
Em um tempo muito, duro e integral
É saudade minha, por ti, ó meu amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27/09/2021, 04’55’ – Araguari, MG
ROTA
Há tanto desejo, há tanta poesia lá fora
E de que serve, ah paixão, tanta riqueza
Se aqui ao meu lado não te possuo agora
E na solidão: distância, aflição e rudeza
Na lembrança a dura saudade do carinho
De grudar-me nos teus beijos molhados
Atar-me ao teu cheiro suave e mansinho
E juntos, em um só suspiro, enamorados
Os dias vão, e vai cada segundo embora
No alvoroço palpitam as emoções vazias
Tudo se arrasta, e a aurora tanto demora
Mas, de que presta essa sensação remota
A incitar o doce afeto com cruéis utopias
Quando o nosso amor está em outra rota
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27/09/2021, 19’27’ – Araguari, MG
ACHACADO DE AMOR
Quisera eu, possuir uma poesia com encanto
Pra carrear minha poética pra onde tu estejas
Adornado de carinho e de surpresas no canto
Só pra celebrar o quão o meu amor te desejas
É poética cheia de sentimento, sede de estar
Portanto saiba, que me tomou por completo
O coração. Eu só tenho vontade de te beijar
E na ternura, querer-te ao lado do meu afeto
Na prosa não mais sei ser um bardo sedutor
Pois, cada verso nos versos só quer lhe falar
Do que sente por não te ter ao lado no amor
Bem sabes, cada penitência, aflita remissão
O querer que brada, e sobrevive a te esperar
Tão achacado de amor, e de saudosa paixão...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/09/2021, 15’53” – Araguari, MG
AMOR HEREGE
Não tive a sorte de um amor parceiro
Me vi em um turbilhão de sensações
Minh’alma não pode tê-lo por inteiro
Amarguei-me entre ferozes decepções
E neste frenesi de emoções, a vontade
Daquele sentimento amigo e contente
Cheio de venturas e aprazível saudade
No olhar que faz juras do eternamente
Não tive. Sou recheado de recordação
E tristuras vazadas da poética a chorar
Numa prosa de fúria, dúvidas e paixão
Piedade, fadado amor herege... fenece
Na ilusão da satisfação que faz sonhar
E a suspirar o amor que não se esquece!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 setembro, 2021, 08’32” – Araguari, MG
A MINHA DOR
O que é isto que rasga meu soneto em sofrência
E de onde está poética que sussurra em alta voz
Versos frios, que tortura, dum amor na ausência
Que me devora por inteiro, num sentimento atroz
Triste sensação, desilusão em riste, rima triste
Há um tormento no peito que sufoca e agiganta
Tudo tão cinza, e uma prosa penosa que insiste
Numa dolorosa poesia que resiste e desencanta
Aonde estão as trovas tão cantadas com alegria
Aquela doce poesia, não o silêncio que me resta
A solidão, pensamento amargo e a paixão vazia
Cadê os versos, aqueles com ventura ao dispor
Com estória e histórias não essas que molesta
Pois cá neste versar penalizado só a minha dor...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 setembro, 2021, 14’25” – Araguari, MG
LUTO
Minha poesia fez-se pesar dum amor ido
Uma dor no sepulcro onde saudade sente
Lembrada, suspirada, sentimento sofrido
Evocado da recordação, mas tão presente
Oh, versar, porque és tu, tão imperador?
Minha prosa vive a sonhar nos desvarios
Dos beijos, dos carinhos do amado amor
Num desejo de inteirar os versos vazios
Estouvada poética, carente de venturas
Não vês que o meu estrago é tão duro
Rasga o coração, e farto de amarguras
Cá fico a olhar e imaginar um atributo
Para então versar a este amor tão puro
Mas, o verso se traja de nostálgico luto!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30 setembro, 2021, 11’08” – Araguari, MG
MINHA POESIA
A minha poesia já não é mais triste
Que chorava as agruras de outrora
Pois no meu verso a ventura existe
E o agrado, mora na estrofe, agora
Cada versar de dor, outro arrojado
Apagando as sensações sangradas
Não mais quero verso abandonado
Que sejam as emoções iluminadas
Em muitas prosas sozinho versei
Numa cena em vão, triste cenário
Porém, outra poética ao verso dei
E deste modo rompe nova fantasia
E todo o amor de antes, necessário
Aqui se encontra na minha poesia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Setembro 30/2021, 13’50” – Araguari, MG
RECOMEÇO
Pensava eu, não mais versejar o amar
E a poesia vazia de tão doce melodia
Pensava eu, a viver com a poética fria
Mas a prosa, ousou novo prazer brotar
Cada verso, agora, o afeto é impresso
Após tantas as sensações fracassadas
Vejo o versar em prosas apaixonadas
É poética de uma paixão eu confesso
Ó poema tão repleto de tanta ternura
Trazendo agrado a quem já foi sofrido
Dum remoto tempo de ilusão e agrura
Que dizer eu, deste canto de sensatez
Que na inspiração adiante tem sentido
Ao enrabichado que ama mais uma vez...
© Luciano Spagnol poeta do cerrado
01, outubro, 2021, 18’00” – Araguari, MG
DEVOLVA-ME
Devolva-me a direção, por favor
Que tu roubaste do meu coração
Preciso me ter, ter o meu dispor
Pois tu deixaste no peito um vão
Devolva-me o que levou do olhar
Arrancando o sentido do encanto
Restando a desilusão a questionar
A sangrar, e a sofrer, tanto, tanto
Dói, pois a quietude foi-se embora
Tudo é ser apenas, por apenas ser
Só há o meu desprazer aqui agora
Devolva-me a meu ardor, faz favor
Já não aquento mais, assim, sofrer
Afligi saber que ainda és um amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 outubro, 2021, 14’30” – Araguari, MG
SONETO VÃO
Poética que passais pela poesia
De amor, porque não vos fixais
Que passais tal a breve fantasia
De um sonho, para nunca mais!
Ou o tal agrado que supor viria
Em um poema luzidio, e iguais
As sonatas com suave melodia
Porque na rima paixão não traz?
É sem sentimento, de dor coberto
Uma inspiração inútil, sem noção
De um pobre coração tão deserto
Sinto sequer o acorde, a emoção
Tudo supérfluo, tudo tão incerto
Estranha prosa de um soneto vão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 outubro, 2021, 18’55” – Araguari, MG