Cem Sonetos de Amor

Cerca de 617 frases e pensamentos: Cem Sonetos de Amor

⁠ABANDONO

Talvez, tudo, já ti tenhas esquecido
A saudade já não é mais frondosa
Em uma parte do passado, a rosa
E os ternos suspiros já sem sentido
Perdeu-se aquela forma carinhosa
Pois, agora, um vazio enternecido
Aquele palavreado a nós divertido
Se calou, o que já foi a boa prosa

Do olhar, apenas, breve recordar
Da rizada, dos gracejos, um dia
Cá na ilusão, o apesar, contudo
Só, errante, a poesia a murmurar
Sob o céu do cerrado, penosa via
Passado, deves ter esquecido tudo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de abril, 2022, 11’38” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUE PERDI...

Não te peço a inspiração apaixonada
nem as paixões que dantes me deste
nem o singular acaso que me avieste
ó soneto! Dá-me a pacatez, mais nada!
Os versos de amor que, então, fizeste
outrora, não te peço! Seja reservada
a doce sensação. E não seja jornada
a saudade viscosa, duma dor agreste

A uma prosa carinhosa inteiramente
não te peço! E nem a glória engaste
na trova dum pranto que versa aqui
Velado, pouco peço! Tão unicamente
tão somente, o encanto que furtaste...
Volta-me, ó gozo, da poética que perdi!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
4 de maio, 2022, 20’43” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CÁRCERE

De que vale gracejar se nas entranhas
tens verso triste de inarráveis dores?
Se na prosa outras e diversas manhas
todas disfarçadas de coloridas flores
De que vale a sedução dos amadores
pra se tutorar das escarpadas sanhas
quando no versar, versos sofredores
de poética com sensações estranhas

No cárcere da dita, a força incontida
da cizânia, tendo a emoção repartida
sem o amor, tirando o afeto da gente
O que me punge é ser um diletante
sonhador, e que vive por ser amante
do querer, com sentimento torrente...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Maio, 15/2022, 19’29” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TIRANIA

E, queres que te deslembre subitamente
e que apague os versos para te inspirados
os que aos bocadinhos foram enamorados
desde quando o querer ainda era pendente
Deixe que cada verso dissolva lentamente
no evocar do passado e, então, pingados
na lembrança, assim, do peito arrancados.

Deixe-me, cá, com meu silêncio audiente
Dá-me um momento, menos, a cada dia
que assim possa esvaziar a minha poesia
de uma maneira que eu saiba sem saber
Esquecer-te tão de repente, inteiramente
eu nem sei se um raiar pode ser suficiente
pois, é malvadeza, e faz tirano o alvorecer

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 de maio, 2022, 16’42” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠EM SEGUIDA

Depois do nosso olhar ter sussurrado
Depois do verso meu versar-te tanto
Depois de ter-te, cá, em um encanto
Depois de cada jura, de estar ao lado
Depois de ter teu carinho, ser amado
Depois da hesitação, e do entretanto
Depois dos desencontros, do pranto
Depois de tudo, tornamos o passado

Cada momento o instante apreciado
Cada instante aquele momento dado
Em seguida, a despedida, e o depois:
O silêncio numa sofreguidão, dor alta
E na dura ausência o sentir a sua falta
Na falta, o vazio do amor de nós dois...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22 de maio, 2022, 16’39” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO SENTIDO

Eu te poeto, todavia, porque és, ainda
O bem querer, a saudade, a poética face
A ternura, a doçura, o desejo que nasce
Um ardor na sensação que nunca finda
Eu te poeto a paixão, que é bem vinda
Num canto, no doce verso, no repasse
De amor, te daria o sonho que sonhasse

Em um soneto com aquela emoção linda
Te daria, mas, ah o “mas”, ó meu Deus!
Pouco tenho, os mandos não são meus
E, cá nos versos uma inspiração sentida
Sem encanto, magia, prosa sem beleza
Vertidas na poesia em tons de tristeza
Tal qual, em um bilhete da despedida!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 de maio, 2022, 16’17” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ARREBATAMENTO

Paixão como tu não há nenhuma
Pois entre tudo és não só apenas
O cheiro, o olhar, o toque, as lenas
É consumir-me na sede, em suma!
O que me ampara na doce bruma
Do lirismo e recordações amenas
O sussurro de sensações serenas
Onde há o zelo leve como pluma

O cuidado sem igual, sentimental
Que tem sentido e é tão especial
Em vez dum desacordo sofredor!
E que te sirva os versos de alusão
Ao afeto, ao carinho, a está paixão
Minha por ti, e tão cheia de amor!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 de maio, 2022, 16’14” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SAUDADE QUE CONFESSO

Depois que te perdi, só depois, da tua partida
Senti no peito, um vazio, que cá eu confesso
Um calafrio na alma, aquela pior dor sentida
E, se há igual, parecida, afirmo, não conheço
Suspiros sofrentes e aquele choro espesso
As noites tão compridas na ilusão perdida
Ladeando a emoção, cujo o certo endereço
É o coração, que arde numa aflição sofrida

Depois que foste, só depois, singular paixão
Me vi significado em uma constante tortura
De sussurros duma surtada dorida contrição
De não retribuir, a ti, o carinho que me dava
Com exatidão, repondo com minha ternura...
Ah! Saudade, está sensação, não imaginava!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 janeiro, 2023, 19’56” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PROCURANDO

Eu procurei, no íntimo, aquela poesia
Devotada para ti, sôfrego, procurava
Queria encontrar cada sabor, tentava
Nos achar em um verso cheio de valia
Corri fantasias, sonhos, perguntando
A toda a inspiração que me inspirava
Indagava, onde foi parar, investigava
E, assim, aos poemas fui mendigando

E nada deparei, e nem me respondeu
Quase chorando, caminhando no breu
Da saudade, senti minha alma perdida
Então, nesta sensação que eu bem sei
O sentimento disperso não encontrei
Mas, uma nova poética achei na vida!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 janeiro, 2023, 19’51” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DETALHES

Como é cruel a solidão na sensação atada
Como é penoso o silêncio arfando no peito
Com a poética em uma melodia desafinada
Torturando a ilusão perdida e sem proveito
Ter o vazio de uma flor, um gesto indeciso
Um olhar triste, no coração fúnebre círios
Que aquecem a dor e queimam o sorriso
Sem nada, absorto em sofrentes martírios

E eu, cá, no cerrado, de infeliz memória
Sem estória, numa redundante oratória
Suspiros, sussurros, nos mesmos ideais:
Buscando por um alívio dum solitário ser
Querendo o alguém sem ter que perder...
Pois, amar é sempre um sentido a mais!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 janeiro, 2023, 20’09” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DEDICATÓRIA

Pressinto dentro d’alma um poema belo
Em hieroglifos dourados de tal felicidade
Que sulcará a prosa com suave docilidade
Tendo a inspiração no amor como um elo
E, se algum dia esse verso meu for exatidão
Que eu imagino cheio de emoção e venturas
Poesia que saberá das envolventes ternuras
Fazer cantar como grande que será a paixão

Se alguma vez essa minha poética imaculada
Que conquista, que expande e tão encantada
Alcançar o florescer, tal os ipês na seguidão...
Será então a minha dedicatória, sim, será
Que meu sentimento no verso distinguirá
Enamorado, cheios de sentido e de ilusão!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Janeiro, 2023, 13'26” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A SENHA

Paixão, trago estes versos singelos
escritos com a minha emoção plena
E, neles, a minha inspiração serena
Duma afeição e, satisfação em elos
Trago afeto, nos sentidos paralelos
olhar, gesto, aquela carícia amena
Quero agora ter-te em poética cena
e teu corpo haurir delírios donzelos

Não vês que somos cada um verso
Cada um sentido, na estrofe imerso
insanos amantes, de digno trovador
Somos nós: juntos, leia-me, te peço
Quem mais benquererá. Confesso...
o amor, a senha, para cá eu compor

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 janeiro, 2023, 19'10” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A VELHA POESIA

Modificou o tempo meu, está distante
Mas a velha poesia teima na saudade
Guardou cada rima dante e o instante
Daquele tempo, de poética felicidade
E agora, a velha poesia, claudicante
Passada... poetisa tudo sem vaidade
O sentimento, nos versos, arquejante
De tanto que penou e tanta soledade

Acho a velha poesia, então, tão igual
Mesmo envelhecida todos estes anos
Não perde aquele suspiro n’alma, real
De sensação cheia, cheia de fantasia
Ela peleja, ela nubla, tem desenganos
Mas, glorifica o amor, a velha poesia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 fevereiro, 2023, 18’46” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AMANHÃ

Vou sofrer amanhã. Hoje estou de saída
Já é tarde. Há muita coisa a fazer ainda
E na prosa deixarei a tristura escondida
No verso aquela dura sensação infinda

Hoje eu vou ter a poética descolorida
Sem o amor, a paixão, e a graça linda
Sem suspiro ou aquela ilusão proibida
Entregar-me-ei a solidão na berlinda

O silêncio no momento não importa
A quem está com a tal ventura morta
Talvez eu me arrependa assim estar

Mas, nada consolará minh’alma vazia
Nem mesmo o encanto de uma poesia
Amanhã é outro dia e um outro idear!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 outubro, 2021, 18’:23” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CICATRIZES

Muitas dores, por certo, me brotaram
Por certo, em muitas dores eu sangrei
Alguns estrepes, n’alma, me fincaram
Desses o silêncio, o pesar, eu guardei
Das sofrências que dores entrelaçaram
A tua foi a mais acerada, a que chorei
Das tredices que com remorso faltaram
A tua me feriu e o que mais me assustei

De tantas amarguras as juras morreram
O sentimento caído, sensações teceram
Muitas fincaram, doem, e como eu sei!
E se ainda sinto saudades do teu abraço
São suspiros, termo e apenas um pedaço
Do profundo e intenso amor que te dei...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 outubro, 2021, 05’:17” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INVOCAÇÃO

E quando a saudade for um passado
Pra habitar, por fim, a sensação fria
Nesse momento de soltura e valeria
Eu peço que o carinho seja louvado
Não quero ter sentimento neste dia
Pois, nesse afeto fui tão enamorado
Se o ocaso quis ter o revés ao lado
Da agrura, imploro, que seja vazia

Depois que tudo mudar, tudo se for
Não faça do meu olhar abandonado
Quero o surgir de um apego maior
Se já te perdi no desfolhar do fado
Quero noutra vida tê-lo meu amor
Existindo no que nos foi negado...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21, outubro, 2021, 01:50 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ÚLTIMA HOMENAGEM

Este derradeiro soneto te ofereço
Em versos últimos e tão penados
Na rima incerta a dor de adereço
Sufocando os hinos apaixonados

Segui aqui o final de um começo
E os sentimentos tão assustados
E neste cansaço o teu desapreço
Mais as culpas dos meus pecados

Foi um amor, passageiro, pouco
Pois no sonho inventado e louco
Eu e tu caminhamos para o fim

Assim, cada linha um dissabor
E também fica um doce amor
Crer que um dia doou pra mim

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 outubro, 2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠AQUELAS MÃOS

Mãos tão gentis, ternas e apaixonadas
Aquelas mãos que tanto agrado faziam
Tão cheias de doçura e tão aveludadas
Pelo atraente amor que as consumiam
O carinho na doce habilidade, candura
Cursos calmos e de uma delicada linha
E que bem raramente tinham a tristura
Ou um avesso agravo no maneio tinha

Eram mãos que se davam com apego
Ameigando o afeto no seu aconchego
Tanto ao atrito quanto a sorte da vida
As mãos daquela afeição, ó saudade!
Suspiros na sensação, pura felicidade
Que hoje é gesto de dorida despedida...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07/11/2021, 16'58" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CORAÇÃO CAMARADA

Tu sentes meu coração? Está sensação
Num emaranhado de emoção corada
Em meio a felicidade alva e iluminada
Nesta tarde no cerrado cheio de paixão
Festeja-se a vida por estar enamorada
O ardor que aninha, o amor em alusão
Arfa o peito e os lábios em tentação
Delicias tu, meu amigo, e mais nada

Estou feliz, estou acolhido, e achado
Com um perdurável agrado ao lado...
Que vontade de gritar e de compartir
Ó bando sentimento, caro camarada
Contigo quero uma concórdia velada
Protele está ventura no nosso existir!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 novembro 2021, 14'07" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SAUDOSISMO

Do modo em que se vive tão diferente
A emoção em um sentir a todos iguais
Em que o afeto palpita e pouco sente
E a corte, e respeito não se veem mais
E tudo se ressalta num tolo egoísmo
Onde a arrogância corrói tal a traça
E o pudor se acha a beira do abismo
Vai-se o amor em nuvens de fumaça

Hoje que, do poético, a boa sedução
Não se percebe mais numa sensação
É o fugaz olhar e o volúvel presente
E eu, cá ando num espectador à parte
Resguardado na paixão da clássica arte
Doo, prezo e agrado como antigamente

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22, novembro, 2021, 13’24” – Araguari, MG
Aládiando

Inserida por LucianoSpagnol