Cecilia Meireles Criancas
Um dia, estando entre nós dois o Atlântico,
senti a tua mão na minha;
Agora, tendo a tua mão na minha,
sinto entre nós dois o Atlântico.
Não Sou Cecília
Não sou Cecília,
mas caminho,
absorta na multidão,
Solitária.
Desenho meus descaminhos,
e busco,
felicidade!
Escrevo pra provocar.
qualquer
acontecimento.
De repente,
surreal.
Que me surpreenda.
e que ninguém,
se arrependa!
Cores
(a Cecília Burle)
Enquanto a gente é criança
Tem no seio um doce ninho
Onde vive um passarinho
Formoso como a Esperança.
E ele canta noite e dia
Porque se chama: Alegria.
Depois... vai-se a Primavera...
É o tempo em que a gente cresce...
O riso se muda em prece,
A alma não canta: espera!
E ao ninho do Coração
Desce outra ave: a Ilusão.
Mas esta, como a Alegria,
Nos foge... E fica deserto
O coração, na agonia
Do inverno que já vem perto.
Nas ruínas da Mocidade
É quando pousa a saudade...
Não é fácil lavar louça quando eu poderia estar lendo um soneto da Cecília, um poema do Bukowski, qualquer coisa do Drummond... se bem que o tilintar de colheres, facas e garfos é inspirador; a espuma do detergente, o barulho dos pratos, a água caindo... ah, tudo é poesia e isso me transporta pra um horizonte sem limites; eu sou um anjo e condeno os pecados do mundo, mas eu também tenho os meus pecados, esta paixão... esta paixão pela vida; Louis Armstrong sabe de tudo: "what a wonderful world!" que mundo maravilhoso; garfos, facas e colheres tilintam... pratos e panelas são lavados lembrando-me que pessoas se alimentaram, a água cai como cristais lembrando rios e lagos, a poesia é viva e dinâmica; e eu reflito no meu horizonte: os pecadores passam, a paixão nos rejuvenesce e a poesia... a poesia é o ar que você respira, a água que você bebe, é o que te alimenta. Ah, quem vive sem poesia?
AMANHÃ SERÁ OUTRO DIA
Índia Cecília
Num sonho que parecia real me vi caminhando por uma trilha de uma mata virgem, usada por tribos indígenas ou caçadores, assim imaginei que fosse. Quando de repente me deparei com um riacho que onde havia uma taipa de pedras que servia de caminho para atravessar o riacho. De repente ouvi vozes de alguém, eram rapazes e moças indígenas tomando banho no riacho logo abaixo da passagem, fiquei observando o divertimento dos jovens indígenas quando de repente um deles notou a minha presença ali perto e me reconheceu e me chamou pelo nome para atravessar o riacho e ir junto com eles. O nome do qual me chamaram parecia conhecido para eles mas eles me pareciam ser estranhos. Mas seguindo em frente na história os jovens indígenas se aproximaram de mim e entre eles havia uma moça de uma beleza rara, morena esguia e altura média alta, cabelos negros caindo abaixo dos ombros. Tinnha um rosto comprido, lábios finos e compridos. Vestia uma saia que chegava abaixo dos joelhos parecia ser brim branco com bordados de flores silvestres cor de rosa. Usava uma jaqueta de couro de animal silvestre. Costurada com tentos finos e bem trabalhados. A jaqueta de couro tinha uma cor marrom com estampas trabalhados a mão. Ela se aproximou de mim e ficou parada por uns instantes me contemplando, de repente me convidou para ir junto com ela até sua aldeia. Era uma moça quieta, quase tímida, porém séria e segura de si própria. Ela deveria ter uns 27 anos de idade. Me convidou para entrar na tenda da família no qual havia uma idosa que logo imaginei fosse sua vó. Depois de alguns instantes apareceu um senhor, índio mediano trazendo um javali que havia caçado. Chegou quieto me observando de repente pediu para a moça trazer seu cachimbo e o tabaco, ela de pronto o atendeu. Foi quando ele me perguntou o meu nome no qual eu respondi Cacique Cajú e ele respondeu. Eu me chamo Cachoeira Serena, era ja tarde da manhã quando Índia Cecília apareceu servindo carne selvagem e pão feito com milho verde ralado na pedra trabalhada. Mas tinha um sabor extraordinário. A tarde foi divertida com os jogos típicos das tribos indígenas. Num certo momento nos acentamos para conversar e cada um contou a sua história, foi quando Índia Cecília contou a sua, que ela era órfã de pai e mãe e que eles haviam sido mortos numa emboscada de uma tribo rival e que havia sido adotada pela tribo na qual ela estava, e que seu marido flecha branca também teria morrido num ataque de onça. Quase chegando o final do dia Índia Cecília me pediu para acompanhar-la a um passeio ao redor da aldeia, caminhamos por cerca de meia hora. Quando chegamos a um lugar ermo com pouca vegetação e dali podia se ver o pôr do sol. Quando o sol ia se pondo encostando no horizonte Índia Cecília se virou de costas para mim e se sentou na minha frente e inclinou a cabeça entre os pés e colocou as mãos sobre eles. Durante o tempo que o sol ia desaparecendo sem se mexer com o cabelo encobrindo seu rosto, parecia uma oração que estava fazendo. E parecia que sabia que o sol havia se posto atrás do horizonte ela ergueu a cabeça olhando firme para o horizonte e lentamente se pôs em pé diante de mim. Quase trêmula olhando para mim, me pegando pelas mãos e em seguida colocou a sua mão direita sobre minha fáce esquerda e disse num sussurro quase mudo, AMANHÃ SERÁ OUTRO DIA.
