Cem Sonetos de Amor
SONETO VICIOSO
Horas pequenas de o meu poetar
Eu nunca senti quando vos tinha
Que amargurasse a poesia minha
Em tormento e nostalgia de amar
Pensamentos ao vento, a cutucar
Versos soltos, a rima tão sozinha
Soluços nos sonetos, pobrezinha
Sensação, que o peito põe a trovar
Poética de amor, emoções acontece
Escoa no papel saudade alva e pura
Do dantes, insiste e não se esquece
Estranha inspiração, tão desventura
Por um amor, que no amor desfalece
Viciando o coração em dura candura...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 setembro, 2021, 18’47” – Araguari, MG
S’ERRA
S’erra meu soneto, em rimar-vos tanto
Em verso tenso e saudoso, em vos ver
S’erra a poética inquieta, em não haver
E te ter ao lado, faz-lhe ceder ao pranto
S’erra o poeta, na lira dar-te em canto
Pra vós, e na inspiração mais escrever
S’erra cada verso, em assim te conter
É vazio, solidão, a prosa sem encanto
S’erra compor o longevo, sem apesar
De tantas vezes no engano, enganado
Faz desta ilusão sentimentos divididos
S’erra o lhano verso ao amor versejar
Que das promessas são votos cridos
Nestes erros, errar! qual o culpado? ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2021, setembro, 11, 10’01” – Araguari, MG
Ferreirando
POÉTICA CONFISSÃO
Leia-te nos meus lhanos versos singelos
Que o meu coração tem para te poetar
São talhados com tão aguçados cutelos
Da minha inspiração, para lhe ofertar...
Tem amor nos detalhes, e nos paralelos
Do desejo, almejo, e sentimento a arder
Deixa dar-te em pensamentos donzelos
Encanto, tal o luar dum impar anoitecer
Estes foram feitos para ter-te sensação
Afagos, beijos, e muita, muita emoção
Pois, o verso guarda o amor enamorado
Então, amo-te demais, e mais a paixão
E, em prosas puras para ti, essa canção:
- a poética confissão de um apaixonado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/09/2021, 05’38” – Araguari, MG
VIVE EM MIM UMA SAUDADE
Encarcerado no peito sentimentos imersos
Não vejo a inspiração que um dia pude ter
Já não tenho forças pra refazer meus versos
Pouco a pouco, eu sinto a aflição me vencer
Sou um pensamento vazio e sonho infértil
No alvor, sou noite desperta e duro fardo
Sussurra sensações escuras na alma frágil
Onde a poética já não é mais deste bardo
Minha poesia cansada, versos em pranto
O talvez cinzento, em vão, e tão infinito
Aflito. Esgotou em mim qualquer encanto
Preciso de razão, de motivo, uma vontade
Pra ter e haver aquele sentido mais bonito
Devoluto, pois, vive em mim uma saudade...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/09/2021, 18’43” – Araguari, MG
RECOMEÇO
Não há tempo de suspirar saudade
Tenho muito à sentir, querer ainda
Prosas na ventura, quimera infinda
Pois, no amor eu tenho imensidade
Toda sensação é mais e bem vinda!
Em cada emoção uma sublimidade
Felicidade do coração com vontade
Há tanto afeto e tanta ternura linda
Já andejei em dezenas de direções
Tropiquei em vacilos e nos senões
Tive a solidão, e a lição da vaidade
E, agora com o sentimento consolado
Vivo o momento, não mais o passado
A saudade, decorrida, a deixo de lado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31, outubro, 2021, 08’40” – Araguari, MG
EU VOU SER BREVE
Eu vou ser breve por estar saudoso
De tanto que a tua falta me é sofrer
De tanto que me fiz um aturado ser
Eu vou ser breve, neste ato fragoso
Nos meus versos fui um desejoso
Poetando afeto, mimo, podes crer!
E, na minha poética o doce querer
Dos beijos, aquele mais formoso
O olhar você já tem, é só me olhar
E a prosa é sedutora, vai sustentar
Uma poesia com amor é sentimento
Então, qual o porquê da provação?
Em nós o alvor é de tanta sensação
Te quero! ... mais a cada momento!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13 de maio, 2022, 19’19” – Araguari, MG
SONETO POÉTICO
Não mais desfruto do prazer de outrora
Do teu olhar, do teu riso, tudo desfeito
Agora em cada prosa uma dor no peito
E, em cada canto a sofrência que chora
Ah! poesia, que da alegria era um feito
De sensação e não uma agrura sonora
Era afeto, agrado, de sedutora aurora
Ó emoção, dá-me um versar com jeito
Pois, o carpindo no soneto é amargo
E tão letargo o poetizar, um embargo
Ao coração, que sonha e quer o teor
Deixai-me com o desprezo e o desdém
Na dita sorte, e no transtorno, porém,
Poético! Sempre hei de crer no amor!...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09 agosto, 2022, 19’47” – Araguari, MG
Fado pecador
Sobre as asas de um poema sedutor
Uma sensação voando da inspiração
Trazendo em seu canto tanto primor
Paixão, agrado e a sorte no coração
Sobre as asas de um poema maior
A poética tão enroupada de emoção
Prosa que leva seu cântico de amor
Desbotando a saudade e a solidão
Ah! fado pecador: - perdão na falha!
Aquele escasso que sonhei e secou
Tal a aridez do cerrado acinzentado
Fez-se craquelado, versos na palha
Quebráveis, dum pouco que sobrou
Agora, sonhos se foram. É passado!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 fevereiro, 2024, 19’51” – Araguari, MG
SONETO DE OUTONO 3
Quanto aperto em meu peito
Quanta agonia em versos presos,
Quanta lacuna entre meus desejos
Quantos sonhos fulgurados perfeitos.
Outrora saudade envelhecida
Em gotas de versos rabiscados,
Hoje tormento de outono malgrado
Entre doces primaveras entristecidas.
Lembranças de incensos amargos
Exalam sobre os versos
D’um soneto de perdição,
D’uma alma triste e abatida
Como pétalas doces feridas,
D’um amor que arde no coração.
NICOLLAS
És verso perfeito
Cântico de felicidade,
Do céu foste enviado
Doce anjo abençoado.
És perola de Deus
Diamante celestial,
Entrego-te em versos meus
Esse amor eternal.
És vida minha
Doce amor
És do céu a poesia,
Filho amado divinal
És anjo menino
Meu amor incondicional.
SONETO DE SENTIDO
Andei sem direção, sem um caminho
Por muito tempo andei na contramão
Olhava os fatos, mas não via a razão
Até que mudei da água para o vinho.
Por muito tempo estive só, perdido
Não sabia o que, na vida, eu iria ser
Mas hoje eu sei: Ser tudo pra você
Pois no amor encontrei, enfim, o sentido.
O tempo que perdi não vai voltar
Foi se, ao sopro do vento, ver o mar
Na verdade, não sei se foi perder
Creio que é, a evolução, contrapartida
Mas tudo isso passou e volto a dizer
Que só o amor é o sentido desta vida.
As folhas em branco
Preenchem o vazio persistente
Em habitar o meu ser;
Vazio deixado por você;
Quase impossível preencher;
Uma falta que sufoca;
Na esperança da sua volta;
Rabisco folhas, contando histórias;
Vívidas com você.
No fascínio do teu ser;
Meu eu se perde em teus encantos;
Revejo teu rosto em cada canto;
Meu coração despedaçado, cai em pranto;
Revivendo memórias contracenadas com você.
Escrever sobre nós dois, é a forma diferente de te ter: sem nada exigir, sem nada de te ter, basta apenas uma folha, em segundos, sem perceber, ao meu lado está você.
Nos teus olhares brilha o doce afago,
Desejo e graça num só gesto unido,
Fertilidade em dádiva revelado,
Origem grega e deusa em ti contido.
Isis-Doron, nome que encanta e ecoa,
Beleza rara em linhagem tão sutil,
Teus olhos, fonte de calma e encanto vibram em consonância com o universo,
Num hino eterno ao encanto e ao perfil.
Assim te vejo inrenitente sem teimosia você segue a vida encantando o mundo com sua singeleza.
Não se preocupe com os caminhos a trilhar porque independente de por onde andar o ponto final será sempre onde você tem que está!
UM CORAÇÃO (soneto)
Conheço um coração, tão apaixonado
Toca lira constante, e em que perdura
A amizade, presença do amor ao lado
Que ao senso vive declamando ternura
Evadido da paixão do estar enamorado
Num tatalar do peito cheio de loucura
Contente! Onde tudo vai bem, obrigado!
O acaso... ah! este tão cheio de aventura
E em seus corredores o gozo e o prazer
Circulam.... Os sentimentos são tantos
Sem avejões, sombras, só cândido lazer
Conheço um coração, se um dia sofreu
Não mais sofre, não poeta nos recantos
Este coração: - feliz e radiante é o meu!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
AVINDO (soneto)
Pálido, o luzir do raiar, cerrado sombrio
Chave lá fora, cá dentro o peito chora
Embalsamado no tempo que implora
Por afago, neste dia de um céu bravio
Sobre o leito do meu olhar a aurora
Em lágrimas escoadas do verso vazio
Melancólicas, com suspirar e arrepio
Que consola com a lua, branca senhora
E nos olhos rasos d’água, palpitando
A saudade, que dá aflição se abrindo
Em lembranças, que ali vai resvalando
Não te rias de mim, ó agrado findo
Por ti, no rancor eu velei chorando
Mas, no amor, paz e renovo avindo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020, 04’37” - Cerrado goiano
FASCÍNIO (soneto)
Beija-me! O teu beijo ardente e brando
Entra-me o sentimento, intenso e forte
De arrepios e de suspiros, vivo, entrando
No afeto, e assim, acontecendo a sorte
Olha-me! O teu olhar, na alma radiando
Felicidade, luz, em um cálido passaporte
De ter-te aqui, e no querer ter-te amando
Onde a poesia e o poeta têm o seu Norte
Fala-me de sonho, de um límpido recanto
Onde o trovar conversa com a lua cheia
E o teu fascínio adentra em meu verso
Beija-me! Olha-me! Fale-me! Ó encanto:
- de amor... de paixão. Prenda-me na teia
Do teu magnético e tão delicioso universo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/07/2020, 05’45” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
DESENCANTO (soneto)
Muitas vezes trovei os amores idos
Chorando o desalento e desventura
No engano, numa lira feroz e impura
De infelicidade, o vazio dos sentidos
E nesses instantes sofridos, convertidos
Cada lágrima escrita era de amargura
Com rimas sem resolução e tão escura
Soando a alma com cânticos gemidos
E se tentava acalmar com justificação
Mais saudoso ficava o árduo coração
Que se enganava querendo encanto
E, sussurrando, num afiado suspiro
Os versos que feriam, tal um tiro
O amor, eclodiam do desencanto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro
Mal secreto (soneto)
Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado
Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace
Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto
Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...
(2020, 01 de agosto)
O CONDENADO
O sentimento está triste. Tão calado
O pensamento solitário, num canto
Com agonia, ali, assim, compassado
E os olhos lacrimejando entretanto...
E no sofrimento de um crucificado
Pulsa na dor e chora árduo espanto
Se sentindo, um tal tão desgraçado
No drama e paixão, sem encanto...
Do algoz, cruento, e seco cerrado
O silêncio lasca o peito com tensão
Que suspira em pranto, fulminado
Tal um réu, um desafortunado, então
Largado na ilusão, e se vendo de lado
Soluça saudades o condenado coração!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto de 2020 – Araguari, MG
ADVERSO DUM VERSO
Essa sensação de face cansada
Que vês no meu poetar azedo
De trova tremente e mirrada
É falta que lamenta no enredo
O versejar pouco camarada
Da satisfação já em degredo
De rima velha e desgraçada
Em que não se profere ledo
Ontem, de viço e alegria
Hoje, o choro e sofrência
Um fado. Na vã poesia
Nesta dura sina em riste
Do canto em decadência
Verseja um poeta triste!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2020, 16’45” – Triângulo Mineiro