Cegueira
A ideia de uma cegueira voluntária, onde indivíduos ou grupos escolhem ignorar questões importantes para evitar confrontar verdades desconfortáveis. E esse "cadeado mental" simboliza as limitações impostas a si mesmos, seja por medo, acomodação ou manipulação, que bloqueiam o discernimento e dificultam o questionamento. A analogia com as avestruzes ilustra bem essa postura de fuga, onde muitos preferem se manter alheios ao que, no fundo, sabem estar equivocado.
A corrupção alimenta a fome, o analfabetismo, a bala perdida, a fila da morte, a cegueira e o desemprego.
...“Não será o avanço da ciência que afastará o homem de Deus, mas a cegueira e de sua própria ignorância.” ... Ricardo Fischer.
"Uma placa dizia "siga", mas pra onde vamos?
Se com a cegueira da rotina já não sabemos mais quem somos?
"Não existe cegueira que Jesus não cure. Não há mal que Jesus não arranque. Não há trevas que resistam à Sua Luz."
A pior cegueira que existe é aquela em que enxergamos tudo, mas não vemos nada. É como ter fatos, mas não deixar que sejam comprovados; é tampar os olhos para o que está evidente e deixar-se levar pelo incoerente; é mergulhar no raso e tentar nadar contra a corrente, é perder-se de si mesmo tentando se encaixar e viver continuamente a mercê de migalhas que não te preenchem.
SERÁ QUE SÓ VC NÃO VÊ?
No livro Ensaio sobre a cegueira, escrito pelo português José Saramago, uma pandemia aflige o mundo. De repente, todos perdem a visão. Sofrem uma cegueira branca. No começo, parecia que as pessoas iriam se ajudar, ser solidárias, melhores. No entanto, os problemas da sociedade logo ressurgem e são potencializados, já que ninguém “enxerga” a mudança necessária para o bem coletivo. Com essa cegueira moral, o instinto de sobrevivência prevalece, sobrepuja a razão, o ódio subjuga sentimentos altruístas. Impera o egoísmo, enfim.
A palavra instinto nunca foi tão presente na contemporaneidade.
Analogamente à obra literária, vivemos também uma pandemia, só que da Covid-19 em franca mutação. Quando ela começou muitos gestos maravilhosos aconteceram. Alguns foram divulgados nas mídias sociais. As pessoas pareciam que aprenderiam alguma lição sobre fraternidade e comunhão. Todo dia, às 18h, um vizinho ancião tocava a Ave Maria em sua flauta doce, da sacada da janela. Ao término, todos os vizinhos aplaudiam de suas janelas.
Até então não havia vacina, nós éramos a cura.
Com o tempo, a cegueira moral se abateu sobre muitos. Indivíduos sem máscara. Outros em aglomerações. Uns tantos negando a pandemia. Outrem oferecendo pseudofármacos. Dois médicos, renomados, minimizavam a gravidade do patógeno e vieram a óbito por causa dele. E tudo isso envolto em informações, contrainformações, falsas informações. Enfim, uma cegueira moral despencou sobre nós. A nossa cegueira branca.
Mas aí chegou a vacina. De vários grupos científicos. A britânica Oxford-AstraZeneca, a estadunidense Moderna, a germano-estadunidense Pfizer BioNTech, a russa Gamaleya Sputnik V, a sino-brasileira CoronaVac. Infelizmente, o imunizador – não importa qual – poderá a longo prazo reduzir os efeitos dessa silenciosa e sufocante enfermidade viral, contudo a corrupção humana ainda levará tempo longínquo para ser publicizada como a mais letal e senecta doença entre os humanos.
Autoridades que deveriam dar o exemplo nesse momento tão triste da história do homo sapiens furam a fila do imunizante para se beneficiarem, como se fossem capitães de um navio a fugir no primeiro bote salva-vidas. No nordeste brasileiro, os prefeitos de Antas(BA), Candiba(BA), Itabi(SE), Guaribas(PI) adotaram a máxima: “Farinha pouca, meu CoronaVac primeiro”. Além deles, há vários... filhos e filhas de sicrano, queridinhos de beltrano, os amores de fulano.
Eis que o norte do Brasil se asfixia e tenta clamar por socorro. Na Bíblia, há o livro de Salmos cujo capítulo 42, no versículo 7, traz a mensagem “Abyssus abyssum invocat”, ou seja, um abismo chama o outro. No norte do país, os estados do Amazonas (Falta de oxigênio em Manaus), Amapá (apagão e colapso dos hospitais) e Rondônia (falta de leitos e médicos) mostram o extremo a que podem chegar as más gestões e desvios de verba em solo pátrio.
Enquanto isso, na fantástica terra do leite condensado, o mandatário da nação vai a uma churrascaria na companhia da matilha política, além de artistas, como Naiara Azevedo, Amado Batista e Sorocaba. De mórbida praxe, ao final, o mascarado presidente sem máscara deleita-se em selfies e aglomerações contagiantes...
No livro Ensaio sobre cegueira, aos poucos, a cegueira branca se foi. Abriu-se uma perspectiva de o mundo ser um lugar melhor, no qual as pessoas agora percebam que quando enxergavam eram cegas de amor. E, como se o universo ou Deus, permitisse uma segunda chance, o homem então mais racional poderia compreender finalmente a relevância das emoções, principalmente aquelas que nos fazem querer abraçar o outro em qualquer sentido benevolente da palavra.
O Brasil anseia por um final tal qual o da ficção. Todavia, na catarata dos sonhos, está tudo branco ainda, ainda está tudo escuro, então.
CEGUEIRA
“Não há razão que ilumine nem olhos que penetrem a cegueira do coração!”
António da Cunha Duarte Justo
in Poesia e Aforismos
A cegueira espiritual acontece quando aquilo que para Deus é abominável aos Seus olhos se torna aceitável e agradável aos olhos humanos
A prepotência torna algumas pessoas insolentes e arrogantes, talvez a cegueira causada pelo orgulho faz com que muitos deixem de “ser” e passem a priorizar o “querer ter”, mas esse "ter" vai além do possuir, ele é na verdade uma via de mão dupla que por um lado te dá pseudo poder e por outro te tira a essência da humanização.
"Ser", "ter", "querer" e "poder", são verbos que a principio enriquecem seu vocabulário, mas dependendo da situação empobrecem sua essência e apodrecem a sua alma.