Cem Sonetos de Amor de Pablo Neruda (trechos inesquecíveis do autor chileno)

Os prazeres do amor jamais nos serviram. Devemos nos considerar felizes se não nos aborrecerem.

O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor.

O verdadeiro matrimônio é uma mistura particular de amor, amizade, consideração e sensualidade.

A amizade e o amor estimam-se como dois irmãos que têm uma herança a partilhar.

A idade não nos protege contra o amor. Mas o amor, até certo ponto, protege-nos contra a idade.

O amor-próprio é um animal curioso, que consegue dormir sob os golpes mais cruéis, mas que acorda, ferido de morte perante uma simples beliscadura.

O amor é a comédia na qual os atos são mais curtos e os intervalos mais compridos. Como, portanto, ocupar o tempo dos intervalos senão com a fantasia?

O primeiro efeito de um excessivo amor pela riqueza é a perda da própria personalidade. Quanto menos se amam as coisas, mais se é pessoa.

Em amor é um erro falar-se de uma má escolha, uma vez que, havendo escolha, ela tem de ser sempre má.

O amor, como um rio, encontrará um novo caminho toda vez que encontrar um obstáculo.

Não peço riquezas nem esperanças, nem amor, nem um amigo que me compreenda. Tudo o que eu peço é um céu sobre mim e um caminho a meus pés.

O amor por um só é uma barbaridade: porque se exerce à custa de todos os outros. O mesmo quanto ao amor por Deus.

Custa menos ao nosso amor-próprio caluniar a sorte do que acusar a nossa má conduta.

O beijo fulmina-nos como o relâmpago, o amor passa como um temporal, depois a vida, novamente, acalma-se como o céu, e tudo volta a ser como dantes. Quem se lembra de uma nuvem?

Os políticos não conhecem nem o ódio, nem o amor. São conduzidos pelo interesse e não pelo sentimento.

O amor é um modo de viver e de sentir. É um ponto de vista um pouco mais elevado, um pouco mais largo; nele descobrimos o infinito e horizontes sem limites.

Hoje em dia, não pensamos muito no amor de um homem por um animal; rimos de pessoas que são apegadas a gatos. Mas se pararmos de amar os animais, não estaremos na iminência de pararmos de amar os humanos também?

O amor afirma, o ódio nega. Mas por cada afirmação há milhentas de negação. Assim o amor é pequeno em face do que se odeia. Vê se consegues que isso seja mentira. E terás chegado à verdade.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever

A música clássica do amor é em tom maior, a romântica em tom menor. O amor moderno é uma fraca melodia, sobreinstrumentada.

A medicina é o remédio para todas as dores humanas, apenas o amor é um mal que não tem cura.