Cartas de Saudade para Irmã

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⁠CIRCUNSTÂNCIA

Nas horas de saudade ou daquele vazio
a poesia a poetizar, bem junto da ilusão
às vezes continua, abstrata, a sensação
suspirando e, o sentimento com arrepio
O tempo vai, vai o tempo, anoitece o dia
reflito, penso e, ao fim, a falante solidão
colocando a confiança numa escuridão
e a cursar excessiva nesta dolorosa via

O silêncio toma conta de todo o sentido
recaio num torpor, o olhar mais perdido
e o tormento adentra aflitivo no coração
Sopra a esperança, a emoção traz fulgor
dentro deste vão, há inspiração e amor
uma é arte o outro a mais pura emoção.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/11/2024, 17’36” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO DA SAUDADE - (soneto II)

Repete, no soneto saudoso, por mim, a versejar
O outrora, as histórias, os sentimentos amados
O vazio de uma solidão, por ti, a me espezinhar
As marcas do penar da dor no âmago gravados
Que possa o poema, do dilema plural, lembrar
Da sensação e da prosa, dos olhares intrigados
Do amor, ser amador e os encantos a acautelar
Todos, na impressão, recordação, enfileirados

Redigidos, tão só, pelo carinho e a docilidade
Cá no cerrado, sentado à beira dessa saudade
Própria de quem viveu a sedução da emoção
Aspiro à singeleza e a constância poder atingir
Ouvir, e narrar, qual sentido, esse meu existir
Poetizando a vós toda poética do meu coração!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 dezembro, 2021, 05’48” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠APENAS

Que eu trove, somente, a minha saudade
Como se fosse o suspiro em mais um verso
A rima perdida na recordação, no disperso
Enfim, a sensação de liberdade e de vontade
Que eu liberte uma qualquer imaginação:
Olhares meigos e aquela aprazível alegria
Inspirada pra você, com a ventura luzidia
Inteira, pelos vários sentidos duma emoção

Que me tenhas teu, só teu, a todo momento
E seja o sentimento, a tua boca o meu alento
Ousadia, companhia e tão cheio de fantasia
E que, apenas, sinta, sussurre á minha prosa
Agrados, emoções, aquela ternura carinhosa
Na poética saudosa com porção de nostalgia.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 dezembro, 2021, 21’04” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NAS ASAS DA SAUDADE

Foi em vão os versos para me serenar
Na treva afiada do sombrio sentimento
Cada rima tentou, assim, desencontrar
De ti... e mais e mais, se fez momento
A prosa insisti em versos para te amar
Na poética somente pesar e tormento
Pois, cada estrofe escreve o teu olhar
E cada suspiro aquele sonoro lamento

Pranto, sussurros, sensação e agonia
Foi-se sonhos sonhados com paixão
E agora somente está sentida poesia
Que pronuncia, tão cheia de vontade
Em um momento referto de emoção
E, tudo, então, nas asas da saudade!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23 fevereiro, 2024, 18’35” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VÉU DE UMA SAUDADE

Ainda que casmurra a andar, a poesia
Desnuda daquele amor a lhe encantar
Com versos tristes e, com triste arrelia
Mesmo sabendo que tudo tem o lugar
A poesia romanceia, se põe a sonhar
Se abarca em uma sedutora sinfonia
Porque a poética faz o coração arfar
Vertendo em carismática harmonia

É a suave magia criando o momento
O trovador que mesmo de alma nua
Ainda, assim, busca o ritmo do vento
Então, tão cheio de uma pluralidade
Matiza as palavras, teima, continua
Embalado num véu de uma saudade.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26 fevereiro, 2024, 13’21” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SENTIMENTO SINGULAR

A saudade é um sentimento singular
É mal sentido com uma afiada paixão
Quando maior, parece na alma fincar
A lembrança elaborando dura versão
Aflitivo não impregnado na sensação
Exala momento perdido, a perturbar
Clama, suspira, importuna o coração
Olhar disperso, que se põe a chorar

Vem sem rogar, adentra sem demora
Deixa um torpor que ao espírito aflora
Cravando no íntimo um imenso fragor
Sabor amargo, que na emoção invade
Tu saudade! Tão enredada de vontade
E cético cântico de uma dor de amor!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04 março, 2024, 20’41” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO ESCANCARADO

Ainda que a saudade aperte o peito
que tenha sons n’alma retumbantes
esbravejo esse canto inda sem jeito
e, sem me ligar aos maus instantes
Temo a falta, tão pouco ter preceito
brado os sentimentos, os vibrantes
do coração, assim, nesse ato afeito
vivo a estimar, sensações faiscantes

Também verso suspiro, e como sei
os reais, os doídos, aquele cruciante
certo estou que, contudo, te amarei

E, cá escancaro a emoção alucinante
que expõe o soneto que nunca te dei
com cheiro, gosto, toque de amante!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 março, 2024, 17’40” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠LIBERDADE

Entre os versos sedentos de saudade
Uma sensação que estava prisioneira
Por toda a métrica, pela poesia inteira
Pra, então, ter o teu voo em liberdade
Adeja em caça, daquela prosa faceira
Plaina, alça voo pra sentir tua vontade
Na imensidão do sentimento que brade
Terno, superando sua poética fronteira

Canta, versa, solta o trinar pelo vento
Compõe aquele clima de doce alegria
Livre na vastidão do belo pensamento
Sê emotivo, enche o poema de magia
Do teu âmago o novo em nascimento
E dos teus versos muito mais sintonia.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 março, 2024, 10’55” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠SONETO DO RIO BAGAGEM

A saudade é levada pelo Rio Bagagem
Na correnteza tão cheia de modulação
É canto, é sinfonia, cadência e emoção
Pelos seixos e húmus, poética viagem
Na moela das galinhas de sua margem
Tem diamante! Lenda ou verídica razão
O que voga é que pulsa ingênua a ilusão
Rio encantado, sensação, rútila imagem
No coração, uma serenata melodiosa
Estrela do Sul, teu leito, terra formosa
O borbulhar é história e n’alma cafuné
Assim, em tuas águas, vez em quando
Aquela sorte, a esperança vai lavando
Rio do irradioso diamante, bagageiro é.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 abril, 2024, 20’39” – Araguari, MG
*para a prima Lêda Brasileiro Teixeira Vale

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NOS BRAÇOS DA SAUDADE

Olhando pelas gretas do passado
Que já se foram pelo tempo afora
E tão recente me é aquela aurora
Que chora o sentimento. Povoado
De recordação. Ó gosto salgado
Que escorre do suspiro e implora
Os momentos idos, já sem hora
Cheios de memória e significado

Ah! dias meus que se foram, traste
Deixaste doce emoção, guardaste
A sensação do que foi a jovialidade
E resta-me agora, apenas recordar
As várias estórias e nostálgico pesar
Cá a reviver, nos braços da saudade.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 novembro, 2023, 15"43" – Araguari, MG
*paráfrase Sá de Freitas

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Resta o versejar para alentar a gente

Escrevo os versos meus, na saudade
E sensação abafante, a cada instante
Meus versos, dum sentimento errante
Suspira, senti, padece e, então, brade
Ando tão descontente, vago no infinito
Um delírio inquieto nos confins da vida
Sangrando na poesia, tão árdua ferida
Da solidão... Ó escrito frenético e aflito

Repiso as dores que em mim fincaram
Levo no canto as notas que deixaram
Porque o poeta é um genuíno sofrente
Pois, cada verso vertente, nele temos
O diário de tudo, o que, então fizemos
Resta o versejar para alentar a gente.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 novembro, 2023, 16’02” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto da saudade tua

Não consigo ficar sem te escrever
cada cheiro teu que comigo ficou
tornou versos que comigo chorou
aqui nesta ditadura no meu viver

São sonetos que a paixão poetou
São momentos de amor sem ter
perdidos nesta dor, dói pra valer
latejando no coração, ali aportou

Sem o teu sorriso a quem recorrer
o teu olhar a recordação eternizou
os meus retalhos, estou sem coser

Por fim, vagueio, não sei onde vou
é trilha sem som, sem como finalizar
é tal saudade, que ainda não passou

Luciano Spagnol
2016, 07 de junho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Dor secreta (soneto)

Se a saudade que escuma, alternasse
com o pesar que perfura, e caísse fora
e nalma tirasse o dragão que devora
as lembranças seriam uma catarse

O coração é um ser que também chora
que põe o suspiro a escorrer pela face
prensa o sufoco no peito num repasse
e quando encontra a solidão, tudo piora

Há, ilusão, uma piedade que causasse
uma esperança que pudesse ter agora
um alento que no ombro cochichasse

Se se eu pudesse ter uma outra outrora
mesmo na dor que chora, e estampasse
um parecer venturoso, eu iria embora...

Luciano Spagnol
12/06/2016, 16'10"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADE TRISTE

A saudade que no adeus existe
Só traz solidão tão descontente
E que o tempo seja brevemente
E que faça doce tal fado triste

É sabido que nela a dor existe
Num aperto que a falta consente
Tal abafar-se num tinido fulgente
Dum fulgor vagido que persiste

Mas, se deixar de ser descrente
De um fervor aos Céus, ouviste
Não te irrite a demora aparente

Ah! Clame com amor no que resiste
Que bem cedo terás uma vertente
E a saudade será a paz que pediste

Luciano Spagnol
19 de junho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ECOS DA SAUDADE

Oh! Ilusões acordadas nas madrugadas
Segregadas no meu poetar tão sagrado
Que goteja as saudades de um passado
Entornando na alma quimeras sonhadas

Oh! Lua pujante no tão árido cerrado
Dá-me tua companhia nas derrocadas
Das demências por mim vergastadas
Que redige insônia num tal desagrado

Longe está a luz que fulge as enseadas
Do mar, tão cotidiano, agora tão calado
E nas lembranças a ferro e fogo grifadas

Ah! Se meu fado não fosse condenado
Em tuas noites voltaria para as baladas
Num cometa de um fulgor apaixonado

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADE SEM DESCULPA

Tão igual quanto saudosar alguém
é sentir-se solitário acompanhado
estar rodeado e na alma isolado
ter do lado lembranças sem ir além

A saudade só importa se ela provém
dum amor contente do ser amado
retribuído no mesmo quilate doado
aquele que fala a influência do bem

Mas se o morno é a têmpera e peso
a dor da ausência um simples acaso
e os lamentos ruídos sem real culpa

Com certeza o coração não está aceso
o olhar vai se encontrar no tal descaso
e a saudade no sentir falta, é desculpa

Luciano Spagnol
24/06/2016, 14'14"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM RETIRO

Quem dera, a saudade, que agora sinto
Da ausência de um alguém, fosse ilusão
E a mim e de mim apenas uma invenção
Eu seria no fado felizardo, e não absinto

Quem dera, este poema falasse de paixão
E fosse correspondido neste amor faminto
Pra cochichar doces versos que pressinto
E só pensa em você, e só pra ti faz menção

Mas a realidade é que estás na distância
E a solidão comigo veio num oferecido
Me sufocando nesta saudade em questão

Mesmo para ti eu não ter mais importância
Serei sempre um devoto e comprometido
Por ti... Pois este amor vai além da razão.

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Saudade em silêncio

Hoje a celebração é em lembrança
Da tua lacuna, forte é sua presença
Que no peito enflora em dor, lança
Que atravessa o amor, em sentença
Sinto falta neste silêncio, da aliança
Interrompida. Que a saudade lamenta
Reza, medita, e na fé, firme é a fiança
Pois, afeto de mãe não morre, ausenta!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM SUSPIROS

Quando a saudade aparece
O tempo no tempo regressa
A dor no peito feri em prece
Misericórdia, roga promessa

Toda lágrima chorada, refece
A motivação é o que interessa
Se tristura ou júbilo, houvesse
É nela que a razão se expressa

E sempre se sabe, não esquece
Torna eternidade, na alma fenece
Pois, o vazio dói reto na saudade

E a solidão, pra ausência confessa
Suspiros, uivos, numa tal remessa
Que põe jogada ao léu a serenidade

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PREDESTINADO

Fechei os olhos na saudade
Vi sussurros na minha boca
Eram lágrimas de tal vontade
E palavras de sonoridade oca

Fiquei em silêncio e confuso:
era o amor que sussurrava,
a saudade no afeto ocluso,
ou minha alma que sonhava?

Enxuguei então está carência
De ti querer em tudo adivinhar
Dediquei versos em reverência
E desta saudade pude poetar

Pois o amor vive um no outro
E não em algum diverso lugar
Pode-se querer ter naqueloutro
Predestinado está a quem amar

Luciano Spagnol
27/05/2016, 05'05"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol