Cem Sonetos de Amor de Pablo Neruda (trechos inesquecíveis do autor chileno)
A posteridade é um colegial condenado a decorar cem versos. Chega a aprender dez de cor, balbucia algumas sílabas do resto: os dez, são a glória; o resto, a história literária.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas. Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos. O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.
Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.
Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande.
Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele.
O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos; e cada pequena ausência é uma eternidade.
O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.
Nota: Trecho adaptado de poema do "Livro do Desassossego", de Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa).
...MaisO amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir.
O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.
O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício.
Nada é pequeno no amor. Quem espera as grandes ocasiões para provar a sua ternura não sabe amar.
Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.