Cartas e Prosa de Fernando Pessoa
Queria que você tivesse um coração igual ao meu,
Pra poder sentir o que sinto, quão magnífico amor...
Amor não correspondido, onde as lagrimas é companheira,
e a tristeza de não poder te ter, deixa de ser dor...
e torna-se amiga, ta junta, sempre quando penso em ti!
Então que seja o Fim, pois não aguento o ato ou o efeito de sentir...
S. da S.C. , EU
Poderia te falar tudo
E você poderia não entender nada
Poderia fazer mil caras e bocas
Te dar mil presentes
Ainda assim, não te convenceria de nada
Poderia simplesmente te roubar um beijo
Que poderia fazer com que você mudasse
Tudo que você pensa sobre mim agora
Mas sei que melhor do que roubar
Posso te mostrar o que realmente é amar
E isso, isso realmente está além de uma palavra
Ou desse poema que com tanto carinho
Busquei palavras para criar
Mas o amor, esse não se faz com palavras
Mas sim, com atitudes
Posso te dizer agora: 'Te Amo'
Mas o meu amor, esse eu prefiro
Te mostrar não com palavras
Mas com atitudes que mostrem o que realmente é amar.
Mesmo não sendo correspondido, mesmo que você não me ame.
Só te peço uma coisa,não sinta repugnância por este meu
jeito descontrolado, um dia você vai entender o porque
destas palavras...
Pilotagem
E os meus olhos rasgarão a noite;
E a chuva que vier ferir-me nas vidraças
Compreenderá, então, a sua inutilidade;
E todos os sinos que alimentavam insónias
hão-de repetir as horas mortas
só para os ouvidos da torre;
E os outros ruídos abafar-se-ão no manto negro da noite;
E a mão alva que me apontava os nortes
e ficou debruçada no postigo
amortalhada pela neve
reviverá de novo;
E todas as luzes que tresnoitaram os homens
apagar-se-ão;
E o silêncio virá cheio de promessas
que não se cansaram na viagem;
E os caminhos se abrirão
para os homens que seguirem de mãos dadas;
E assim terão começo
os sonhados dias dos meus dias!
A minha poesia é assim como uma vida que vagueia
pelo mundo,
por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relógio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim nocturno,
ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.
Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.
Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.
Não sei caminhos de cor.
Minhas mãos
- duas chamas débeis de vela
unidas no mesmo destino.
Minhas mãos
derretidas em cera
que vai escorrendo,
gota a gota,
ao longo do corpo hirto
da vela moribunda.
Que vai escorrendo,
lenta,
na calmaria falsa e densa
da luz delida e mortuária do meu quarto.
E o livro de Anatomia,
grave e inútil,
aberto em frente.
E todo o mundo,
que me espera
e desespera,
nas páginas inúteis e graves
do livro de Anatomia.
E as horas
morrendo, morrendo,
como uma vela que se vai derretendo
no quarto frio de um morto.
Ai! minhas mãos, minhas mãos
- duas chamas débeis de vela
unidas no mesmo destino!
- Que horas serão?
A vida
é uma vela de corpo hirto
que se vai derretendo, derretendo,
na calmaria falsa e densa
de um quarto de morto.
Raro e vazio dia.
Calmo e velho dia.
Os membros lassos debruados deste cansaço sem porquê.
Raro e vazio dia,
assim inteiro e implacável
na solidão grave e trágica do meu quarto nu.
Perdido, perdido, este vagabundear dos meus olhos
sobre os livros fechados e decorados,
sobre as árvores roídas,
sobre as coisas quietas, quietas...
Raro e vazio dia
na minha boca pálida e pouca,
sem uma praga para quebrar a magia do ópio!
a terra é estéril,
a arca vazia,
o gado minga e se fina!
António, é preciso partir!
A enxada sem uso,
o arado enferruja,
o menino quere o pão; a tua casa é fria!
É preciso emigrar!
O vento anda como doido – levará o azeite;
a chuva desaba noite e dia – inundará tudo;
e o lar vazio,
o gado definhando sem pasto,
a morte e o frio por todo o lado,
só a morte, a fome e o frio por todo o lado, António!
É preciso embarcar!
Badalão! Badalão! – o sino
já entoa a despedida.
Os juros crescem;
o dinheiro e o rico não têm coração.
E as décimas, António?
Ninguém perdoa – que mais para vender?
Foi-se o cordão,
foram-se os brincos,
foi-se tudo!
A fome espia o teu lar.
Para quê lutar com a secura da terra,
com a indiferença do céu,
com tudo, com a morte, com a fome, coma a terra,
com tudo!
Árida, árida a vida!
António, é preciso partir!
António partiu.
E em casa, ficou tudo medonho, desamparado, vazio.
Há em todas as coisas
a marca estranha
da minha presença.
Sons, palavras, imagens,
tudo eu desfiguro e torno falso.
As pessoas, à minha volta,
deslizam vagamente como sonâmbulos
- fantoches ocos de lenda...
Os sons,
se logram atravessar portas e janelas,
partem-se
no lajedo frio dos meus olhos.
Vai-se o sol
Onde o meu pensamento das trevas se poisa.
Oh! as minhas ilusões de claridade!
Que ninguém hoje me diga nada.
Que ninguém venha abrir a minha mágoa,
esta dor sem nome
que eu desconheço donde vem
e o que me diz.
É mágoa.
Talvez seja um começo de amor.
Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao
[mundo.
Pode ser tudo isso, ou nada disso.
Mas não o afirmo.
As palavras viriam revelar-me tudo.
E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.
Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.
Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.
Give up to love.
Butterflies elevating me by shoulders
I can´t feel the stone ground under my feet
We are in a fight round, we are losers
Cause we need each other, to being complete
Hearing your violent words
Hurting me like a blades sword
Believe, it´s so painful.
I´ll give up to love you.
Give up to love you. Give up to love you
Our ways, our hate
Our world to build again, but no pain
Breaking the chords of fate
Reaping what we create
Without you I don´t know who I am
Butterflies elevating me by shoulders
I can´t feel the stone ground under my feet
We are in a fight round, we are losers
Cause we need each other, to being complete
Dedicado a Laís Xavier:
"Lá, La(ís)?
Entre tantos papeis e personagens, existe um mistério:
Quem é ela?
Entre exclamações e reticências, a interrogação.
Sensibilidade e arte em sua base.
O seu nome é liberdade.
Ingenuidade ou malícia?
Criança ou mulher?
Amor, amante e amiga.
Paixão e compaixão.
Nos extremos do universo, a encontramos.
Recitamos a poesia de sua alma.
Sonhadora,
Libriana,
Sua função é amar,
Liderar.
Dom da palavra, dom da inteligência.
Retina de caçadora.
Idealista, sedutora.
Justiça e igualdade,
Natureza de sutilidade,
Meio-termo e semitons,
Sinceridade e coragem.
És como a Lua, cheia de fases.
És como sol, com luz própria.
Metade sim, metade talvez, não é quase nunca.
?"
O bem está acima do mal, a verdade, a alegria, a inocência, a pureza de uma criança adulta.
Mas existem maneiras de você trazer para si o bem interior, pense consigo, pois você é capaz.
Cure o mundo, talvez, desta forma, você estará fazendo o bem e alguém estará vibrando por você em outra dimensão.
Hoje entendo o motivo de não discutir a respeito da existência ou não de um deus arbitrário. Não dá pra provar sua (in)existência e a fé basta para os teístas.
Tanto religião quanto ciência não têm todas as respostas, a diferença crucial, na minha singela opinião, é que os cientistas não mandam pro inferno quem se atreve a questionar.
A maioria das pessoas, e nelas me incluo, tende a idealizar tudo e todos que lhes são mais próximos, íntimos e caros. Grande erro! Erro reiterado, mania difícil de mudar... A idealização dá início a um processo de destruição que, ao final, invariavelmente, gera dor! Tenho clareza que o problema não está no outro por nós idealizado, o problema é nosso, só nosso! Idealizamos para nos sentirmos bem, nos sentirmos mais amados, queridos, etc. Quando a idealização dá lugar à realidade, surge a dor.
Sei que devemos trabalhar a aceitação e termos consciência das diferenças, que podem ser saudáveis, entre nós, seres humanos, únicos, com suas inúmeras qualidades e defeitos. Mas se tudo aceitarmos talvez venhamos a incorrer no erro de nos aproximarmos cada vez mais daqueles que, embora próximos, nos são mais distantes e estranhos! Minha confessa burrice na insistência em idealizar talvez se deva à necessidade que tenho de reciprocidade... Maldita necessidade da qual não abro mão!
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança...
O homem criou religiões e igrejas aos seus proveitos próprios, econômico-financeiros, verdadeiras colônias de exploração ao seu semelhante mais humilde e indefeso, graça a aculturação e ignorância desses coitados, com o desejo de desenvolver prerrogativas do subjugo e na escravidão de suas almas!
Aos governos, segurança é quantidade de policiais, de viaturas, de armamentário, da força estúpida contra inocentes e indefesos!
Ao povo é a educação e o trabalho.
O trabalho como o fim da fome...
O fim da fome como erradicação da violência. E a Educação, qual condutora à cidadania, responsável pelo amor e à paz!...
O LIVRO...
(Homenagem ao seu dia!)
Sem ele pouco se serve
e se eu não me sirvo,
nada se preserve
à História da Humanidade,
que se dilacera no crivo
de toda banalidade.
Um livro é tudo de incrível.
Sem ele não vivo...
Não tenho horizonte,
põe-se a mão na fronte
à falta medonha do saber.
Sem o saber,
tudo se faz em vergonha...
e põe-se tudo a perder.
É como comer pamonha
achando que é canjica!
Se eu fosse do pleno poder
trocaria a moeda, o dinheiro
por tomos de livros,
a fazer circular o conhecer
por todo o mundo inteiro...
Enfim a paz reinaria...
A natureza até vingaria
na plenitude de cada dia,
e pondo-se fim à tristeza,
dar-se-ia vazão à alegria
com fecundidade à riqueza
e o fim, enfim, da pobreza!
O livro – na comédia, na tragédia,
cada página, uma luz
transformada em alegria...
Alegria que seduz tão assaz
a induzir-nos sempre,
a ler-se sempre, muito mais...
SIM, NÃO... SENÃO, SIM!
Dia sim
Num dia assim,
no mesmo é não...
Noutro é não
doutro assim
e é mesmo assim...
É a dinâmica do sim pelo não
em busca, ora de sim,
ora de não...
O verbo é a oração
do sim pelo não
desde que não vença o senão...
Razão de ser de tudo
que se passa ao coração
e perplexidade é um bicho cabeludo...
Diga sim,
não diga não!
Se não, é finita a emoção...
E sem emoção
só se dá bem a razão,
que é a emoção de ser...
Uma razão é uma razão,
uma emoção é uma emoção,
mas há de acasalá-las no coração!
O JOVEM E O VELHO... PENSEM NISSO!...
Novo quer novo,
Velho quer novo,
Velho detesta velho
- Pensem nisso!
Todo mundo assim quer...
O que fazer do velho,
Descartá-lo?...
- Pensem nisso!
Velho não serve pra nada...
Novo vai ser velho
Ou a vida o descartará...
- Pensem nisso!
Se novo que não quer velho,
Vai morrer cedo, ou melhor,
A se descartar de si...
- Pensem nisso!
Se velho não quer velho... Só quer novo,
O que fazer, enfim do velho,
Senão, infelicitar?...
- Pensem nisso!
Sugestão:
Que morram os novos a não envelhecerem...
Que morram os velhos a não mais sofrerem,
A não se incapacitar... A não mais penar!...
- Pensem nisso!