Cegueira
Alforria
Abri a pálpebra, cortina da solidão.
Busquei desengrimpar a cegueira emocional falida.
Desintrigar o consciente coletivo padrão.
Traçar os azimutes fundamentais da vida.
Exauri as tendências auto flagelantes.
Expurguei a volubilidade fantasiada de liberdade.
Implorei sossego aos moinhos de Dante.
O futuro é uma pérola em formação.
Parido na maternidade da dor.
Envolto em êxtases de reflexão.
Um fantasma vórtico de pudor.
A lágrima é o sorriso da tristeza.
A simplicidade a essência da sabedoria.
O sentimento a estrutura da beleza.
Não importa se é você o eu ser.
Foi sua pureza que me libertou.
O amor é o sagrado infinito a crescer.
O destino não é o promíscuo que se pensou.
A "cegueira" de um juiz é do tamanho de sua capacidade de julgar, mas, se ele compreende as mazelas da condição humana sua "visão" é do tamanho do universo.
Queria tocar a sua alma, atravez de minha cegueira,pois é assim que eu te sinto,é assim que eu te vejo
A CEGUEIRA DO PROGRESSO
Caminhando pelo centro de uma cidade movimentada, observo as pessoas apressadas. E, tenho do chão uma visão dos prédios altos e baixos, modernos, antigos e deteriorados. As frestas da luz do sol entre as construções pouco traspassam às ruas e calçadas, a pressão do calor sufocante ainda na primavera e a brisa quente que corre entre os corredores banham pedestres precipitados.
A lassidão revela-se nas caras das pessoas com seus passos sempre ocupados e os corres-corres inúteis para ter-se a sensação de utilidade na sociedade inundada de cobranças. Entre elas se cruzam ao atravessar as ruas, esbarrando e tropeçando nas laterais do trânsito engarrafado de carros fora da faixa, cada um por si na urgência da sua própria individualidade, indiferentes às algumas gentilezas e sorrisos de estranhos corteses, em meio às ofertas das lojas anunciadas em alto som.
Entretenho-me a refletir naquela multidão de gente sobre a situação em que a humanidade se encontra para viver numa cidade grande, escravo do progresso de uma vida agitada que não vai a lugar nenhum e deixa a alma vazia. E, logo, sendo interrompido no devaneio da minha análise por uma criança suja e malvestida, “Sinhô, sinhô, me dá um dinheirinho aí prá comprar pão? Estou c’um fome!”
... Um grupo de cegos tateia com suas bengalas o chão por onde pisam, param e ficam pacientemente a espera da ajuda para atravessar a rua e ninguém nem aí.
“- Quem serão os cegos?” Pois, que a visão de muitos foi prejudicada pela proposta do mundo moderno, com mais estatístico sem nenhum valor humano.
Assim caminha a humanidade aprisionada dentro de uma grande gaiola que a cega cada vez mais, sem tempo tão necessário para encontrar-se consigo mesmo em direção à liberdade.
Repliquei, “ô garoto! Se você quiser esta quantia da prá comprar um pão”, e, mesmo esfomeado, na sua frieza, me abandonou dizendo, “só isso eu não quero”, saiu apressado a pedir esmolas ao mundo cheio de ilusão.”
Ela dorme tão perfeitamente despertada
que em si a verdade é o vazio. Ela aspira
à cegueira, ao eclipse, à travessia
dos espelhos até ao último astro. Ela sabe
que o muro está em si. Ela é a sede
e o sopro, a falha e a sombra fascinante.
Gostar de alguém causa cegueira; defender esse alguém, paixão. Não gostar de ninguém causa amargura; destruir os outros por falta de amor, sofreguidão.
"Do fascínio até a cegueira pelo brilho de alguém, existe sempre algum desejo além do conhecimento."
É preciso despertar o adormecer da alma, lutar contra o medo do desconhecido. A cegueira do medo impede que a luz ultrapasse as barreiras contidas nas profundezas do âmago...
O amor pode ser tudo, pode conter tudo. Até mesmo a cegueira, a surdez, a mudez. O amor transporta sentidos e a arte tem os meios de captar esses caminhos por onde andam as emoções humanas...
A fortaleza não está em abafar a realidade, nem na cegueira de uma paixão. Ela está na ação de decidir por amor a si mesmo.
A bondade é fortaleza, O amor tudo é capaz. E que a cegueira da certeza não sufoque os ideais do amor.
- Relacionados
- O Pior Cego
- Ensaio sobre a Cegueira
- O Amor é Cego
- Cegos