Carta ao Meu Pai
Fruta
Por isso, meu Pai é glorificado, para que você dê muitos frutos. - João 15: 8
Jesus não pediu que você ou eu evangelizássemos o mundo sozinhos. Nós não podemos. Mas Ele nos pediu para dar muito fruto (João 15: 8). Uma maneira é levar alguém a Cristo. Se trouxermos até uma pessoa ao Senhor, e essa pessoa trouxer uma, e assim por diante, há um grande potencial de multiplicação, assim como uma semente plantada se reproduz.
Alguns anos atrás, o Museu de Ciência e Indústria de Chicago teve uma exibição fascinante. Mostrava um tabuleiro de xadrez com 1 grão de trigo no primeiro quadrado, 2 no segundo, 4 no terceiro, depois 8, 16, 32, 64 e assim por diante até que não pudessem mais colocar as sementes no quadrado. Em seguida, fez a pergunta: "A essa taxa de duplicação de cada quadrado sucessivo, quanto você teria no tabuleiro de damas pelo 64º quadrado?"
Você pode apertar um botão na parte inferior da tela para descobrir. A resposta? “Nove sextilhões - grãos suficientes para cobrir todo o subcontinente da Índia a 15 metros de profundidade.” Incrível!
Se cada um de nós leva apenas uma pessoa a Cristo a cada ano, e cada uma dessas pessoas leva uma a Cristo a cada ano, a colheita logo será enorme. Está acontecendo em algumas partes do mundo.
Não é hora de começarmos a compartilhar o evangelho e a dar frutos?
Quero ser um cristão frutífero,
conquistando almas preciosas para ti;
Contando a eles como meu Salvador
deu Sua vida para libertá-los. - Ozun
Uma colheita frutífera requer um testemunho fiel. David C. Egner
Resposta a Rogério:
Sabia que nossos pais foram amigos quando o meu pai era moço?
***
Pois é, fiquei sabendo a pouco. E aí me pergunto:
Ser sua amiga pra quê Rogério?
***
Você me trata mal. Começa me enviando mensagem às duas da manhã pra acabar com o meu dia.
***
Você sente PRAZER em magoar as pessoas.
***
Eu não quero nada de você. A não ser DISTÂNCIA.
***
Eu reconheço a sua habilidade em fazer novos contatos. Mas em nenhum momento em que eu te escrevi, se quiser leia novamente, eu disse que gostava de você e que queria reatar a nossa amizade.
***
O que foi para ser, foi. Senti saudades de você sim. Mas ainda assim era o mesmo homem que marca com a gente e some. Deixa a gente sem saber se devemos ser formal ou espontâneos.
***
Eu não sei nem quando e nem quem te chamou de descontrolado e você tomou isso para você. E se você for, é uma característica da sua personalidade. Pare de se diminuir!
***
Mas se existe algo em você que me causa rejeição é o fato de você competir com a gente e machucar como se isso fosse natural. Eu não sou bajuladora Rogério. Eu não preciso que paguem as minhas contas. Eu sou uma pessoa honesta, honrada e humana. Eu ligo, eu dou satisfação, eu me coloco no lugar do outro. Não sou melhor que ninguém, mas também não sou pior. Eu batalhei muito, sofri muito para chegar em um lugar que ainda é o meio da viagem. A doutora todos veem, mas as lágrimas e humilhações estão escondidas nas esquinas da minha alma.
***
Eu me dou valor. Por isso, eu seleciono “a dedo” os meus amigos.
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Amigo não manda “socos” via whatsapp, amigos não agridem e nem machucam. Muito menos ficam menosprezando as pessoas.
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E você perdeu uma amiga que ia rir com você, que iria brigar por você, que iria estar ao seu lado orando por você numa cama de hospital. Você perdeu uma pessoa que você por mais que tente, nunca vai encontrar igual.
***
O meu único descontrole foi não ter cortado de vez na primeira mensagem perturbadora sua pelo whatsapp. Depois de você ter ouvido do seu amigo Jurandir ou sei lá o nome, que eu não me lembro. Você deveria ter conversado e perguntado para mim. Não ter me mandado aquilo. Ainda assim tive esperanças que pudesse haver uma amizade entre nós. Mas aí no seu pedestal psicológico é difícil para você ver as coisas com maturidade.
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Você se colocou como a “raposa” de Saint Exupery. Mas não foi eu que fui até você. Quando digo que nós não nos veremos mais. Eu falo sério.
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Numa coisa você acertou. Nós nunca seremos namorados. Isso é absoluto.
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Mas também nunca seremos amigos. E nem trabalharemos juntos, mesmo porque, o único trabalho meu, você não o tem.
***
Eu prefiro mil vezes ser humana como eu, do que ser má como você!
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Tenho poucos e seletos amigos. Mas os que eu tenho, valem ouro. E me aceitam como eu sou. Não estão num pedestal me julgando. Nem deram um “piti” só porque eu informei que não poderia ir a bares com eles. Eles sabem que eu vou às serestas e bebo muita água enquanto eles bebem wisque. E nem por isso, deixam de me chamar para cantar.
***
Os nossos pais quando saíam também era assim, pois o meu não bebia, mas era um músico nato. Eu fiquei sabendo disso nesta semana pela minha mãe. Eu nem era nascida ainda. Mas pelo que ela me disse, ele era uma boa pessoa, não julgava as pessoas como você, ele não se colocava no SEU altar. Não preocupe-se, eu nunca falei de você para ninguém. E de mim, você terá somente DESPRESO.
***
Seja feliz.
***
Obs. E eu não vou te chamar de descontrolado para nenhuma pessoa, não é do meu feitio machucar ou diminuir seres humanos, apenas tenho alergia a gente arrogante. Se algum dia, alguém falar algo sobre você ficarei em silêncio. No mais, te conheço de vista.
Meu Pai, quando eu tinha 5 anos, me colocou sobre um velho balcão e falou para eu pular no colo dele.
Pulei e ele saiu do lado , me esborrachei no chão.
Ele me pegou no colo e disse que fez aquilo, para que eu nunca esquecesse, que não poderia nunca confiar 100% nas pessoas.
Lições são passadas desta forma e de formas subliminares, a questão é que de uma forma ou de outra, tem pessoas que nunca vão assimilar
Desesperança
Destemperança
Desassossego
Desaconchego
Mas eu me sinto bem.
A falta do meu pai
A bolsa de Xangai
O grito no sussurro
Ler Dom Casmurro
Eu me sinto bem.
A força do vento
O peso do tempo
As águas de março
A sobra de espaço
Mas me sinto bem.
O Furacão Milton
A Morte do Ilton
A cólera da vida
A cicatriz e a ferida
Me sinto bem.
A falta de certeza
Os ritos de beleza
O triângulo da tristeza
O fim da natureza
Me sinto bem.
Apesar dos pesares
Da fúrias dos mares
Da queda dos pilares
Do incidente em Antares
Ainda me sinto bem.
02 de Novembro
Eu conseguirei meu pai, tenho as nossas recordações intactas na memória, eu consegui cuidar de si até onde deu meu pai, mesmo sem ter dado início aos estudos em medicina, mas dei em enfermagem tudo para cuidar de si pai, da mãe e dos mais além indivíduos.
Eu consigo... Eu consigo ao meu lado erguerei o título de doutor, no tempo de Deus, pai, mãe, irei orgulhar vós.
Meu pai não terminou o ensino primário, não recebeu um abraço, nem lhe disseram que te amo
Meu pai aprendeu a trabalhar 💪 antes de aprender a amar. Não podia sonhar em ser o herói de um conto de fadas, não havia tempo para brincar, nem asas para voar. Não havia palavras doces, nem pequenos-almoços de figurinhas, nem palavras de encorajamento, nem tardes de cinema, nem pipocas, nem passeios, nem beijos, nem telas💔
Meu pai não cresceu, embora nunca o reconheçam. Eu sei que ele ficou ali esperando o que nunca lhe foi dado e embora eu tenha reclamado mil vezes porque me faltou, sei que ele fez o possível para me dar mais do que um dia recebeu, mil vezes mais do que tudo o que ele um dia lhe foi negado.
...
Chico Buarque escreveu uma certa ópera e eu remeti a canção ao meu pai. Na letra existe uma analogia entre o malandro de blusa listrada e o malandro de gravata. Apesar de ele utilizar gravata, a honestidade sempre estampou seu peito com listras bem visíveis. E dessa forma, eu o imaginava como um malandro às avessas - índole, valores e princípios intactos.
E nesta imaginação, uma confluência de personalidades.
Pais, somos
Tais cromossomos
Honestos, vagamos
Desacobardamos
Um perde pra vida
Outro cede pra morte
Ambos descrentes
Nossa miopia, perdão
Tais inocentes
Nossa utopia, bordão
Teve um tempo que tive medo do meu pai.
Sabe carregava traumas sei lá de onde, outras vidas ou outros planetas, que ficavam escondidos no obscuro silêncio de onde ninguém via
Era o medo do medo que a criança sentia.
Meu pai por ocasião se fez de desconhecido e começou a me pagiar.
Meu Deus que terror, eu não sabia que era para o bem o que o meu pai fazia.
Como eu corria e me escondia com medo que fosse o medo do mal que a criança sentia.
Para alívio vi de que meu pai se tratava
Que alegria, estava em casa, tudo que eu queria, papai só queria o bem pra nossa família.
Com alegria passei a mostrar meus deveres e afazeres ao papai que me corrigia e me orientava a andar sempre no caminho da retidão.
Tenho medo mais não, sei que estou em boas mãos. Papa era tudo pra Mim, K entre nós Ele era um guerreiro que lutava pelo mundo inteiro.
Só tenho a agradecer e ajudar papai no que preciso for, sem medo e sem desobedecer, ele sabe o que é melhor pra mim. Papai é um especialista em educação, teve vários filhos espalhados por este mundão de Deus.
As grandes tarde de uma fogueira.
Na minha ingenuidade de menino meu pai me ensinou a definição de felicidade com aventura, sempre que tinha um tempo ao entardecer nos contava estória e mais estórias contos e mais contos sentados próximo de uma fogueira, desde criança ele em um ritual de transformação com sabedoria transmitia seu conhecimento de uma forma divertida seus truques de sobrevivente falava mais alto, dizia que devíamos extrair somente o necessário para saciarmos nossa fome da natureza, a caça, pesca era uma diversão, vivia intensamente cada segundo daquela aventura, no retorno de uma longa jornada pelas campinas ao adentrar na mata o medo dominava nossa imaginação atravessar uma trilha desconhecida desafiava meus instintos primitivos, mas sobreviver não tinha preço naquele momento, enxergavamos a lua as estrelas, os vaga-lumes iluminava o picadeiro; ouvia o pio da coruja, urutau, meus nervos a cada som desconhecido mexia com meu corpo minhas pernas trêmulas quase travava, eu imaginava um espírito na trilha. Quando saíamos na estrada me tornava um criança em pleno estado de êxtase minha alma voltava ao meu corpo, meu pai acreditava que esse ritual deveria ser passado de geração para geração essa felicidade terei o prazer de transmitir aos meus descentes, amava suas estórias de assombração, nas tardes próximo a uma fogueira vivi uma infância perfeita.
Gilson de Faria.
10/06/2021
20:30.
Deus,
A Ti meu Pai,
toda minha gratidão, fé e esperança.
Abençoa Pai, minha vida. Regue os meus sonhos. Recarregue minhas energias. Ilumine o meu caminhar. Restaure a minha força.
Purifique os meus pensamentos. Proteja-me de todo mal.
E com o Teu amor, me rege, me guarde e me guie.
Hoje e para todo sempre. Amém!
- Laís Carvalho
Laís Carvalho - Diário Meu Oficial
Cantiga de caminho
Sou filho de mãe mineira
meu pai é de Minas Gerais
sei rezar latim pro nobis
sou primo do preto Brás
Sou filho de pai mineiro
mamãe é de Minas Gerais
vou vivendo como vivo
faço o que ninguém mais faz
Desde menino eu misturo
o antes, o agora e o depois
sei somar zero com zero
e ainda divido por dois
Desde menino eu misturo
o antes, o agora e o depois
sempre que posso eu passo
o carro à frente dos bois
Sou filho de pai mineiro
mamãe é de Minas Gerais
sou rosa e pedra no caminho
sou capaz de guerra e paz
Sou filho de mãe mineira
meu pai é de Minas Gerais
dou volta e meia no mundo
e o mundo não acaba mais
Uma vez perguntei ao meu pai pra ele me contar um pouco da história da minha mãe com ele. ele me disse que desde de que conheceu ela sempre foi apaixonado, perguntei a ele o porquê que não deram certo, e ele me disse que não era recíproco da parte dela. Um mês depois a minha mãe foi ver ele no hospital, pois ele queria se despedir dela antes de partir.
Ela me disse que ele falou pra ela que sempre esperou por ela, e que se não foi nessa vida que eles ficaram juntos, vai ser na próxima, pois sempre ele vai esperar por ela, por mais que demore vida após vida.
Ele morreu no dia seguinte.
AGRADECIMENTO
É muito bom ser querida, admirada e respeitada pelas pessoas. Meu pai dizia que o nosso maior bem é o nosso nome, o que somos na essência e os bons exemplos que deixamos. Na verdade é o que fica dentro de um universo de coisas muito fugazes.
Ontem passei o dia inteiro me "alimentando" dos muitos desejos de felicidades que recebi. Foram tantos que já abasteci a minha "despensa do amor" para os próximos anos, de forma tal a nunca mais sentir fome ou sede de carinho e amizades.
Eu acredito mesmo que existem amigos que são mais chegados que irmãos e nem precisam estar tão perto para nos fazer sentirmos amados.
A vocês que são amigos de perto, de longe, de face, de vida, de alma, de admiração etc. Minha singela homenagem e o meu mais sincero: MUITO OBRIGADA!!!!!!!
Vida longa e feliz amigos!!!!!
Lene Torres
Belém - Pará - Brasil
Ano 15
Meu pai e o mágico - minha lembrança...
Ontem eu sonhei com meu pai a noite toda, e deu aquela saudade imensa dele. A gente sempre teve um bom companheirismo, sobretudo na fase adulta, riamos das mesmas coisas e de vez em quando passávamos horas vendo filmes.
O que me fez remeter uma lembrança antiga, de uma única vez que levei um cascudo dele; e pensando hoje: bem dado, fiz por merecer.
Era um mês de julho chuvoso em São Paulo, não parava um só dia de chover, eu de férias com 11 anos, minha mãe teve que viajar para o nordeste com meu irmão e só tinha em casa eu e meu pai. Meu velho trabalhava de motorista de frota de ônibus quase o dia todo, só retornava à noite, eu ficava na vizinha, mas chovendo e cheio de ordens dele para não dá trabalho, eu quase tinha virado um monge budista mirim.
Com minha mãe eu aprontava, apanhava, mas dava para levar, porque quase não doía nada e ela já estava acostumada com minhas zoeiras de brigar na rua, escalar paredes, subir em árvores e etc. Já com meu pai que quase não sabia dessas coisas e visto a sua postura austera, eu não tinha a menor ideia de como ele reagiria. Só imaginava uma surra tremenda e um sermão das montanhas quando terminasse.
Então por uma semana e meia eu me portei exemplarmente! Até que na sexta-feira seguinte, fui como sempre à banca de revista para comprar um gibi da Marvel, quando me deparei com uma revistinha que ensinava “Aprenda a ser um mágico”; putz! Gamei na hora! Investi toda minha mesada de bom menino que meu pai me deu nessa revistinha de mágico; até porque vinha nela um brinde: “Fósforo mágicos”. Consistia numa caixa similar a qualquer outra, com palitos iguais, nada de mais de diferente, entretanto “explodiam” feito bombinhas de São João. Nessa época nada era politicamente incorreto e pregar peças ou comprar coisas assim era o show. Comprei a tal revista, levei para casa e contei 24 palitos de fósforos “mágicos”, testei três deles, e realmente fazia barulho e emitia uma luz azul clara intensa.
No sábado meu pai ficaria em casa o dia todo, e lógico que eu apresentaria meu número principal a ele; assim pensei...
Nesta manhã, meu pai acordou cedo, foi lavar roupa nossa no tanque, não me chamou para ajudar, fez meu café e deixou-me acordar tarde. Quando eu tomei o café fui varrer a casa e passar pano, e ele me dizendo como era bom ajudar a mãe nessas coisas, e que não podíamos deixar a casa suja para quando ela voltasse. Enfim fizemos uma faxina completa, roupas lavadas, tivemos que deixar secando atrás da geladeira algumas e outras dentro do banheiro, improvisando um varal porque ainda chovia, mas fino, uma garoa no sábado em São Paulo. Meu pai avisou que iria fazer o almoço e depois iria jogar sinuca no bar do japa no bairro, me deixaria ir para jogar nas máquinas de fliperama porque eu estava sem brincar fazia dias. Lógico fiquei todo alegre e resolvi aprontar à mágica rapidamente, sem ele saber, afinal mágico que é mágico não revela seu truque, né?! Esperei que ele saísse da cozinha e troquei a caixa de fósforo normal pela do “mágico”.
Fiquei como um totem, duro, tenso na cozinha, esperando ele ir ligar o fogão para ver sua reação.
Não demorou não! O velho veio da sala pegou a frigideira e a carne que já estava toda temperada por ele previamente, e colocou as tiras de filé na frigideira e também foi colocando as panelas de arroz e feijão, ocupando todas as 04 bocas.
E minha hora chegando, a hora que eu mostraria um grande truque de mágica. Estava igual pinto na merda, ansioso com o evento que se aproximava. Meu velho pegou a caixa e nem olhou nada e começou abri-la pegando o primeiro fósforo... posso dizer a você que leu até aqui, que na minha cabeça isso tudo era como câmera lenta, eu estava muito focado na ação dele, e nem respirava de emoção com o desfecho chegando. E pronto, meu pai escolheu a panela da frigideira como a primeira à ser acesa... e assim riscou o fósforo bem pertinho da boca, o que eu achava antes que seria feito de longe, mas não... ele fez debaixo da frigideira, colado com a boca do fogão... e a mágica aconteceu:
- Foi um tiro de bala praticamente. A casa toda fechada e só nós dois, o eco foi de um revolver sendo disparado. A tensão toda fez meu pai sacudir a frigideira para o alto e o clarão azul tomou conta da cozinha; porque ele não pegou um, mas dois ao mesmo tempo para acender. E nisso todas as panelas caíram do fogão, pelo medo dele, saiu batendo e se apoiando em tudo que era canto da cozinha, principalmente querendo me proteger, só sei que na hora eu emiti um riso de nervosismo e por achar muita graça mesmo, dei aquela gaitada ampla de moleque o que me fez entender porque é que nunca tinha apanhando antes... Senti no rosto uma mão quente e dura sacudir minha cabeça igual um melão vindo no carrinho de feira e um cascudo tão grande que ele chegou a estalar os dedos nela só com o cascudo. Eu, nem tive tempo de chorar, corri feito menino com medo de apanhar e voei pela janela como um passarinho que descobriu uma fresta, na gaiola - fui parar na rua, enquanto eu o ouvia abrindo a porta e correndo a trás de mim.
Fiquei lá o dia todo, até a noite, enquanto ele prometia que o mágico iria ver a varinha balançar no meu traseiro. Não adiantou eu explicar lá de longe que era um número de mágica. Não adiantou eu fazer promessas. Não almocei, e a vizinha foi intervir e ficou comigo até que ele se acalmou. À noite fui pra casa e não apanhei, ele também não disse uma só palavra, por dez dias, ficamos calados dentro de casa. Até que minha mãe chegou e botou ordem. Fui rebaixado de mágico oficial para leso oficial. E nunca mais pude comprar coisas desse tipo e por 04 meses não li gibi algum.
Antes de morrer, meu velho ainda se referia a isso a todo mundo que perguntava sobre minha infância. Ele ria muito, porque agora ele achava graça, mas na época pensava que o botijão tinha explodido ou algo assim. Valeu pelo sonho meu velho...
MEU PAI
Jamais esqueço as palavras que você
me falava quando eu ainda era um menino:
Meu filho, o que mais espero de você é que seja homem
e para ser um homem de verdade
é preciso muito mais do que todo mundo acha,
gostar de mulher qualquer moleque gosta,
ter filhos qualquer cretino pode ter,
é preciso acima de tudo que um homem de verdade
tenha uma só palavra e que domine sua vontade,
seja senhor de si mesmo todo o tempo,
qualquer que seja a circunstância,
é preciso ainda ter responsabilidade
para cumprir seus compromissos
e sempre honrar seu nome
por mais difícil que seja.
Confesso, as vezes essas tarefas que você me deixou
são difíceis de serem cumpridas,
ter palavra atualmente para muitos soa como heresia
e dominar nossa vontade
de todas as formas muitas vezes é uma tarefa descomunal,
só posso dizer que sempre tentei e vou morrer tentando.
meus queridos eu não tive amor de pai
Se não o amor de deus, meu pai celestial,
Eu não tive carinho do meu pai que me fez,
Mas eu tive pensão,
Ele me pagou o amor em dinheiro
E eu cresci rejeitada e com problemas psicológicos,
Indo a vida inteira conversar com alguém, 10 anos em
Que me perguntavam toda semana
Como você se sente a respeito disso? Ele te ama sim,Ele vai te procurar
Eu não tive o meu pai presente
E hoje todo dinheiro da pensão
Acabou
E eu não tenho dinheiro
E nem pai presente
E eu fico me perguntando as vezes porque, ele me rejeitou
ISSO É REAL e independente de tudo, sempre mantenham seus filhos perto do pai,
Você não sofre
Mas a criança sim.
PERDIÇÃO
Meu pai de sangue:
Como se chapa a massa na parede
A de cimento, barro e areias
Como tu fazes com tanta arte?
E meu pai de sangue, respondia sempre:
Oh, tira isso das tuas ideias...
Já me está na massa do sangue e do ser
À parte,
À custa de tantas tareias para aprender.
E eu insistia com meu pai de sangue:
Qual o teu segredo
Daqueles tetos de gesso
Tão belos e singelos
Feitos por tuas mãos ressequidas?
E meu pai de sangue, já irado, respondia sempre:
Oh, isso foi sinal de aprender noutras vidas,
Umas a medo e outras por ser travesso
Revesso
Como tu, retrato do meu segredo...
Nunca mais entrei em bravatas
Chatas
De perguntar a meu pai
Que já lá vai
O porquê de ser artista daquele dom então,
Porque sei que me diria:
Nasceste para ser trolha, um dia
Como eu, sem mais tretas.
Porém, escolheste as letras
Malditas dos poetas
Que te levam à perdição!
(Carlos De Castro, in Minas da Minhoteira, 01-07-2022)
Meu pai
Cresci admirando um homem
Que saía de manhã e voltava à noite
Ao sair, beijava minha mãe e eu
Ao regressar, beijava a mim e a aminha mãe.
Cresci observando um homem
Que tinha mais virtudes que defeitos
Um trabalhador incansável
Um modelo quase perfeito
Aprendi com este homem
Uma lição que jamais esqueci.
Este homem ainda está comigo,
Habita dentro de mim.
Cresci.... Agora sou eu quem sai
De manhã e volta à noite
Ao sair, beijo minha mulher
Ao regressar, à noite, beijo meu filho.
Me acostumei com a imagem de um homem
Entrando e saindo da minha casa
Mas que nunca saiu da minha vida.
Evan do Carmo, do livro, o Cadafalso, 2009
Meu pai Herói.
Meu pai se chamava Heleno Francisco do Carmo, não tenho dele muitas lembranças, ele morreu quando eu tinha onze anos, contudo, guardo algumas lembranças, sobretudo da época em que ficou doente. Meu pai era um homem muito forte, um trabalhador exemplar. Era um lavrador, homem que cuida da terra, ele próprio tinha um pequeno pedaço de terra, por onde passava um riacho, terra fértil, onde plantava cana e milho e melancia. É disso que me lembro bem, também plantava bananas.
Não sei dizer se meu pai era um homem triste, se tinha crises existenciais, talvez fosse muito feliz, pois tinha uma bela família e uma linda esposa, honesta e trabalhadeira. Lembro-me da sua relação com minha mãe, eram felizes, combinavam em quase tudo, ambos desejavam que seus filhos estudassem para não serem analfabetos como eles eram. Meu pai era alto e moreno, tinha ombros largos como eu, era um homem bonito, mas não me recordo que alimentasse alguma vaidade nem vícios. Trabalhava incansavelmente para sustentar sua família, grande para os padrões atuais.
De domingo a domingo ele sempre repetia sua rotina; acordar cedo e ir ao trabalho, além de suas próprias lavouras, milho e feijão, ele ainda trabalhava de meia ou para outros produtores rurais. Meu pai era homem temente a Deus, pelo menos é essa a impressão que tenho até hoje, pois sempre ia à missa aos domingos de manhã, com toda família, mas ao voltar pra casa, logo depois do almoço, ia ao trabalho, cuidar de um pequeno e produtivo roçado, que ficava perto de casa, meu pai só retornava à noite com um feixe de cana nos ombros.
Éramos oito filhos, cinco homens e três mulheres, minha mãe ficou grávida de uma menina quando meu pai faleceu. Foram seis meses longos, a duração da doença fatal de meu pai. Meu pai nunca ficava doente, era como touro, todos os homens o invejavam por seu físico e por sua moral. Mas todo herói fatalmente sucumbe no final da epopeia. Meu pai tinha chagas desde adolescência. Fora picado por um barbeiro, na região onde foi criado esse inseto fez muitas vítimas, e a medicina não tinha os meios para prolongar a vida dos seus pacientes. Meu pai só veio manifestar os sintomas da doença aos quarenta anos, foi avassaladora sua enfermidade, em seis meses apenas ele veio a óbito.
Minha mãe foi uma guerreira e fez tudo que pôde e o que não pôde para salvar a vida do seu amado. Lembro-me com muita tristeza, de uma vez que eles voltaram de uma cidade próxima; aonde eles foram, em busca de uma nova forma de tratamento, mas não havia muito que fazer, meu pai estava com o coração muito comprometido, estava rejeitando os remédios, e não havia nenhuma esperança de cura ou de melhora, ele vivia muito cansado, e minha mãe passava longas noites ao seu lado. Nós éramos muito pequenos, mas já compreendíamos que nosso herói estava condenado à morte trágica. Logo se agravou seu quadro, minha mãe teve que o internar no hospital público de nossa cidade, onde foi bem cuidado, mas em poucos dias, ele já demonstrava fraqueza extrema, não se alimentava e as injeções que tomava não causavam mais nenhum efeito paliativo, então meu guerreiro pediu para morrer em casa, pedido que fora atendido pelos médicos dele, minha mãe o levou pra casa, mas meu velho não aguentou a pequena viagem de pouco menos de três quilômetros, faleceu nos braços de minha mãe dentro da ambulância.
Essa é mais uma das inúmeras tentativas que faço, para escrever sobre meu pai. Sei que daria um belo e humano romance, todavia nunca serei capaz de levar a cabo esse projeto, é doloroso demais para mim, pois a dor e o trauma da sua ausência em minha infância ainda são deveras penosos para mim.
MEU PAI
Em teu rosto posso ver o amanhã
tuas rugas são marcas do tempo
que revela a tua senil bravura
tua luta incomum pelo incerto
neste mar de ilusões e de agrura.
Sei das dores que velas escondido
na candura do teu velho coração
de um desejo por ti já reprimido
a incerteza da vida e do pão.
Tuas mãos calejadas de plantar a paz
de espalhar sementes de esperança
no teu fazer diário, como uma prece
que da fé carece homem e criança
Há em ti um enigma divino
que explica facilmente a eternidade
neste elo infalível de amor
onde o PAI cumpre o acerto da vontade
de no filho imprimir a sua alma
na perpétua lição de uma verdade