Cerrado

Cerca de 4451 frases e pensamentos: Cerrado

poeminha para as flores

flor são flores
são primavera
de todas as cores
haste da quimera
poetam os amores
amores à venera
as flores tão belas!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Maio, 2016
Cerrado goiano

POEMA EM SILÊNCIO (soneto)

Meu verso está amordaçado
As palavras dentro da vidraça
Represadas e tão sem graça
Estou calado, o poetar calado

Inspiração diluída na fumaça
O vazio estridente e arestado
Ácido em um limo agargalado
Inebriando tal qual cachaça

Meu pensamento está suado
Ofertado como fel numa taça
E na solidão, então, enjaulado

O poema em silêncio, bagaça
Oh! Túrgido sossego enfado
Diz nada, só tira a mordaça...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Ao mestre com carinho

Este Ser do livro, do saber, do ensinar
Que as nossas primeiras letras vêm formatar
É sábio que divide o que possui
Ao aprendizado contribui
Com amor, dedicação, coração
Sacerdote da verdade, abnegação
Ao pupilo a passagem da experiência
Os degraus da filosofia
As palavras, a escrita, a poesia
Do tempo, dos valores, da graduação
Obstinação incontida
Existência dividida
Com todos repartida
Que em nossa vida traz luz
Em nossa alma... “De truz”

Aqui todo o nosso louvor
Ao amigo, companheiro, professor!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15/10/2010, 6’00”
Rio de Janeiro, RJ

VOCÊ CRÊ (soneto)

Quando nos vemos nos olhos que não vê
A incerteza nos traz o desespero, solidão
Temos um bem maior que é a consagração
Tudo pode naquele que fortalece, você crê?

Acredito no amor paternal, na Trindade:
O Pai, o Filho e o Espírito Santo, amém!
Pois Ele venceu a morte, e o mau também
Acredito no verbo eterno, a única verdade

Ele veio e anunciou trazendo a vida nova
Acredito! Pois o seu amor no amor renova
E em sua compaixão, nos ama com paixão

Que a fé nossa de cada dia seja a prova
Do perdão que se clama em hino e trova
Eu acredito na Cruz de Cristo, a salvação!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

novembro

a nuvem de chuva está prenha
a lua na noite longa enche de luz
novembro, aos ventos, ordenha
amareladas folhas que nos seduz

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
novembro de 2016
Cerrado goiano

SONETO NA LAMA (Mariana, MG)

Basta! A quem assistiu o insuportável
O funeral de teus sonhos, tua quimera
Enlamear-se na lama sem que quisera
E em suas vidas, unidas, inseparável

Como acostumar ao lodo que espera?
Moldar-se no barro de jarrete miserável
Deitar-se na insônia, sentir o inevitável
Da mendicância, impune, e de espera

É véspera do escarro. Vês! O inaceitável
Total necessidade também de ser fera
Nas mãos dos que afagam o insaciável

Rio Doce, azeda lama, e sem primavera
Indecência dum indecente confortável...
Sou Minas Gerais, somos, gente sincera!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

AMOR QUASE SIDO (soneto)

Amores vem, vividos, amores vão
Na poesia voam e, na alma fundido
No tempo, o que é, e foi permitido
Nas palavras, dissertando o coração

Ama eu, ama tu, ele, ela, repartido
Lágrima, sorrido, a dura decepção
E num sempre porque, indagação
Nuns ficamos, outros nos é partido

Mas sempre desejado, imaginação
Onde? Quando? E é sempre sabido
Que dele quer, dele se tem emoção

E nesta tal torcida o amor é provido
O amor é sentido, sentido é a paixão
Sem porque nem como, os quase sido!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

carruagem

as pessoas sem ilusão
vivem só nas quimeras
repetem a mesma condição
o improviso são esperas
e o trem da vida sem vagão...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Manjedoura

Recém-nascido na palha
Coberto de simples velo
De pedra e areia soalha
A chegada do Divino elo

É o Menino Deus encarnado
No fundo da pobre realidade
Mártir, Majestade, Filho amado
No estábulo fez-se verdade

Nem ouro reluz tanta conformidade
Nem a pobreza anuncia infelicidade
É o Salvador cicatrizando a obscuridade

Tem em si o caminho, toda resposta
Na manjedoura aposto, é fé disposta
Homem, Deus, na humanidade aposta

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15/10/2010, 09’54”
Rio de Janeiro, RJ

rastro

onde passamos
alguns deixam vaidade...
outros deixam pegadas, eu...
deixo poesia e amizade...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Amor com pimenta

Tantos poemas
Chorados
Tantos versos
Acabrunhados
Feitos nos proveitos
Da imaginação

Agora aqui estou
Imergido
Em pleno voo
De letras servido
Esperando
Uma nova emoção

Chega de vazio
Vazio leito
Peito vazio
Solidão como sujeito

Eu só queria
Poder compor
Afeto na caligrafia
Sem os rabiscos de dor
E nem porfia na teoria

E assim, uma canção
Que fale
Que ouça
Não cale
Respire
Suspire e esbouça
As videiras do coração

Compassivamente
Servindo-me de poesia
Verdadeiramente...
Sedenta!
De amor com pimenta.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
23/04/2016, 09'09"
Cerrado goiano

MINHA RUA (soneto)

Das tuas sombras dos oitis a saudade ficou
És a rua do príncipe dos poetas, laranjeiras
Coelho Neto, onde sonhei de mil maneiras
E alegre por ti minha felicidade caminhou

Das tuas pedras portuguesas, o belo, cabeiras
Ao chegar de minas só fascinação me criou
Se triste em ti andei também o jubilo aportou
Me viu ser, indo vindo emoções verdadeiras

Em tuas calçadas a minha poesia derramou
Criando quimeras, quimeras tais derradeiras
Da Ipiranga a Pinheiro Machado o tempo passou

Em ti a amizade os vizinhos em nada mudou
Carrego tua lembrança, lembranças inteiras
Rua da minha vida, estória comigo onde estou...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro, 16 de 2017
Cerrado goiano
ao dia 16 de fevereiro 1976,
quando chegamos ao Rio de Janeiro...

Inserida por LucianoSpagnol

feitiço

se te comparo a beleza de ser belo
és por certo de lindeza encantada
e aos olhos a formosura espalha
belezura neste ar tão singelo

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR QUERIDO

Ah! Amor! Eu estou por aqui
Podes até ter passado por mim
Se tive de olhos fechados, enfim,
Sem tê-lo é tão ruim, fico por aí

E se são tantos no pouco assim
Não se esqueça que a ti persegui
No coração, quer seja acolá ou ali
Pra então, ornar-te no meu jardim

Quero me dar na emoção só pra ti
Com servilismo e, um doce carmim
De afeto, que do querer eu te pedi

Repousar nas tuas carícias de cetim
E ter a certeza de que nunca desisti
Tu amor querido, és sentido no meu fim...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA DIFICULDADE

Multíplice é fazer um soneto
Sonoro, na rima por assim ser
Soltos na métrica dum fazer
Ensambladas em um sexteto

Não pensei que fosse nele crer
A imaginação num voo completo
Descrevendo o versejar secreto
Da trama do amor e a do sofrer

Difícil, almático e tão concreto
E da emoção expressa o viver
Em um teor de venusto repleto

Sempre em movimento, haver
Em um bale de senso e afeto
Árduo é idear ao te perceber

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO LAMENTO

Quando, o acaso na má sorte vem
O lamento soluça no tal sentimento
Que maldigo o fado sem entendimento
Das lágrimas do azar que consomem

Sou tal sofredor deste encoscoramento
Que invejo o estado de quem não tem
Da bonança e fortuna dos que vão além
Descontente é o meu porte sem portento

Se a amargura é algo que me convém
É, pois, de desprezo feito meu momento
Tal quem destinado à vida com desdém

E nesta lama, enlameado é o meu contento
Pois triste é lembrar que sorte não contém
Mas sereno, tenho a Deus como fomento

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

NAS ENTRELINHAS DO SONETO

No sentimento, do amar, seja meu amor
Basta estar ao meu lado, o querer haver
Ao olhar-me, ouça o coração, por ti bater
Adentre, rogo-te, quero ser o teu amador

Nas mãos, tenho flores, pra lhe escrever
Tocando nos versos tais qual um beija flor
Palavras entoadas de afago a lhe compor
E paixão, pois você é vida no meu viver!

Entre sussurros e suspiros és puro ardor
Em primaveras no meu peito a florescer
Desenhando sensações ao meu redor

Em ti esqueço que existe qualquer ser
Tudo é livre, tu fazes do versar um relator
Nas entrelinhas do soneto, o amor ter!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, abril. 05'40"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ALMA DESERTA (soneto)

A minha alma está deserta
Oca de silêncio, de barulho
Deserta de presença, oferta
O sonho tornou um engulho

Desabou em andarilha, referta
Esquecida em um embrulho
Num deserto e ali descoberta
O teu mapa virou um entulho

Minha alma tornou-se deserta
Lembranças vazias, um arrulho
Sem sombra e sem um alerta

Minh'alma está um pedregulho
De mim mesmo está deserta
Eu sem ela, estou um bagulho

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
01 de maio, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PALAVRAS ALADAS (soneto)

Os juramentos jurados nas palavras aladas
Entrelaçadas nas promessas do amanhecer
Envolvam nosso afeto no firmamento de ser
E não somente ao vento, ao serem faladas

E se vão ficar, que permaneçam no haver
Cheias de magia e quimera, encantadas
Fazendo parte de carícias, tão camaradas
Soprando brisa afrodisíacas no bem querer

E nos atos ardentes das frases chamadas
Que nos queime de fascínio e de tal prazer
Que possamos crer, nas vontades elevadas

Firmamo-las no doce leito e, ali então a reter
A paixão no peito, e seduções apaixonadas
Que só palavras aladas, de amor, podem trazer

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, abril. 05'40"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

REFLEXÕES DE UM ADEUS (soneto)

Calado, ouvindo o silêncio ranger
Imerso no pensamento solitário
Gritante no peito o medo a bater
Do adeus, e que no fado é vário

Agora, cá no quarto, a me deter
Angústias do cismar involuntário
Que o temor no vazio quer dizer
E a aflição querendo o contrário

São duas pontas do nosso viver
No paralelo do mesmo itinerário
De ir ou ficar moendo o querer

E neste tonto e rápido breviário
Que é o tempo, me resta varrer
Os espantos, pois imutar é diário

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol