Cem Sonetos de Amor

Cerca de 621 frases e pensamentos: Cem Sonetos de Amor

⁠VÉU DE UMA SAUDADE

Ainda que casmurra a andar, a poesia
Desnuda daquele amor a lhe encantar
Com versos tristes e, com triste arrelia
Mesmo sabendo que tudo tem o lugar
A poesia romanceia, se põe a sonhar
Se abarca em uma sedutora sinfonia
Porque a poética faz o coração arfar
Vertendo em carismática harmonia

É a suave magia criando o momento
O trovador que mesmo de alma nua
Ainda, assim, busca o ritmo do vento
Então, tão cheio de uma pluralidade
Matiza as palavras, teima, continua
Embalado num véu de uma saudade.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 fevereiro, 2024, 13’21” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠EM REDOR DA POESIA

Em redor da poesia distrai o amor
Suspiroso, alegre, impar, elevado
Cândida sensação dum confessor
Num soneto tão quão apaixonado
E neste sentimento cheio de ardor
Diz-se palavras ternas, no afinado
Poetar: modesto, castiço, amador
No tom singular. O peito apertado

Obriga então a poesia ser serena
Onde a prosa pra sedução acena
Desenhando o sentido, as ilusões
Nesta bruma de paixão, estamos:
Soneto e poeta, nestes reclamos
Cochichando prezadas emoções.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 abril, 2024, 19’36” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUISERA, O QUE NÃO FUI

Quisera ter amor no verso de paixão
Ter carinho, gesto, estar enamorado
Sentir na poesia gentileza, a emoção
Ser olhado, estar encantado, amado
Quisera a singeleza em cada fração
Tal um lírio perfumado, tão delicado
Poetar o poema cheio de sensação
Nesta ilusão o tudo com significado

Quisera ser poeta, para dar-te poesia
Na prosa a palavra que acole, alumia
E sentir no meu versar o que conclui
Quisera ser a harmonia uma ternura
Ter da sedução a emoção mais pura
Quisera ser, ter, enfim, o que não fui.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 abril, 2024, 12’48” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Acaso canta o amor

Quando se vai o amor, cala-se a poesia
Muda-se a melodia, e nada mais cativa
Importa... Mesmo que a inspiração viva
Pois, pouco o versar suporta, só arrelia
Sem este afeto, perdida a doce fantasia
Sofrida, do suspiro a rima fica tão cativa
E os versos de uma alma pouco criativa
Segui resignada com uma poética vazia

Por isto eu sinto com intensidade, valor
Desenhando cada paixão pelo caminho
Risonho, maior, tomado de terno ardor
Ah! Estar enamorado, com ele o sentido
Nos braços da sedução, sem desalinho
Pois flama a poesia acaso canta o amor!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 novembro, 2023, 18’55” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

O AMOR MEU (soneto)

O meu amor pode ser afim à todo mundo
Os deslizes mais ou menos à toda gente
Porém, ele tem um particular facundo
Insiste em ser fidelidade integralmente

É diferente de ser só um amor profundo
Vai além do temporal, quer eternamente
-se importa? Ah! Importa completamente
Pois é rotundo no peito, e n'alma fecundo

Ele tem sombra e, também é reluzente
Necessariamente é simples e jucundo
Sempre evidente, nunca está ausente

Todavia, ele será ferozmente iracundo
Se das profundezas o bem for poente
Pois amor que é amor do amor é oriundo!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR EXATO

Da ventura, terá sempre o invejoso
Por não ter a lua amasia tão divina
E uma paixão tão pouco peregrina
No coração eleito no olhar amoroso

Amor, será sempre suspiro glorioso
Regado de adulação pura e cristalina
Vermelhas rosas, e emoção inquilina
Um gesto, revelado um tanto airoso

É harmonia que nos amestra, contina
Não emulando, e sim no afeto ditoso
O sentimento no espírito, lamparina

Que então, não seja o ter ambicioso
Que o mal que queira o bem ensina
Pra no amor não ter amor enganoso

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO ANTES DE TU

Antes de amar, amor, era amador
Não tinha nome, rua ou endereço
Nada importava ou queria apreço
Expresso era o suspiro de amor

Eu sonhava sonhos pelo avesso
Nas fases da lua um devaneador
Em silêncio cochichava a tal dor
Num desprazer plácido, impresso

Tudo era um vazio, morto, clamor
Caído em um horizonte espesso
Onde escorria olhar tão sofredor

Antes de tu, não existia começo
Até que vieste com o teu amor
E pude no soneto ter ele impresso...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 21 de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SUPLICANTE

Amor, o meu plangor rasga o céu
Como lavradores no chão inviolado
Querendo arar o peito aqui calado
Com o teu olhar, e no teu amor, réu

Neste universo dum amor imolado
Escrevo sentimento neste cordel
Triunfante e tão cheio de tropel
Que faz o pensamento enevoado

Venha ver as emoções deste anel
De luz, quantidades e, de agrado
Num vento de virtude, nunca infiel

E entre muitos, o meu a ti destinado
É fulgor transparente, sem ser cruel
Apenas a sorte de amar e ser amado

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
16'00", janeiro de 2016

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR PERFEITO

O amor perfeito, só há a quem amar
Nele sentir a paixão de ser amado
Amando sempre e, o tendo do lado
Onde cada segundo não pode parar

Não há nada na vida melhor que jurar
Lealdades, deixando o coração atado
No olhar, assim apaixonados, fundado
Então, sem qualquer ilusão a perturbar

O amor é presente no destino fadado
É sentir prazer e por ele querer esperar
Sem a incerteza do certo ou do errado

E nesta tal magia a quimera de sonhar
Que agrega, há entrega, e é imaculado
Amor não tem fórmula, se faz anunciar!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ALUCINAÇÃO (soneto)

Perdoa-me, ó amor, por sonhar-te
Meu coração anda nu por te querer
Minh'alma te tens na razão pra valer
Pois, tu és no meu soneto dor e arte

Os meus olhos alucinam sem te ver
Nada vejo e, estás em qualquer parte
Nos meus desejos tornas-te encarte
De uma repetida narrativa, sem ser

A saudade faz loucuras que reparte
A alucinação de um mesmo sofrer
Pois tudo passa, e nada é descarte

E nestes rastros, sois o meu render
Frágil e também tão forte, dessarte!
Que me tem vivo neste túrbido viver...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR AFETO

O afeto amor, nos faz revestido
Da jura mais atraente do fervor
Enche os dias de colorida cor
E o coração de olhar conhecido

Se dele se é um querer fingido
Aos seus apelos nenhum dispor
Culposos encantos no propor
E dor nos sonhos então parido

Pra não ter ilusão e ter sabor
Tenha poesia no doce sentido
E nas mãos uma ofertada flor

Mas, se não quiser ser querido
Jamais será dele um coautor
E de ti então, o amor, terá partido

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, março
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠⁠AME O TEU AMOR (soneto)

Ame o teu amor, enquanto tens e enquanto
O teu afeto é o aconchego no amável olhar
Assim, quem no singular amor te ame tanto
Porque nunca cortejarás outro pra tal lugar

Que nunca o deixe solitário, no vão vagar
Lembra-te sempre, no convívio, o quanto
É bom poder com o outro contar e confiar
E no teu abraço encontrar o teu real canto

Ame-o, este amor, e sentirás, por certo
Cada ausência, a falta, ó suspiro agudo
Se a saudade no peito for impulso incerto

Então, ame! Clame por tê-lo por perto
Ao alcance do coração, da vida, de tudo
Pois, assim, pulsarás na emoção o acerto...

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
21/07/2020, 10’31” - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O AMOR QUE É AMOR

O amor que é amor jamais vacila
Nas paixões iradas entra sem medo
Leva consigo a afeição e o enredo
Do doce olhar, e o abraço que asila

O desejo é uma variedade tranquila
Pra quem cobiça, pois, vence o quedo
E dum para o outro não tem segredo
Enquanto o apuro o veneno destila

Amor que é amor, a tudo transforma
Um ato de grandeza e de plataforma
Do bem, onde se tem a sorte ao dispor

Esse esplendor, regado com flores
São muito mais que simples amores
É a natureza do amor que é amor...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VELHO TEMA

Só a graça da poesia, em toda a sensação
Palia o engano de um amor, mais nada
Nem mais os soluços do infeliz coração
Disfarçam a dor da devoção malograda

A insistente quimera por ela estacada
No seu encanto, chora toda a emoção
Da desilusão: no canto, na rima falada
Criando outro sonho, de novo a paixão

E, nessa inspiração que supomos
Duma tal felicidade que sonhamos
Em cada versejar, a verdade somos

Assim, nessa concordância, sejamos
O olhar, o afago, se na prosa fomos
O sentimento, ai no amor estamos!

© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
27, agosto de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠UM AMOR NATURAL DE SÃO PAULO

Ah, amor doído, me maltrata
Saber que fui apenas recreio
Que inda arde no peito, creio
Que a dor me teimará ingrata

Com o engano, verídica errata
Ardo na agrura e no devaneio
Mas com o tempo, tu, receio
Irá se calar na súplice serenata

Os teus olhos deixarão de ser:
A força e planos no meu olhar
Tudo gira, no eterno aprender

Nego-te o meu sofrer e pesar
Se lamento é para te esquecer
Nesses versos de amor e amar!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, 31 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SUFICIÊNCIA

Dita, ao pé do amor primeiro
Estreante desta variegada vida
Estou e estarei nessa acolhida
Ao coração, fiel companheiro

Da paixão o afeto cavalheiro
Pulsa-lhe a poesia em torcida
Faz a boa diversão apetecida
Salivando o gosto por inteiro

Trago-te flores, zelo certeiro
Trovando a doce existência
E que assim seja verdadeiro

Se não, não serve a aparência
E, tão pouco algo corriqueiro
Intensidade que é suficiência!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/09/2020, 10’18” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NIHIL

Se ao amor amando, vivi meus dias
Nas venturas de o acerto tomando
Do convívio longo fui me afastando
Das alegrias afins e as boas fantasias

Enganava-me assim, me enganando
Fiz da desdita arrebatadas poesias
Suspirando desacertos e melancolias
Para ter o infortúnio mais brando

Sem ser retribuído, fui um amador
Da devoção tentei amores, tendo
E, se perdia, chorava essa vil dor

Vivi tanto tempo assim vivendo
Me enganando com tal dispor
Hoje, nem creio no que vou tendo!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/09/2020, 08’00” – Triângulo Mineiro
paráfrase Guimarães Passos

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TEIMA

Retratar o amor em vão procura
quem na vida dele sentir não teve
porque um rasto na alma obteve
pois, longo ou breve, há ternura

Todavia eu, ideando, na ventura
a mínima sorte o destino deteve
sentir o que sinto, nunca leve
no vazio, minha solidão figura

E nestas paixões de boas alianças
poética redigiu só sofrido pesar
e uma, foi, dentre as lembranças

E, porém, neste suspiroso causar
do único, nas turronas esperanças
vou amador que cobiça mais amar!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13, outubro, 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠GORJETA

Eu sou aquele que no amor é perdido
eu sou o que no fado me falta aporte
sou esse da desdita, e nesta tal sorte
sou a contramão, a solidão desmedida

A sombra no meio fio da cara vida
e que no devaneio perdeu o norte
que fica no vagar num choro forte
rascunhando a chaga tão dolorida

Sou aquele que no silêncio habita
Sou pôr do sol sumido, desprovido
Sou aquele que na ilusão orbita

Sou talvez o ideal de alguma dita
Quiçá a que o rumo me é devido
Quem sabe uma gorjeta merecida

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/10/2020, 16’19” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O MEU PESAR

Tenho pesar da solidão numa vida
Da sensação que o carente sente
Dum amor que assim de repente
Sai do querer, e vai de partida...

Da ilusão que da alma é fugida
Do olhar ingrato frente a frente
Dos que ostentam toda a gente
E os que não aquietam a ferida

Tenho pesar do senso dividido
De não estar sorrindo à revelia
Contente de um dia ter nascido

Pesar de mim, de quem sofreu
De não ser mais e mais alegria
E, de ter posposto o meu eu!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/10/2020, 09’36” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol