Cerrado
A interpretação vai de acordo com seus princípios, cada qual lê o que a sua verdade vê e a sua razão acredita. Afinal, tudo é aquilo que lhe convêm: Ser Humano.
(poeta do cerrado)
VANITAS
Só, em silêncio, a inspiração tímida e fria
Poeta... A prosa sai tremulante e inquieta
Rascunhando a estrofe em uma linha reta
De ilusão secreta, dor e suspiro em agonia
Febril, sua o devaneio, amotina a euforia
Bravia a alma grita, palpita, e então espeta
O nada, por fim, quer ser qual um profeta
Iluminado, falante e de alucinada idolatria
Poeto... cheio da minha imaginação cheia
Nascente do meu mais abismo profundo
E desagregada das paredes da teimosia...
Farto, agora posso descansar a cavalaria:
As mãos nervosas e o coração moribundo.
Arranquei-ti-ei pra vida, vivas tu ó poesia!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
GARIROBA
Folhas, entre os ventos, em lufada uivante
De um agudo murmurante de uma ladainha
Sacerdotisa em reza, imponente e rutilante
Do cerrado, amarguenta, a palmeira rainha
Rezas sobre os pequis, de sabor vibrante
Sobre o sertão, e o no regional da cozinha
E, degustada, pasma a delicia suplicante
No fogão de lenha, a branca senhorinha
Amarga, em um holocausto de sabores
Amores e ódio, dura a satisfação bravia
Para as várias receitas, que a acolhê-las
E invade, como anfitriã, nos seus olores
E a principal soberana do prato do dia...
No Goiás, gariroba, primeira das estrelas!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
À MINHA MÃE
Sei que a saudade, mãe! é bastante...
A esta, que não estou mais a teu lado
O aperto no peito, sentir, é constante
Vazio em vazio, um coração repicado
Aflição! Recordação! a cada instante
Ter... Volver, é um perceber replicado
De lembrança, no suspiro soluçaste
De ti, a falta, do teu amor tão amado
Minha mãe! Minha mãe! só saudade!
Estou com saudade! Cá lamentando
Passo a passo, a mais dura realidade
E aqui nestes versos tão maltrapilho
Minhas mãos, trêmulas, chorando
Lacrimejam saudades de teu filho...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
RESPOSTAS NO AMOR
Amo... vejo envasado em nobre sentimento
Todo o meu ser em fulgor, a alma em união
Contempla-me a glória, inteireza na emoção
Ame! - E deixe o mal com o seu sofrimento!
Sofro... quando me encontro em desilusão
De espinhos, arranhão, então fique atento
O desdém que humilha, não há argumento
Pois, o contento, se deixa levar pela paixão
Se tem irrisão, perdoe, o perdão é prece
Árduo é o caminho, e perverso a injúria
E ter um bom alívio é o que se esquece
Amor... amar... amo, trova dum profeta
Ao coração enriquece, sem ser luxúria
A eterna inspiração do ser, de ser poeta!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO EM MARCHA
O tempo lá se vai, em debandada
Por um tropel veloz e, tão diverso
Os segundos no minuto submerso
E a hora em tanta década passada
E no que parece um conto de fada
O destino, tão acirrado e perverso
Com o seu bronco verso e reverso
Avança... com a inexorável jornada
Sobra a saudade, de um momento
Aquele que é o hercúleo ao poeta
A quimera, lembrança, o contento
Mas dentre tantas, varia é a meta
No amor, e o amor um juramento
Versando vida, e o saber profeta...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 03, de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ASSOMBRAÇÃO
Tenho uma solidão, tapera sombria
Assombrada, de sonhos penitentes
Onde anda a ilusão tristonha e fria
Na saudade, poetando os ausentes
E no vazio, a alma sem doce poesia
Tal paz duma sepultura, os poentes
Sois, num entardecer de melancolia
Tatalam as mãos, olhar e os dentes
No silêncio o ranger da imaginação
Pelos cantos os vultos em prantos
Das lembranças, tal qual fiel serva
Que invadem as órbitas da emoção
Soturnos fantasmas e, quebrantos
Segregando o espírito na tênia treva
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
OUVIR POESIA
Ora (direis) ouvir poesias! Exato,
Loucura! E vos direi, no entanto,
Que, da alegria ou de um pranto
Está lá, falante, no seu abstrato
E dialogamos vário, sem espanto
Porquanto, eu e ela um só retrato
Cintilante. Cheio de enigma e fato
Porém, em cada estrofe o encanto
Direis agora: tresloucado caro!
Que falas com poesia? Que razão
Tem o que indaga, neste amparo?
Aí vos direi: - amai pra entendê-las
Pois só quem ama pode ter emoção
E assim tagarelar-lhe sob as estrelas...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
08/11/2018, 05’30”
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
CONTRIÇÃO (soneto)
Às vezes, uma saudade me silencia
Nesta solidão e um vazio que ando.
Sofro e cismo, no cerrado, quando
As lembranças do mar são teimosia
Dores e saudades sufoquei calando
Desespera!... uma explosão, todavia
Ah! Como eu quisera, uma outra via
Porém, sorte, é fator não um mando
Percebo que naufraguei na solitude
Revolto, neste princípio de velhice
Choro e rio, brado, farsa ou atitude
As venturas que não tive por asnice
Meu remorso, o que viver não pude
E os amores, o amor que não disse!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, novembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
A MOCIDADE
A mocidade é tal qual a flor do ipê
Vigorosa, e na secura resplandece
Tudo pode, é formosa, sonha e crê
E suas inquietudes não lhe apetece
É a idade da beleza a sua mercê:
O presente não lhe traz estresse
E o futuro pouco ou de nada vê
O que lhe importa é a tua messe
Ousada, domina e brilha ao vento
Na desventura tem nenhum receio
Pois, é facilmente o esquecimento
Porém, o senhor tempo, tão voraz
Qual a flor do ipê, de frágil esteio
Cai ao chão, de um destino fugaz
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
QUEIRA
Olha-me! O teu amor sincero, venerando
Entra-me o peito, como uma doce razão
De brando e suave, sentimento, entrando
No meu viver, fazendo laços no coração
Fale-me! Só de amor e de amor, quando
Falas, deixando cálidos tino na emoção
E aos toques, carícias, no tocar radiando
O bem nobre que só traz pródiga afeição
Olhe-me! Fale-me então! Multiplicando
Sempre, sempre com ternura galanteia
Agora, agora com o cuidado que cintila
E enquanto me flamejas de ti, forjando
Em seu fulgor, o sabor da carícia cheia
Queira! o cortês amor que d’alma destila
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
NO TEMPO
Sou o eu que marcha, que andeja
Princípio, sou fim, poesia agarrida
Levo o plural: a tristura e a peleja
As vaidades, e os alardes da vida
O tempo passa, repassa, ou seja
Corre, e nesta ventura, a medida
Pra cada hora: a fé, assim esteja
Os anos no muito na sua torcida
Vou levando acertos e os danos
Vou levando o tudo e o instante
O amanhã a extensão dos anos
Ninguém pode evitar o talvez
Assim, que tudo seja vibrante
E o amor, o primordial da vez!!!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ANDOU
Como quisesse alegre ser, deixando
O queixume rotativo, zunindo a hora
O tédio, ao bafejo sequioso da aurora
Do cerrado, dentro de ti, comandando
Estranho querer, no peito te cortando:
Melancolia, silêncio, a paz indo a fora
Que te cala, maltrata e também chora
E chora... saudades então recordando
E logo, uma imaginação, compungida
Te perseguindo, surge como senhora
Dos teus sonhos, torturando a razão
Assim queixosa minha alma perdida
Andei largo instante, sem ir embora
E agora, o tempo antigo, é oposição!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11, novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
VERSOS TATUADOS
Corpo do soneto, em versos tatuados
A poesia em delírio, e a mão a poetar
Impulso que pulsa, sonhos sonhados
E vida, em cada estrofe o vário estar:
Do beijo, do laço, desejos desejados
A fé ao nosso lado ajoelhada no altar
Ah! e o amor nos corações acordados
Em perfumes que nos fazem embalar
A inspiração: - messe e dádiva, tributo
Pra alma, semeando e colhendo fruto
Hóstia da ideia em purgação. Pensar!
E assim, saudades: - dolorosa rama
Que pelos versos, chora e derrama:
Quimeras e sorte, na pele a versejar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, novembro
Cerrado goiano
UMA ROSA
Uma rosa é uma rosa
De uma beleza caprichosa
De um perfume em prosa
É comunhão, é jóia preciosa
Uma rosa faz sedução
Em ramalhete e ou botão
É fecho para o coração
Dengosa, alicia a emoção
Tão fugaz em sua real vida
A rosa flor se faz em despedida
Majestosa, torna-se flor despida
Uma rosa sempre uma rosa. Garrida!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2014, fevereiro
Cerrado goiano
E o ano assim termina,
outra vez, afoito, que a vida promove.
É o tempo em sua sina.
Que seja então, e do bem se prove...
O novo floresce, o velho declina.
Vai-se 2018, vem-se 2019!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
28 de dezembro, 2018
IMMAGINAZIONE
Eu queria uma sumarenta poesia
Que as rimas dessem paladar e analogia
Aos aromas do fruto maduro do amor
Onde todos degustassem com prazer e sabor
O universo do vário gosto de cada verso
Do poema, carcomendo sentimento diverso
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2016
Cerrado goiano
O dia é como bolha de sabão, linda majestosa colorida, se não apreciar com celeridade, estoura... E já passou!
Luciano Spagnol
poeta do cerrado
cerrado goiano
segundos, dias, anos... estórias, histórias...
O tempo redigindo a vida, a vida memórias;
labuta, conquistas e danos
e assim, oratórias e planos
É ser agradecido, sonhador, forte nos desenganos;
frágil, humano... Ser verso, poesia.
Ter Deus na tristeza e na alegria.
buscar harmonia...
humor!
Um novo itinerário, mais um aniversário!
Embrulhado com amor...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
27 de fevereiro.
SÓ
Eu, que o destino pândego impeliu à vida
Moldando- me com forjas de imprecação
Este que de má sorte na criação, nascida
Apenas para ao peito dar dor ao coração...
De flagelo em flagelo tem a poesia ferida
Sem fidelidade no caminho, outra direção
Sangra, rasga, na tranquilidade retorcida
Dos acasos servidos, os sons da solidão
Silêncio nas madrugadas, noites de luto!
Dias embatucados, me vejo em desalinho
Alma acabrunhada, de triste e vago olhar;
E, no horizonte do cerrado árido e bruto
E, talvez há de estar, no sempre: sozinho!
Sem o amor, sem tu, a chorar, a suspirar...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
09/04/2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando