Cerrado
E que venha as flores,
Tenha dias com valores,
No coração essência...
À primavera reverência,
mais cores... Que seja
SETEMBRO, coerência
na razão, nos fazendo
sonhar que com dispor,
se pode acreditar, num
Deus que é vida, amor...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
31 de agosto, 2018
Cerrado goiano
ROGO E PRECES
Não és ideal, nem és pechoso, és um poeta...
Vives na inconstância em rogo e em preces,
Como se em febre na inspiração tivesses
O suplício do impecável na receita certa.
Roto, no silêncio como na solidão padeces;
Oscilas entre a realidade e a alma secreta,
Num vórtice desatinado de curva e de reta,
Entre as expectativas e os desinteresses.
Capaz de lágrimas e sorrisos simulados,
Não ficas com a variedade satisfeito,
Nem te culpas, infeliz, dos fustigados.
E no aplauso do perfeito que te devora,
Mora na tua inspiração o pouco feito
Um farto que ruge e um vazio que chora.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15 de setembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Porque hoje é domingo
Traga fé ao seu coração
E não a sorte num bingo
Exercite-se numa oração
O bem não é longínquo
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2016, julho
Cerrado goiano
DA PAIXÃO
Da paixão não tive o encanto
O cochicho ao pé do ouvido
Segredando segredos tanto
Tão precisos e tão devido
Minha vida foi de traço só
De uma solidão rodeada
Não posso dizer pra ter dó
Fiz da ventura uma estrada
E neste galgar por galgar
Nunca fingi, nem falsei
Com emoção ensaiei amar
Se não tive sorte, tentei
Sobeja vida, sem desfecho
De pouca oferecida flor
Porém, de sinuoso trecho
E do vário acaso, um editor
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18/11/2015, 13’13”
Cerrado goiano
Espera
Oh! Estrela solitária
Na noite de solidão
Por que o teu silêncio fala
Se silente está o coração...
A poesia na inação se cala
Vazia está na inspiração
Não brada nada!
Deixe quieta a emoção
Vou deitar a saudade
No colo da afeição
Sem nenhum alarde
Sem noção e razão
Irei sonhar banalidade
Assim, na espera, nada em vão!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
12/07/2015
Cerrado goiano
Ainda que haja noite no sentimento, vale a pena esperar o amanhecer no coração...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Se a Lua uiva na sua noite, silencie para que o Sol possa amanhecer...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Soneto da Dor Doída
Nas asas da saudade partiste
Fostes como brisa ao vento
Minha alma ao relento triste
Poeta uma porção de lamento
Na solidão um quarto vazio
Que ainda caminha teu cheiro
Nas lembranças apenas frio
De um chamado ainda inteiro
Contigo levaste parte de mim
Em mim um todo de vós ficaste
Levarei impregnado até o fim
E neste teu momento de partida
Suspiros, foste ao coração engaste
Agora choro eu, por esta dor doída.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
19 de Julho 2015
Cerrado goiano
ao meu pai.
Lhe trago saudação.
Nesta data de comemoração:
- da vida, de gratidão, de afeto.
Que seu dia seja repleto:
- de amor, afagos, festividade...
Toda a felicidade!
E que tenhas saúde no novo itinerário.
Feliz aniversário!
VAI E VEM
O fado é um vai e vem
nem sempre tão livre assim
a sorte, no ter, vai além
porém, a fé está em mim
E assim, caminha a vida
cada dia o seu destino
o tempo a quimera parida
a gratidão no sol matutino.
Pois estamos de partida...
Já os sonhos tão sonhados
metamorfoseiam num segundo
se nos espinhos são arranhados
nada é pra sempre neste mundo.
Pois cada segundo, emaranhados
de querer, ser, desejar: tão fecundo...
Às vezes bem
Às vezes mal
Vai e vem...
