Cartas de Despedida de Clarice Lispector

Cerca de 28873 frases e pensamentos: Cartas de Despedida de Clarice Lispector

Fui um douto em sonhar tantos amores...
Que loucura, meu Deus!
Em expandir-lhe aos pés, pobre insensato,
Todos os sonhos meus!

E ela, triste mulher, ela tão bela,
Dos seus anos na flor,
Por que havia de sagrar pelos meus sonhos
Um suspiro de amor?

Um beijo — um beijo só! eu não pedia
Senão um beijo seu
E nas horas do amor e do silêncio
Juntá-la ao peito meu!

Foi mais uma ilusão! de minha fronte
Rosa que desbotou
Uma estrela de vida e de futuro
Que riu... e desmaiou!

Meu triste coração, é tempo, dorme,
Dorme no peito meu!
Do último sonho despertei e n’alma
Tudo! tudo morreu!

Meus Deus! por que sonhei e assim por ela
Perdi a noite ardente...
Se devia acordar dessa esperança,
E o sonho era demente?...

Eu nada lhe pedi: ousei apenas
Junto dela, à noitinha,
Nos meus delírios apertar tremendo
A sua mão na minha!

Adeus, pobre mulher! no meu silêncio
Sinto que morrerei...
Se rias desse amor que te votava,
Deus sabe se te amei!

Se te amei! se minha alma só queria
Pela tua viver,
No silêncio do amor e da ventura
Nos teus lábios morrer!

Mas vota ao menos no lembrar saudoso
Um ai ao sonhador...
Deus sabe se te amei!... Não te maldigo,
Maldigo o meu amor!...

Mas não... inda uma vez... Não posso ainda
Dizer o eterno adeus
E a sangue frio renegar dos sonhos
E blasfemar de Deus!

Oh! Fala-me de amor!... — eu quero crer-te
Um momento sequer...
E esperar na ventura e nos amores,
Num olhar de mulher!

Só um olhar por compaixão te peço,
Um olhar.... mas bem lânguido, bem terno...

Felizmente já faz tempo. Pensei que ia contar com raiva no reviver das coisas, mas errei. Doer se gasta. E raiva também, e até ódio. Aliás também se gasta a alegria, eu já não disse?
[...], nada volta mais, nem sequer as ondas do mar voltam; a água é outra em cada onda, a água da maré alta se embebe na areia onde se filtra, e a outra onda que vem é água nova, caída das nuvens da chuva. E as folhas do ano passado amarelaram, se esfarinharam, viraram terra, e estas folhas de hoje também são novas, feitas de uma seiva nova, chupada do chão molhado por chuvas novas. E os passarinhos são outros também, filhos e netos daqueles que faziam ninho e cantavam no ano passado, e assim também os peixes e os ratos da dispensa, e os pintos... tudo. Sem falar nas moscas, grilos e mosquitos. Tudo.

Pela primeira vez...

Passei correndo
Mas pude enxergar
E na virtude do tempo
Encontrei o lugar
Onde estavas escondida
Razão informe da minha vida
Cheia de tanta vida para me dar
Ouvi seus passos onde nunca pude imaginar
Em meio a teclas e atalhos
Em ti pude clicar
Como o toque em algo de extrema distância
Onipresença estranha para explicar
Lá tu estavas
Bem próxima de mim
Quase podia te sentir
Enquanto minhas lágrimas rolavam pelo rosto
Já podia adivinhar que era você
Mesmo perdido entre uma floresta de duvidas
Atolado em um lamaçal de solidão.
A vi
Como em meus sonhos a via
Um raio de luz em meu monitor
Onde menos esperava achar
Fui achado
Perdido
Encontrado
Dentro de minhas impossibilidades
Vi-me onipotente
Mesmo sem poder mover sequer uma palha...
A fé que me move respondeu; “Quem mais?”.
O que achei ser flerte
Move minha vida
A embala como a um bebê.
Não sei onde estou
Mas sei onde estarei
Movido pelo invisível me deixo levar
Crendo nesse amor
O escrevo
Para que possa vê-lo
Quem espera
Como eu esperei...
Toquei o seu corpo em um abraço
Senti o seu perfume em um beijo
O relembro em cada instante que nasce
E almejo pelo que temos a viver.
Temos as chaves da vida
Abriremos as portas que quisermos
Quem poderá nos vencer?
Quem poderá nos enfrentar?Se Ele é conosco...
Somos mais que palavras levadas ao vento fútil do passado
Nosso passado não é nada perto do que viveremos.
Presenteamos um ao outro
Somos mais que tudo
Idôneos e reais
Fábulas e encantos
Sonhos e realidades
Somos os autores de nossas vidas
Escritores do nosso agora
Que tão logo será passado como tudo já foi
Mas não seremos levados
Levaremos um ao outro
E nossos corações serão como berços
Confortáveis e estáveis
Fortes e firmes
Porque a duvida e o medo se podemos acreditar?
Dar o passo certo é nossa obrigação
Não erraremos deixando de agir
De tornar real nossa história
Inscrita pelo pulsar de nossos corações
Pelo “Ir além” de nossas vidas
Incontestável pelo amor que sentimos
Que nunca pensei sentir
Que por vezes achei nunca encontrar
Ou que simplesmente havia perdido.
Tu és o toque perfeito
A marca em meu peito
O véu descoberto
A aliança inquebrantável
A certeza dada
O presente de Deus
Minha fé incondicional
Vinculo da minha esperança
Fonte do meu amor...
Vamos além da esperança
Além do que dizem
Do que pensam
Do que podem imaginar
Do que podem desejar
Somos como o amor contado nos livros
Os fabulosos que imaginaram
Vamos além de tudo
Pois somos reais
Como nossa fé que nos forma
Que nos une
Que nos arremata
E nos predestina
Salvos para sempre
Como nos “felizes para sempre”.
Fruto de uma esperança sem limites
A Fé que tantos desconhecem
Que hoje me incita a dizer: “Eu te amo”.
Sem temer ou desconfiar
Desistir ou me amedrontar
Posso ir além com você
Além de tudo que já pude
Ser imensamente feliz
Com você
Em um cordão de três dobras
Difícil de arrebentar...
Pois com Deus entre nós dois
Somos invencíveis...
Incontestáveis
Irrevogáveis
Eternos...

“Levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi; aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira começou a dar os seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem.”. Cântico 2:10.

Um plano genial

Joaquim Rebolão estava desempregado e lutava com grandes dificuldades para se manter. A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, rapaz inexperiente que também estava no desvio.

Joaquim Rebolão, porém, defendia-se como um autêntico leão da Núbia, neste deserto de homens e idéias.

O seu cérebro, torturado pela miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais, graça; aos quais sempre se saía galhardamente das aperturas diárias com que o destino cruel o torturava.

Naquele dia, o seu grude já estava garantido. Recebera convite para um banquete de cerimônia, em homenagem a um alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.

À hora marcada, porém, Rebolão, acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia. Antes de penetrar no recinto, diz a seu filho faminto:

— Fica firme aqui na porta um momento, porque preciso dar um jeito a fim de que tu também tomes parte no festim. Já estavam todos os convidados sentados nos respectivos lugares, na grande mesa em forma de ferradura, quando, ao começar o bródio, Rebolão se levanta .e exclama:

— Senhores, em vista da ausência do Sr. Vigário nesta festa, tomo a liberdade de benzer a mesa. Em nome do Padre e do Espírito Santo!

— E o filho? — perguntou-lhe um dos convivas.

— Está na porta — responde prontamente. E, voltando-se para o rapaz, ordena, autoritário e enérgico:

— Entra de uma vez, menino! Não vês que estes senhores te estão chamando?

(1955)
Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, Editora Record – Rio de Janeiro, 1985, pág. 40, organização de Afonso Félix de Souza.

Por esse mundo de águas, junho, 27
Manu,
Estamos numa paradinha pra cortar canarana da margem pros bois de nossos jantares. Amanhã se chega em Manaus e não sei que mais coisas bonitas enxergarei por este mundo de águas. Porém me conquistar mesmo a ponto de ficar doendo no desejo, só Belém me conquistou assim. Meu único ideal de agora em diante é passar uns meses morando no Grande Hotel de Belém. O direito de sentar naquela terrace em frente das mangueiras tapando o teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de açaí. Você que conhece mundo, conhece coisa milhor do que isso, Manu (...) Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não tenho medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão esquisita mas verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero
Belém como se quer um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou em mim...
Um abraço do Mário.

Mário de Andrade

Nota: Carta escrita a Manuel Bandeira durante a histórica viagem à Amazônia, em 1927

Paixão

Um soluço quebrando o pranto que rola pelo rosto, traz consigo a dor de uma saudade indolente. Rasga meu peito, abrem e fecham as correntes que prendem meu coração. Ah, esse amor... essa paixão que alucina, domina, entontece, enlouquece, e quanto mais penso que adormece, mais ela retorna, fortalecida, rodeada por uma chama ardente, incandescente, flamejante. E em meio a madrugada, quando tudo é silêncio, vem você na minha mente para fazer sofrer meu coração. Ah, mas a paixão... apesar de dolorosa essa ferida... não poderia viver sem ela.

ENTRE O SER E AS COISAS

Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago brando
o que é de natureza corrosiva.

Nágua e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.

há pessoas que se esqueceram de como é importante criar laços...

Mesmo que se solte uma lágrima de saudade num momento seguinte...

Um laço que nasce , enlaça, abraça, cresce, ama, vive...

Não se desfazem laços quando foram vividos de verdade.

Por vezes soltam-se as pontas mas fica sempre o nó que devemos guardar em nós como um tesouro, apesar da mágoa...

De diferentes laços que criamos todos nos completam , fazendo-nos sentir e ser...

Olhar o céu, ver um sorriso na estrela mais brilhante, é como lembrar uma enchente de maré.
A ligação entre o céu, a terra e o mar.

Quem tem a capacidade de sonhar não foge do real mas complementa-o de uma forma diferente .

Poeminha da Despedida

⁠"Quando passam as horas, os dias, as semanas, os anos...
Ficam encarnados em nós os acontecimentos bons... Os ruins são lições para nos testar até onde vai a nossa fé.
Muitas pessoas vão marcar nossa existência, algumas com amor, outras vão nos fazer sangrar, para que saibamos que estamos vivos e também sabermos em quem verdadeiramente podemos confiar.
No íntimo já sabemos quem realmente nos ama, quem se importa conosco.
Não se pode esperar para sempre, pois, como se diz por aí: "Posso até te amar, mas eu me amo mais"."

Inserida por palcodasflores

Sim , você me trouxe a vida realmente ,pois estava vivendo por viver , estava ficando por ficar , não tinha sentimento algum em mim mais , você me trouxe a esperança , me trouxe o mundo e se tornou meu pedacinho de tudo , de tudo que eu gosto de tudo que eu faço de tudo que eu sinto , e até de tudo oque eu penso , mais paro e penso será que com você é assim ? por um minuto queria sabe oque se passa na sua cabeça quando ouve meu nome ..

Tudo nesta vida escapa de nossas mãos, a vida é efêmera, os momentos são fugazes. Nada se leva, até mesmos as frases e as palavras já não são mais minhas. Então por que escrever se nem elas me pertencem? Elas ficam aqui de presente, por fim, ao mesmo tempo são eternas. Mas entanto por que não escrever? Se elas surgem, tratarei de escrever!

Inserida por larissasardagna

Todos nós passamos por momentos de aflição. Mas nunca devemos baixar a cabeça diante da dificuldade. Se quer ser alguém tem que correr atrás de seus objetivos. Se você não ir atrás quem vai por ti? ninguém. Na hora que sua vida não ter mais solução, peça a Deus proteção que possa cuidar de seu coração.

Inserida por RenataEster

Se você procura uma leitura prazenteira, leve e serena, que faça o tempo passar ligeiro, e despercebido como uma brisa suave de fim de tarde, recomendo qualquer outro autor mais comedido, ameno e formoso. Eu não escrevo para leitores delimitados pelas letras, nem para olhos subordinados às palavras. Aos sem imaginação – que enxergam somente aquilo que as vistas revelam – creio que cartões postais, fotografias e revistas coloridas, valerão muito mais do que a minha busca visceral para tentar suscitar em palavras tudo àquilo que verdadeiramente sinto.

Inserida por marcusdeminco

Existia nela uma razão infinitamente maior do que o reles desejo de ser apreciada. Não escrevia por ideologia, nem para ser julgada pelos punitivos olhares dos críticos literários. Não fazia cobiçando as variadas tentações da fama, nem por algum tipo de vaidade enrustida. Escrevia por urgência, por uma necessidade quase que vital de manter-se lúcida. (Do Livro – O Segredo de Clarice Lispector)

Inserida por marcusdeminco

A solidão que paira no ar
Machuca só de respira,
Por que é tão difícil amar ?
Se a razão não permite dançar.

Dançar ate esquecer - se de chorar
Até que as suas lágrimas o abandonem
Até que o sorriso retorne ao teu olhar.

Por quem vale a pena se desesperar ?
Para depois á solidão retornar
Para depois no fim, então!, sozinho !
Somente pelo sórtido temor.

Dizer - lhe sozinho que tens esperança no amor,
Até onde nem mesmo a morte
Faria diminuir sua sorte ,
Por que acreditar !?

Por que não !?!

Amar é para os fracos
E também para os fortes
Mas os fracos amam com mais força
Com mais verdade no olhar

Na força dos fracos
existe muita coragem
E na força dos fortes
Existe muita mentira, e covardia

Inserida por MartaAparecidaPedr

Querido :
Tenho noção do quão importante tu és em minha vida, assim como tenho compreendido cada vez melhor a importância que tenho e, o que represento para ti, sei que esses "rabiscos" nunca chegarão a ser lidos por você, assim como sei o quão importante é para mim fazê - los .

Inserida por MartaAparecidaPedr

Oh, onde esta Romeu?...Quieto, perdi eu mesmo, não estou aqui e não sou Romeu. (Ato I, Scena I)" “Romeu, Romeu? Por que és Romeu? Renega teu pai e abdica de teu nome; ou se não o quiseres, jura me amar e não serei mais um Capuleto (...) Teu nome apenas é meu inimigo. Tu não és um Montecchio, és tu mesmo (...) Ó! Sê algum outro nome! O que há num nome? O que chamamos uma rosa teria o mesmo perfume sob outro nome (...). Romeu, renuncia a teu nome; e em lugar deste nome, que não faz parte de ti, toma-me toda!

Quem é aquela dama, que dá a mão ao cavalheiro agora? Ah, ela ensina as luzes a brilhar! Parece pender da face da noite como um brinco precioso da orelha de um etíope! Ela é bela demais pra ser amada e pura demais pra esse mundo! Como uma pomba branca entre corvos, ela surge em meio às amigas. Ao final da dança, tentarei tocar sua mão, pra assim purificar a minha. Meu coração amou até agora? Não, juram meus olhos. Até esta noite eu não conhecia a verdadeira beleza.

Um Guerreiro é um caçador. Calcula tudo. Isso é controle. Mas, uma vez terminado seus cálculos, ele age. Entrega-se. Isso é abandono. Um Guerreiro não é uma folha ?ercê do vento. Ninguém pode empurrá-lo; ninguém pode obrigá-lo a fazer coisas contra si mesmo ou contra o que ele acha certo. Um Guerreiro está preparado para sobreviver, e ele sobrevive da melhor maneira possível.

Os guerreiros não se ajudam, não têm compaixão por ninguém. Para ele, ter compaixão significa que você desejava que o outro fosse como você, e você o ajuda só para isso. A coisa mais difícil do mundo é um guerreiro deixar os outros em paz. A impecabilidade do guerreiro é deixar os outros como são e apoiá-los no que forem. Isso significa, naturalmente, que você confia que também eles sejam guerreiros impecáveis.