Cem Sonetos de Amor

Cerca de 617 frases e pensamentos: Cem Sonetos de Amor

⁠AVERSO

Quem poeta pelo suspiro sofrido
Em lágrima dum trágico flagelo
É quem se deixou estar perdido
Esquecido dum versar mais belo

É quem do emotivo foi redimido
Expurgado do verso mais singelo
Na emoção se encontra indefinido
Na inspiração tristura em paralelo

É quem se norteia com a navalha
Da dor, em trova ensanguentada
Amortalhado em rítmica mortalha

É quem no choro faz de morada
No coração o amor sofre e talha
Mas, a paixão, sempre sonhada!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, 28 de setembro – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DOR DO MOMENTO

Há solidão sem fundo, há sofrer tiranos
Mais sufocantes que a cruel desventura
Sentimentos loucos, cheios de amargura
E as saudades mais extensas que os anos

São tormentos sem piedade, são danos
E as sensações na alma vazia de ternura
Eu as renuo... e a está árdua sorte dura
Que augura na poesia versos profanos

Devaneio, sim, e só assim, somente
Saio do algoz versejar tão cruento
Que me fere no tratear lentamente

Oh! gemidos assim jogados ao vento
Que chora e dói na emoção da gente
Leva pra longe todo este sofrimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/09/2020, 10’07” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠LEVA

Cevando se me vai de traço em traço
O fado, que a mor emoção vai sendo
O sentimento em ensaio despendo
Té que a sorte me dê bem remanso

Amando, quando posso, eu romanço
Sempre na busca, assim, pretendo
Tê-lo, enfim, um fomento tremendo
Onde os abraços tenham descanso

Vendo-me, pois, portanto, carente
Metido nas agruras desses enleios
Eremítico.... me entrego à ventura

Ah! quando a dita me faz contente
De novo o coração em bons meios
Se dispõe: .... com leva de ternura!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/10/2020, 21’57” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO SEM VOLTA

Vai-se mais um talvez pra outra parada
Vai-se um, outro, enfim decaídas cenas
Que dói no peito, na solidão, e apenas
A teimosia para essa pesada derrocada

Cá na quimera, quando a dura nortada
Bafeja, os devaneios em alças plenas
Ruflam a alma em emoções pequenas
No ocaso do horizonte atiçando cilada

Também dos silêncios onde abotoam
Os suspiros, um a um, não perdoam
E choram, lágrimas pelos olhos vais

Na perfídia imatura, ilusões escoltam
Os sonhos, que sempre ao amor voltam
Mas que ao poético não voltam mais...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro de 2020, 20’20’ – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠RÚSTICA HORA

A paixão sentida no revés sentimento
arremessa na alma desditosa e solitária
a infelicidade, sensação desnecessária
além, do amar, este, a mim sem alento

O pranto, a correr, e a sorte ao relento
vem do acaso, da solidão, do itinerário
que parece trazer consigo um rosário
sem rumo, que na ventura vai ao vento

Tenta, e tenta, lamenta. Olha em torno
sedento. E o silêncio suspirando lá fora
à meia penumbra, num choro morno...

Do reclamo, o luar alvacento da aurora
com seu reflexo pálido de um adorno
sofrente, murmura essa rústica hora!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 outubro de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A UMA DESPEDIDA

Agora, que o final me convida
A solidão parte do pensamento
Cada suspiro outro sofrimento
Nas recordações sem medida

E, de pareio com a despedida
Foi-se o bom contentamento
Dentro do leito o tormento
Enfim, dá dó essa dor doída

Pra que era tê-la evocando
As lembranças, do outrora
Se agora, me falta o crer...

Querer, já quiz, até quando
Pude ser, e nesta outra hora
Quero amor no bem querer!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

UM CORAÇÃO (soneto)

Conheço um coração, tão apaixonado
Toca lira constante, e em que perdura
A amizade, presença do amor ao lado
Que ao senso vive declamando ternura

Evadido da paixão do estar enamorado
Num tatalar do peito cheio de loucura
Contente! Onde tudo vai bem, obrigado!
O acaso... ah! este tão cheio de aventura

E em seus corredores o gozo e o prazer
Circulam.... Os sentimentos são tantos
Sem avejões, sombras, só cândido lazer

Conheço um coração, se um dia sofreu
Não mais sofre, não poeta nos recantos
Este coração: - feliz e radiante é o meu!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

AVINDO (soneto)

Pálido, o luzir do raiar, cerrado sombrio
Chave lá fora, cá dentro o peito chora
Embalsamado no tempo que implora
Por afago, neste dia de um céu bravio

Sobre o leito do meu olhar a aurora
Em lágrimas escoadas do verso vazio
Melancólicas, com suspirar e arrepio
Que consola com a lua, branca senhora

E nos olhos rasos d’água, palpitando
A saudade, que dá aflição se abrindo
Em lembranças, que ali vai resvalando

Não te rias de mim, ó agrado findo
Por ti, no rancor eu velei chorando
Mas, no amor, paz e renovo avindo...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020, 04’37” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠FASE

Cisma a dor n’alma descrente e fria
De uma emoção solitária e calada
Em sua fronte tristonha e chorada
Pesadas rugas duma sorte sombria

A luz da paixão, vazia de alegria
Carrega a saudade amargurada
Suspira sofrência na madrugada
A solidão, companheira da agonia

Ao pé da lua prateada. Pendente
A boa dita, o bem amigo da gente
Parece que dos céus nada realiza

Geme a brisa no cerrado, agrado
Qualquer, só o penar imaculado
É ventura, fase, o tolerar divisa!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/12/2020. 08’22” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CERTEZA

Este – o soneto da felicidade completa
Em que, poetando as horas de emoção
Sorri nas delineies, desfastio do poeta
Em um coração fiel e cheio de paixão

Este – o conteúdo de sensação, direta
Festeja, alucina, traz ventura na razão
Pondo a alma na completude, quieta
Cheios de harmonia e boa adoração

Este – o soneto da exaltação maior
Em que a frase terá aquele melhor
De tudo, pois é desprovido de dor

Este – poema dos poemas nascente
Que nos faz enamorados realmente
Este – é o verídico soneto de amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 dezembro de 2020 – Triângulo Mineiro
paráfrase a João de Barros
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Inserida por LucianoSpagnol

⁠APENAS UM SUSPIRO

Na hora melancólica da luz poente
No cerrado, no ocaso do fim do dia
A voz de um desalento impaciente
Na sensação, um engano repetia

Na lembrança o lembrar ausente
Na dor, uma agonia que asfixia
O aperto em um tom crescente
Avivando o sentimento que jazia

E no entardecer o olhar morria
Nos perdemos de nós dois, fria
A saudade, no silêncio a cicatriz

Depois, sei lá depois, tudo calado
Vazio, sem vontade de ser amado
Pois, era apenas um suspiro, infeliz!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/12/ 2020, 08’59” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠UM TALVEZ

Sempre quis ter no afeto aquela felicidade
Recanto em que minh’alma estaria pausada
Deparasse, afinal, com a fé da cumplicidade
Demorando em uma longa e jovial jornada

Um sorriso virtuoso, assim, com verdade
Aquela palavra certeira e tão enamorada
Em que o coração pulsa cheio de amizade
E, tem caseira e boa conversa descansada

Ah, como é bom ter o alguém confidente
O que nos dá ouvido, os de beijo ardente
Consolo ao amor, e nele me completasse

Um talvez, mais de um, nenhum exato
Frechado pelo cupido, e fosse de fato
Pleno, sem que eu mais o procurasse!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/12/2020, 18’57” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INTERVALO

Te digo que da saudade que tenho
Toda a agonia para assim trovar-te
Entendas, então, foi só por ama-te
Que neste soneto chorar-te venho

Agora é só o suspiro que detenho
O afeto não é mais doce encarte
No coração, apenas parte a parte
Dum vazio que no olhar contenho

Noutro tempo era muita fantasia
Desfez em engano solto ao vento
Escorrendo pela sofrente poesia

Dor, também, doeu no sentimento
Provando do amor puro de magia...
Aí, notei que não era teu momento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/01/2021, 13’33” - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ASSIM SEJAMOS! ...

Dourado sentimento, num querer constante
Em um querer as sensações tão carinhosas
Povoados de sede de emoções fantasiosas
Como uma comichão de apetite, doidejante

E nesta nau do destino eu vou tripulante
Num lago manso e feroz tal espinho e rosas
Ou no dorso das mais quimeras preciosas
Garimpando o reluzente notável diamante

Ao alçar os sonhos mais raros, vai correndo
A imaginação donde jamais imaginamos
Criando algo sedutor e, no peito gemendo

O amor, esse sentimentalismo que amamos
Onde é bom estar, e a ilusão vai movendo
Cada paixão cálida. Então, assim sejamos! ...

12/01/2021, 19’24” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠OUTRO ALENTO ...

Encontrei-te em um desejo tão divino
E o destino das emoções nos levaram
Pela mão da sensação, em um desatino
Que no peito afáveis sentidos brotaram

Outra estrada, outro sonho, descortino
Os poemas descontentes se alegraram
Pirralho como menino e de novo a pino
Pois, as invocações ao amor positivaram

Antes, a poesia, sem ousadia e a esmo
Compartindo a tristura comigo mesmo
Via cada trova marcada com torpe pó

Agora, alentado por teus gentis cortejos
Teus beijos, tenho motivo, vivas e festejos
E já não amargo, atrofio e nem sorrio só! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/01/2021, 05’45” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠LIBERTO ...

Não choro mais! Irei por este fado seguro
Cantar em outro peito, um soneto nobre
Adeus! Levo o teu cheiro, meu amor pobre
Na alma a sensação vazia e encanto escuro

Levanta-te sentimento, exitoso, desdobre
As asas da poesia, escreva teu verso puro
Declame todo sempre o afeto que venturo
Assim, um dia, a sorte especial o descobre

Então, cada verso o versar do meu sonho
Fanar-se na raiz, ir em frente, fé criativa
Ferindo e parando o devaneio enfadonho

Tu não finjas a inspiração tão figurativa
Não! Respeita cada um verso tristonho
Agora liberto! E cheio de emoção viva! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/01/2021, 20’30” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠BÁLSAMO ...

Trovar-te a saudade! Saber-te ainda cativo
Eis a maior das poéticas que assim fizesse
Causadas do coração, hoje rude e aflitivo
E acalmar-me o peito e as mãos em prece

Trovar-te o cheiro! Um linguajar intrusivo
Da sensação, que a ilusão no amor oferece
E que pulsa forte o lampejo de novo vivo
Onde a lembrança afoita ainda permanece

De meus insanos ensaios a sedução pura
Desejar ter-te, outra vez, quanta ventura!
Teu olhar num beijo, o carinho prolongado

E compor um canto que simplesmente
Te diga nos versos, versos ternamente
De emoção! .... confortado ao seu lado!...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/01/2021, 08’30” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PERDÃO...

Ó sorte, eu sei. Eu sei, essa valia
Essa direção que dás pra emoção
A solidão é exata no que merecia
Pois, do amor, cisquei a ilusão

O coração habituara a tirania
Da ficção, de ficar na tensão
No vitimismo, e na melodia
Criei e musiquei a sensação

Então, no ter o que existisse
Me segurei na burra tolice
Do sonho desfrutável a mão

Ó sorte! me deste o caminho
O amparo dum doce carinho
Eu quis outro rumo. Perdão!...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 14’50” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DESENCANTO (soneto)

Muitas vezes trovei os amores idos
Chorando o desalento e desventura
No engano, numa lira feroz e impura
De infelicidade, o vazio dos sentidos

E nesses instantes sofridos, convertidos
Cada lágrima escrita era de amargura
Com rimas sem resolução e tão escura
Soando a alma com cânticos gemidos

E se tentava acalmar com justificação
Mais saudoso ficava o árduo coração
Que se enganava querendo encanto

E, sussurrando, num afiado suspiro
Os versos que feriam, tal um tiro
O amor, eclodiam do desencanto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Mal secreto (soneto)

Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado

Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace

Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto

Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...

(2020, 01 de agosto)

Inserida por LucianoSpagnol