Caverna
PLATÕNICO
Será ideal
na forma do pensar,
do grego a teoria,
em apenas admirar
perfeita, sensível,
por estar distante
sera o impossível
se era imaginação,
não sei bem ao certo
se serei correspondido
mas algo me inquieta
esse amor escondido
pode ser efêmero,
pois da caverna jamais sai,
se isso acontecer
jamais vai existir
é espiritual a relação
que machuca o meu peito
aja coração
se o alcançar
a medo de errar
mas ao concretizar
deixarei de te amar
Ir para a luz, fugir das correntes, sair da escuridão, meus amores, dá medo. Muito medo. Tanto medo que milhares de pessoas preferem continuar atrás da parede, presas, olhando para projeções que lhes são apresentadas do que encarar as coisas como elas são.
As coisas que são apenas ouvidas, tocadas e sentidas; mas não vistas. Permitirá uma gama de possibilidades para o autor imaginar que tipo de imagem é. No final, as coisas nunca vão ser como parecem.
Engraçado como o homem visualisa quem tem o direito de ser livre. A liberdade é vista exclusivamente só para eles, a figura feminina é tida como um prisioneiro que fica no interior de uma caverna, vendo apenas as sombras que por ali passam, e ouvindo o eco de um mundo que acontece lá fora.
A mulher é vista assim por alguns homens, mas não sabem eles, que a mulher observa as sombras, estuda o que está acontecendo, e analisa o que ouviu, depois monta a fulga rumo a liberdade.
Sinto a ilusão da manifestação do homem. Transvestida de verdades que me acorrentam ao tronco da aflição. Sou escravo do meu tempo, livre, iludido pela realidade efêmera que me empurra para minha prisão.
Vejo luzes que dão formas as correntes da escravidão.
Vejo pássaros como sombras de uma utopia libertária refletida na imaginação dos cegos.
Ouço gritos dos medrosos ecoando no vazio real, presos nos delírios de uma vida real.
Fujo das amarras da realidade. Saio da caverna criada pelo homem, adentro a prisão da libertação. Minha razão se funde a alma, na mais pura razão. Os sentidos fazem sentido, dentro dessa prisão. Longe das amarras, sou livre para enxergar a luz da libertação.
Romantizar a ilusão tem seu ponto positivo, entendo de verdade quem prefere a ignorância. Afinal, falaram tudo sobre a caverna de Platão, menos sobre o seu conforto.
Formação rochosa impressionante por sua grandeza, seus muitos detalhes, uma beleza misteriosa, naturalmente, estonteante, uma arte claramente divina que está fora do alcance limitado da concepção humana, possível recanto de pássaros ou um tipo de catedral antiga neste lugar mágico, cercado pela natureza, que desperta o sentimento de aventura, o entusiasmo de explorador, a imaginação lúdica diante desta bela estrutura bastante incomum durante uma travessia diferente de muitas outras, um dia marcante proveniente de uma brevidade encantadora.
MIL PLATÕES
Transpôs gerações a perspectiva
Monóculo de única "verdade"
Nas correntes da acomodação
Ninguém a duvidar das projeções
Eram as sombras ali sempre vivas
Incrédulos de outras realidades
Atrofiavam as chaves da razão
Até um desgarrar das ilusões
Embora encandeado pela luz
Venceu barreiras, provou liberdade
No inefável ampliou a visão
Carecia partir tais emoções
Julgarão insano o que ele conduz?
Pra ignorância o sol ainda arde
Conhecer por si é a libertação
Socraticamente em mil Platões!
Compreendo momentaneamente o porque da raça fomentada como humana, não ter se conscientizada como tal.
O fato é ter estado por milênios nas cavernas, ter migrado e construído cidades.
Porém ele o homo sapiens saiu da caverna, mas, a caverna não sai dele.
Evoluímos materialmente e saímos das cavernas. Mais a evolução moral, como se ainda estivesse na idade da pedra.
"A escuridão, pausada apenas pela luz que as tochas alcançam, dá uma atmosfera de aventura ao local." Trecho de Nossa Riviera Maya: Uma Lua de Mel Caribenha (NRM).
Milhões de anos se passaram, o mundo mudou, evoluiu, saiu do pré-histórico, mas o pré-histórico até hoje ainda não saiu do Homem. Nosso metabolismo ainda vive nas cavernas e por medo de morrer de fome, ainda transforma em gordura e guarda tudo o que a gente come.
Rui Barbosa estava certo, chegamos ao estágio do desanimo da virtude, de rir da honra e de pensar que ser honesto é circunstancial. Não que sejamos perfeitos ou algo parecido, mas vidas estão sendo programadas em uma rotina como se fossemos ovelhas de algum rebanho. Aquele que questiona torna-se pedra no caminho, aquele que compreende torna-se louco... Vou voltar para a caverna, melhor do que perceber que não chegaremos ao lugar desejado é perceber que o lugar não existe.