Tudo igual
dó-re-me
Habitue-se!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
31/07/2018, 05’30”
Cerrado goiano
DESQUALIFICADO
Eu sou apenas um alvoroço
Ilusão que vai, ilusão que vem
Barco sem rumo, fé no fosso
Vão no coração, sou ninguém
Nunca serei nada, um esboço
Do crédito pouco sei ir além
Os sonhos sem sal, insosso
Da janela, o destino, vaivém
E neste propósito sem nada
Sou vencido na encruzilhada
Porém, tentei, e não fui também
Falhei em tudo, levei bofetada
Do tempo. E nesta varia parada
Me resta, só o que me convém...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
01 de agosto, 2018
Cerrado goiano
SONETO NUMA SÓ DIREÇÃO
Tudo é ligeiro, fulgaz e pura ilusão
Do pó, e para o pó, somos nada
Mal desperta a quimera sonhada
Vem logo a sorte na contramão
O tempo nos engana, só fachada
Então, ter vaidade, é mundo vão
Primavera florada, inverno, verão
Outono de folhas ao vento levada
O que as mãos remam, passaram
A emoção faz do coração morada
Nesta trilha de dúvidas, vastidão
Porém, o amor, ah! Este é jangada
De velas içadas, numa só direção
Levando a alma, numa só toada
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
O POETA
O poeta
É um mago ator
Tira de sua maleta
Trilhas de dor e amor
Encenando com a caneta
Atos com cheiro e sabor
Da criação
Para o ledor,
espectador...
Assim, nesta atuação
Dum eterno amador
Desfia fantasia da imaginação...
Em cenas, como autor.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
MÁSCARA DE CARNAVAL
Máscara de Carnaval...
És da folia aguerrida,
não és fingida...
Pulsa, faz-se gente,
brilha, não mente,
da alvorada ao poente...
Na quimera presente.
Afinal,
é CARNAVAL...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2018 fevereiro
Cerrado goiano
SILÊNCIO EM SILÊNCIO
Do que valeu
a noite, se rasgando na madrugada
onde se perdeu
na fronte da poesia imaculada
ativando a quimera do cerrado
numa fronha pisoteada
de um leito calado
duelando num ritual sem cerimônia
do poetar e o fado cansado.
Se só restou apenas a insônia.
O vento mudo,
em troca, tagarelava
totalmente sem conteúdo
com o sono, e assim falava
de sonho sanhudo
fados inconfessos
silêncio em silêncio, rudo.
“Se somente sou quando em versos.”
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2018, 3’05”
Cerrado goiano
Paráfrase Thiago de Mello
"Amor, não é somente um vocábulo. É gramática.
É a oração de um olhar grifado no retábulo do coração."
que trova há de trovar o desamor?
é cru na crueldade, dor com rancor
é debruçar sobre o merecer
sem ver e sem querer ter
amor é aliança
é esperança
é razão
é sangrar-se em gratidão...
Amor... Amor... Amor...
Chamo-te sem dor... Nada a interpor
Com emoção... paciência... paixão
Transcendendo a razão
Que seja eleito...
Escolhido, repartido, perfeito
Maiúsculo na dimensão
na manifestação...
Minúsculo na contramão
Desejado, esperado, clamado
Onde sempre estarei...
De prontidão ou adormecido
ali ficarei padecido
no torpor de sua existência
anestesiado pela permanência
De coração desprotegido
garrido... Serei alvo perdido
Se ferido que não seja sofrido
apenas compreendido...
De opinião... Tom maior... Valor
Chamo-te... Amor... Amor... Amor
Luciano Spagnol
Rio, 24/2010, Agosto
5’06”
Trovador
Da poesia nasce ilusão
É magia da inspiração
Pulsar da alma em comunhão
Com o poetar em segredos
Narrando dos fados enredos
Em feitiço dos dedos
Desenhando fantasia
De sentimentos de dor e alegria
Do poeta, em sua romaria
De letras indiscretas
E iluminações secretas
Destes eternos profetas
Da rima, do amor, da emoção
Que metrificam a paixão
Em compartimentos do coração...
Trovadores da imaginação.
Luciano Spagnol
07/12/2014, 20’17”
Cerrado goiano
Quantidade
Na busca de ser vários
e vários serem poucos
poucos vários são raros
e muitos são loucos
sou um desses caros
nos cascalhados cavoucos
do tempo, cheio de reparos
tampouco,
serei dos solitários
ou sequer um mouco
no amor
sou operário
aos vários de poucos
de ser trovador
Luciano Spagnol
19 de maio, 2016
Cerrado goiano