Casa Velha

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Quem disse que eu me mudei?
Não importa que a tenham demolido:
A gente continua morando na velha casa em que nasceu.

Mario Quintana
Preparativos de Viagem

O que precisa nascer

tem sua raiz em chão de casa velha.

À sua necessidade o piso cede,

estalam rachaduras nas paredes,

os caixões de janela se desprendem.

O que precisa nascer

aparece no sonho buscando frinchas no teto,

réstias de luz e ar.

Sei muito bem do que este sonho fala

e a quem pode me dar

peço coragem.

Telha de vidro

Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...

A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!
- Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão vem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!

Casa Velha em Ruínas

Da distância que estávamos, só era possível distinguir entre o verde pedaços soltos de telhas já amarelas que pareciam flutuar sobre a vegetação que cercara a casa.
Com dificuldade tentamos nos aproximar mais alguns metros, mas as plantas daninhas que ali moravam pareciam ter vida própria e uma vontade de aprisionar com seus galhos e folhas tudo que se aproximasse delas.
Tentamos a foice. E a luta foi lenta e árdua, o verde resistindo aos golpes que cortavem sua vida, mas conseguimos.
Não havia mais porta: apenas uma placa de madeira inclinada na parede onde estava telhado o nome daquele engenho. Quase não havia parede, só tijolos que ainda sobreviviam mas que, como o resto, cedo virariam pó.
A escuridão nos impedia de continuar. Tivemos de quebar as telhas que ainda estavam penduradas no alto, para que fosse possível a entrada da luz do sol que não brilharia por mais tempo.
No chão de madeira as ervas já começavam a surgir. Não havia móveis ou qualquer objeto que indicasse que havido gente morando naquela casa no passado.
Nem animais. Só o verde, intruso e vitorioso.
Em um dos quartos encontramos livros jogados no chão, uma cadeira, uma mesa e um copo de vidro quebrado. E também um retrato torto, pendurado na parede torta, cheirando a mofo e a pó, a unica indicação do passado naquela casa.
O resto era ruínas que, por contradição, não lembravam o passado e sim a decadência atual.
Começou a escurecer e tivemos de voltar.
E o verde, silencioso, seguiu em sua marcha lenta, para cima e para os lados, até fazer o velho engenho morto submergir de vez.

Havia, em algum lugar, um parque cheio de pinheiros e tílias, e uma velha casa que eu amava. Pouco importava que ela estivesse distante ou próxima, que não pudesse cercar de calor o meu corpo, nem me abrigar; reduzida apenas a um sonho, bastava que ela existisse para que a minha noite fosse cheia de sua presença. Eu não era mais um corpo de homem perdido no areal. Eu me orientava. Era o menino daquela casa, cheio da lembrança de seus perfumes, cheio da fragrância dos seus vestíbulos, cheio das vozes que a haviam animado.

A pressa não me têm


Cai a chuva fina na janela da velha casa, a colina se escondeu, o cheiro da terra molhada, o temor emudeceu.
O lampião aceso, a cadeira vaga, a porta bate, o trovão estremeceu, o vento assovia e cantarola, um ninar único e meu.
Lembranças apagadas recheadas de desejos e transpiração, o rangido da cadeira se escondeu.
A noite segue calada, sonolenta também, erudita em sua fala, tímida e amistosa naquilo que convêm.
Nada mais, nada passado, apenas inocente e puro, desprendido de andanças desastrosas que maculam a fala e deixam os pés doendo também.
A beleza está guardada, não na fala, não na casa, não na chuva que escondeu, não na noite iluminada pela lua no apogeu, está sim em seu olhar, no que seus olhos buscam ver, a beleza alcançada não é apenas o que se vê, mas sim no esperar acontecer
Procure sem ver, ache sem procurar, encontre sem perceber,seja feliz na caminhada,sua companhia é encontrada, só não busque de forma agoniada, pois a água vem mansinha e clara, peça apenas que ela toque você.

CASA VELHA

Casa velha,
sem trinco porta ou janelas,
vazia de moveis e vozes,
soleira suja esperando outros pés.

Casa velha,
que já abrigou felicidade,
silêncio de muitos segredos,
vive hoje nos teus medos,
encostada na beira do mar.

Casa velha,
que julga sem piedade,
o ultimo morador do teu chão.

Casa velha,
teu alicerce é forte e seguro,
as cicatrizes nas tuas paredes,
não passam de arranhões na pintura.

Inserida por ColaresFilho

Diziam que a velha casa não tinha nada de mais.
Tinha sim, em cada canto esquecido tinha história.
História de amor, história de dor, alegria e medo.
E vai saber quantas outras histórias cabiam apertadas aos cantos da velha casa...

Inserida por PriscillaCavalcante

Eu era o vazio...

Uma velha casa abandonada.
Há muito tempo não habitada.
Vandalizada e menosprezada.

Tu era uma moradora das ruas.
Encarava o calor do sol nos dias e o frio massivo da lua.

E ali estávamos nós...
Frente a frente pela primeira vez.
Tu com fome e frio, e eu debruçada sob a terra úmida imaginando o calor do teu corpo.
Tua fadiga da procura por paz estava evidente já que estavas ali perdida e sozinha no mundo.

Esperando nas pessoas bondade e alguém que entendesse o seu desespero.

Seus olhos me cativaram, seu sorriso me conquistou.
Tudo em você era como a paz de um novo dia.
Pois você era resplandecente, assim como o brilho do sol.

Mas o mundo, sempre cruel não te deu ouvidos.
E você passou a viver no frio das ruas, sob o sussurros da noite.
O alvorecer era a morada da sua angustia, e nada a fazia sorrir, pois a alegria se dissipou do seu interior.

Então...Você viu a mim.
Uma velha casa vazia, que outrora já foi atrativa, com sorrisos sinceros, olás e bom dias.

E em mim você finalmente encontrou abrigo, e com o passar do tempo, com poucos gestos me trouxe de volta a vida.
Você me limpou cuidadosamente, cuidou das minha rachaduras.

E reviveu o meu jardim... Enfim.

Desde então habitas em mim, e o meu vazio se preencheu com a tua doce presença.

Já não sou mas uma antiga casa vazia.

Hoje sou parte importante do teu aconchego.

Inserida por RodrigoLGomes

Casa de madeira


No alto dos Montes de Minas
Nas terras de Joaquim Dalélio
Uma velha casinha de madeira:
- Cruzada nas árvores
- Telhado amarelo
- Vistas para cachoeira d’alça d’água.

Ao redor da casa - mata virgem-
E uns pés de goiaba de morcego
Cerca feita de mourões e arame farpado
Com dentes grandes e ferrugem dourada.
Por Todo lado
Mourões de cerca dormente
- (daqueles de “trem”) -
Protegendo a casa dos sonhos de muita gente.
Mas, não protegendo de gente!
Protegendo de bicho:
- Onça do tipo Pintada.

Uns pés de fruta
Na porta da cozinha,
Um pé de rosa cor de rosa
Na porta da sala e
Outro de “Ora-pro-nóbis”
A dar de esmola na cerca dourada.

Vida tranquila
Vivida devagarzinho no
Sossego da serra de Minas!
Um pito de fumo de rolo
No papel de milho e
Um trago de cachaça
Feita no alambique daqui
Com cana cavalo colhida no quintal,
Doce igual mel!
.
Um pedaço de queijo branco
Com cafezinho (novo):
-Adoçado com garapa!
Humm...

Vida sossegada
Do tipo dessas que se vive
- (enquanto se sonha) -
Nas terras de Minas.

Inserida por JotaW

A casinha desabando

A casinha velha e pequena
Que só cabia nós dois
Tinha as paredes cheias de lodo
Memórias e confissões.

A casinha quase não tinha telhado
Pelo teto, víamos o céu
As árvores e a chuva
E nossas almas, viajavam e voltam
Para o mesmo lugar
Na velocidade do pensamento.

A casinha desabou
Junto nosso mundo de dois
Abriram-se suas vistas
E enxergou o mundo
E o meu desabou.

Inserida por dePaiva

⁠" Uma casa velha pode ser até reformada, trocada os móveis,
as cortinas e as pinturas, porém tem que retirar aquele cheiro de velho que fica.
Assim somos nós na presença de Deus.
Renovamos o exterior, contudo o interior está com o mesmo odor.
Cheio de intrigas, invejas, cobiças, fofocas etc..., mas tudo isso as escondidas".

Inserida por nilce_freitas

Como será rever o que ficou pra trás? Os destroços da velha casa onde morei, da cidade que deixei, os familiares e amigos que nunca mais encontrei e os que amo que nunca mais verei. Caminhar nas ruas de outrora e reviver momentos que jamais me esquecerei. Sinceramente eu não sei!

A casa parecia já velha, se deteriorando... Havia poucas pessoas... Formava-se uma forte tempestade, parecia que o mundo se acabaria em chuva... Foi aquele corre-corre para fechar as portas e janelas, o vento era muito forte... Todos temiam que as portas não suportassem a força do vento e da chuva... A chuva caía limpa e clara, mas as gotas que adentravam era turvas... Conseguiam fechar as portas e janelas, mas no interior da casa o chão se encontrava inundado de uma água barrenta, um verdadeiro lamaçal... Todos em silêncio... E junto ao medo a sensação de que algo de ruim estava lá fora, quando na verdade já estava ali dentro...
Ela acorda angustiada, e assim começa seu dia de pura angústia inexplicável... Sempre que algo de ruim estava prestes a acontecer, esse sonho estranho a atormentava, e sempre foi assim desde a sua infância....

Precisa de água limpa para remover toda lama, por que água suja só fará aumentar ainda mais a sujeira, mas para que isso seja possível é necessário deixar a tempestade passar...

⁠A casa velha, não se habitou mais
o que um dia, habitou-se a alma enferma
Fui o poeta que tentou por ignorância, descrever sobre dignidade
em meio as máquinas, a revolta consumia-me, equivocadamente sucumbi o mal do homem, que interpretou o genitor no meu coração
Somente depois de três décadas ao meu desencarne, o perdão libertou-me, não sou mais aquele que amou as pessoas com objeção, na qual um dia exercitei como arma em autodefesa
Só agora compreendo na vaga lembranças da mocidade, a minha solidão vivenciada nos meus versos, onde imprimia meus sentimentos solitários, sem verdade alguma.

Velha casa de meus pais,
Eu não te esqueço jamais
Por esta existência em fora,
Só porque tu me retratas
As fantasias mais gratas
Daqueles tempos de outrora!...

Mamoeiro! Bananeira!
Joazeiro! Goiabeira!
- Que cinema sem igual!
Jogando sobre as alfombras
Um rendilhado de sombras
Na tela do teu quintal!

E aquela batida longa
Da cantiga da araponga
Que entre os rasgos do concriz
E os estalos do canário
Ia formando o cenário
Daquela quadra feliz!

Mas o tempo - este malvado!
Para matar o meu passado,
Numa explosão de arrogância,
Jogou de encontro ao mistério
Toda a beleza do império
Dos sonhos de minha infância!

Árvores, pássaros, tudo
Rolou para o poço mudo
Do abismo do nunca-mais!...
Enquanto a sonoridade
Dos gorjeios da saudade
Se esparrama em teus beirais...

Por isso em tuas janelas,
Em tuas portas singelas
E em cada vidro quebrado,
Onde a tristeza se deita,
Vejo uma réstia perfeita
Das estórias do passado!...

Ai velha casa sombria
Quem, nesta vida, diria
Que aquele céu sucumbisse,
Que aquela fase passasse,
Que aquela ilusão fugisse
E que não mais voltasse!...

Na festa descolorida
Da paisagem destruída,
Aos olhos da Natureza,
Só tu ficaste de pé
Confortando a minha fé!
Matando a minha tristeza!

Velha casa desolada
Guardas na tua fachada
Uma indelével lembrança
Dos meus dias de quimera,
Das rosas da primavera
Que plantei quando era criança!

E agora que o sol se pôs
E a bruma envolve nós dois
Na sua atroz densidade
Enfrentemos a incerteza
Tu - conduzindo tristeza!
Eu - transportando saudade!

Inserida por rapha777

FANTASMAS

Em uma velha casa
O silêncio predomina
O medo vira fantasma

Inserida por EdilsonAlves

Ah, quanta saudade da casa velha!
Onde, no quintal, a bolinha de gude rolava,
E eu, feito menino brincava, e sabe, eu nem ligava.
Descabelada, descalça, e a mãe já gritava:
"Guria,entra já para dentro. A casa está desarrumada!"
Ah, saudades da "Casavelha" e daquele AMOR que existia dentro dela.

Inserida por adrianinha43

Sou arquiteto de casa velha,
sou um tom que não interessa,
sou melodia muchada,
poesia falsificada,
moro na rua não visitada,
onde almas são lavadas,
e a minha é abandonada.

Inserida por YuriCrod

Era da janelinha da velha casa que a vida era mais feliz na minha infância...

Inserida por RicardoAbsalaoSLF