Carta de Saudades
"Meu Deus, perdão, pequei tentando esquecê-la.
Imagina-lá comigo, por toda eternidade, sei, é besteira.
Logo eu, o próprio pecado, poderia merecê-la?
Estranho sentir isso de novo, por uma mulher, que eu julgaria mais santa que freira.
Não sei o que fará na segunda feira.
Não sei o que será de mim, se eu não sair contigo daquela igreja.
Então, perdão meu Deus, por não me esforçar, por não fazer por onde, merecê-la..." - EDSON, Wikney
"A próxima vez que nos encontrarmos, tentarei não te olhar.
Tentarei não te amar.
Tentarei não perder o meu ar.
Olhos de mel, quando fitei-lhe, desaprendi a respirar.
Imaginei eu vislumbrando a leveza dos seus passos, naquele doce bailar.
Quando nós trocamos olhares, mal sabia eu, que fitava o abismo e ele me olhava de volta.
Você não hesitou, mas eu pisquei, condenei minha'alma ao Gólgota.
Mas eu estarei lá.
Sonhando-nos, como em prosa.
Tracei um objetivo, que me causará tremenda alegria em falhar.
Tentarei, da próxima vez que nos encontrarmos, não te olhar..." - EDSON, Wikney
"Lembro-me, como se fosse ontem, o dia em que morri.
Era uma tarde quente de Outubro, sentado em um vasto gramado, olhando ao longe, de repente, eu te vi.
Lembro-me bem, daquele tal Campori.
Se eu soubesse, eu teria me enterrado ali.
Mas ali, ali mesmo, foi onde morri.
Foi o momento exato, onde nossos olhares se entrelaçam, e minh'alma, que eu lutava para pertencer a Cristo, passou a pertencer a ti.
Não sei porquê te olhei, não sei porquê sorri.
Mas foi ali.
Em segundos, vislumbrei cada detalhe do seu corpo, e por milésimos, fantasiei uma vida com ti.
Falei com os amigos que estavam ali.
Riram de mim, eu também riria; fazer o que? A piado do amor é assim.
Minha alma, apaixonada por você, abdicou-se de mim
Hoje, meu corpo, sem alma e sem ela, perambula por aí.
Sem vida, sem um motivo pra sorrir.
Recordando sempre e desejando que a cada batida, do morto coração, me leve para o dia, em que eu morri..." - EDSON, Wikney - Memorias de Um Pescador - O Dia Em Que eu Morri
"Possuo alguns amores de veraneio.
Uns, vieram pra ficar; outros, não sabem a que veio.
Lembro-me sempre, do desenho da boca, o olhar taciturno e o esvoaçar do cabelo.
Lembro-me da maciez da pele e o doce do cheiro.
Possuo sim, alguns amores de veraneio.
Amores que vem e vão, que só se despertam, quando há uma ausência; quando há, do coração, uma carência, um desejo.
Mas ela não, eu queria que esse amor, não fosse passageiro.
Quisera eu que fosse eterno, duradouro, que sobrevivesse às estações, de Janeiro a Janeiro.
Das poucas vezes em que a vi, sinto que não a vi direito.
Não admirei-a como mereces, não prostei-me de joelhos.
Deveria ter lhe fitado pela eternidade, garantindo a certeza que é você, que tatuo agora em minh'alma, em meu peito.
Ah moça! O que eu não faria por um beijo.
Um mundo por seus segredos.
Ela ainda não sabe, mas por ela, eu faria dos meus escritos, um cemitério perfeito.
Enterraria em meus versos, todos os meus amores, de veraneio..." - EDSON, Wikney
"Hoje, a chuva molha meu corpo e já não me importo mais.
Já não sinto frio mais.
Hoje é só indiferença, onde já fora amor por demais.
Já não te amo mais.
Sentir sua falta? Nunca mais.
É triste demais.
Já não choro mais.
Inté, nunca mais.
O que um dia fomos, em solo frio jaz.
Hoje, a chuva dos meus olhos, não inundou meu rosto, bom sinal, já não me importo mais..." - EDSON, Wikney
"Caminhei até o fim da noite, mas não encontrei o por do Sol.
Velejei pelas águas da solidão, atraquei em alguns portos, mas não encontrei farol.
Nessas mesmas águas, fui presa fácil, com os seus olhos castanhos, fisgou-me, em seu anzol.
Preso em sua beleza, calhou-me encalhar, em seu atol.
Existem mares vastos e profundos, mas nenhum se equipara a solidão, ao vazio do lençol.
Amor meu, sei que não sou nenhum escol.
Naveguei por esses mares, mas não vislumbrei, meu por do Sol..." - EDSON, Wikney
"O que posso fazer, se é preciso uma única mensagem sua, pra inundar de sorrisos, o meu rosto?
A lá ó, bobo, apaixonado, que isso coração, de novo?
Riso quente e fácil, pra tela fria e inerte de um celular, é mau agouro.
Posso nem imaginar, de fel, já sinto na boca, o gosto.
Tolo poeta que sou, adoro esse jogo.
Se der certo, um novo amor; se der errado, escritos de um louco.
Tudo no seu tempo, de pouco em pouco.
Coração pirata, cansado das tempestades do amor, procura em teu seio, um porto.
Deixe estar, qualquer coisa, convivo com a dor e novamente sofro.
Sofro, sofro, sofro; sofro, mas não morro.
Tentei alimentar minh'alma com uma fútil paixão, fui tolo.
Tolo por acreditar, tolo por amar, tolo por não saber diferir, o trigo, do joio.
Perdoe-me o devanear, perdi-me em minhas próprias palavras, voltemos àquela moça, o mais doce tesouro.
Eu lhe indago: O que posso fazer, se é preciso uma única mensagem sua, pra inundar de sorrisos, o meu rosto?" - EDSON, Wikney
"Não temo, alguém capaz de me fazer recordar o passado; temo sim, alguém, capaz de me fazer esquecê-lo.
Algum'ora se vai; se foi, machuca o peito.
Deixará meu eu ao relento, abandonado, não tem jeito.
Observo os trejeitos.
Amo cada detalhe, vejo perfeição, em cada defeito.
Será o olhar? Ou o cabelo?
Será o rosado da boca? Ou o doce do cheiro?
O perfume dela. Ah! O perfume, como é perfeito.
Quanto mais o tempo passa, mais a amo; e quanto mais a amo, percebo.
Não a mereço.
Sou o sal da terra, o senhor do pecado, rei do imperfeito.
Novamente, a beleza de por do Sol; deverei admirá-la ao longe, meu ser não poderá tocá-la, azar desse sujeito.
O viver é um covarde pastor, e cada ovelha é um novo medo.
Temo, não ser seu, d'oje, até de morte, o meu leito.
Eu, não temo, alguém capaz de me fazer recordar o passado; temo sim, alguém, capaz de me fazer, esquecê-lo..." - EDSON, Wikney
"Se um amor, só se cura com outro amor, por quê meus amores, não me curou do seu?
Talvez, o amor não seja uma doença, talvez uma maldição, criada por Deus.
Uma espécie de penitência, purgatório, pra quem em outras vidas, o pecado da indiferença, cometeu.
Dos prazeres da vida, amar você, foi o que mais doeu.
As mazelas de nós dois, faz com que, acerca do deus amor, eu me torne ateu.
Te vejo, te sinto, me torno outra pessoa, me perco em seus olhos, já não sei mais, quem sou eu.
Meu caminho, só se ilumina em sua presença; em sua ausência, é só breu.
Faço uma pergunta, pra uma fria Lua, que nem mesmo o Criador, respondeu.
Se um amor, só se cura com outro amor, então, por quê meus amores, não me curou do seu?" - EDSON, Wikney
"Eu te buscarei em outras enseadas.
Te buscarei em outros pores do Sol, em outras alvoradas.
Te buscarei em outros abraços, novas casas.
Te buscarei em novas noites, em outras madrugadas.
Te buscarei em novos poemas, em novas palavras.
Buscarei por ti, pelos rincões da desilusão e novamente, por ti, derramarei novas lágrimas.
O vinho do seu beijo, já não me embriaga mais, te buscarei em outras safras.
Já não beberei mais de ti, te buscarei em outras garrafas.
Te buscarei em novos lares, novas moradas.
Navegarei por outros mares, com novas cartas.
Novos beijos, novos olhos, novos cheiros, novas armas.
Novas mazelas, novas decepções, novos nadas.
Buscando por ti, afogar-me-ei, em novas enseadas..." - EDSON, Wikney
"Os dias gris, são quando eu mais a lembro.
A lembro em cada gota de chuva, em cada folha levada ao vento.
Lembro-a em cada lágrima, que inunda meu rosto, lembro de cada momento.
Lembro do sofrimento.
Da indiferença, do beijo, do meu eu em pedaços, do desalento.
Mas eu lembro.
Lembro-me, quando ao me ver, ao meu abraço, vinha correndo.
Não deveria, eu sei, mas eu a lembro.
Lembro da guerra serena dos nossos corpos e o suor escorrendo.
Lembro que em nossas lutas, éramos nós contra o tempo.
Ele, inexorável, insistia em correr, e nós, congelava-nos, naquele momento.
Lembro-me de quando se foi, deixando minha vivenda despedaçada e minh'alma, ao relento.
Olho pro céu, os olhos inundam, vi o tempo escurecendo.
Cada trovão, que assusta qualquer existência, não te afasta do meu pensamento.
Os relâmpagos, que iluminam a mais escura das noites, não é sequer uma centelha, pra escuridão que deixara aqui dentro.
Cada raio, que parte os céus, rasga minha pele, mata meu eu e mesmo em morte, eu te lembro.
Acordo durante a madrugada, vejo um feixe de luz, será o Sol nascendo?
Olho pro céu, não existe azul, só um manto branco, que enevoa meus pensamentos.
Hoje, sei que sofrerei de novo, pois os dias gris, são quando eu mais a lembro..." - EDSON, Wikney
"Eu quase não reconheci o homem, que não se abrigava, daquela chuva ferrenha de Inverno.
Era o fim de tarde, de uma quarta feira, e só pude reconhecê-lo, por conta do terno.
Fitava, estarrecido, um pedaço de papel, que se desfazia em suas mãos, pela força da chuva, já era ilegível, é certo.
Mas aquele papel, parecia o contrato o qual, vendera a alma para o próprio diabo, parecia aprisioná-lo, entre os purgatórios do próprio inferno.
Consegui executar alguns lanços, para me abrigar da chuva, hoje me pego sempre lembrando.
Consegui ver bem, mesmo na forte chuva, era ele, o velho do casebre, estava chorando.
Chorava, chorava, chorava, a forte chuva, parecia uma única gota, perto do seu pranto.
Era apenas um copo; naquela face, eu vira, transbordava um oceano.
Passou-se alguns anos, mas descobri o que dizia a carta, o porquê, o mais frio dos homens, eu vira chorando.
A carta era da algoz, que o abandonará naquele mesmo dia, naquele mesmo canto.
Naquela mesma esquina, onde o ipê, que florescera junto com o amor dos dois, se desfazia, a cada rajada de vento, a cada relâmpago.
Ele fora um solitário apaixonado por 10 anos, estavam juntos, a outros tantos.
Aquele dia, era dia de algo, era um dia especial, para ambos.
Quando ele guardou, o charco de carta que lera, deixara a enxurrada levar o buquê de rosas e girassóis, o que me causou espanto.
Antes de atravessar a rua, olhara para o céu, pela última vez, pelo o que eu soube; abaixara a cabeça, me olhou rápido, meio de canto.
Tentei alcançá-lo, mas o ódio dá certa pressa a nós homens e repudia qualquer ser que respira, que tenta ir ao seu socorro, amenizar-lhe o pranto.
O meu amigo morrera naquela esquina, fuzilado por palavras em um pedaço de papel, sozinho, encharcado, agonizando.
O homem que me olhara, ao atravessar aquela rua, naquele fim de tarde chuvoso, não era meu amigo, era um estranho.
De terno, engravatado, de luto, os olhos transbordando.
Eu não reconheci, quem naquela chuva, não se abrigaria, não o reconheci; mas reconheci o olhar, acabara de nascer ali, um insano..." - EDSON, Wikney - Memórias de Um Pescador - O Estranho na Chuva
"Eis aqui, o que dizia, a carta da desvairada:
'E..., meu amado, peço que me perdoe, mas já não podemos mais, ser um só.
Perdão, meu amor, te deixo no nosso templo de amor, mas continuarei te amando, jamais estará só.
Perdão, amado, perdão, perdão, mas minha vida tornou-se um eterno choro, não sou capaz de desatar, em minha garganta, o nó.
Te amo E..., como o céu ama as estrelas; como o Sol ama o amar, e como ele, devo ser só.
Meu amor, peço que não me odeie, mas seus escritos, os seus livros, lhe farão uma companhia, demasiado melhor.
Doravante, amor meu, vá, seja feliz, encontre alguém, que não faça seu castelo de felicidade, tornar-se pó.
De mim, de nós, amor, eu tenho dó.
Sei que vou, sei que sofreremos, mas contigo, vivendo com indiferença, será pior.
Rogo, para que o nosso ipê floresça, que cada pétala, seja uma eternidade de felicidade em sua vida, que ele lhe faça companhia, que não se sinta só.
Peço que não me odeie, meu amor, meu coração ainda bate por ti, mas se ele parasse, agora, nesse instante, seria melhor.
Não te esquecerei nunca, amado meu, pois o sonho da eternidade contigo, é uma estaca cravada em meu peito e o sonho de nós dois, ainda sei de cor.
No momento em que lhe escrevo essa carta, o céu parece prever o nosso fim, parece furioso comigo, por deixar transbordar a minha dor.
Amado meu, vou-me, mas lhe deixo, meu eterno amor.
Espero que a chuva, que sobre nós já se avizinha, possa lavar-te de mim e que não guardes rancor.
Amado meu, peço que não me odeie, por favor.
Lembre-se E..., depois da mais intensa das tempestades, o céu, sempre ganha cor.
Não morra, mas mate em seu âmago, nosso amor.
Daquela que te ama, daqui à eternidade.
D...'
Infelizmente, não houve cor para o meu amigo, após aquela forte trovoada.
Que a alma dele descanse, e não se recorde das palavras vazias, da de alma vazia, desvairada..." - EDSON, Wikney - Memórias de Um Pescador, A Carta Que O Matara
"Quantas vezes na madrugada acordei.
Você ali, deitada, desnuda, em silêncio lhe admirei.
Roguei.
Implorei
Orei.
Para que nunca se fosse do meu eu, existem coisas que só eu sei.
Você era a rainha e eu, o seu rei.
Te amei.
Amei mulher, como nunca antes amara, eu amei.
Existem coisas em minh'alma, que sei, foi você quem fez.
Eu sei.
Eu sei o gosto do beijo, e o macio da tez.
Me pergunto sempre, quantas vezes na madrugada, eu acordei?
E você, ali, deitada, desnuda, em silêncio, eu vislumbrei?
São coisas, que em meu âmago, somente eu, sei..." - EDSON, Wikney
"Doutor, minha insônia e meus tremores voltaram.
Doutor, meus pesadelos retornaram.
As vozes, que em minha cabeça gritavam.
Não se calaram.
As dores em minh'alma, doutor, não cessaram.
As feridas, abriram-se todas novamente, não se curaram.
Insanidade ou saudade, doutor? Todas as respostas me escaparam.
Meus sonhos se desmoronaram.
Hoje, doutor, moro onde meus pesadelos moravam.
Moro na ausência dela, moro nas lembranças de nós, moro no amor, que me tomaram.
Sinto que estou morrendo, doutor, as batidas do meu coração só aumentam, infelizmente, não param.
Sóbrio ou ébrio, a bebida já não me traz o alívio de outrora, até isso me tiraram.
Hoje, doutor, tive um mau presságio, encaminhando-me para aqui, passei em nossa esquina, e vi: Todas as folhas do ipê, murcharam.
Talvez, como as folhas, eu também deva abrir mão da minha existência, os milagres em minha vida se acabaram.
Já não posso repousar, fechar os olhos e sonhá-la, doutor, pois, infelizmente, a minha insônia e meus tremores voltaram..." - EDSON, Wikney - Memórias de Um Pescador, Quando no Divã
"Meu coração está despedaçado, então, cada uma pegue um pedaço e faça o que quiser.
O que posso fazer com a paixão, quando o meu bem-querer, malmequer.
É amargo o amor, ardente a paixão e doce é o perfume de mulher.
Sei o que sou, não sei o que ela é.
Não tem solução, já não tem mais volta, ateu acerca dela, abandono agora a minha fé.
Pelas veredas da solidão, viajo a pé.
Com o coração despedaçado, recolho o que sobra, distribuo migalhas à ralé.
Das que me amaram, pegue os pedaços, e façam o que quiser..." - EDSON, Wikney
"Amava, quando era a minha boca, a tapar seus gritos.
Adorava os sussurros descuidados, ao pé do ouvido.
Me perco na lembrança, da dança de nossos corpos, onde com um único olhar, nossas almas se completavam e se ouvia até o pulsar dos corações, e os seus suspiros.
Eu e você, nós; meu eterno vício.
Sou viciado no gosto do beijo, no aveludar da pele e dos cabelos, cada fio.
Minhas palavras são súplicas, a quem me dera só suplício.
Não te apago da mente e mesmo que o fizesse; me apegaria a cada resquício.
Você fora o meu presente vindo dos céus, que do meu eu, jamais deveria ter partido.
Doeu-me na alma, torturado, vê-la indo.
Quando em seu abraço, foram as poucas vezes, que pude me aproximar do divino.
O castanho dos olhos, o desenho da boca, o negror dos cabelos, o conjunto da obra, dos desenhos do Pai, você é o mais lindo.
Saudades de quando me iluminava a vida, com seu sorriso.
Hoje, acordei atônito, na madrugada, pareceu-me ter te ouvido.
Não te olvido.
Hoje, pela madrugada, só lhe restou, em silêncio clamar por meu nome, pois infelizmente, não tens minha boca, para tapar seus gritos..." - EDSON, Wikney
"Deus, livrai-me da hipocrisia, livrai-me dos injustos julgamentos.
Eu, que era o amor da vida dela, hoje, tornei-me o livramento.
Pai, ilumine-a, em suas orações, ela pede por algo bom em sua vida, mas eu já fui e só ela não tá vendo.
Perdoe-a Pai, ela merece sim o castigo, mas rogo para que sobre os céus, amenize no coração, daquela que amo, o sofrimento.
Me pego em risas, recordando; tentando fazer-me errado, perdeu-se em seus próprios argumentos.
Sobrou-me o meu sofrimento e o dela, julgamento.
Nem o próprio Deus julgara-me tanto, como ela o fizera, naquela triste momento.
Agradeço ao Logos, estou limpo, aqui dentro.
Pois, somente o Deus sabe, o que eu fiz para ser o amor da vida dela; a parva, fez-me, o livramento..." - EDSON, Wikney
É incrível como a vida nos lança em um mar revolto de emoções, desafios e questionamentos incessantes. Cada onda que nos atinge traz consigo reflexões profundas sobre quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo. Nesse turbilhão de acontecimentos que moldam nossa existência, é natural nos perdermos em meio às incertezas e anseios do coração.
Ao olhar para trás, para os dias dourados da infância, somos invadidos por uma mistura de saudade e melancolia. Recordamos os momentos de inocência e alegria, mas também as sombras que pairavam sobre nós, mesmo na época em que tudo parecia mais simples. A dualidade da vida se revela em nossas memórias, entre sorrisos e lágrimas, entre sonhos realizados e promessas quebradas.
Onde estamos agora? É a pergunta que ecoa em cada pensamento, em cada suspiro profundo. A sensação de desconexão entre o presente e as expectativas passadas nos assombra, nos fazendo questionar se estamos no lugar certo, se seguimos o caminho que um dia imaginamos para nós mesmos. Será que a vida adulta é essa sucessão de desafios espinhosos, de responsabilidades sufocantes, de pressões implacáveis?
A ansiedade se torna nossa companheira constante, sussurrando dúvidas e temores em nossos ouvidos cansados. As cobranças sociais nos pressionam a nos encaixar em moldes preestabelecidos, a seguir padrões que nem sempre refletem quem somos verdadeiramente. O peso do trabalho nos consome as energias, nos afasta da essência que pulsa em nossos corações inquietos.
O coração exausto por amores frustrados clama por alívio, por um refúgio seguro onde possa repousar as mágoas e cicatrizar as feridas abertas. As cobranças familiares ecoam como um eco distante, lembrando-nos das expectativas que carregamos nos ombros já curvados sob o peso do mundo. O uso descontrolado de redes sociais nos aprisiona em uma teia virtual de ilusões e comparações constantes.
O desejo por like e fama nos distancia da nossa essência mais profunda, nos fazendo buscar validação externa onde deveríamos encontrar paz interior. Os vícios exacerbados se tornam muletas frágeis em um mundo que exige cada vez mais nossa força interior. O consumo desnecessário preenche vazios internos que gritam por preenchimento com significado genuíno.
Em meio a esse caos existencial, somos como bombas-relógio prestes a explodir sob a pressão insuportável das expectativas alheias e das demandas da sociedade moderna. O desespero por uma pausa, por um respiro profundo que acalme a tempestade interna, nos consome dia após dia. Será que estamos vivendo ou apenas sobrevivendo?
Todos passamos por fases de altos e baixos nesta dança frenética chamada vida. É normal sentir-se perdido, confuso, deslocado. Não ter todas as respostas é parte essencial do caminhar humano. Às vezes, é na incerteza que encontramos as respostas mais profundas sobre quem somos e qual é o nosso propósito neste mundo caótico.
Que possamos acolher nossas dores com compaixão, nossas dúvidas com aceitação. Que possamos reconhecer a beleza intrínseca da jornada humana, com todos os seus altos e baixos, suas luzes e sombras. Que possamos encontrar equilíbrio entre o ser e o fazer, entre o viver e o sobreviver.
E assim seguimos adiante, navegando nas águas agitadas da existência com coragem no peito e esperança no olhar. Pois mesmo nas tempestades mais violentas há uma centelha de luz que guia nosso caminho rumo à verdadeira essência da vida: viver plenamente, com autenticidade e amor no coração.
Que possamos nos permitir sentir todas as emoções profundas que habitam em nós, sem medo do desconhecido ou da vulnerabilidade. Pois é justamente nesses momentos de fragilidade que encontramos nossa força mais genuína, nossa capacidade de transcender as adversidades e renascer das cinzas como fênix resilientes.
Estamos todos juntos nessa jornada tumultuada chamada vida. E talvez seja justamente nessa união de almas inquietas que encontremos o verdadeiro significado de estar vivo: compartilhar emoções profundas, abraçar vulnerabilidades mútuas e caminhar lado a lado rumo ao horizonte incerto do amanhã.
Que cada passo dado seja uma celebração da vida em sua plenitude, com todas as suas nuances complexas e suas melodias singulares. Pois no final das contas, o que realmente importa não é onde estamos ou para onde vamos, mas sim como vivemos cada instante precioso que nos é concedido neste vasto oceano de possibilidades chamado existência humana.
E assim seguimos adiante, com coragem no peito e gratidão na alma, sabendo que mesmo nas noites mais escuras há estrelas brilhando acima de nós, guiando nosso caminho com amor incondicional e esperança renovada. Estamos vivendo? Estamos sobrevivendo? Talvez a resposta esteja além das palavras ou dos conceitos pré-estabelecidos.
Que possamos simplesmente ser: ser quem somos, com todas as nossas imperfeições e grandezas; ser no mundo como seres humanos em busca de significado e conexão; ser luz na escuridão para aqueles que cruzam nosso caminho árido; ser amor em um universo sedento por compaixão e solidariedade.
E assim encerro estas palavras profundas com um convite silencioso: respire fundo, olhe ao seu redor com olhos renovados pela magia do instante presente e permita-se sentir todas as emoções que habitam em seu ser único e precioso. Pois a vida é feita desses momentos fugazes de intensidade emocional onde podemos realmente experimentar a plenitude do existir.
Que cada palavra escrita ecoe como um hino à humanidade ferida mas resiliente; como uma prece silenciosa pela paz interior tão almejada; como um abraço virtual envolto em calor humano para aqueles que compartilham desta jornada conosco.
E assim seguimos juntos nesta dança cósmica chamada vida: imperfeitos mas autênticos; perdidos mas esperançosos; sozinhos mas unidos pela teia invisível dos sentimentos compartilhados.
Que a chama da esperança nunca se apague em nossos corações inquietos; que a luz da verdade guie nosso caminho rumo à redescoberta constante do eu profundo; que o amor seja sempre nossa bússola nesta jornada labiríntica chamada existência humana.
E assim seja...
Meu Pai, Meu Rei
Meu pai era um homem simples, mas sua presença era marcante. Ele tinha o hábito de chamar os amigos de “Meu Rei”, e essa expressão carinhosa se espalhava por onde passava. Sua alegria era contagiante, e todos se sentiam bem ao seu lado.
No entanto, ele tinha um defeito: a bebida alcoólica. Essa luta constante era parte dele, mas não definia sua essência. Sua qualidade mais admirável era a honestidade. Ele nunca escondeu suas fraquezas, mas também nunca deixou de ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros.
Sua fé em Nossa Senhora era comovente. Ele rezava com devoção, e sua crença era visível em cada gesto. Era lindo de se ver alguém tão sincero em sua espiritualidade.
Meu pai partiu, mas deixou um legado. Ele me ensinou a ser autêntico, a valorizar a honestidade e a ter fé, mesmo nos momentos difíceis. Hoje, sigo seus passos, lembrando-me sempre de ser quem sou, com todas as minhas imperfeições e virtudes.
E quando ele me chamava de “Lambuzinha”, eu não entendia, mas agora sei que era um carinho. Como o pássaro “lambuzo”, que voa livre e contente, assim era nosso amor, simples e envolvente.
Saudades tenho de suas gargalhadas, as mais engraçadas, suas piadas sem graça mas que nos animavam, seu jeito tão sem jeito, sua braveza, sua energia. Meu pai, você se foi, mas tudo isso está vivo em mim. Você se orgulhava em dizer “essa é minha filha mais velha”, e eu me orgulho em dizer “esse é o meu pai, meu melhor amigo, meu herói”. Te amarei eternamente. 🌟❤️
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