Cerrado
NUME... (soneto)
(8 de março, Dia da Mulher)
Há na mulher um ser de grandeza
que é de luz e de espírito bendito
a tua criação é o divino na natureza
tua prestante alma é todo o infinito
Um mistério de força e de pureza!
Um coração em espasmo erudito
rasga-se em amor de terna firmeza
e de toda geração o melhor escrito
Deus transmite o Teu olhar por ela
cada rebento a vida em harmonia
e a Gênese do afeto em cada abraço
pois, no seio de mulher ou donzela
dela o amparo, patrona companhia!
Nume... que nunca rende ao cansaço.
Poeminha no viver
Meu viver, que és um canto
Que n’alma sempre a nascer
E eu, neste morar vivo tanto
Portanto, tenho a agradecer.
Os anos que vão passando
São de desfolho sem dó
Se turbulentos ou brando
Dão-me ventura, não sou só!
A minha fé, minha confiança
São meus olhos, olhos meus
Tal um flechar de esperança
Como uma benção de Deus!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ECLIPSE (soneto)
Sei de uma saudade, tapera escura
Onde meu coração anda penitente
Memória de uma dor, que perdura
No peito, cheio de suspiro pendente
Ó paixão, só me quer na sepultura
Da solidão, amarrado em corrente
Da agonia, me privando da ternura
De ter-te... me tiranizando a mente
Por que? Bates a porta do querer
Quer me ver sofrer e em prantos
E de sentimento rude e sem valor
Arranca de mim este vazio a prover
Versos toscos e tão sem encantos...
Tal qual a quem... desluziu o amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ÚLTIMOS VERSOS (soneto)
Na poesia luzente, hoje triste e fria
Onde os versos eram para a gente
Na poesia feliz, que ti trovei um dia
Para sonhar, já perece, eternamente
Achei (ia perpetuá-la) à nossa valeria
Intocada a rima de amor contundente
Aquele olhar, sussurrado em melodia
Que nos fez delirar a alma ferozmente
E doravante, chora, a prosa na solidão
Que, outrora, era de convivo tão leve
Agora, cheias de rancor e de embraço
Aquele abraço que escrevia emoção
Que trazia sintonia, e hoje tão breve
Ó inolvidável amor, desatou-se o laço!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/03/2020, 10’57” – Cerrado goiano
Quero mais que o alvorecer,
quero o despertar do amanhecer.
Quero o desabrochar do dia...
acordar em harmonia, com alegria,
quero o agora, a poesia, a emoção.
O amor fazendo razão no meu coração...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17, setembro/2020 - Cerrado goiano
SAUDADE
Saudade – de pela areia fina andando
e a cidade no seu cheiro e no seu cio
Saudade! Dos bares e botecos do Rio
e do samba no pandeiro batucando
Noites de fevereiro, é roda no pavio
o carnaval, sol, e praia no comando
É a vida no agito, calor esquentando
conversa sem hora, e o céu de estio
Saudade – voo cego do sentimento
Sem pouso, com gemidos ao vento
Ai! maravilha entre o mar e a serra
Saudade – Laranjeiras do bardo
Coelho Netto, onde aqui guardo
parte de mim, ah! carioca terra! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 de outubro, 2020 – Triângulo Mineiro
Emendo
[...]foi a dúvida que guilhotinou
Os sonhos. Os fez sem aparato
E se estão gastos, aqui estou
Visível no evidente anonimato
Desenhei quimeras com giz
Sem tronco, cabeça e braços
Colhi amor que ninguém quiz
Pra emendar os meus pedaços...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano - 2017, julho
Se não semear, não nasce
Se não cativar, não há enlace
Se não amar, não regar... perece!
Assim o amigo, afeto em prece
No rosário do viver... Aí acontece!
Feliz dia do AMIGO!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 20/06/2021
PÁGINA ÍNTIMA
Meus poemas tão cheios de ilusão... os perdi
os deixei de cantar, mansos, estão no destino
apertando a sensação, tão solitários, os dilui
lastimando ou rindo no meu poético destino
Era boa canção de um coração de um menino
singelos versos, e que não feria, se então sofri
feliz fui, muito adquiri no trançado do figurino
pois não sabendo, entretanto, que iniciava ali
Aí, cada pranto, cada sorriso, cada um norte
e a sorte, a quimera, a inspiração, ora brando
ora forte, mas sempre com o sonhador porte
Ó página íntima, tão cheia de ilusão querida
Da lembrança, saudade, a lágrima chorando
Sigo eu em outros poemas, à minha vida! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 25/07/2021, 15’55”
ARDOR DE AMOR
Me dizes que dá sorte eu tenho
Uma dita para assim ocupar-te.
Quero ter-te, saibas por amar-te
Nesta poesia claramente venho
Tempos, no agrado me empenho
Sempre desejando poética dar-te
Em gestos, num todo não parte
Pois, é amor na razão que tenho
Tentei no soneto ser um bardo
Encher-te de poesia e contento
E no teu aplauso ser o felizardo
Na prosa, busquei ter um talento
Catando o verso, mais puro e alto
E, aqui te dou e com ele te exalto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/07/2021, 19’24” - Araguari, MG
MARAVILHOSO
Estás evidente em tudo quanto é inusitado
Em tudo quanto o retorcido é imprevisto
No chão cascalhado, diverso, a olho visto
No espanto de um encanto transformado
Primavera, Outono, o teu céu iluminado
Suspiro, respiro, e neste fascínio misto
De surpresa, sedução, aparato, sim, isto
Tua pluralidade. Ora secura ora molhado
A lua argêntea em um horizonte extenso
O entardecer rubro, o esplendor intenso
Desenha cada parte do cerrado, jeitoso!
A vastidão fazendo dele uma imensidade
Tuas flores, teu sertão numa só liberdade
Quem cá vem, também, te vê maravilhoso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 31/07/2021, 09’31”
PRA ADOÇAR...
Galanteios a escolher eu tive. E, todavia
elegi os sem sorte, oficio dum azarento
triste, talvez, sem sedução, sem poesia
e pelo destino me achei sem ter assento
Um lindo canto de encanto e fantasia
amores vão cantando, com sentimento
canção do coração... cheias de intento
harmonia. Olhares, e, eu largado sentia
Suspiros e as noites sem o calmo freio
a toda minha sede, a todo sonho meu
notando outro lábio e outro noutro seio
Hoje sem! E o amor em sua sobrecarga
nesta hora, busco a poética do meu eu
pra adoçar a sensação da vida amarga!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 31/07/2021, 18’47”
EMPRAZAR
Na minha poesia eu te citei, bendita
Dita. Em ti falei dos amores e de ilusão
Das dores e duma certa estorva ferida
Outras emoções e as afeições em vão
E vejo, agora, ao envelhecer da vida
Que sentimentos nos encontros serão
Espinhos e flores, na mesma medida
Pois, o destino são sementes ao chão
Brotarão ou não, depende do fraterno
De se ser amigo, de a alma enamorada
Sem as promessas do agrado eterno...
Em troca, cada minúcia é ter contigo
A vivida canção à sensação dedicada...
No detalhe, amor e paixão, bendigo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/08/2021, 06’58” – Araguari, MG
ALVOR DE SAUDADE ...
A noite se vai e vem o dia regressando
Com seu manto cintilante do rebento
Todo suspiro passado vou lembrando
Aperta o peito, a vontade, sem alento
Solevo o olhar pro horizonte olhando
Encontro o sol, grandioso e tão atento
Que no alvorecer ele vai no comando
Causando agrura no meu sentimento
Ó estrela reluzente, guia, tem piedade
Leva toda está minha bruta ansiedade
No teu mando, me faça assim, alegrar
Envia o teu esplendor a tua claridade
Pra essa tristura na alma, de saudade
Deste amor que não deixei de amar!...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/03/2021, 08’39” – Araguari, MG
O AMOR (soneto)
O sentimento é uma formosa safira
Rútila, que o prazer do sentir enseja
Onde a emoção a companhia deseja
E no coração, aceso, flamejante pira
Tal harmônica lira, na poesia suspira
O abraço cativa, com o olhar se beija
E na amizade, ele, o afeto, assim seja!
É ardor com mimo que n’alma delira
É sempre magia e também é donário
Aquele singular poema no seu diário
Ternura e sedosa flor, enredado voo
Na companhia obrigatório alicerce
Onde no caule do bem ele floresce
Só quem tem, quem um dia amou!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/08/2020, 20’01” – Triângulo Mineiro
SONETO (amor)
Se eu fosse o amor, a eternidade eu seria
Um daqueles tempos de romance de outrora
Aos desencontros eu nunca chegaria
E dos minutos eu faria mais que a hora
O melhor da paixão está na quimera
Do olhar que é desviado e que olhou
Dos beijos dados (ah, quem me dera!)
Eu seria o amor infinito, que não passou
Eu seria esse amor literário
Cheio de novela, nunca solitário
Que todos espera sempre no coração
Numa esperança sempre desejada
Que no querer é promessa renovada
Com pitada de cumplicidade e ilusão
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2020, 12’12” – Araguari, MG
paráfrase autor desconhecido
Flor amarela...
A uva passa, a rosa murcha, o retrato amassa, o vidro quebra, o papel queima, e a flor amarela, sempre viva... viva ela!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Junho de 2020, Triângulo Mineiro
Sertão da Farinha Podre.
ESPERAR
Não mais te darei o canto do amor tanto
E nem tão pouco a sensação por te amar
Siga-te no teu canto, quieto, e, portanto,
Permita-me idear na poética, e devanear...
Não mais te darei aquele desejo, encanto
Nem acalanto. Pois, a mim torou-se pesar
Fique aí, por aí... no teu qualquer recanto
Onde os versos não possam te encontrar...
Desejo-te mais e mais, e estar, bem mais
Pois cá, o meu coração tá cheio de canção
Esperar? Minh’alma saiu da beira do cais...
Largais o tempo, se foi, agora outra razão
As rosas marcadas de paixão, aquelas tais
Não mais. Te amar, somente na inspiração...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/09/2021, 19’45” – Araguari, MG
SONETO VICIOSO
Horas pequenas de o meu poetar
Eu nunca senti quando vos tinha
Que amargurasse a poesia minha
Em tormento e nostalgia de amar
Pensamentos ao vento, a cutucar
Versos soltos, a rima tão sozinha
Soluços nos sonetos, pobrezinha
Sensação, que o peito põe a trovar
Poética de amor, emoções acontece
Escoa no papel saudade alva e pura
Do dantes, insiste e não se esquece
Estranha inspiração, tão desventura
Por um amor, que no amor desfalece
Viciando o coração em dura candura...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 setembro, 2021, 18’47” – Araguari, MG
S’ERRA
S’erra meu soneto, em rimar-vos tanto
Em verso tenso e saudoso, em vos ver
S’erra a poética inquieta, em não haver
E te ter ao lado, faz-lhe ceder ao pranto
S’erra o poeta, na lira dar-te em canto
Pra vós, e na inspiração mais escrever
S’erra cada verso, em assim te conter
É vazio, solidão, a prosa sem encanto
S’erra compor o longevo, sem apesar
De tantas vezes no engano, enganado
Faz desta ilusão sentimentos divididos
S’erra o lhano verso ao amor versejar
Que das promessas são votos cridos
Nestes erros, errar! qual o culpado? ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2021, setembro, 11, 10’01” – Araguari, MG
Ferreirando