Cem Sonetos de Amor de Pablo Neruda (trechos inesquecíveis do autor chileno)

A risada dela poderia tocar na rádio que eu não enjoaria
O olhar dela é daqueles poemas que sempre leria
O sorriso bobo dela desconcerta qualquer um
Não falta muito pra te dizer "I love you".

O Tempo de Um Poema -

Diante da obra de um grande poeta,
em especial,
seus grandes poemas,
deveríamos ler,
somente,
um poema a cada sete,
quinze...
a cada trinta minutos.
(Dar tempo suficiente para digeri-lo por completo).

É preciso chorar (se for pra chorar).
Sorrir (se tiver que sorrir):
pensar, sentir.

É preciso deixar as facas cortarem,
rasgarem a carne fria
(sangrar).
Ou contemplar o corpo se acalmando
como no calor de um abraço,
quando a alma se sente
acolhida.

Um poema
não deve cortar o efeito
de um outro poema.
Um poema
é o presente respirar que,
aos poucos,
no tempo,
vai se apagando para um novo.

Mas no instante em que é lido,
é o teu íntimo inteiro:
consciente ou inconscientemente.

É o teu corpo
e alma
e pensamento
(centro supremo de tudo que te habita,
onde tu habitas em tudo).

É a tua cama,
o teu quarto,
a tua casa:
o Universo inteiro.

Eu conseguiria escrever mil textos , mil poemas , inspiração não me falta.
Sabe oque me falta no fundo ?
Vontade de pensar em algo que não seja você .

Luto poético

Escorre um sentimento de luto
Túmulos de poemas e poesias
Enterradas em esquecimentos
Papeis amarrotados e sem cor
Frases sem sentimento...
Uma eterna falta de amor
Sepulcro onde se enterram letras
Se chora por palavras em vão
Besteira que saiam do pensamento
Mas que no fundo...
Era o sentir do coração
Descanso da entrega poética
Um vazio, uma falta, uma solidão
jaz pensamentos de poetas mortos
Pensamentos que mesmo com tempo
Os que conheceram, jamais esquecerão.

Café com Poemas e Aroma de Mulher

Aquele cheiro gostoso, natural
Vindo da cozinha, todas as manhãs...

Algo divino
E tão intuitivo

Ela de avental,
Preparando a mesa...

As xícaras, o bule, o café
O sonho e o pão...

Teus cheiros, teus gostos, tua cor
Tua boca, teus sabores, teus amores

Tudo isso é você, mulher
Minha inspiração em versos e prosa

Um bule cheio de emoção
É o meu coração em ebulição ao falar de ti...

Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léu
Ríamos, choravamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu

Data e Dedicatória (Mário Quintana)

Teus poemas, não os dates nunca... Um poema
Não pertence ao Tempo... Em seu país estranho,
Se existe hora, é sempre a hora estrema
Quando o anjo Azrael nos estende ao sedento
Lábio o cálice inextinguível...
Um poema é de sempre, Poeta:
O que tu fazes hoje é o mesmo poema
Que fizeste em menino,
É o mesmo que,
Depois que tu te fores,
Alguém lerá baixinho e comovidamente,
A vivê-lo de novo...
A esse alguém,
Que talvez ainda nem tenha nascido,
Dedica, pois, os teus poemas.
Não os dates, porém:
As almas não entendem disso...

Poemas à Morte. 3.

Quando tua escuridão refletir.
Surgir o reflexo do vermelho,
do azul, do negro, do peito,
de mim irá fugir.
E sentirá só,
com sangue, sem dó.
Até que a morte vos mate,
disso eu farei arte.

O zelo que sentiste,
inútil chegaste ao fim.
Sem despedidas partiste,
nem pensaste em mim, com ti.

Fugiste de mim,
quando tua escuridão rugiu,
meu peito aberto, e assim
o espírito a ti, seguiu.

Morto sem bússola,
no caminho, sem culpa.
Entende que o fato de morrer,
é só escolher com quem ficar?

Encontrei um pássaro
Cantando com tua voz,
Leu poemas, poesias...
Me dedicou.
Falou em versos
Sonhos que sonhei.
Eu vi,
Tinha asas cor do céu
Bico feito mar,
Tinha flores nos olhos
Mel no cantar !
Tinha o jeito sertanejo
Tinha gosto de avelã
Pele dourada
Sabor de maçã,
Eu vi,
Pássaro passarinho
Por mim passou,
Deixou teu cheiro
Cheiro molhado
Me cantou !

Sarabatana flechou coração do cantador da aldeia
Que vive apaixonado fazendo poemas pro rio
E passa o dia contemplando seu pé de taperebá
Beijando bocas sonhadoras que vem lá do Amapá

⁠Gosto muito de escrever
Tenho bastante poemas em meu pv
Acho que tem muitos que falam de você
Mas como saber se nem sonhava em te conhecer
Mas a vida é assim cheia de surpresas
Ela sempre nos deixa besta
Sonhamos todos os dias com algo diferente
Mas nunca paramos para dar valor ao presente.

Nada mais de mim
haverá memória
-sei-
só os poemas darão conta
da minha avidez
da minha passagem
Da minha limpidez
sem vassalagem

Na ponta da pena
Escrevo poemas
Transcrevo fases
Relato momentos
Crio fantasias
Imagino amores
Encontro rimas
Descrevo você
Transmito alegrias
Vivo o tempo
Lembro de fatos
Concluo pensamentos
Sonho acordado
Revivo momentos
Olho para o futuro
E me vejo no escuro
Procuro o eterno
Encontro o provisório
Vivo o presente
Almejo um novo amanhecer
Caminho adiante
Encontro amigos
Fujo dos inimigos
Vivo momentos
Todos são fases do tempo
Na ponta da pena
Escrevo situações
Relato emoções
Transcrevo sensações
A vida é uma flor
Renasce todos os dias
Exala um forte odor
Revive com o sol quente
Murcha num momento de dor
Morre com falta de amor!!!!

Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposas igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida.
E, assim, só se chamarão bons os de coração recto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reinvindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra.

Vou ensinar uma coisa sobre o amor para você.
Claro que há exceções para o que vou dizer, mas são exceções, não a regra.
O amor, apesar do que dizem, não vence tudo.
Ele nem mesmo costuma durar.
No final, as aspirações românticas da nossa juventude, são reduzidas a ao que pode dar certo.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

O Amor de Dudu nas Águas


Estou virando uma menina
tornada mulherinha
com tanta coleirinha
de maturidade
ainda assim me sinto parida agora
tenra, maçã nova
nova Eva novo pecado.
Tudo gira e eu renasço menina
vestido curto na alma de dentro...
Deixo no mar os velhos adereços
a velha cristaleira, os velhos vícios
as caducas mágoas.
Nasce a mulher-menina de se amar
com água no ventre e no olhar.
Nasce a Doudou das Águas.

Virtudes Ociosas e Bolorentas

Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa onde a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas onde faltavam sinceridade e verdade, e com fome me fui embora do inóspito recinto. A hospitalidade era fria como os sorvetes. Pensei que nem havia necessidade de gelo para conservá-los. Gabaram-me a idade do vinho e a fama da safra, mas eu pensava num vinho muito mais velho, mais novo e mais puro, de uma safra mais gloriosa, que eles não tinham e nem sequer podiam comprar.
O estilo, a casa com o terreno em volta e o «entretenimento» não representam nada para mim. Visitei o rei, mas ele deixou-me à espera no vestíbulo, comportando-se como um homem incapaz de hospitalidade. Na minha vizinhança havia um homem que morava no oco de uma árvore e cujas maneiras eram régias. Teria feito bem melhor visitando-o a ele.
Até quando nos sentaremos nós nos nossos alpendres a praticar virtudes ociosas e bolorentas, que qualquer trabalho tornaria descabidas? É como se alguém começasse o dia com paciência, contratasse alguém para lhe sachar as batatas, e de tarde saísse para praticar a mansidão e a caridade cristãs com bondade premeditada!

Henry David Thoreau
Walden ou A vida nos bosques (1854).

Cada noite que Deus dá
meu amor, que esta no céu
despetala uma estrelinha
para ver se ainda o quero.