Cemitério
Día de los muertos..
Penso no cemitério da vida.
E nas lembranças mais
e mais amareladas.
Homenagens aos idos,
saudades!
Alice
Doze anos depois voltei ao cemitério onde foi sepultada minha genitora. Estava na Cidade a passeio, então resolvi ir fazer uma visita. Ao entrar, não achei o local exato do sepulcro, fiquei andando em círculos a procura. Assim que entrei, vi uma garotinha, talvez 9 ou 10 anos de pé, cabeça baixa olhando para um túmulo, como se estivesse rezando. Quando passei bem perto dela senti um arrepio em toda minha coluna. Não dei importância e segui a procura do lugar onde estava o túmulo da minha genitora.
Sem me lembrar onde exatamente era o local, afinal, doze anos já haviam se passado, desisti da busca e fiquei a andar a esmo. Novamente me aproximei do lugar onde estava a garota que vi quando entrei, parei perto dela e fiquei a observar o nome da pessoa que estava ali sepultada. Não era um nome conhecido para mim, mesmo assim resolvi fazer uma oração junto a garota que ali estava.
Fiquei perto dela uns dois metros, talvez um pouco menos. Ela virou-se para mim, e perguntou se eu a estava vendo e ouvindo. Respondi que sim e então lhe contei a minha desolação em não achar o túmulo da minha genitora, por isso parei para prestar uma solidariedade, já que não achei o que procurava. A garota com um semblante muito sério disse-me que eu estava exatamente no lugar que eu procurava. Eu respondi que achava que não, pois o nome da pessoa sepultada ali não era o nome que eu procurava.
Você é muito diferente das pessoas comuns. – Disse ela e continuou. – Agora que percebi que você pode me ver e ouvir vou lhe contar o que aconteceu. As pessoas que foram enterradas aqui foram retiradas e colocadas noutro local nove anos atrás, essa pessoa que está aqui agora não é quem você procura, ela já não está mais aqui. – Eu a interrompi e perguntei se a pessoa enterrada ali era parente dela. – Ela respondeu que era mãe dela. – Eu disse-lhe que sentia muito. – E ela disse que o nome dela deveria ser Alice e o nome da mãe dela era Francisca. – Vou embora – Disse ela. – Não diga pra ninguém que me viu aqui, obrigada por ter falado comigo, adeus. – Saiu andando e sumiu entre os outros túmulos. Aproximei-me mais um pouco daquele túmulo e li o nome da pessoa em uma inscrição gravada numa pedra de mármore. Estava escrito: “Francisca Leite Farias. – Descanse em paz, mãe e filha”.
Charles Silva – Textos
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O barzinho do além-vida.
Há três anos ir ao cemitério, principalmente em dia de Finados, passou a ter um significado diferente para mim. Antes disso, eu ia por conveniência, ia porque mãe e pai diziam que eu tinha que ir, não porque me agradasse tal feito. Hoje, a escolha é minha e faço questão de estar lá, pois, seja a vida irônica ou não, vou lá justamente para visitar o suposto lugar em que meu pai descansa "fisicamente". Cemitério nada mais é do que um memorial físico, já que as verdadeiras memórias transcendem no sentimento.
Ao contrário do que se esperaria de alguém que vai ao cemitério para visitar alguém que muito amava, não sinto tristeza ao ir lá. Sinto uma energia negativa, é verdade, afinal de contas tal lugar se constitui basicamente de lágrimas derramadas e de despedidas.
Ir ao cemitério é como estar em uma roda de amigos, ao menos é o que sinto quando lá estou a visitar o memorial do meu pai. Inicio uma conversa mental com ele, contando tudo o que houve de interessante nos últimos tempos da minha vida e da família que ele deixou por aqui. Algumas lágrimas caem, é inevitável, mas não por uma dor profunda ou tristeza específica. Isso passou. E no lugar disto, veio a nostalgia, a saudade. Nessa conversa acabo tendo para mim que poderíamos estar em um barzinho, o barzinho do além-vida, no qual, por mais que o tempo passe, continuaríamos em contato, sabendo um do outro e seguindo juntos, embora evidentemente separados. E nele comemoraríamos as coisas boas, os sonhos realizados, os lugares que conhecemos. Daríamos risadas e compartilharíamos o quanto inusitado é viver, e o quanto irônico é morrer.
A vida possui algumas vértices que fogem à nossa escolha. Quem ela escolhe para ir embora, sempre vai embora cedo demais, e nós aqui é que aprendemos a lidar com o nosso dia-a-dia sem mais ter certas pessoas por perto.
Sei que aproveitei a companhia do meu pai enquanto ele estava vivo. Mal sabia eu que existia a possibilidade de ele ir embora tão cedo. É claro que eu queria ter aproveitado muito mais, mas do pouco que me foi possível eu agradeço, pois talvez seja isso que me faça encarar o dia de Finados e as visitas ao cemitério como uma roda de amigos estando em um barzinho, pois assim éramos enquanto ele estava vivo.
Cemitério nada mais é do que um memorial físico, já que as verdadeiras memórias transcendem no sentimento.
Caminhando pelo cemitério
De uma tumba, salta uma criança
Maldita imaginação
Ressuscitaram a minha esperança
Maldita seja a jovem
Que mexeu comigo
Interferiu no meu mundo
Era só pra eu ser seu amigo
É belo ver minha criança feliz
Saltitando, correndo, e vê-la sorrir
Não é medo de aceitar
Só que neste momento não quero me ferir
Meu mundo esta em desordem
Até o céu está cheio de dragões
Maldito coração
Vulnerável a paixões
Bainha louca
Baixinha linda
Saia do meu poema
Não ando afim de problemas
Volte daqui dois meses
Ou espere com calma
Pois agora não quero
Lhe dedicar a minha alma
Mas pare de bagunçar meu mundo
Até gostei dos dragões
Mas cuidado no que toca
Cuidado ao ressuscitar minhas emoções
Existem coisas boas
Mas também tem coisas más
Se tu for realmente o que aparenta
Não arrumará problemas
Agora deixe-me aqui no MEU mundo
Tenho que continuar andando
Tenho que conversar com a morte
As duvidas que andam me incomodando...
Adoro ser imperfeita! Pessoas perfeitas só podem ser encontradas em dois lugares: no cemitério e no curriculum vitae.
Ser o maior mulherengo ou pegador morto em um cemitério, não é o que mais importa para mim… Ir para a minha cama à noite pensando que eu estou fazendo alguma coisa grande para alguém que eu amo. Isso sim é o que mais importa para mim.
Ninguém é igual a alguém!
Ninguém é insubstituível
E o cemitério está cheio?
Enterrem este conceito.
Bem-vindo ao cemitério dos vivos, aqui os sentimentos estão frios, os sonhos estão apagados, e os valores baseados no amor mortos.
Näo adiante ser o mais eficiente no hospital e nem o mais próspero no cemitério. Proteja sua energia e sua vida.
Você é tudo que eu sonhei,é a fatia do bolo que não cortei, é a flor do cemitério que catei,é o arroz doce que queimei,você é o botijão do meu coração que acende essa paixão,é o canhão do meu viver que explode o meu ser, é a mulher mais completa que um homem pode conhecer.
Todos os dias levo flores para o túmulo de uma personalidade que morreu, em um cemitério que criei nos meus pensamentos.
Paquera no cemitério em pleno enterro: eis a prova de que o AMOR, é mais forte do que a MORTE.
09.12.2019 às 06m19h