A mata e o tempo
Como é fascinante
Lembrar de você, Cecília.
Na fazenda,
Sua adorável companhia.
Nos fins de semana:
Passeios pelos bosques,
Para contemplar a beleza
Da diversidade vegetal.
Cavalgar pelas trilhas
Até as cachoeiras do rio.
Saltar do alto das pedras,
Mergulhando até o fundo no poço
Nadar até os cipós nas árvores.
Na volta pra casa
Colher em abundância os frutos:
Araçás, cajus, ananás e maracujás,
Pela imensa mata tropical.
Ainda me lembro muito bem
O que você sempre dizia:
Queria ter asas
Para voar entre os galhos das árvores
E ferozmente
Impedir o homem
De desmatar este jardim natural
Cecília,
Na diversidade daquele bioma,
Você se encantava
A fauna te dava imensa paixão.
Eram tantas as espécies,
Ficaram na memória,
Me lembro muito bem.
Observávamos a aparição do Acauã, anu-preto,
araponga, águia real, bacurau, beija-flor, biguá,
caburé, coruja, curiango, curió, guaxe, jacuaçú,
macuco, papagaio, periquito, perdiz, sanhaço,
saracura, sofrê e tururim.
A mata atlântica nos impressionava.
Por possuir lindas jueiranas, jacarandás, baraúnas, pequis,
angelins, massarandubsa, paus d’alho e
imponentes jequitibás.
Cecília,
Observando o tempo lá fora
Me deu vontade de te perguntar:
Algum dia,
Essa mágica diversidade voltará a reinar?
Quem irá preservar?
MINHA CECÍLIA
Quão forte é essa mulher
Fui presenteado por Deus
Minha professora primeira
Minha Cecília tão mãe
No “visseiro” teu cheiro me assegurava
Um dia inteiro de sonhos e rios
De poesia, contos e beleza
Dos passeios no “quente e frio”
Dizem-me: criado por avó
Ah se soubessem dos encantos de sê-lo
Não seriam pejorativos na fala
Talvez por um momento só
Se todos pudessem percebê-lo
Não calariam o que não me cala.
A Irmã de Cecília
Em tenra idade um vulcão ativo
ilude-me, faz-me cativo e hipnotizado
Fazendo com que as lavas incandescentes de mais uma fantasia
paralisassem-me, tornando os meus dias
em uma eternidade destruindo as lembranças do passado
Meiga, doce, encantadora
se torna assim uma traidora
aos olhos dos homens, aos olhos do mundo!
Uma traição perdoável
pois Cecília se tornou tão instável após sucessivas estações
Abduzi o espírito de Emília
rasgando seu peito, e em seu ventre
fiz jorrar o mar de minhas emoções
Óh! quão culpado me julgo
por desfazer mil sonhos mas não me culpo
quando em meus lábios sinto os beijos de Emília
que colocou sua vaidade
unida à todas vontades
na alcova que agora não mais é de Cecília!!!01/02/2014
W. Lira Franca
Cecilia
Nesse oceano veleja a poesia
O mistério das palavras
O silencio da solidão,
Vagas imensas,
Imensidão...
Arquipélago em mim,
Ilha na sua solidão
Cecília não sabe amar
Cecília não era uma mulher de beleza padronizada ao que se diz perfeito, não tinha as melhores roupas, não sabia caminhar e beber água ao mesmo tempo, ao ficar nervosa sua cor nitidamente virava pimentão e suas palavras não saiam como queria. Não conhece o mundo nem sabe viver nele, tem medo do que não é como imaginara ao mesmo que tem fome de extraordinárias descobertas.
Vinte e três anos, muitas histórias tristes para contar com um grande sorriso no rosto preenchido de formas e linhas que a representam mais que qualquer coisa, cabelinhos negros que ela insiste em mudar, noites em claro, pois na sua vida a noite é o começo e não o fim.
As novelas que via na infância a fizeram ver o amor como algo bom que com sorte um dia teria o prazer de viver, porém, a vida não foi tão generosa e para ela a coisa toda para todo mundo se torna injusta quando o assunto é amar e ser amado. Persiste procurando, seja uma brecha, uma esperança que as pessoas podem ser boas o suficiente para desfrutar do privilégio que é o AMOR, mas em seu caminho só encontrou espinhos e seres espinhosos em que a incessante luta pelo Ego é mais importante do que dar e receber uma dádiva tão simples e que na verdade é o que tem de mais sublime na vida de qualquer miserável.
Segue andando sobe seus caquinhos sem apanhá-los, pois, o que se foi renova-se. Mas o que faz falta é doloroso demais para ser remexido e melhorado. De todas as esperanças perdidas, só o amor ainda insisti em brotar em seu peito, o que a faz acreditar que é só isso de fato importa na vida, que o amor não é uma escolha e sim um dever, uma lei a ser cumprida aqui na terra e além dela e que no fim só o amor explica tudo e dar sentido ao que não tem sentido.
- Andrêssa Agnel .
Carta I
De: Mirla Cecilia
Para: A Flor amiga e hóstil
Não me culpe pela hostilidade do mundo, que eu não te culparei pelos buracos dos pregos cravados e removidos, que marcam o meu corpo.
Não exceda repugnâncias sobre minhas afeições a ti aplaudidas, que minha urgência sentimental não perfumarás de desamor tua flor híbrida em mim.
Se cansas do singelo, deixes tua natureza cultivada, para se tornar fóssil da agressividade aleatória que inflamas sobre outros. Ontem um desconhecido a incomodou, hoje é o meu amor que se torna desconhecido em ti.
Por que / Por quê / Porque ou Porquê?
Por que isto, por que aquilo?
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Não somos poetas e tampouco atores da situação,
mas somos pessoas reais que ouvem as poesias dar-se-ão as críticas,
e assistimos os atores encenarem algo que outrora já presenciamos.
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Não há como ler suas poesias e não despirmos uma "opinião",
Não como assistir suas peças e não se emocionar.
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
Nos despirmos do que não nos convém, mais!
Nos emocionamos com a atitude farsante da personagem personificada!
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
(QUE BOM SERIA...↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑↑)
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Sim. Há muita gente comprando doce(s) com o nosso dinheiro,
e para explicar essas cifra$($) no plural,
eles vestem a máscara - ou as tiram - e explicam uma poesia.
Sim, explicam, pois nos acham leigos a ponto de não entendermos o que se passa.
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Escolhemos ser POSIÇÃO? SITUAÇÃO? OPOSIÇÃO?
Escolheremos sermos AÇÃO?
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Quando se brinca ingenuamente,
não se liga para a sujeira,
o joelho ralado,
o empurrão ou o abraço dado.
Brincamos...e o tempo passa.
Nos limpam, nos alimentam e nos põe para dormir.
Tudo isso enquanto ainda somos crianças.
Tudo isso muda quando deixamos de ser crianças, e,
sim: Somos empurrados para depois sermos abraçados
e novamente sermos lançados ao chão para ter os joelhos dobrados,
ralados e implorarmos...
Não há mais ingenuidade, há somente máscaras
e frases feitas de "Por que / Por quê / Porque ou Porquê?"
Como dizia Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo...
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual o melhor: se é o porque distou ou daquilo, estar acontecendo.
Suas poesias se mostram Parnasianas mas suas emoções estão mascaradas, em breve quando ela cair, clamará por Dante e por sua divina comédia, por que este drama lhes pertubarás pelo resto da vida.
— Or tu chi se’, che vuoi sedere a scranna / Per giudicar da
lungi mille miglia, / Con la veduta corta d’una spanna?
Nome: Mirla Cecilia, 24, São Luís - Ma
É poeta, cantora e compositora.
Decende de família artística. Desde criança entrelaçou-se com a música, apresentando-se em shows, adquirindo experiências práticas e profissionais. Recentemente foi pré-lançada pela mostra multicultural "Confraterna de Couto '16" que precederá o lançamento do CD "Destituição" de trabalho autoral da artista. Participou do Palco 42 e em festivais temáticos. Suas composições transitam em torno da universalidade, incluindo o Jazz, o Blues, o Pop, o Samba, o Reggae e a Bossa-Nova, estilos dos quais recebeu influências. A cantora compõe sobre os sentimentos e os sentidos, dando luz a metáforas e imagens poéticas. Sua música tem requinte e valores transcendentais.
Enquanto Cecília procura pelo espelho em que perdeu a sua face, eu procuro pela minha alma “ninja” nos telhados.
Afinal, em que telhado perdi a minha alma de criança, onde ela está, em qual deles ficou?
Qual foi o último salto rumo ao desconhecido que dei sem medo de cair, de me machucar ou de morrer?
Sem o peso da gordura, sem os exageros e sem a lentidão promovida por isso e com tudo isso somado a atual idade, eu não perderia a minha alma, o meu coração, nem a minha força.
Mas Deus me fez reflexivo, e honestamente, decidi aceitar minha condição humana e absorver, ao mesmo tempo, uma alma menos ninja, mais espiritual talvez.
Se me tornei filósofo da minha vida, então não perdi a alma de criança, deixei o tempo tomar conta de mim. Me descuidei ao encarar o relógio como um brinquedo, quando ele é a única possibilidade de controle da minha própria existência.
Diminui meu tempo, esgotei minhas forças, desequilibrei minha alma. Mas não vai ficar assim, amanhã voltarei a praticar exercícios físicos...mas se não existir amanhã?