Carta de Saudade

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⁠LUTO

Minha poesia fez-se pesar dum amor ido
Uma dor no sepulcro onde saudade sente
Lembrada, suspirada, sentimento sofrido
Evocado da recordação, mas tão presente

Oh, versar, porque és tu, tão imperador?
Minha prosa vive a sonhar nos desvarios
Dos beijos, dos carinhos do amado amor
Num desejo de inteirar os versos vazios

Estouvada poética, carente de venturas
Não vês que o meu estrago é tão duro
Rasga o coração, e farto de amarguras

Cá fico a olhar e imaginar um atributo
Para então versar a este amor tão puro
Mas, o verso se traja de nostálgico luto!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30 setembro, 2021, 11’08” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠"Valse Oubliee"

Certa saudade perdida
Nas estrofes tão vivas
Pulsa e dói ao ser lida
E vivas quanto cativas

Tal exato, exato fato
Chora duma dolência
Pleno de existência
E tão cheio de olfato

Certas cenas, acena
E sussurra baixinho
Nos ataca sem pena
Ao coração sozinho

Nessa “valse oubliee”
Ferido por um punhal
A sofrência à mercê
O amor, sentimental...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08, outubro, 2021, 13’09” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Saudade em Pauta

O amor habitava entre nós
Sentava a mesa
Até hoje a cor do teu tom de voz
Colorem a lembrança com pureza
Cada sensação, uma dor atroz
Dum vazio, ó mãe querida!
Teu tempo foi tão veloz
Demorado o suspiro na vida
Gratidão, o que tenho a hora
Da senhora, é muita falta...
Por que este choro agora?
É desta saudade em pauta!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2021, 05’10” – Araguari, MG
Paráfrase Adélia Prado

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O MISTÉRIO DA SAUDADE

Porque será que a saudade aflora
Combinando de a lembrança tê-la
Com o aperto justo, e a justa hora
E na solidão aquela uma centelha

Porque será que a saudade todavia
Vai buscar outra dentro da solidão
E assim nasce de súbito, a poesia
De sofrência, e tão cheia de ilusão

Porque será que uma saudade dói
Resiste ao pranto e ao peito corrói
E numa sensação baila na garganta

Porque será que será uma saudade
A levantar outra saudade, e brade
Como se fosse poética que encanta...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de outubro de 2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠UM FADO, POIS ENTÃO

Se, pois, então, és recordação
Uma ilusão que saudade gera
Lá por estar fundo no coração
O silêncio é bem o que ulcera
E essa sensação tão profunda
Não perece com a primavera
Dor que faz a prosa moribunda
Tristura que sempre se espera

E, eu sem amansar essa severa
Angústia, que me faz diminuto
Ao lado onde a sonho degenera
Fico a cada minuto a me abastar
Do teu nome, em um verso bruto
De um fado, pois então, a cantar!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18’08”, 16/10/2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NA MADRUGADA

um aperto no peito árido e ramoso
sussurrando a saudade num rigor
suspirando a dor cheia de amargor
um silêncio nu, descalço e moroso

uma encenação do sono malicioso
um pactuar medroso com o temor
um desanimo calado em dó menor
um maldoso sentir vazio assustoso

a soltar dos olhos lágrimas sofridas
partidas, uma sensação desfolhada
como se estivesse esfolando vidas

assim, adentra cada minuto do nada
numa ausência e sofrências nutridas
no compulsar solitário da madrugada

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04’08”, 17/10/2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INVOCAÇÃO

E quando a saudade for um passado
Pra habitar, por fim, a sensação fria
Nesse momento de soltura e valeria
Eu peço que o carinho seja louvado
Não quero ter sentimento neste dia
Pois, nesse afeto fui tão enamorado
Se o ocaso quis ter o revés ao lado
Da agrura, imploro, que seja vazia

Depois que tudo mudar, tudo se for
Não faça do meu olhar abandonado
Quero o surgir de um apego maior
Se já te perdi no desfolhar do fado
Quero noutra vida tê-lo meu amor
Existindo no que nos foi negado...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21, outubro, 2021, 01:50 – Araguari, MG

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⁠⁠VOU DEIXAR PARA AMANHÃ

Vou deixar para amanhã. Está saudade
Hoje vou viver a poética, seja qual for
De dor, choro ou o verso pela metade
Vou lamentar amanhã, hoje quero flor
Agora é viver o sentimento de verdade
Ter vontade, ir em frente, ter o melhor
Amador e amante, com toda qualidade
Sem censura, uma aventura sem pudor

Hoje é liberdade. Agora é o que soma
Sem hora, lugar. Aquele afável aroma
Talvez me encontre e o amor imprimir
E, assim, então, sentir a sensação luzidia
A poesia encantada de encanto e magia
Vou deixar para amanhã, hoje vou sorrir!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13/11/2021, 19'11" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠EXÍLIO

Cobriu-me de tristura o ocaso pardo
Um aperto n’alma fino e sem trelas
A saudade com sensações donzelas
E o silêncio que pesava como fardo
E, cá neste soneto um penar guardo
A tatear as imaginações tão singelas
Arrancando emoções sem ser belas
Pra ferir a poética com duro dardo

E, vai, assim, em um versejar forte
Rogando em vão a esmola da sorte
Tragando a ilusão das covas rasas
Bardo triste afetivo em tuas prosas
Sou choro, sou riso, sou mais rosas
Amargo trovador com exiladas asas...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 dezembro, 2021, 05’40” – Araguari, MG

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⁠DIÁLOGO

Saudade torturante, é assim que te suponho
Com a sofrência a pisar na emoção sofrida
Nas dores letais dum sentimento de partida
Deixando estar o coração árduo e medonho
Quando tu vens apertando o sentido da vida
Imploro, sussurro, e na tua suplica deponho
Meu silêncio, meu choro, o apagado sonho
Hão de te tocar, sem me espancar, dor doída

Que seja sempre mais, e não apenas externo
O afeto mais profundo a tudo quanto existe
Sem o peso do vazio e do desejo subalterno
Vejo-te sempre passageira, fugaz para o triste
E, como uma emenda no desencontro traidor
Confessor, nesta tão inquieta tortura de amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05 dezembro, 2021, 14’44” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SENSAÇÃO

Sagaz e singular, a saudade é sombria
e, senhora sanha, sufocante. Saboreia
ser saudosista, uma sovina que serpeia
a satisfação. Serelepe. Ao ser surrupia!
Sempre súdita e sorumbática, semeia
sobretudo severidade, no sofrer sangria
sangra ao sentir, sente o que não sentia
sacode a sabedoria e ao saber saqueia

Sopro sucinta sopra o súbito que suspira
sacode solenemente a solidão suprema
sinistramente, numa sinistra segregação
Sobre o semblante, sombra, susto e sátira
suplica a soluçar no sentimental sistema
socando o surreal na sabatinada sensação...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 dezembro, 2021, 11’14” – Araguari, MG
Parafrase José Rodrigues Pinagé

Inserida por LucianoSpagnol

⁠HORA CREPUSCULAR

Passei a saudade pela hora crepuscular
De um inverno esfumaçado e tão parco
Pela esquina a melancolia vi murmurar
Onde transita infelizes do penar charco
Pedaços de mim, reparei, então, espalhar
Tentei recolher, rejuntar, mas era anorco
O sentimento. E no peito ardia sem sanar
Dos deslizes do coração cheios de marco

Lembranças sussurravam quanto passava
Questionando porque bramindo eu estava
Qual ausência me feriu, doeu tanto assim
E o pôr do sol que escorria pelo cerrado
Fazendo de meu sentir infeliz e calado
Se apartou, sem um ilusório para mim...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08 dezembro, 2021, 20’51” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠APENAS

Que eu trove, somente, a minha saudade
Como se fosse o suspiro em mais um verso
A rima perdida na recordação, no disperso
Enfim, a sesação de liberdade e de vontade
Que eu liberte uma qualquer imaginação:
Olhares meigos e aquela aprazivel alegria
Inspirada pra você, com a ventura luzidia
Inteira, pelos vários sentidos duma emoção

Que me tenhas teu, só teu, a todo momento
E seja o sentimetno, a tua boca o meu alento
Ousadia, companhia e tão cheio de fantasia
E que, apenas, sinta, sussurre á minha prosa
Agrados, emoções, aquela ternura carinhosa
Na poética saudosa com porção de nosgalgia

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 dezembro, 2021, 21’04” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO DA SAUDADE II

Repete, no soneto saudoso, por mim, a versejar
O outrora, as histórias, os sentimentos amados
O vazio duma solidão, para ti, a me espezinhar
As marcas do penar, da dor no âmago gravados
Que possa o poema, do dilema plural, lembrar
Da sensação e da prosa, dos olhares intrigados
Do amor, ser amador e os encantos a acautelar
Todos, na impressão, recordação, enfileirados

Redigidos, tão só, pelo carinho e a docilidade
Cá no cerrado, sentado à beira dessa saudade
Própria de quem viveu a sedução da emoção
Aspiro à singeleza e a constância poder atingir
Ouvir, e narrar, qual sentido, esse meu existir
Poetizando a vós toda poética do meu coração!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 dezembro, 2021, 05’48” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O CAIS DA SAUDADE

Mas sem a lembrança e o vazio, sofreguidão
Como sentir o pranto, dor se pouco se sentia
Dos contrastes do fado nosso: tristura, alegria
No começo onde se quer harmonia e sensação
Pois, no meu querer, o meu apego é vigilante
Constante, infiltrado na emoção que conforta
Que consola, sente, mora e a sedução aporta
Me colocando próximo, embora tão distante

Tenho tantos caminhos e diversos cansaços
Muitos os lamentos nos abraços dos braços
Na busca daquele porto seguro, minha vida!
E cá, tal navegante a beira do cais, sussurrante
No pôr do sol do cerrado, um solitário errante
Vivo a suspirar a saudade na solidão sentida...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 dezembro, 2021, 11’22” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A VOZ DA SAUDADE

Se a madrugada, acordada, plena
Branca de luar e a sensação vazia
A emoção apertada de um dilema
Faz o peito ranger de dura agonia
O silêncio na imensidão extrema
O pensamento a situação irradia
Tal um sofrente e sentido poema
De ciciosa insônia, aguada e fria

E o coração se cala no que sentia
A escuridão fala pra dor da gente
Como um canto de acre soledade
Num tom dolente a falta arrepia
Porque mais que o ruido ardente
Vozeia a voz acética da saudade...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 janeiro, 2022, 15’34” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠“CUGINA” FLÁVIA

Se da morte predomina a saudade
Da saudade a lembrança de porte
Doce menina, nunca pela metade
Tenho na falta uma saudade forte
Um vazio tão cheio de recordação
Que invade a todo momento o dia
Pulsa abafante, árduo. Tristura não
Pois deixaste aquela boa simpatia

E, tenho da privação aquele pesar
O teu olhar arraigado no passado
Numa carência do silêncio a surrar
Ah! o tempo distância mais e mais
Mas também abrevia o reencontrar
Pois, tivemos a regalia de te amar...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05 de março, 2022 – Araguari, MG
*data natalícia da prima Flávia Magalhães Nogueira (In Memorian)

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VOZ DO VENTO

Uma agonia! a voz do vento que murmura
No cerrado, sussurrando aquela saudade
De outrora, em uma sensação pela metade
Sobra de um sonho, esquecido numa jura
E o vento no terreiro vai pela noite escura
Gemendo entre os galhos tortos em riste
A melancolia n’alma e no coração insiste
Expondo ao verso um versar com tristura

Vai e vem, bafeja, suspira, queixa, farfalha
Um vendaval choroso, cortante tal navalha
Revivendo aquele amor perdido. Um talvez
Ah vento! Quanto falta, ah! quanta solidão
Que sinto no peito, que se vai na vastidão
Ermo, dos mimos ameigados a minha tez...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 março, 2022, 14’21” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AINDA...

Saudade! como negar sua existência, ouvindo
nas entranhas do peito este sussurrar de dor
comichando, num suspirar profundo, infindo
quando se tem a lembrança do antigo amor
Tudo uma solidão, vazio, o aperto intervindo
naquela sensação de agrado, o talvez supor
olhos lacrimejados, e aquela angustia vindo
deixando inquieto o propósito de um amador

Ah! amar, de uma poética doce e abundante
em cada querer a jura, uma ilusão fascinante
que pulsa o coração e tem a alegria tão linda
E, assim, no tempo andarilho, a falta palpita
a emoção soluça, recorda, transborda e grita
numa poesia que insiste, que persiste ainda! ...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 março/2022, 19’00” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SAUDADE AJOELHADA

Cá, sob este chão de superfície rude
de pouca chuva, seco, natal morada
meu eu, jaz pra sempre em plenitude
a causa da minha narrativa poetada
Fora-se-me nostálgico a cada parada
e, vãos, os sonhos da terna juventude
aqui, pelas calçadas, firme e devotada
lembranças, de um tempo de virtude

Repousa, cá, em paz sob este sertão
emoções, as recordações, do genuíno
sentimento... suspirados do coração!
E, cada sensação sentida, sussurrada
da alma, mescla com o dobre do sino
da Matriz, pondo a saudade ajoelhada...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03 abril, 2021, 13’58” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol