Cerrado
QUEM SOMOS
Quem somos? Poeira
Despidos
Singelos hora primeira
No equilíbrio divididos
No querer o poder
Revestidos
De variedade no viver
Da semelhança providos
Porém,
No ir além, a nós permitidos
O mal e o bem
Façam as escolhas!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano
A SOMBRA DUM PEQUIZEIRO
Fugi da sequidão
do mormaço, do calor grosseiro
busquei, na beira do ricão
a sombra de um pequizeiro
O fumo no céu embaçado
ar poeirado, era paragem
e na imensidão do cerrado
o horizonte, uma miragem...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano
VOZ DO SILÊNCIO
O silêncio brada vazios inconfessos
Num linguajar da emoção em espera
Desatados da tribulação tão megera
Tecendo sensos selvosos e travessos
No silêncio escoa solidão em esfera
Soprando suspiros turvos e espessos
Dos enganos emudecidos e avessos
Do tormento, ásperos, tal uma tapera
É no silêncio que se traga a memória
Desfolhados das sílabas da estória
Do tempo, despertando os momentos
Tal o vento, o silêncio é uma oratória
Que verborreia o pensar em trajetória
Nos lábios lânguidos, frios e sedentos
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro de 2017
Cerrado goiano
NOITE
Cai a noite no planalto
Vinda de lugar algum
Estrelas lá no alto
O anoitecer no dejejum
De um quarto vazio
Além da janela, a cidade
Brasília, num luzidio
A magia é divindade
Ruas desertas, silêncio vadio
O dia foi embora, majestade
Sentado num canto, já é tardio
Cai a noite na cidade!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro de 2017
Brasília
A PRIMAVERA
Dentre todas, eu novamente
Aqui num novo ciclo a brotar
Sou a reflora, oh minha gente!
A todo canto, acabo de chegar
Cheguei! Vim toda contente
Perfumada, colorida, doce ar
Se aconchegue e se assente
Sou fascinação em todo lugar
De todas a mais bela. Ingente!
Repleta de feitiço a figurar
Que da sedução sou regente
E no amor o remate pra amar
Venham todos, todos venham
Sou a estação para encantar
Sou poesia. E que todos tenham
Magia, eu a primavera a celebrar!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro de 2017
Brasília
SOMOS TODOS IGUAIS
Iguais somos todos
Na alegria, no choro
Medos e nos denodos
Pela vida, com ou sem decoro
Nos inícios e nos finais
Na mudez e no coro
Somos todos iguais...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
07 de outubro, 2017
Cerrado goiano
PASSARINHO
O passarinho, pelo céu, passa
Entre galhos, voo, mansinho
Desliza toda a sua graça
És livre no seu livre caminho
Na secura do cerrado, reaça
Entre tortos galhos, seu ninho
Num canto de encanto, bocaça
Aveludando a aridez num alinho
Lá, cá, acolá, na frente, na regaça
Em bando, passarinho, sozinho
És leve, garrido, como a cassa
Em galhos macios ou de espinho
Voa deslizante, de braça em braça
No campo, praça, qualquer cantinho
O passarinho, bom prol nos faça!
Ás, lento, alto ou baixinho, passarinho...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
28 novembro, 00’25” – 2017
Cerrado goiano
Há vida vivente e tem quem se ausente
Há olhar carente e tem quem não importa
Há afeto latente e tem quem não sente
Existe na loucura de ser gente... Horta
de insanidade
Neste silencioso desdém, cerrada é a porta,
a humanidade
A valia está muito além do poder
Pois até mesmo a razão é vaidade
Surdo são os ruídos mudos dum gemer
Num egoísmo posto no altar
Cambiando o amor pelo ter...
Sem ter amor para cambiar!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
SONETO DA PERDA
Nuca eu quisera desejado tal saber
Dizer com a dor um adeus querido
Erigindo com o dano choro balido
Fugindo com a harmonia do viver
Dó é arrancada do pesar instituído
Saudade deplorada de não mais ter
Que somente lembranças há de ver
E lágrimas no suspiro do vil contido
Some, e põe o amor tão triste... Ser
Sorriso suspenso, prazer em gemido
E a noite tão distante do amanhecer
Nunca ninguém pela perda ter podido
Dói tanto, tão dolorido, a permanecer
Que no sentido, o desalento é definido
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
SONETO NUMA SÓ DIREÇÃO
Tudo é ligeiro, fulgaz e pura ilusão
Do pó, e para o pó, somos nada
Mal desperta a quimera sonhada
Vem logo a sorte na contramão
O tempo nos engana, só fachada
Então, ter vaidade, é mundo vão
Primavera florada, inverno, verão
Outono de folhas ao vento levada
O que as mãos remam, passaram
A emoção faz do coração morada
Nesta trilha de dúvidas, vastidão
Porém, o amor, ah! Este é jangada
De velas içadas, numa só direção
Levando a alma, numa só toada
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
O POETA
O poeta
É um mago ator
Tira de sua maleta
Trilhas de dor e amor
Encenando com a caneta
Atos com cheiro e sabor
Da criação
Para o ledor,
espectador...
Assim, nesta atuação
Dum eterno amador
Desfia fantasia da imaginação...
Em cenas, como autor.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
MÁSCARA DE CARNAVAL
Máscara de Carnaval...
És da folia aguerrida,
não és fingida...
Pulsa, faz-se gente,
brilha, não mente,
da alvorada ao poente...
Na quimera presente.
Afinal,
é CARNAVAL...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2018 fevereiro
Cerrado goiano
SILÊNCIO EM SILÊNCIO
Do que valeu
a noite, se rasgando na madrugada
onde se perdeu
na fronte da poesia imaculada
ativando a quimera do cerrado
numa fronha pisoteada
de um leito calado
duelando num ritual sem cerimônia
do poetar e o fado cansado.
Se só restou apenas a insônia.
O vento mudo,
em troca, tagarelava
totalmente sem conteúdo
com o sono, e assim falava
de sonho sanhudo
fados inconfessos
silêncio em silêncio, rudo.
“Se somente sou quando em versos.”
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2018, 3’05”
Cerrado goiano
Paráfrase Thiago de Mello
Até Logo!
Despediu. Assim onde outras coisas
estão,
poisas.
O céu tranquilo, silêncio, imensidão.
Num caminho sonoro,
de toadas e paisagens
vai-se em coro,
outras miragens...
O maestro de batuta na mão
regendo o espírito.
Ovação!
Saudade assim é escrito.
É fração do infinito!
Amanhece triste o cerrado erudito…
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
26 de abril de 2018
despedida ao primo Guilherme Vaz,
compositor, músico, maestro.
Vaso Chinês
Porcelana frágil, bordado ao acaso
Com um tal dragão nele cunhado
Em perfumado luzidio dourado.
Delicada forma, reflexo Parnaso.
Vaso chinês, arte, audaz talvez,
guerreiro, porém, alma de vaso.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Maio de 2018
Cerrado goiano
Bora tomar café e enfrentar o fado com fé!
Bora, ser feliz!
Aprendiz.
Afinal, doutrinar é dia a dia.
Então, Paz e Bem, harmonia,
e também amor sem tirania.
Pois assim, damos asas à fantasia
e a vida, rimada poesia...
BOM DIA!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
O amor é a paixão metamorfoseada em letra, poesia, e canção... Em um único ato...
© Luciano Spagnol
Poeta do Cerrado
Cerrado goiano
BANGALÔ
De canto a canto, a poesia
poetando,
se isolando, fazendo a travessia...
do fado...
E neste poético bistrô
o cerrado
e um bangalô
de moradia.
Conquistando sentido, sempre de partida.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
ABACAXI
Espinhada coroa
Casca grossa, fonte tupi
De versos tão atoa
Um poema, um abacaxi!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Vaso na janela
Ela uma janela
Ele um vaso
Dê uma espiadela
Não tenha descaso
E nesta aguarela...
A janela e o vaso.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano